CAPITULO 44

1360 Words
Era um fim de semana ensolarado em Paraty, e Helena e Bruno caminhavam pelas ruas de paralelepípedos do centro histórico da cidade. A brisa suave soprava do mar, trazendo o frescor da água salgada para o ar. Era um cenário pitoresco, com as casas coloridas e as árvores antigas que margeavam as ruas estreitas. Os dois haviam decidido passar mais um final de semana juntos, aproveitando ao máximo o tempo que tinham antes de retornarem às suas respectivas vidas nas cidades deles. No entanto, a atmosfera leve que os envolvia começou a ficar tensa à medida que o sol se punha e as luzes das lojas e restaurantes se acendiam. Enquanto passeavam de mãos dadas, Helena quebrou o silêncio que havia se instalado entre eles. "Bruno", ela começou, sua voz suave, "precisamos conversar sobre a oportunidade que surgiu no escritório de advocacia em São Paulo." Ele olhou para ela com um olhar atento, percebendo que algo estava incomodando Helena. "Claro, Helena." Ela respirou fundo antes de começar a falar. " EU sei que a promoção nos deixa em uma situação difícil. Se eu aceitar, significa que vou continuar em São Paulo, e isso vai nos manter separados." Bruno ficou em silêncio por um momento, ponderando sobre o que Helena acabara de dizer. Ele sabia que essa promoção era uma oportunidade única para ela, mas também entendia o impacto que isso teria em seu relacionamento. Finalmente, ele quebrou o silêncio. "Helena, você sabe o quanto eu apoio seus sonhos e ambições. Eu nunca faria nada para impedi-la de seguir sua carreira. Mas você também sabe que não posso sair de Paraty." Helena baixou os olhos para o chão, sentindo um nó se formar em seu estômago. Ela sabia o quão complicada era a situação de Bruno, com sua mãe Loreta enfrentando o Alzheimer e seu pai Nilton incapaz de trabalhar regularmente. Mudar-se para São Paulo não era uma opção realista para ele. Helena olhou nos olhos de Bruno com tristeza e disse: "Eu entendo, Bruno. Eu não quero que você sacrifique sua vida aqui. Você tem sua família e a loja para cuidar." Bruno colocou uma mecha de cabelo de Helena atrás da orelha e segurou o rosto dela suavemente. "Helena, você é uma pessoa incrível, e eu nunca quero ser o motivo pelo qual você não alcança seus objetivos. Se você aceitar essa promoção, eu vou ficar feliz por você, mas também sei que isso significa que talvez devêssemos considerar terminar." As palavras caíram como uma pedra entre eles, pesadas e dolorosas. Helena sentiu seu coração se apertar enquanto uma lágrima solitária escapava de seu olho. "Eu não quero que a gente termine, Bruno," ela sussurrou, sua voz trêmula. Bruno acariciou seu rosto com ternura. "Eu também não, Helena. Mas acho que é a única maneira de sermos justos um com o outro. Não quero que você se sinta presa a um lugar onde não pode ser feliz plenamente." Helena olhou para Bruno com ternura e tristeza em seus olhos. "Mas o que é uma promoção no trabalho comparada a estar com a pessoa que eu amo?" Eles se olharam profundamente, perdidos em seus próprios pensamentos e sentimentos. Era uma situação impossível, e ambos sabiam disso. O amor deles era forte, mas a realidade da vida estava colocando-os em direções diferentes. Finalmente, Bruno falou com uma voz firme, embora entristecida. "Helena, acho que chegamos a um ponto em que precisamos tomar uma decisão difícil. Eu não quero te segurar, e você não pode mudar minha situação aqui. O melhor é seguirmos caminhos separados." Helena sentiu seu coração se partir em pedaços enquanto ouvia as palavras de Bruno. Ela sabia que ele estava certo, mas isso não tornava a decisão mais fácil. "Eu não quero que isso acabe, Bruno. Eu te amo." Bruno segurou o rosto de Helena entre suas mãos e a beijou com ternura. "Eu também te amo, Helena, mas a vida nem sempre segue o caminho que queremos." Eles ficaram abraçados por um longo momento, perdidos em seu amor e nas palavras não ditas. Era uma despedida silenciosa, mas cheia de amor e respeito mútuo. No