Não Precisa Ter Medo.

1890 Words
Acordo em um quarto branco rústico, amadeirado com uns detalhes em dourado, perfeitamente arrumado, com cheiro de limpo, e pelo balanço que eu estou sentindo, parece ser algum tipo de barco. Eu olho em volta, e o quarto tem apenas uma janela redonda, e uma porta que provavelmente está trancada. Levanto correndo da cama, procurando alguma coisa que eu possa usar pra me defender, porém, não tem nada por aqui. Aqui só tem uma cama redonda, e um banheiro pequeno no canto da parede. Volto para cama, me sento na beirada, e as lembranças começam a me acertar em cheio. Tudo que aconteceu, tudo o que eu presenciei, meu irmãozinho, meu amigo. Ele sempre me defendeu, e cuido de mim, mesmo com aquele jeito dele, nós sempre fomos muito próximos. Só sei que vou sentir muita falta dele, de todos eles. Espero que meu pai de um jeito de me tirar daqui o mais rápido possível. Fico sentada na cama um bom tempo chorando, e um tempo depois, alguém abre a porta do quarto me assustando. É o mesmo homem de mais cedo. Ele joga uma sacola de roupas em cima da cama, e vira pra sair do quarto. - Ei, o que é isso? Onde eu estou?_ eu pergunto assustada, e o cara nem vira pra me encarar, ele só sai do quarto, e bate a porta. Eu suspiro derrotada, fico encarando a sacola um tempo, depois vou até ela, e abro com um pouco de receio. Dentro da sacola, tem umas roupas que são do meu tamanho certinho. Eu olho pro meu corpo, e percebo que ainda estou com meu baby Doll, sujo de sangue. Pego um vestido e uma calcinha, e vou pro banheiro, tomo um banho demorado, e volto pro quarto. É estranho o que estou sentindo, parece que de alguma forma, eu também morri com Marcos. A dor que sinto é quase insuportável, parece que a qualquer momento, vou me asfixiar por com o nó que esta na minha garganta, e com o sentimento de saudades estrema que sinto. Olho para porta por um momento e percebo que o homem esqueceu de trancar dessa vez. Talvez seja a única chance que eu tenho de escalar. Ando em direção a porta bem de vagar, tentando não fazer barulho algum, e coloco a cabeça para fora. Olho ao redor, e não tem ninguém por perto. Saio do quarto com cautela, e com o coração acelerado. Parece que vão me pegar a qualquer momento. Vou andando por um corredor pequeno, e logo a frente vejo uma escada. Eu subo devagar, e quando chega no limiar, eu só consigo ver água para todos os lados. Ando para frente da lancha, que por sinal é enorme, e vejo uns 7 homens reunidos ao longe, e meu corpo congela. Um deles perceber minha presença, e fala alguma coisa prós outros ao redor, e eles se viram para me encara. Eu estremeço dos pés a cabeça, e paro de respirar no mesmo momento. Penso em correr dali, porém é tarde demais, e provavelmente minhas pernas não iram me obedece agora.. O homem que eu já conheço, ameaça vir em minha direção, mas um outro homem bem vestido, de terno e gravata, todo elegante, o segura pelo braço, e balança a cabeça negativamente, e o cara fica no mesmo lugar. - Pode vim até aqui menina, não precisa ter medo._ o homem bem vestido diz, com um sorriso nos lábios, e me deixa com mais medo do que já estava. Parece que irei ter um treco a qualquer momento. Meus nervos parece querer rasgar minha pele, e sair pulando por aí sozinhos. O medo é tanto que sinto é tanto, que balanço a cabeça em negação para o homem. - Eu quero saber dos meus pais._ falo firme na direção deles, tentando descaradamente não parecer tão medrosa. - Eles estão bem, provavelmente estão preparando o funeral do seu irmão._ ele diz como se não fosse nada, e meu corpo enfraquece. Eu quase caiu me segurando no ferro da lateral da lancha. - Vocês são uns monstros, destruíram a minha família._ eu falo sem forças e sem lágrimas até para chorar. - É, foi isso que o seu irmão quase fez com a minha também, quase nos destruímos, mas em fim o grande culpado já teve o que mereceu, então isso são águas passadas. Vem aqui, não precisa ter medo, ninguém vai te machucar._ ele fala sentando em um banco, e os outros homens saem para outro lugar, deixando apenas eu e o assustador. E então eu percebo que ele é. É o tal Emerson Hamiden. Eu vou andando mais pra perto, mas não me sento do lado dele. - Para onde está me levando?_ pergunto com o medo transparente em meu rosto. - Conhece Paquetá?_ ele pergunta com os olhos no horizonte_ Você vai amar, é lindo._ diz sem esperar pela resposta, e sem me encarar, sorrindo como se isso fosse totalmente normal para ele. Esse homem é um psicopata. - Você não pode fazer isso, você é um criminoso, você matou o meu irmão e está me sequestrando, meu pai vai te colocar na cadeia._ eu falo desesperada, e ele apenas rir de mim. - Eu já fiz muito mais minha menina, e nunca ninguém conseguiu chegar perto de mim, eu tenho todos os políticos, todos os departamentos de polícia na minha mão, antes deles pensar em fazer algo, eles tem que vir a mim, e não vai ser o seu papai que irá mudar isso._ Emerson fala com um tom de superioridade, me fazendo o odiar ainda mais. - Você já não conseguiu? Não já acabou com a vida do meu irmão? E o que você quer mais?_ falo encarando ele. - O drogado do seu irmão seduziu a minha filha, e depois a espancou, e a empurrou de um carro em movimento._ ele fala se levantando e vindo perto de mim. Muito perto por sinal, que tenho que levantar a cabeça para olhar para ele. Da onde ele está, da até para ouvir sua respiração forte. Eu dou um passo pra traz, com receio dele fazer alguma coisa comigo. - Já que seu pai não soube educar o filho, ele não precisa ter outra filha pra estragar._ ele fala me encarando por um tempo, e depois sai de perto de mim, me fazendo soltar a respiração que eu estava pretendendo a um tempo. Como assim me educar? Esse homem é louco. Eu não acredito que meu irmão fez uma coisa dessas, meu irmão podia ser tudo, mas covarde nunca. Eu sei que ele está mentindo! Nesse momento eu só quero meus pais, queria tanto está no enterro, queria poder me despedir de Marcos. Estou com um frio na barriga, não consigo sentir os meus dedos, eles estão dormentes. Eu não consigo raciocinar direito. ... Tempo depois o barco para, e um outro barquinho nos pega e nos leva até o cás. Desço do barco, e penso em sair correndo correr e pedir ajuda, mas o homem de mais cedo percebe minha intenção, e vem até a mim. Ele segura bem forte nos meus braços e me olha dentro dos olhos, fazendo meu corpo tremer de medo, e arrepiar até meu couro cabeludo. - Qualquer gracinha que você fizer, nós matamos os seus pais, depois mataremos você, e jogamos o seu corpo no mar, ninguém nunca vai te acha, você vai virar comida de peixe._ ele me ameaça com a voz baixa, e eu engulo seco. Preciso obedecer, não tem nada que eu possa fazer ainda, ele tem a polícia nas mãos, ele pode fazer o que quiser comigo. Sou guiada até uma bicicleta de três rodas, com uma carrocinha linda igual de princesa atrás. Pelos meus conhecimentos, aqui não anda carros e nem motos, só bicicletas elétricas e carroças. Porém, como esse homem pode tudo, ele tem um carro. Nós subimos na biblioteca táxi, e os outros vêm de carro atrás de nós. Por onde passamos, as pessoas olham como se fôssemos celebridades. - Escolhi vim de táxi pra você poder conhecer seu novo lar._ Emerson fala com um sorriso no rosto como sempre, e isso me deixa apavorada. O lugar é realmente lindo, calmo e traz um pouco de paz, só que eu quase não consigo presta muita atenção nos detalhes. Meu peito ainda dói e eu não consigo parar de pensar na minha mãe. ... Chegamos em uma casa enorme de frente pro mar, e bem isolada de todas as outras, ela fica bem na beirada da ilha, rodeada de árvores, toda preta com madeira, e as janelas da frente dela são de vidro fumê, é muito bonita. Ele tenta me ajudar a descer, mas eu dispenso sua ajuda, e desço sozinha. - Bom, aqui é a sua nova casa, pode entra, você deve está com fome, Daiane vai fazer algo pra você comer._ aparece uma moça de uns 48 anos, de uniforme de empregada_ ela vai te leva onde você vai fica a partir de hoje. Não consigo falar nada, não tô conseguindo assimilar nada, só quero minha casa, minhas coisas, meus amigos, minha família de volta. E eu quero saber o por quê de me quererem aqui. A mulher vem em minha direção com um olhar calmo e sereno, segurando na minha mão. - Venha pequena, vou ajudar você._ ela diz e eu fico desconfiada, porém não tenho escolha, vou deixando ela me guiar para dentro da casa. A casa é enorme. Um cheiro de verde, da sala consigo ver um horizonte azul por causa da porta imensa de vidro, uma piscina gigante com cadeiras de praia. Entro em um corredor gigante que dá em várias outras portas. Mas na frente, tem um vão que dá na cozinha, ela passa direto, e vira em outro cômodo que é uma sala um pouco menor, e a porta dela dá em um grande jardim. Do outro lado do jardim, tem uma outra casa, ela também é grande, mas não tão grande como a outra. E moça pega uma chave do bolso de seu avental, e abre a porta. Nós entramos em uma sala onde tem alguns homens no computador que me deixa desconfortável, entramos em uma cozinha, e depois em outro correndo que dá em uns quartos. - Então menina, esse aqui é o seu quarto, pode fica a vontade._ abre a porta pra mim. - E aqueles outros ali?_ a ponto para os outros e ela me olha séria. - Aqueles são os quartos dos senhores Pedro e Gustavo, eles ficam nesses quartos quando estão por aqui, dizem que não gostam de fica na casa grande._ responde ela. - E o do Emerson?._ pergunto preocupada. - Ele não fica aqui._ ela me olha com o olhar de preocupação_ você está com medo?._ pergunta me encarando e eu balanço a cabeça com lágrimas nos olhos_ não tente nada contra eles, eles são muito poderosos, e a família vem antes de tudo para ele, o que ele poder fazer pra proteger os filhos e a esposa ele vai fazer._ ela avisa me encarando, e eu balanço a cabeça. - Obrigada._ eu peço, ela balança a cabeça, e eu entro no quarto. Escuto um barulho de chave na porta, e percebo que ela me trancou aqui dentro. Ótimo, estou presa.
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