Capítulo 02- A Traição

1013 Words
Ainda insatisfeita com a resposta dada por Tom, decidi ir para meu quarto descansar um pouco. Mas minha cabeça estava a mil, eu não conseguia nem ao menos descansar. Ter sua memória toda apagada é uma coisa tão difícil, é como se eu estivesse começando tudo de novo. É como se eu estivesse aprendendo a falar ou andar. Não conhecer às pessoas a minha volta é tão complicado. Pois eu fico em um labirinto totalmente sem saída. Tom entra no quarto com uma bandeja em suas mãos. — Imaginei que toda aquela conversa te daria fome. Mandei preparar um almoço pra você especial, é sua comida favorita.—Tom diz se sentando na beirada da cama e colocando a bandeja sobre meu colo. — É, eu estou realmente com fome. Mas essa comida não parece ser a minha favorita, eu sou vegetariana.—Respondo ao olhar a carne em meu prato. — Você tem razão. Eu me enganei. Vou mandar preparar outro prato para você.—Ele pega a bandeja e se retira do quarto. Pelo jeito o meu noivo não me conhece tão bem assim, eu não sou vegetariana e mesmo assim ele confirmou. .... Algumas horas se passaram e a noite já havia chegado. Nunca almoçamos juntos ou jantamos juntos, mas hoje ele insistiu em fazer isso. Chamou até mesmo os empregados para se juntar conosco, coisa que não é comum para ele. Enquanto nos acomodavamos a mesa, Tom recebe uma ligação e sai da sala de jantar deixando a mesa nervoso e assustado. Quem será no telefone? Percebo alguns empregados cochichar algo e estranho. — O que vocês tanto cochicham? Já que estamos todos a mesa juntos, não vejo problema algum em compartilhar um com os outros.—Digo juntando minhas mãos apoiadas com os cotovelos a mesa. Eles se entreolham até Tom retornar a mesa e se sentar. — Desculpe querida, problemas com os sócios. Depois precisamos conversar.—Ele diz enquanto bebia a bebida de seu copo. Eu me sinto uma estranha nessa casa, todos tem segredos e eu apenas sou uma hóspede com amnésia. Depois de jantarmos, Tom e eu nos recolhemos e fomos ao meu quarto. Tom e eu não dormimos juntos. — A ligação que recebi hoje era dos meus pais, aliás, do meu pai. A empresa está diminuindo os lucros e ele precisa de mim, mas eu também sei que você precisa ainda mais de mim nesse momento. Então, eu pensei bem e conversei com meus pais, e eles não viram problemas em colocá-la como contadora da empresa.—Ele segura em minhas mãos — E não tem alguém que eu mais confie nesse mundo do que você, querida.—Tom diz sorrindo para mim. Confesso que me surpreendi com seu carinho e confiança em mim. Eu já venho pedido a Tom para trabalhar de qualquer coisa que ocupasse meu tempo e nada melhor do que eu gosto de fazer. — Ai Tom, eu não acredito! Muito obrigada mesmo, prometo dar o meu melhor.—Abraço ele e pelo toque de suas mãos em minha cintura acho que nem ele esperava por esse abraço. — Senti falta de você e de seus carinhos.—Ele se aproxima do meu rosto e tenta me beijar. — Tom, você sabe que ainda não estou preparada. Você é como se fosse um estranho pra mim.—Respondo. — Mas você precisa tentar, meu amor. Eu sou a pessoa em que você mais amava, eu sei que não se lembra disso. Mas por favor, me deixe tentar fazer você se apaixonar por mim novamente.—Tom diz segurando em meu rosto e novamente tenta me beijar. Mas eu o afasto. — Tom, por favor! Não me obrigue a nada. Me dê um tempo, tudo é muito novo para mim, eu estou me permitindo te conhecer. Então, tenha paciência.—Digo me afastando dele e me deitando sobre a cama. — Eu não vou te obrigar a nada meu amor, eu vou esperar o tempo que for. Agora descansa, que amanhã saíremos bem cedo.—Tom beija minha testa e me cobre. — Boa noite, Tom.—Sorriu fraco para ele. — Boa noite, querida.—Tom diz sorrindo e saí do meu quarto fechando a porta. Eu definitivamente não consigo sentir nada por ele, nem mesmo desejo. Ele é um homem muito atraente e bonito e tem suas qualidades, mas eu não consigo forçar uma situação só para agradar. Me ajeitei sobre os lençóis e apaguei meu abajur. Fechei meus olhos e peguei no sono rapidamente. Os remédios que tomo me deixam extremamente cansada e sonolenta. Durante a madrugada me deu uma sede e eu havia esquecido de trazer uma jarra de água. Me levantei e caminhei devagar pela casa, não queria acordar a Tom e os empregados. A chegar na cozinha abro a geladeira e pego uma jarra de água, despejo a água em meu copo e bebo. Guardo a jarra e volto novamente o mesmo caminho até meu quarto, mas ao passar em frente ao quarto de Tom escuta umas vozes. Era voz de mulher e a voz dele. Abro a porta de seu quarto lentamente e o vejo deitado sobre sua cama sem camisa, com short de dormir e seu laptop sobre seu abdômen. Ele ria diversas vezes para aquela tela até eu o ouvir dizer algo que eu realmente não gostei de ter ouvido. — Não sei porque da timidez, já fizemos isso muitas outras vezes.—Ele diz com um sorriso malicioso. Canalha! — Para com isso Tom, já está tarde. Estou com saudades.—A mulher atrás da tela do laptop dele fala. — Você sabe que estou longe, mas amanhã estarei de volta a cidade. Gostaria muito de te encontrar. — Então nos vemos amanhã, me liga. Agora vou dormir, minha pele precisa descansar. Beijinhos. Me afasto da porta de seu quarto e vou para o meu e me deito. Que canalha!! Eu não acredito que Tom me traí. Ou melhor, será que ele já não vem fazendo isso desde sempre?
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