Um dia depois....
Luna
Droga! d***a! d***a!
Não era minha intenção provocá-lo, mas parece que, de alguma forma, tudo o que faço o afeta. E hoje não foi diferente. Minha cabeça gira enquanto me deito na cama, incapaz de esquecer o olhar de Alejandro. Rolo na cama, pensando nisso.
Essa tarde parecia tão comum, até ele aparecer. Eu só queria um pouco de paz; o jardim sempre me trouxe isso. É o único lugar onde sinto algum tipo de controle. Mas então ele apareceu.
Alejandro, com aquela presença que parece preencher o espaço ao seu redor. Seus olhos fixos em mim, intensos, me desestabilizaram. A tensão era palpável. Ele estava calmo, controlado, como sempre, mas havia algo no ar entre nós que parecia pronto para explodir. E aí... eu fiz aquilo.
Droga, Luna!
Água!
Na camisa dele!
No peito dele!
A cena se repete nítida em meus pensamentos.
Enquanto ele estava no escritório, decidi passar algum tempo no jardim. Era uma tarefa simples, quase automática, que me permitia espairecer e processar todas as emoções acumuladas nas últimas semanas. O sol estava se pondo, e o ar fresco da noite começava a envolver o ambiente. Eu estava regando as plantas, concentrada em meus próprios pensamentos, quando ouvi passos atrás de mim.
Virei-me e encontrei Alejandro parado na entrada do jardim, observando-me em silêncio. Ele estava vestido de maneira impecável para uma tarde tranquila em casa: uma camisa de linho azul-claro, ajustada e perfeitamente passada, e calças que delineavam suas pernas de maneira sofisticada. Havia algo em seu olhar que me deixava inquieta, uma intensidade que eu não conseguia decifrar. Meu coração acelerou ao vê-lo, e eu tentei sorrir, tentando aliviar a tensão que começava a surgir.
— Achei que poderia aproveitar a tranquilidade do jardim molhando as plantas — disse, apontando para as flores recém-regadas.
Ele permaneceu em silêncio por um momento, apenas me observando. Finalmente, deu alguns passos em minha direção, e eu senti o ar mudar ao seu redor, como se uma corrente de vento surgisse do nada carregando um tom à nossa interação.
— Você sempre parece tão à vontade... sempre sorrindo, como se fosse dona da p***a toda — comentou ele, a voz baixa, mas com uma ponta de algo mais.
Eu ignorei suas palavras ásperas e disse:
— Gosto de estar na natureza, me ajuda a pensar — respondi, tentando manter o tom casual.
Enquanto me inclinava para ajustar algumas folhas, a mangueira se descontrolou em minhas mãos e, sem querer, esguichei água em sua direção. Congelei, horrorizada, enquanto ele dava um passo para trás, surpreso e encharcado. A água molhou sua camisa, que agora aderia ao seu corpo perfeitamente esculpido.
Eu não queria olhar, mas não consegui evitar. A camisa molhada revelou o corpo forte, como se tivesse sido esculpido pela própria natureza. Um frio percorreu minha espinha, e eu senti um turbilhão de emoções.
— Meu Deus, Alejandro, me desculpe! — exclamei, fechando rapidamente a água na mangueira e a largando. Minha respiração falhou, minhas palavras saíram trêmulas, e por um segundo, eu achei que ele fosse rir. Mas ele não riu. Ao invés disso, ele me olhou de um jeito que nunca havia olhado antes. Como se estivesse tentando desvendar o que se passava dentro de mim. Ou, talvez, dentro dele. Eu senti como se estivéssemos à beira de algo perigoso, algo que podia mudar tudo entre nós.
Corri até ele com o pano que eu usava para limpar as mãos, tentando desesperadamente remediar a situação. Por um instante, eu não sabia o que esperar. A tensão entre nós estava palpável, e o que era para ser um gesto inocente transformou-se em algo carregado de implicações.
— Está tentando me refrescar, Luna? — perguntou ele, um leve sorriso no canto dos lábios, como se sua pergunta fosse uma provocação calculada.
— Não, de jeito nenhum! Foi um acidente, juro! — respondi, sentindo meu rosto corar e o calor de sua presença intensificado.
— Você tem uma maneira peculiar de chamar a minha atenção — disse ele, e aquilo me desarmou. Eu queria dizer algo, qualquer coisa, mas tudo o que consegui foi me desculpar como uma i****a. E então, ele tocou minha mão ao pegar o pano. Foi um toque rápido, mas o suficiente para me deixar atordoada. Como se uma faísca tivesse atravessado meu corpo, enviando uma onda de eletricidade através de mim.
— Não foi de propósito — consegui dizer, ainda sentindo o peso de suas palavras e o olhar penetrante.
Ele deu mais um passo à frente, ficando perto o suficiente para que eu pudesse sentir o calor de sua pele e a fragrância sutil de seu perfume sofisticado. Por um momento, pensei que ele diria algo, mas ele apenas segurou meu queixo suavemente, forçando-me a olhar diretamente nos seus olhos profundos.
— Cuidado, Luna — disse ele, a voz suave, mas com um tom carregado de gravidade. — Não subestime minha inteligência com suas atitudes aparentemente inofensivas. Pare de f***r minha vida. Pare de f***r minha mente.
Aquelas palavras ecoam na minha mente como uma ameaça, mas também como uma confissão velada. Ele percebeu. Ele percebeu que, sem querer, eu o afetava, e agora, ele me culpava por isso.
Agora, estou aqui, deitada, me perguntando... ele tem pensado em mim? Fecho os olhos, mas não consigo afastar o rosto dele da minha mente. Alejandro está em algum lugar da casa agora, e eu posso sentir sua presença, como se o ar entre nós estivesse sempre carregado de uma energia que ameaça explodir. Eu não sei como continuar vivendo assim, fingindo que nada está acontecendo quando, claramente, algo está.