CAPITULO 11

2214 Words
Depois da ida de Regina e Marcelo, finalmente Helena pode se jogar intensamente nos passeios com Bruno que a convenceu a fazer não apenas os passeios de bicicleta como também o de escuna por praias de água cristalinas, areias brancas e rosas, grandes ondas e pedras e a exuberância da floresta descendo da serra. Ele fez questão de tirar fotos de Helena apreciando o sol tocar sua pele , ou rindo quando descobriu o que Bruno estava tirando fotos suas. Helena também conheceu algumas ilhas, praticou o mergulho e snorkel. Além de conhecer algumas cachoeiras sob a orientação de Bruno que a fizeram suspirar, como Cachoeira do Saco Bravo que é uma pequena cachoeira com um delicioso poço para banho encravados no costão rochoso na região da Ponta da Juatinga, de onde é possível ver o mar tão de perto que a sensação que gera é de uma piscina infinta. Porém, nenhum dos passeios se comparavam ao visitar os pais do Bruno que sempre insistiam para eles almoçarem com eles, tomarem café da tarde, mesmo Loreta sempre repetindo as mesmas falas amáveis para Helena. A loira amava estar perto deles enquanto aguardava Bruno se arrumar para levá-la em um dos passeios daqueles poucos dias que ainda lhe restavam. No último dia de Helena na cidade, Bruno decidiu levá-la para conhecer o Centro Histórico de Parati, onde a loira encantou-se com o charme e as cores dessas construções antigas, mas não apenas por isso. Ela não conseguiu deixar de notar o cuidado que Bruno tinha com ela, fosse para atravessar a rua, segurando a sua mão para ajudá-la, ou enquanto andavam pela calçada, sempre a colocando para perto das construções enquanto ele ficava para o lado da rua. Eles caminhavam calmamente pelas ruas de pedras, apreciando as construções coloniais com portinhas e janelas coloridas. — Por que faz isso? - pergunta Helena enquanto andava de mãos dadas com o Bruno em direção a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios que fica no centro histórico. — Isso o quê? - Pergunta Bruno sem entender. — Isso. - Reforça Helena gesticulando com a mão que estava livre apontando-lhe e depois para ela. — Sabe, você sempre dá um jeito de colocar-me desse lado da calçada. Por quê? — Ah, isso. Bom, o meu pai ensinou-me que sempre devemos proteger a mulher, seja onde for. Então, se por um acaso alguém vier da rua... eu protejo-a. — Porém, se algum cachorro vier da casa e atacar-me? - Pergunta Helena parando na Frente de Bruno. — Como fará para me proteger? — É bem simples. - Responde Bruno antes de puxar Helena para seus braços. — Eu te puxo assim. - Então a inclina em direção ao chão e sorri. — E depois? - Pergunta Helena mordendo os lábios sensualmente. — Depois eu aproximo o meu rosto devagar... - Fala Bruno aproximando-se mais perto da jovem, observando Helena fechar os olhos esperando um beijo. — E então verifico se você está bem. — Só isso? - Pergunta Helena abrindo os olhos, surpresa com o fato de não ter recebido o beijo esperado. — E se eu precisar de mais cuidados? — Que mais cuidados você precisa? - Pergunta Bruno, instigando Helena a pedir um beijo. — Não sei... uma respiração boca a boca, talvez. - Sugere Helena piscando para Bruno. — Mas respiração boca a boca é quando você se afoga... - Argumenta Bruno. — Você quer me ver implorar um beijo seu, né? - Pergunta Helena estreitando os olhos. — Foi tão óbvio assim? - Pergunta Bruno. —Okay... Beije-me. - Pede Helena. —Hummm... não. - Responde Bruno erguendo Helena de volta que o encara, chocada com a sua atitude. — Ah, não acredito! Você negou um beijo seu? - Pergunta Helena, chocada com a atitude do rapaz. —É... sim. Você não soube pedir direito. na verdade, você ordenou que eu a beijasse. - Explica Bruno antes de voltar a caminhar pela rua. — Você está brincando, não é? - Pergunta Helena caminhando atrás dele, ainda surpresa. — Não... Para ganhar um beijo meu, vai ter que implorar. - Fala Bruno caminhando tranquilamente. —Ah, é ? Então tá bom. - Diz Helena caminhando novamente. A loira passa por ele ajeitando a blusa estilo cigana florida que usava, deixando os seus ombros mais à mostra e formando um generoso decote que atrai atenção de alguns rapazes pela rua, algo que incomoda Bruno. O rapaz tenta resistir, mas depois de alguns elogios direcionados a Helena, ele decide acelerar o passo, puxá-la em sua direção e beijá-la com vontade. Ela se afasta do beijo sorrindo de forma ardilosa para o rapaz que a encara dizendo: — Quer dizer que a senhorita não gosta de implorar por um beijo? — Nunca implorei, meu jovem e não será agora que pretendo começar. - Responde Helena , sorridente. —Você me fascina, Helena quase Albuquerque. - Elogia Bruno ajeitando os fios de Helena carinhosamente que ainda continua ficando sem jeito com esse gesto de Bruno. Ele a encara, admirando sua beleza e então solta suas palavras que nem teve muito tempo para processar: — Hoje eu e os meus amigos vamos a um lugar... Gostaria de saber se você quer ir comigo? — Está me chamando para sair com seus amigos? - Pergunta Helena, surpresa. E não é para menos, pois desde o dia em que sua mãe foi embora eles nunca mais tocaram no assunto sobre o eles eram. Conhecer os amigos só indicava que eles estão tomando uma direção, ou melhor, Bruno estava tomando uma direção para algo mais sério. O que Helena no fundo achava até bom, apesar de tão pouco tempo. — Sim, você quer ir? Quero dizer, é uma coisa casual... É o festival da Cachaça bem tradicional aqui da região... Todo mundo vai e seria bom para você também conhecer , já que é turista e gostou da cachaça da Maria Izabel... Lá terão outros alambiques, seria legal levar outros tipos de cachaças... Tipo é a sua última noite e então seria bom levar algumas lembranças nossas... digo da cidade. - Explica Bruno apressadamente ao notar o rosto de Helena se acender com a proposta. Depois que a mãe de Helena se foi e ele voltou para casa, sentiu que estava se jogando rápido demais em algo que só duraria por aqueles dias. Tipo, aqueles momentos com Helena eram incríveis, mas tinha plena certeza que não daria em nada, pois ela tinha que voltar para São Paulo. Então para que alimentar um sentimento que possuía prazo de validade? Do jeito que estava era perfeito para ambos e era assim que Bruno queria manter. E pronto, todos os passos que Bruno havia dado para frente, ele acabou voltando para trás, algo que Helena já vinha reparando que o rapaz fazia constantemente. Os dias com ele eram todos assim, com Bruno sendo um perfeito cavalheiro, demosntrando sentimento e depois voltando ao estilo casual e sem pretensão. No fundo isso confundia Helena que por algum motivo já sentia que gostava dele. Ou talvez fosse apenas carência da minha parte, pensa Helena que então se vira para Bruno e diz: — Ok. Adoraria. Deve ser bem divertido. — Você vai amar. - Declara Bruno. *** O Festival da Cachaça está cheio , indicando ser um dos mais festejados eventos da cidade. Dezenas de barraquinhas foram montadas nos arredores da Igreja Matriz para degustação de cachaças produzidas na região. No palco improvisado shows variados e quando Helena chegou, pode ver a apresentação de grupos de cirandeiros de Parati em trajes típicos. Ela aplaude animada a apresentação enquanto Bruno a admira sentado em uma das mesas de madeira do festival com um sorriso bobo. — Cara, toma um guardanapo. - Fala Jonathan entregando um de papel para Bruno. — Você está babando. — Muito engraçado. - Responde Bruno dando um t**a na mão do amigo. —É sério... Daqui a pouco Helena vai embora de Parati pesando 10kg de tanto que você está secando a garota. - Comenta Gabriel entrando na brincadeira. — O que me surpreende é que nesses cinco dias você a desejando assim e não ter levado a garota para cama. - Solta Lucas. — Qual o problema? - Questiona Bruno, irritado com a fala de Lucas. — Nenhum, mas esse não é o Bruno que eu conheço. O Bruno que eu conheço já teria... sabe... - Começa a explicar Jonathan no lugar de Lucas. Ele então olha seu telefone tocando e diz: — Quer saber, esquece. Vou lá buscar a Raquel. —Não, não sei. O que eu teria feito? - Pergunta Bruno encarando Lucas. —Transado com ela. - Afirma Lucas. —Por que não fez? Faltou oportunidade? Não, não