CAPÍTULO 73

1147 Words
*** No quarto de hotel em Cuiabá, Bruno pegou seu celular e ligou para Helena, sua esposa, que estava em Paraty. O telefone tocou algumas vezes antes de Helena atender. Sua voz estava cheia de expectativa. "Olá, amor", disse Bruno. "Tenho boas notícias. Deu tudo certo com o inventário. Agora todas as propriedades e bens pertencem à mamãe." Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, e Bruno pôde imaginar o sorriso no rosto de Helena. "Isso é maravilhoso, Bruno! Estou tão feliz por vocês." Bruno suspirou aliviado. "Obrigado, meu amor. Foi um dia longo, mas as coisas correram bem. O advogado cuidou de tudo." Helena perguntou, com curiosidade, "E quando vocês vão voltar?" Bruno pensou por um momento. "Bem, queremos aproveitar a viagem e dar uma olhada na fazenda em Poconé, no interior do estado. Mamãe está se sentindo muito bem, e acho que isso a está ajudando a se lembrar de algumas coisas." Helena parecia contente com a notícia. "Isso parece ótimo, Bruno. E quando vocês estarão de volta?" "Estamos planejando voltar até o final de semana, então devemos estar em casa em breve. Eu sinto saudades de você, dos nossos filhos e de nossa casa", disse Bruno com saudade. Helena riu suavemente. "Nós também sentimos muito a sua falta, amor. Isabel, Antônio e Emanoel perguntam por você desde que foram para Cuiabá." "Ah, estou ansioso para abraçá-los e dar um beijo em você, minha advogada maravilhosa", disse Bruno carinhosamente. "Até breve, meu amor." "Te esperaremos com ansiedade", respondeu Helena. "Tenham uma ótima viagem e aproveitem o tempo juntos." Bruno desligou o telefone, sentindo-se grato por ter uma esposa compreensiva e solidária. A viagem para Cuiabá estava trazendo muitos desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades para a família. Estavam reforçando laços, relembrando o passado e, acima de tudo, apoiando Loreta em sua jornada com o Alzheimer. A viagem ao interior de Mato Grosso prometia ser um capítulo emocionante, e Bruno m*l podia esperar para compartilhar essa experiência com sua mãe e Helena. A família Santos estava unida e determinada a enfrentar o futuro, seja qual fosse o desafio que a vida lhes reservasse. *** Bruno, Nilton e Loreta deixaram o hotel em Cuiabá e subiram no carro alugado, ansiosos pela viagem rumo a Poconé, onde estava localizada a fazenda que agora pertencia a Loreta. A estrada se estendia diante deles, serpenteando pelas vastas terras do Mato Grosso. O sol brilhava intensamente no céu, e o clima seco e quente da região contrastava com o cenário verdejante e as montanhas ao longe. O trio estava cheio de expectativas e um pouco de nostalgia. Para Loreta, a fazenda ainda era um lugar repleto de memórias perdidas, mas ela sentia que, à medida que se aproximavam, talvez algo pudesse ressurgir em sua mente. No trajeto, Loreta olhava pela janela, absorvendo a paisagem familiar e tentando reconhecer alguma característica do lugar. Às vezes, algo parecia se acender em sua mente, mas logo se apagava, deixando-a com uma sensação de frustração. Depois de algumas horas de viagem, eles finalmente chegaram à fazenda. Era uma propriedade impressionante, vasta e bem-cuidada. Campos intermináveis se estendiam, povoados por grandes rebanhos de gado. Uma aura de serenidade envolvia o lugar, e o cenário estava repleto de sons de pássaros e de mugidos do gado. Assim que estacionaram o carro próximo à entrada da fazenda, foram recebidos por um homem de aparência robusta e um sorriso caloroso: o capataz, Casemiro. Ele estava empolgado por vê-los. "Bruno, Nilton, que surpresa agradável tê-los aqui!" disse Casemiro, estendendo a mão