Emma Cooper
2 meses se passaram e ainda estou sentindo dores de cabeça, o médico diz que é por causa do tempo que fiquei em coma, mas que com o tempo essas dores irão passar. Tom e eu nos mudamos de nossa antiga cidade, hoje vivemos em uma casa no campo, afastada da cidade. Tom diz que olhar a natureza talvez me ajude a recuperar minhas lembranças e prometeu me dar uma outra coisa na qual eu gostaria muito. Minha cabeça é como se fosse uma lousa em branco, eu não consigo me lembrar de nada, nem mesmo dos meus pais que morreram em um acidente.
- Querida, venha comigo. Tenho uma surpresa para você.-Tom entra em nosso quarto aonde eu estava sentada na beira da janela olhando os pássaros no chafariz.
- Que surpresa? Sinto que eu nunca gostei de surpresas.-Digo me levantando e indo em sua direção.
- Está certa. Você nunca gostou mesmo, mas sempre ficava feliz quando recebia uma.-Ele segura em minha mão e me arrepio.
Toda vez que ele me tocava meu corpo reagia de uma forma negativa. Era estranho e difícil de explicar, já que é nítido notar o seu amor por mim.
Descemos as escadas e saímos de casa. Ao sair vejo um cavalo parado em minha frente. Meu sorriso automaticamente surgiu, é como se eu amasse aquele cavalo.
- Ele é lindo, Tom.-Digo muito contente e indo na direção do cavalo e o acariciando. Ele rinchava diversas vezes, é como se me conhecesse e queria se comunicar.
- Ele era seu. Sempre foi, você ganhou do seu pai quando nos conhecemos. Ele dizia que andar a cavalo era como..-O interferir completando.
- Andar pelas nuvens.-Digo sem pensar e encaro Tom que me encara sem reação alguma em sua face.
- Como se lembra? -Ele pergunta enrugando sua testa.
- Eu não sei, apenas saiu automaticamente. Será que minha memória está voltando? -Pergunto.
- Talvez, mas talvez seja fragmentos. O médico disse que isso seria possível. É um bom sinal, meu amor.-Tom diz sorrindo. E eu sorriu de volta.
- Me ajuda a montar? -Pergunto.
- Mas é claro.-Tom se aproxima e me ajuda a montar no meu cavalo.
- Qual é o nome dele? -Pergunto acariciando o cavalo.
- Trovão.-Ele responde.
- Trovão? Por qual razão será que coloquei esse nome? -Digo rindo.
- É porque toda vez que tinha trovoada você corria para o celeiro e ficava lá com ele, então você decidiu o chamar de trovão.-Tom explica.
- Que interessante, você me conhece tão bem. É uma pena que eu não consiga me lembrar de nós, é h******l não saber quase nada sobre você.-Digo cabisbaixa. Ele levanta minha cabeça com um dedo pelo queixo e me faz o olhar.
- Não fique triste com o que aconteceu, aos poucos você vai me conhecendo. Vou fazer de tudo para ter o seu amor de antes de volta.-Ele diz, se aproxima e me beija. Mas eu recuo.
- Desculpa, eu ainda preciso de tempo.-Digo sem o olhar.
- Tudo bem meu amor, não tem problema. O que acha de cavalgar um pouco? Se distrai, você só vive nessa casa trancada.-Ele diz e acaricia meu rosto.
- Tá falando sério? Eu gostaria muito.-Digo sorrindo.
- Claro que sim, pode ir. Só não vai muito longe.-Ele diz e se afasta.-Enquanto isso vou resolver pelo laptop alguns problemas da empresa.
- Tudo bem. Tchau, não vou demorar. Vamos trovão! -Digo guiando trovão que logo começa a galopar.
O vento que batia em meu rosto, meus cabelos voando pelo ar realmente é como se eu estivesse nas nuvens. Sentir o cheiro da natureza é uma das melhores coisas para mim. É como se eu fizesse parte dela. Vejo um lago e decido dar uma parada com trovão. Desço e o amarro em uma árvore e me aproximo do lago. Tiro meus sapatos e molho a ponta dos meus pés, a água estava tão fresca. Escuto algumas vozes. Estranho, não sabia que vinham pessoas aqui. Vejo um cachorro se aproximar de meus pés e uma menina vindo na direção correndo.
- Me desculpa, ele se soltou da coleira.-Ela diz o prendendo novamente na coleira.
- Não, tudo bem. Não sabia que moravam pessoas por aqui por perto.-Respondo.
- Meu pai tem uma pequena mercearia e um uma loja de mecânica aqui perto. Na verdade, meu pai e eu moramos na cidade. Mas sempre estamos por aqui, pelo visto não conhece nada por aqui.-Ela rir- A, desculpe a falta de educação. Eu me chamo Megan e você? -Ela estica a mão.
- Emma. Prazer, Megan.-Aperto sua mão.- Meu noivo e eu moramos aqui perto, conhece o chalé..
- Dos Weller? Sim, conheço. Não sabia que era uma Weller. Você é tão diferentes deles.-Megan responde.
- Como assim "diferente deles"? Eles são uma família comum, como a sua.-Respondo sorrindo.
- Não. Eles não são como nós, e eles já deixaram isso bem claro. É, eu preciso ir, mas foi um prazer conhecê-lá.-Megan diz e sai correndo com seu cachorro sem ter me dado a chance de me despedir.
Que estranho, por que ela falou daquela forma de Tom e de sua família? Será que tem algo sobre ele e sua família que ainda não tenha me contado?
Intrigada e querendo respostas, decidi ir embora. Montei em meu cavalo e cavalguei até em casa. Deixei Trovão no estábulo e entrei em casa, entrei em seu escritório e ele se assusta fechando seu laptop.
- Voltou cedo. Por que não bateu na porta? Eu poderia está em reunião com alguns sócios.-Ele diz se levantando de sua cadeira e me dando um beijo na testa.
- Eu hoje conheci uma menina que me contou sobre você e sua família. O que você ainda não me contou sobre você, Tom? -Pergunto indo direto ao ponto.
- O que ela te contou? Aposto que foi a família daquele velho da cidade.-Tom diz irritado e voltando a se sentar em sua cadeira.
- Então você os conhece? Por que eles não gostam de você e de sua família? -Pergunto me aproximando da mesa dele.
- Brigas de famílias. Mas são brigas antigas, não quero te envolver nisso. Até porque é passado, nem eu mesmo era nascido quando começou essa rivalidade das famílias.-Ele responde calmamente.
Mas sua calmaria era o que me deixava mais intrigada. Mas pelo jeito ele não vai contar o real motivo, então terei que descobrir por conta própria. Ele quer que eu o conheça, então nada melhor do que começar por isso.