havia faltado oportunidade. Bruno teve todas as oportunidades e em todos os lugares. Eles se beijavam e as coisas esquentavam,mas o rapaz preferia parar por ali. Algo nele dizia que não era certo e que precisava ser especial, mesmo Helena não demonstrando não querer continuar. Porém, ela também não questionava os motivos do rapaz, pois talvez Bruno tivesse algum motivo para não avançar e no fim os dias passaram e os dois não dormiram juntos nenhuma vez. — Não é da sua conta. - Responde Bruno por fim tomando um gole de cachaça limão. — E já chega de falarmos disso. — Okay, não está mais aqui quem falou. - Afirma Lucas passando a mão sobre os lábios como se estivesse passando um zíper. —Ela está voltando. - Comenta Gabriel observando Helena se aproximar da mesa ajeitando o short do seu macacão azul marinho. —Olá meninos! - Fala Helena se aproximando e sentando ao lado de Bruno que puxou a cadeira para loira. — Uau, o pessoal é muito animado aqui! As roupas são lindas, aliás, tudo aqui, né? —Linda é você. - Elogia Bruno fazendo Helena corar. — Você está muito gata nessa roupa. —Obrigada. - Agradece Helena encarando Bruno. — Gabriel, vamos dar uma circulada? - Propõe Lucas para Gabriel. O fim da picada seria ficar ali na mesa de vela para o casal que não era casal. —Vamos. - Afirma Gabriel se levantando com o amigo. — A gente vai... —Vai lá. - Fala Bruno para os amigos que saem praticamente correndo. — Eu fiz alguma coisa? - Pergunta Helena se sentindo desconfortável pela saída abrupta dos rapazes. —Não... Eles que são bobos. Não querem ficar de vela admirando eu ter a sorte grande de estar bem acompanhado por você. - Explica Bruno se aproximando do rosto de Helena que já pode sentir o hálito quente e inebriante do rapaz. Ele então para no meio do caminho e pergunta: —Já assistiu o filme Fora de Rumo? — Por que a pergunta? - Questiona Helena, curiosa. —Nada. - Responde Bruno colocando um copo de cachaça na frente de Helena. Então ele passa seu braço pelo encosto da cadeira dela, a trazendo para mais perto e diz: — É que nesse filme o protagonista ensina a como beijar uma mulher sem tocar nos lábios. — Sério? Não é possível! - Comenta Helena, incrédula antes de virar o copinho de cachaça em um gole só. Ela faz uma careta e então fala: — Você está blefando... — Ué, eu aposto com você que é possível. - Fala Bruno encolhendo os ombros brevemente. — Quer apostar? — Mas qual seria o tipo de aposta? - Questiona Helena estreitando os olhos. — Já antecipo que não aposto nada envolvendo dinheiro. — Está bem, mas se eu ganhar , você terá de voltar nas suas próximas férias aqui em Parati e pagar pelo pacote completo da loja por sete dias, no mínimo. - Explica Bruno calmamente. — Uau, ok. - Aceita Helena. —Porém, se você perder... Terá de ir me visitar em São Paulo por sete dias. —Você pegou pesado, mocinha. - Comenta Bruno, surpreso com a proposta de Helena. — Pegar ou largar. - Fala Helena erguendo a mão em direção ao rapaz. — Está bem. - Aceita Bruno apertando a mão de Helena. —Preparada? —Ok, vamos lá. - Responde Helena se ajeitando na cadeira para ficar frente a frente com Bruno. Bruno encara Helena que tenta não sorrir por ficar olhando para ele por tanto tempo. O rapaz se aproxima devagar do rosto de Helena e então seu lábio vai até os da loira, o beijando delicadamente. Então ele se afasta um pouco com um sorriso largo e diz: — Preciso dizer... Valeu a pena ter perdido. —Também achei... Isso significa que você irá para São Paulo? — Pelo visto, sim. — E que podemos virar um "nós"? —Eu acho que podemos começar a falar sobre "nós". - Revela Bruno. —Eu também tenho algo a dizer... - Fala Helena analisando o rosto de Bruno com cuidado. — O quê? - Pergunta Bruno,curioso. —Eu assisti ao filme. - Revela Helena antes de rir da cara de surpreso de Bruno. —Ahahahaaha - Gargalha Bruno com a astúcia da loira. — Você é muito espertinha. — Você que é espertinho! - Rebate Helena rindo. — Ahahahahahah — Eita, a conversa deve estar boa. - Comenta uma voz feminina se aproximando da mesa.
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