CAPÍTULO 72

1599 Words
No dia seguinte, a casa de Bruno e Helena estava impregnada com uma sensação de urgência. A conversa com o advogado Gustavo Nery trouxe uma série de decisões importantes que precisavam ser tomadas em relação à herança da família Siqueira, e o cuidado de Loreta estava no centro dessas decisões. Nilton, sentado na sala com uma expressão pensativa, ainda estava preocupado em viajar com Loreta, considerando seu estado de saúde. Helena se aproximou dele e colocou a mão em seu ombro. "Nilton, você não vai estar sozinho. Bruno e estará com vocês em Cuiabá e me manterá informada. Nós vamos enfrentar isso juntos." Nilton olhou para Helena com gratidão em seus olhos. "Obrigado, Helena. Eu realmente não queria ter de lidar com as coisas da Loreta sozinho, e agora estou mais tranquilo sabendo que Bruno estará conosco." Bruno, que estava terminando de fazer as malas, se aproximou deles. "Está tudo pronto para irmos, pai. Vamos dar um jeito nisso." Com a confirmação de que Bruno estaria lá para apoiá-los, Nilton começou a se sentir mais confiante na viagem. Ele sabia que contar com o apoio de sua família era fundamental, especialmente quando se tratava de lidar com o estado de saúde de Loreta e tomar decisões importantes sobre a herança. Enquanto isso, na sala de jantar, Helena conversava com as crianças enquanto elas terminavam o café da manhã. Isabel, Antônio e Emanoel estavam ansiosos para a escola, empolgados com suas aulas e amigos. Helena, observando os filhos, disse: "Isabel, Antônio, Emanoel, hoje vocês vão vir direto para casa depois das aulas. Papai e vovô Nilton vão viajar para Cuiabá com a vovó Loreta, e eu preciso cuidar da loja e da casa enquanto eles estiverem fora." Isabel, a mais velha das crianças, pareceu compreender a situação. "Está tudo bem, mamãe. Nós ficaremos bem na escola. E cuidaremos da casa quando voltarmos." Antônio e Emanoel assentiram em acordo. "Sim, mamãe, nós cuidaremos da casa," disse Antônio, enquanto Emanoel acrescentou: "E não se preocupe, nós faremos a lição de casa." Helena sorriu, orgulhosa de seus filhos. "Vocês são incríveis. Eu sei que vão fazer um ótimo trabalho. Agora, terminem o café da manhã e vistam seus uniformes." Com a promessa de suas crianças cuidando de Loreta, Helena se sentiu mais à vontade para cumprir suas responsabilidades na loja e em casa. Ela sabia que estava fazendo a coisa certa ao apoiar Nilton e Loreta em sua viagem a Cuiabá, onde resolveriam as questões relativas à herança. Mais tarde, todos se reuniram na sala, onde Helena deu um último abraço em Nilton, Loreta e Bruno antes de partirem para a jornada em Cuiabá. Com seus corações cheios de determinação e apoio uns aos outros, eles estavam prontos para enfrentar o que viesse pela frente, conscientes de que, como uma família, poderiam superar qualquer obstáculo que a vida lhes apresentasse. Isabel, Antônio e Emanoel observaram com admiração enquanto seus entes queridos partiam, sabendo que, independentemente da distância, a força do amor familiar sempre os manteria unidos. E assim, a casa de Bruno e Helena viu seus moradores partirem em busca de respostas, mas com a promessa de um retorno, fortalecidos pela união e pelo apoio mútuo. *** A viagem de Paraty para Cuiabá foi longa, e o interior do Mato Grosso revelou paisagens que surpreenderam Bruno, Nilton e Loreta. Loreta estava animada, talvez pelo ambiente familiar do estado, e suas memórias pareciam ganhar vida à medida que se aproximavam de seu destino. O sol escaldante de Cuiabá dava as boas-vindas a Bruno, Nilton e Loreta enquanto eles desembarcavam. O ar quente do Mato Grosso era tão diferente do clima fresco de Paraty, mas ninguém estava preocupado com o calor. Eles estavam ali por um motivo importante: resolver a questão da herança da família Siqueira. Enquanto dirigiam pelas ruas de Cuiabá em direção à casa da família Siqueira, Loreta olhava pela janela e sorria. Ela começou a apontar lugares que lembrava de sua juventude, contando histórias que há muito tempo estavam esquecidas. Era como se o ambiente estivesse despertando memórias que o Alzheimer havia escondido. Loreta olhou pela janela do carro, seus olhos brilhando. "Ah, Cuiabá! Que lugar lindo. E eu me lembro... Me lembro de quando passei por aqui com o Ludovico." Ela sorriu para Nilton, seu rosto iluminado por fragmentos de lembranças passadas. Nilton, observando sua esposa, sorriu de volta. "Você está se lembrando, meu amor?" Loreta acenou com a cabeça, embora sua expressão se alternasse entre momentos de clareza e lapsos de memória. "Sim, Nilton. Está tudo voltando... pelo menos um pouco." Loreta, surpreendentemente, parecia estar mais alerta à medida que se aproximavam da casa mencionada no inventário. Seus olhos brilhavam de curiosidade e uma onda de recordações parecia tomar conta dela. Ela olhou ao redor e disse: "Este lugar me parece familiar. A casa é aquela ali, certo, Nilton?" Nilton, um