para cumprimentá-los. "E a senhora Loreta, claro, que não vejo há tanto tempo!" Loreta sorriu, embora sua expressão ainda carregasse traços da confusão causada pelo Alzheimer. Ela se esforçou para encontrar alguma lembrança nas palavras de Casemiro. "Como você tem passado, Casemiro?", perguntou Nilton, apertando a mão do capataz. Casemiro respondeu, com um brilho nos olhos, "Aqui tudo continua igual, senhor Nilton. A fazenda está prosperando. Tenho certeza de que a senhora Loreta terá boas lembranças destas terras." Loreta observou o rosto do capataz por um momento, como se estivesse buscando uma conexão com seu passado. Ela não podia negar a sensação de familiaridade que a presença de Casemiro lhe transmitia. Enquanto Bruno, Nilton e Casemiro conversavam sobre a fazenda e seu funcionamento, Loreta continuou olhando ao redor, tentando encontrar algo que acionasse suas memórias. Era como se flashes de seu passado estivessem escondidos nos detalhes da fazenda. Em um momento, Loreta apontou para uma grande árvore próxima. "Aquela árvore... Eu costumava me sentar sob ela e ler. Era um dos meus lugares favoritos." Bruno e Nilton olharam para a árvore e assentiram. "Sim, mamãe, você costumava fazer isso", disse Bruno com carinho. Loreta continuou observando, e uma lágrima rolou por sua bochecha. "Tantos momentos felizes aqui..." Nilton se aproximou e abraçou sua esposa. "Eles ainda estão aqui, Loreta, e você pode criar novos momentos felizes. A fazenda agora é sua, e nós vamos apoiá-la em tudo o que precisar." Loreta assentiu, sentindo a emoção do momento. Era como se um pedaço de sua identidade tivesse sido restaurado, mesmo que apenas por um breve instante. Casemiro sugeriu que eles fizessem um passeio pela fazenda, mostrando-lhes os campos, os celeiros e o riacho. Eles caminharam juntos, compartilhando histórias da fazenda e do passado de Loreta. Foi um momento de conexão entre a família e a terra que agora pertencia a eles. Cumprimentaram-se calorosamente e Casemiro começou o tour pela fazenda. A cada passo, Loreta parecia absorver a grandiosidade do local, seus olhos revivendo antigas memórias. A fazenda era, de fato, enorme, e havia muito o que ver. Casemiro explicou que criavam principalmente gado, com pastagens extensas e bem cuidadas. Ele os levou até os currais, onde o gado era reunido para cuidados de saúde e marcação. Nilton ficou impressionado com a organização do local, enquanto Bruno fazia perguntas entusiasmadas sobre os procedimentos da fazenda. Loreta caminhava lentamente, às vezes tocando em uma cerca de madeira como se estivesse tentando recuperar algum pedaço de sua juventude. Ela se aproximou de um grupo de bezerros e estendeu a mão para acariciar um deles. Sua expressão estava cheia de ternura. Enquanto continuavam o passeio, Casemiro os levou a um ponto alto da fazenda, de onde puderam ver a paisagem deslumbrante de Poconé. As árvores se estendiam até onde os olhos podiam alcançar, e o céu era imenso e azul. Nilton, com um orgulho evidente em sua voz, comentou: "É incrível, não é? Essa fazenda foi o lugar onde Loreta cresceu." Loreta assentiu, sorrindo para seu marido. "Lembro-me de tantas coisas agora, Nilton. Este lugar é tão familiar." Ao final do passeio, retornaram à sede da fazenda, onde Casemiro ofereceu um almoço típico da região, com churrasco e comida caseira. A sombra de uma árvore frondosa abrigava a mesa improvisada, e eles compartilharam histórias e risadas enquanto saboreavam a deliciosa refeição.

Read on the App

Download by scanning the QR code to get countless free stories and daily updated books

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD