Estamos na estrada, eu olhava a chuva caindo e escorrendo pelo vidro do carro e pensava na minha vida, vinte e quatro anos e ainda não havia me decidido, não tinha um plano para meu futuro. Fechei meus olhos e comecei a escutar a música que vinha do rádio depois de um tempo reconheci a era uma música da Adele, Don't you remember, fui tomada pela melodia, após um momento escuto meu pai falando.
Henrique- Princesa? Tudo bem ai? Ta caladinha?
Diana- Sim papai, só estou cansada o dia foi corrido. Estou tão feliz pelo Diego.
Ana- Como você costuma dizer Diana, agora ele vai virar hominho.
Entramos numa gargalhada gostosa e logo um silêncio confortável. Toda aquela calmaria é quebrada ao escutar minha mãe gritando.
Ana- HENRIQUE!
Henrique- Calma amor, eu to vendo.
Ana- Cuidado, por favor. Que susto.
Henrique- Calma amor, eu te amo ta bom?
Ana- Eu também te amo meu amor.
Quando olho um cavalo na estrada, meu pai desviou por sorte.Depois do susto seguimos caminho, aproveitei para tirar um cochilo.De repente sinto um impacto, abro os olhos e escuto os gritos, mas volto a apagar.
2 semanas depois...
Ouço vozes, mas não consigo acordar, meu corpo está todo pesado e minhas pálpebras não me obedecem. Volto a minha mente e nela vejo uma praia, que eu fui quando mais nova, estavam os meus pais, meu irmão e eu, a água era cristalina, ondas tranquilas, parecia uma lagoa, estávamos sentados nas cadeiras dentro do mar, Diego tentando pegar o cardume de peixes e eu rindo a cada vez que um encostava nele e ele saia correndo.
Volto a escutar as vozes, dessa vez mais claro. Era Diego, estava com a voz embargada.
Diego- Ai irmã, como vamos viver sem eles? Eu não sei como vou te contar quando acordar. Peço a Deus para me dar forças. Eu te amo muito, volta para mim, não posso ficar sozinho nesse mundo.
COMO ASSIM? VIVER SEM ELES? Eu queria acordar, abraçá-lo e descobrir o que houve, mas tudo começou a se dispersar e volto para minha imaginação.
Mais uns dias depois...
Minha cabeça doia, eu forçava abrir os olhos e parecia que estava com um holofote no rosto. Senti um abraço e meu braço molhando.
Diego- Mana, graças a Deus você acordou. Espera vou chamar o médico.
Ele sai correndo da sala e eu começo a olhar ao redor, estou num quarto de hospital, minha perna engessada e uma tala no braço. Olho para a porta e vejo meu irmão entrando com o Dr.
Médico- Olá Diana, sou o Dr° Pedro acompanhei seu caso desde quando deu entrada, vou te examinar agora, com licença.
Ele vem com seus aparelhos e faz a verificação.
Médico- Tudo certo Diana, sente algum dor, precisa de algo? Mais tarde as enfermeiras virão para fazermos mais alguns exames okay?
Aceno com a cabeça e ele sai, me viro para Diego, ele estava me encarando.
Diana- Diego, o que houve? Cadê nossos pais? Chama a mamãe preciso falar com ela.
Ele abaixa o olhar e uma lágrima escorre.
Diego- Eu não sei como te falar isso irmã, mas vocês sofreram um acidente depois da formatura. Você foi a única que sobreviveu.
Ele começa a chorar e me abraça, eu caio em lágrimas com ele, ficamos assim por muito tempo. Meus pais eram tudo para nós, ainda tinhamos tanta coisa para vivenciar. O que vamos fazer daqui em diante?
Depois de horas em silêncio, o celular de Diego toca e ele sai da sala, ao mesmo tempo entram as enfermeiras, tinha uma bateria de exame para fazer, passei a tarde pulando de sala em sala, tomografia, raio-x, atendimento psicológico até que retornei para meu quarto. Quando entrei meu irmão estava sentado na poltrona assistindo algum filme que passava na TV, ao me ver levantou e foi ajudar a me colocar na cama.
Diana- Obrigada! Estou bem.
Diego- Irmã, nosso tio ligou. Ele voltou para cá logo depois do acidente, perguntou se poderia visitá-la, quando estava inconsciente ele veio alguns dias e pediu para avisar quando você acordasse.
Diana- Tudo bem meu bem, avisa que quero vê-lo vai ser bom, pelo menos você pode descansar um pouco.
Diego- Mas não estou cansado, você não me cansa. Sabe disso né?
Diana- Sei, mas a rotina de hospital cansa. Mas mudando de assunto e sua faculdade? Você vai perder o prazo de matrícula.
Diego- Não me importo, depois eu vejo isso, no momento tenho outras prioridades. Mas só um momento que vou ligar para Tio Will ta bom?
Diana- Ta bom vai lá.
Ele saiu do quarto e me enterrei nos pensamentos, vieram algumas lembranças de quando era pequena e me machuquei com o gato da vizinha, mamãe passando o remédio e eu chorando falando que aquele gato era um monstro, tantos momentos tantas lembraças, só queria um abraço dela e um beijo do papai.
Diego entra na sala com um sorriso e avisa que no outro dia nosso tio viria, volta para seu lugar e coloca um filme para assistir e assim pego no sono, até outra enfermeira vir aplicar a médica e fazer a troca da bolsa de soro.
Na manhã seguinte acordo com uma moça aos pés da cama me chamando.
Médica- Bom dia sou a Dra Katia, sou a fisioterapeuta do hospital e algumas vezes ao dia virei até a sua alta para realizarmos algumas atividades. Vi que ainda não comeu, será que o rapazinho poderia me avisar assim que você terminar seu café?
Diana- Bom dia, claro vou comer e peço para ele ir a sua procura.
Katia- Obrigada.
Ela sai do quarto e me ajeito para tomar meu café da manhã, quando vejo a porta abrir novamente e uma figura alta e masculina entrar.
Tio Will- Bom dia raio de sol, que bom te ver acordada minha linda, como você está?
Diana- Tio Will, bom dia! Estou levando, um dia de cada vez. E você?
Tio Will- Um dia de cada vez minha linda. Um dia de cada vez.
Ele fala e segue andando até Diego, onde ele bate de leve nos ombros dele e o acorda.
Tio Will- Diego, levanta e vai comer alguma coisa eu fico com sua irmã meu bem.
Diego- Oi tio- boceja- Tudo bem, já estou indo.
Após ele levantar e fazer suas higienes segue para o refeitório do hospital e tio Will começa a conversar comigo, conta um pouco da sua vida em Nova Iorque e como estava a vida com seu companheiro Henzo. Enquanto eu comia e dava algumas risadas.
Logo finalizei e pedi para ele me ajudar a ir ao banheiro e chamar a fisioterapeuta.
Passei um tempo fazendo os exercícios e logo voltei ao quarto e vi Tio Will e Diego conversando.
Diego- Ainda não avisei a ela da casa, não sei se devo contar agora.
Tio Will- Mas você precisa, assim que ela melhorar vamos todos partir, não posso deixar meus sobrinhos sozinhos aqui, por mais que seu pai tenha nos afastado amo vocês e agora são a única família que me restou.
Diana- Como assim partir?
Entro na sala questionando o que ouvi.