CAPÍTULO 55

1114 Words
Bruno estava em choque, sentado em uma das mesas do Sítio Santo Antônio, ao lado de sua mãe, Loreta. O cenário ao seu redor era de uma alegre celebração de casamento, com risadas, música animada e convidados se divertindo. No entanto, Bruno m*l conseguia se concentrar em toda aquela festa. As palavras de sua mãe ainda ecoavam em sua mente, deixando-o atordoado. Loreta olhou para o filho, um olhar de tristeza profunda em seus olhos, enquanto ele tentava formular uma pergunta coerente. Finalmente, Bruno conseguiu reunir suas palavras e perguntou, com a voz trêmula: "Mãe, você tem absoluta certeza do que está dizendo?" Loreta parecia hesitante, como se estivesse lutando para entender a pergunta de Bruno. Ela finalmente respondeu: "Certezas, meu filho? O que você quer saber?" Bruno respirou fundo, tentando manter a calma. "Mãe, você disse que eu tenho vinte e quatro anos, não é? E que a certidão de nascimento foi adulterada. Você tem certeza disso?" Loreta olhou para Bruno com um olhar vago e confuso. "Certezas... Ah, meu querido, você está tão crescido agora." A perplexidade de Bruno só aumentava. Sua mãe parecia estar perdendo a lucidez rapidamente, e ele não conseguia ter uma conversa coerente com ela. Nilton, o pai de Bruno, notando a tensão e o nervosismo de seu filho, aproximou-se e perguntou: "O que está acontecendo aqui, Bruno?" Bruno olhou para o pai, seu rosto uma mistura de angústia e desespero. "Pai, eu estava conversando com a mãe, e ela disse... ela disse que eu tenho vinte e quatro anos, não vinte e cinco, porque vocês adulteraram minha certidão de nascimento." Nilton olhou para a esposa, com uma expressão séria, e depois voltou seu olhar para Bruno. Ele respirou fundo antes de confirmar: "É verdade, Bruno." As palavras do pai atingiram Bruno como um soco no estômago. Era uma confirmação que ele não esperava ouvir, mesmo que estivesse começando a suspeitar. A sensação de que sua identidade estava em colapso era avassaladora. Ele se perguntou quanto mais sobre sua própria vida era falso. Nilton, ainda com um olhar triste, acrescentou: "Foi necessário, filho. Você precisava ir à escola, e você era muito jovem. Eu estava trabalhando, abrimos a loja e precisava da sua mãe para me ajudar e ela não podia ficar com você. Uma amiga dela foi quem deu essa ideia." Bruno abaixou a cabeça, sua mente girando em círculos. Ele não conseguia processar completamente o que estava acontecendo. Tudo o que ele sabia sobre si mesmo parecia ter desmoronado. As implicações disso em relação à profecia que a cigana havia feito o atingiram como um trem desgovernado. Ele não queria acreditar, mas as peças do quebra-cabeça estavam se encaixando de maneira perturbadora. Loreta, agora mais confusa do que nunca, perguntou: "Em que ano estamos agora?" Bruno, ainda atordoado com a revelação, respondeu automaticamente. Loreta assentiu com a cabeça, como se estivesse compreendendo. " Meu filho, o nome dele é Bruno, hoje teria hoje vinte e quatro anos, não vinte e cinco, como muitos pensam." Bruno se virou para Loreta, que parecia ter se perdido ainda mais em suas memórias. Ele percebeu que sua mãe já não estava mais lúcida e, com tristeza, concluiu que aquela conversa não levaria a lugar algum. Bruno finalmente levantou o olhar e olhou para a família, seus sentimentos uma mistura de choque, incredulidade e resignação. "Isso muda tudo... A profecia... ela se cumpriu." Nilton colocou uma mão reconfortante no ombro de Bruno. "Meu filho, o que importa é o amor que você e Helena compartilham. Idades e datas não devem definir o que vocês têm." A notícia atingiu Bruno como um soco no estômago. Ele estava chocado e incrédulo. Sua idade sempre fora parte fundamental de sua identidade, e agora, de repente, parecia que tudo estava desmoronando. "Você não entende, pai. Eu planejei me casar com vinte e cinco anos. Eu planejei... eu planejei por que eu não quero que você morra... E a profecia diz... ela diz que o senhor vai morrer..." Nilton se aproximou de seu filho e colocou uma mão reconfortante em seu ombro. "Eu entendo, Bruno, mas a verdade é que o tempo passa para todos nós. O importante é que você está feliz agora." Bruno olhou para o pai, seus olhos marejados. "Eu só não quero que você morra cedo demais, pai. Eu não quero perder você." Nilton abraçou o filho, apertando-o com força. "Vou fazer o meu melhor para ficar por perto, meu filho. Mas saiba que o amor que você e Helena compartilham é uma bênção, não o perca por conta de uma profecia. Não deixe o tempo passar por ter medo do que vem pela frente." Ele olhou para a esposa, que estava rindo e dançando com os convidados. Por mais complexa que fosse a história de sua vida, ele estava determinado a fazer do seu casamento com Helena uma história de amor inquebrável. *** Bruno caminhou pelos jardins do Sítio Santo Antônio, com a mente em turbilhão. Ele nunca imaginou que seu próprio registro de nascimento pudesse ser adulterado. A sensação de ter perdido parte de sua identidade o incomodava profundamente. Ele pensou na profecia da cigana e como aquilo agora parecia estar se tornando realidade. Enquanto ele se afastava da festa, Helena o viu e correu atrás dele. Ela o alcançou e segurou sua mão, preocupada. "Bruno, o que aconteceu? Por que você saiu assim?" Bruno olhou para Helena e tentou encontrar palavras para explicar. "Helena, minha mãe acabou de me contar que minha idade na certidão de nascimento está errada. Eu tenho, na verdade, vinte e quatro anos, não vinte e cinco. A primeira parte da profecia da cigana... ela se cumpriu, mas eu não queria que fosse assim." Helena o abraçou com carinho e disse: "Bruno, o que importa é que nós nos amamos. Não devemos deixar a profecia fazer diferença." Bruno suspirou e olhou para os olhos de Helena. "Eu sei, amor. Mas isso mexeu comigo. Eu estava tão certo de que tínhamos conseguido impedir a profecia se cumprir. E agora..." Helena apertou sua mão com carinho e disse: "Nós vamos enfrentar isso juntos, Bruno, como sempre fizemos. Ainda há as outras coisas da lista que podemos não cumprir. O importante é que estamos aqui, um ao lado do outro, e nada mais importa." Bruno sorriu, grato pela compreensão e apoio de Helena. Ele se sentia mais calmo agora, sabendo que não estava sozinho naquele desafio. "Você tem razão, Helena. Obrigado por estar aqui." Eles se abraçaram mais uma vez, e Bruno sentiu uma onda de gratidão por ter Helena ao seu lado. Juntos, eles enfrentariam qualquer desafio, mesmo que fosse uma profecia que parecia estar se cumprindo.
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