final, eles se separaram e Helena disse com um sorriso triste: "Vou sempre torcer por você, Bruno." Bruno assentiu, agradecido por ter tido a chance de amar Helena, mesmo que o destino os separasse. "E eu vou sempre desejar a você todo o sucesso do mundo, Helena." Eles se levantaram do banco e caminharam de volta para a cidade, ainda de mãos dadas, sabendo que esta seria a última vez que passariam um final de semana juntos. A tensão no ar era quase palpável, e o brilho das estrelas no céu noturno parecia triste aos seus olhos. O amor deles era real, mas a vida tinha outros planos para eles, e era hora de seguir em frente, separadamente, mas com um lugar especial em seus corações para o que poderia ter sido. *** Helena e Bruno estavam deitados na cama de Bruno, abraçados e silenciosos. As palavras que haviam compartilhado durante a conversa sobre o término ainda ecoavam em seus ouvidos, e a tristeza pesava em seus corações. O quarto estava mergulhado na escuridão, iluminado apenas pelas estrelas que brilhavam do lado de fora da janela aberta. A brisa fresca da noite acariciava suas peles, mas eles se mantinham quentes nos braços um do outro. Helena deixou um beijo suave na bochecha de Bruno e sussurrou, "Você ainda tem certeza de que é isso que quer, Bruno?" Ele suspirou, seus dedos traçando lentamente círculos nas costas de Helena. "Não é uma questão de querer, Helena. É o que precisa ser feito. Nossa situação é complicada, e não quero que você desista de suas ambições em São Paulo." Ela se afastou ligeiramente para poder olhá-lo nos olhos, mesmo que a penumbra escondesse suas expressões comuns de amor e cuidado. "E você, Bruno? Você não está desistindo de algo também? De nós?" Bruno sabia que não poderia mentir para Helena. Ela merecia a verdade. "Estou desistindo de estar fisicamente ao seu lado, Helena, mas nunca vou desistir de nós. O que compartilhamos é real, e eu não quero que o tempo ou a distância apaguem isso." Ela assentiu lentamente, sentindo as lágrimas ameaçando, mas se recusando a deixá-las rolar. Ela também não queria que essa despedida fosse inundada por lágrimas. "Eu entendo, Bruno. Eu também não quero." Ele acariciou seu rosto com ternura e sussurrou, "Nós tivemos momentos incríveis, não é? Eu sempre vou lembrar deles." Helena sorriu, a lembrança de suas aventuras juntos inundando sua mente. "Sim, tivemos. E eu nunca vou me esquecer deles." Eles se beijaram novamente, dessa vez com mais paixão, como se estivessem tentando capturar todos os sentimentos que tinham um pelo outro em um último beijo. Cada toque, cada beijo, cada respiração compartilhada tinha um gosto agridoce, sabendo que era a última vez que estariam juntos daquela maneira. Bruno estava acariciando as costas de Helena com um toque gentil, como se estivesse traçando cada curva e cada linha de seu corpo. Cada carícia era carregada de emoção, uma despedida silenciosa que não precisava de palavras. Eles não tinham pressa. Sabiam que essa era a última noite que passariam juntos antes de seguirem caminhos diferentes. O silêncio da noite era quebrado apenas pelo som suave de suas respirações entrelaçadas. O olhar de Helena encontrou o de Bruno, e eles se perderam um no outro. Seus olhos eram janelas para suas almas, e ali, na escuridão, eles viam amor, saudade e resignação. Eles sabiam que era a decisão certa, mas isso não tornava a despedida mais fácil. As mãos de Bruno subiram pelo corpo de Helena, traçando um caminho de desejo e saudade. Seus lábios se encontraram em um beijo apaixonado, cheio de promessas não ditas. Era como se eles quisessem se fundir em um só, tornar-se parte um do outro para sempre. Eles se afastaram apenas o suficiente para recuperar o fôlego. Bruno acariciou o rosto de Helena com o polegar, memorizando cada traço, cada sardinha. "Eu te amo, Helena," ele sussurrou, a voz rouca de emoção. Helena olhou para ele com olhos marejados. "Eu também te amo, Bruno."
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