Jonh
Eu não conseguia raciocinar o que estava acontecendo, e o que acabou de acontecer. Emma estava em perigo, mas se recusava a enxergar isso. Eu queria ajudá-la, mas eu não sei aonde essa história pode chegar.
— Emma, me ouve, precisamos comunicar a polícia sobre o que está acontecendo.—Respondo bebendo água.
— Jonh, me desculpe pelo que aconteceu, eu não vou, mas te envolver nisso.—Ela responde não dando a mínima para o que eu disse.
Fiquei pensativo por uns minutos, olho para ela que estava sentada no chão da sala mexendo na caixa. Abaixo-me ao seu lado e ela me encara surpresa.
— Eu vou te ajudar. Não vou te deixar sozinha nessa.—Respondo e ela sorrir fraco.
— Obrigada Jonh, mas não quero envolver você em perigo.—Ela responde pegando um diário em suas mãos.—Vou começar por onde eu parei. O diário da vida adulta de Emma.—Ela responde segurando o diário.
— Eu não vou deixar você sozinha nessa, entendeu? — Respondo — Você ler e eu escuto, está bem? — Pergunto e ela afirma com a cabeça.
Nós sentamos no sofá, ela se acomoda ao meu lado e abre o diário, e logo de cara havia uma foto dela com cabelos rosa.
— Eu lembro dessa época.—Respondo pegando a foto e sorrindo ao olhar.
— Se lembra? — Ela pergunta.
— Sim, quando a conheci você usava exatamente essa cor de cabelo, foi na época que você voltou da escola das boas moças.- Respondo dando risada e ela rir junto.
— Nossa, eu nunca iria imaginar isso. Para ser colocada em uma escola dessas, com certeza eu dava um trabalho aos meus pais, eu cheguei a ler a época da minha adolescência, e nossa eu era bastante serelepe.- Ela responde e riu.
— Pois é, mas continua a leitura. Vamos ver o que você aprontou mais.- Respondo e ela continua.
'' Querido, diário. Hoje se iniciava mais uma primavera, era meu aniversário, mas não estava nada animada, sei que está se fazendo 18 anos é uma data tão importante quanto fazer 15 anos. Mas o que me preocupava, não era o fato de estar mais velha, está entrando na vida adulta, e sim pensar que problemas vão surgir agora com mais intensidade. Eu queria sempre meus pais comigo, mas as vezes pareço ser um peso na vida deles, eles sempre estão calados, misteriosos, quase não conversam comigo. Todos meus aniversários são assim, quando está prestes a chegar eles ficam estranhos, brigam o tempo todo, e sempre me mandam eu ir da uma volta, eu queria que eles confiassem em mim, confiassem o suficiente para poder me contar as coisas, às vezes tenho a imprensão que sou uma estranha nessa casa. Hoje eu iria me destrair um pouco enquanto organizavão minha festa, meu pai e minha mãe me deu um dinheiro para eu poder sair. Fui até a casa da minha amiga, Vic.
Passamos a maior parte do tempo bebendo e fumando, eu queria fugir dessa realidade que estava batendo em minha porta, e nada melhor do que encarar ela com a cara cheia. Agora são exatamente 17:30, minha festa começava as 18:30, e estou bêbada escrevendo em um diário i****a, isso costuma ser coisa de adolescente, meus amigos não podem nem sonhar que tenho diário, todos os meus segredos, desejos, desabafam estão exatamente aqui, e sim, não confio nas pessoas ao ponto de sair contando sobre tudo que acontece, e o que mais confiável do que escrever em um pedaço de papel aonde você pode esconder em lugares aonde ninguém nunca irá achar. Preciso ir, a festa espera por mim, com muito saco, Emma.''
— Eu escrevi isso? — Ela me pergunta com a cara espantada- Nunca em minha vida eu iria pensar que eu fumava e bebia, e que tinha uma amiga e uns pais ausentes. Eu jurava que minha vida era mais animada.- Ela responde ainda surpresa com o que eu já sabia.
Fico calado e ela me olha fechando o diário.
— Você já sabia? Por que não me contou? — Ela pergunta.
— Não pensei que isso iria te importar, afinal de contas é seu passado. -Respondo.
— Exatamente, é meu passado e eu tenho procurado saber mais sobre a antiga Emma.- Ela responde e eu suspiro.
— Eu te conto o que você quiser saber, eu não sei muito, porque você sempre foi muito reservada, dividia seus problemas somente com você mesma, no seu próprio diário e com suas próprias palavras, você diz isso.- Respondo e ela levanta uma sobrancelha.
— Pelo visto eu era bem estranha, quer que eu continue a leitura? — Ela pergunta.
— Adoraria, estou descobrindo coisas sobre você que eu nunca consegui arrancar se quer uma palavra da sua boca.- Respondo e ela rir.
Ela prossegue a leitura.
'' Querido diário, não sei porque ainda o chamo querido, você já é mais que isso. Você é meu confidente, são 08:00 da manhã, eu estou de ressaca, não sei como estou conseguindo escrever com essa enxaqueca que estou sentindo, mas eu precisava desabafar, meus pais são uns idiotas, eles acabaram com minha festa com mais uma briguinha patética deles, eles não são essa família perfeita que todos pensam que são. Eles são uns hipócritas e tolos, eles não estavam nem aí para minha alegria naquela noite, eu tentei, sabe, eu juro que tentei fazer de ontem uma das noites mais felizes da minha vida, mas eles estragaram tudo como sempre. Parece até que eles fazem de propósito, com o final da festa eu fui até o quarto da minha mãe a fim de uma explicação de tudo o que rolou, e ela estava sentada na beirada da cama chorando com algo em suas mãos, parecia uma foto, mas ao me ver ela esconde. E limpa às lágrimas, tá! aquilo foi muito estranho, será que a mamãe trai o meu pai? Bom, até que ele merecia, essa é minha deixa, minha festa foi um vexame, e com certeza hoje vou está na boca do povo. Com muita ressaca e raiva, Emma.''
Ela fica quieta por uns segundos e eu quebro o silêncio.
— O que foi? tá triste pela festa? Quem nunca se deu m*l com festas? eu, por exemplo...
— Shiu, não é isso, quem era a pessoa na foto que minha mãe segurava e chorava? — Ela me interrompe e faz uma pergunta ao ar.
— Pior que você tem razão, será mesmo que sua mãe traía seu pai? Não á outra razão para isso, ela escondeu a foto do amante para que você não contasse ao seu pai.- Respondo a fim de achar uma resposta para a dúvida da Emma.
— Não acredito que seja isso, eu conto que eles eram estranhos e muito misteriosos, acredito que minha mãe tinha um segredo bem cabuloso onde eu descobri ou estava prestes a descobir. Vou continuar a leitura.- Ela responde dando um "suspense" no ar e volta a rolar às paginas e a ler.