pouco surpreso com a reação de Loreta, confirmou: "Sim, querida, é a sua antiga casa. " Eles finalmente chegaram à casa na capital do Mato Grosso, e o advogado Gustavo Nery os recebeu com um sorriso caloroso. Gustavo Nery, o advogado que representava o escritório responsável pelo inventário, estava esperando por eles em frente à casa. Ele carregava uma pasta com documentos importantes e sorriu ao vê-los. "Bom dia, família. Parece que Loreta está em ótima forma hoje." Nilton apertou a mão do advogado com firmeza. "Gustavo, muito obrigado por estar aqui para ajudar a minha esposa." Gustavo Nery assentiu. "É um prazer, Nilton. E a senhora Loreta, como está se sentindo?" Loreta se aproximou do advogado e o cumprimentou com um sorriso. "Você parece familiar também. Já nos encontramos antes?" Gustavo riu gentilmente. "Na verdade, sim. Eu estive em Paraty algumas vezes discutindo a situação do inventário com Helena. Parece que sua memória está retornando." Loreta sorriu, sua expressão vacilando entre clareza e confusão. "Lembro-me desta casa... e de algumas coisas." Nilton interveio: "É um bom sinal, certo?" Gustavo assentiu. "Definitivamente, isso pode ser muito útil no processo. Agora, vamos para dentro e começamos a resolver essa situação." Gustavo conduziu-os até a sala, onde todos se acomodaram. Eles entraram na casa, e Gustavo desdobrou uma série de documentos sobre a mesa da sala de estar. Era uma pilha de papéis relacionados à herança dos Siqueira. A documentação necessária para a transferência dos bens da família Siqueira estava organizada na mesa. Nilton pigarreou antes de falar. "Bem, Gustavo, estamos prontos para resolver isso." Gustavo Nery assentiu, e a reunião prosseguiu, com ele explicando o processo de transferência de propriedades e ativos. Loreta, embora intercalando momentos de clareza e confusão, assistiu à reunião com interesse, confiando em Nilton e Gustavo para lidar com os detalhes legais. Ele explicou a Nilton o que deveria ser feito e a documentação que precisava ser assinada em nome de Loreta, que estava sendo representada por Nilton como seu curador. Após algumas horas de discussões e assinaturas de documentos, a transferência dos bens estava encaminhada. Loreta, apesar de seu estado de saúde, estava presente em um momento crucial da família Siqueira. Apesar da seriedade do assunto, Loreta estava se sentindo emocionada ao ver a casa onde costumava viver com sua família. Ela começou a fazer comentários sobre as lembranças da infância, enquanto Nilton e Gustavo continuavam a revisar os documentos. O advogado se aproximou de Nilton e Loreta e disse: "Loreta, seu pai sempre teve muito orgulho desta casa e da fazenda. Agora, com a situação resolvida, você é a legítima herdeira." Loreta olhou para os papéis e, embora sua compreensão estivesse limitada por causa da doença, parecia entender a importância daquele momento. Ela sorriu e disse: "Papai ficaria feliz por isso. E eu também." Depois de várias horas de assinaturas, carimbos e registros, os papéis estavam em ordem. A herança da família Siqueira, incluindo a casa e a fazenda, agora estava legalmente sob o nome de Loreta. Ela não tinha plena consciência disso, mas todos ao seu redor sabiam que essa era uma grande vitória para a família. Quando tudo estava finalizado, Gustavo Nery estendeu a mão para Nilton. "Está feito, Nilton. Sua esposa é agora a legítima proprietária de todos os bens da família Siqueira." Nilton apertou a mão do advogado com gratidão. "Obrigado, Gustavo. Você tornou tudo isso possível." Loreta, Nilton, Bruno e Gustavo foram para o lado de fora da casa e voltaram ao calor do lado de fora. Loreta ainda estava cheia de emoção. Bruno olhou para seu pai e disse: "Pai, estou tão feliz que tudo tenha sido resolvido. Agora a mamãe é a legítima herdeira e pode fazer o que quiser com a herança." Nilton concordou, aliviado. "Sim, filho, essa é uma preocupação a menos para nós agora." Nilton, Loreta e Bruno deram um passeio pela propriedade, explorando a casa e o terreno vasto que faziam parte de sua herança. Loreta estava radiante, relembrando histórias e compartilhando memórias. À noite, eles se instalaram em um hotel. Era evidente que a viagem tinha reacendido uma faísca de esperança em Loreta. Eles jantaram juntos, compartilhando histórias e rindo das travessuras de Bruno e dos tempos em que a fazenda prosperava. Enquanto Loreta ainda lutava com os efeitos do Alzheimer, havia momentos de lucidez que aqueciam o coração de todos. Ao se deitar naquela noite, Loreta parecia mais tranquila, como se tivesse reencontrado uma parte de sua história. A viagem a Cuiabá havia desenterrado memórias esquecidas e, por um momento, Loreta brilhou com a luz daquilo que um dia fora. E, apesar dos desafios que ainda enfrentariam, a família Santos estava unida, pronta para enfrentar o futuro com amor e determinação.
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