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O Bosque de KLAUS: Santuário Sombrio

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Klaus não se lembrava da última vez que esteve em sociedade, com uma vida turbulenta e uma história de internações em hospitais psiquiátricos, ele era o segredo sujo da família. Primogênito de uma família com filhos brilhantes, alguns com um QI acima da média. Klaus também era brilhante, mas quando Klaus mostra sua imperfeição neurológica ainda na infância, seu Q.I elevado não é o suficiente para ser amado, seu mundo rui e nada do que acreditava importa mais, não até um anjo ser jogado em seu santuário sombrio. Vivendo isolado depois de se livrar dos tratamentos compulsórios, ele não deseja contato com ninguém, os seus pensamentos são sombrios, pesados e quase sempre doentios. Quanto mais afastado viver da sociedade melhor, mas os planos mudam e um anjo cai no colo do demônio que Klaus pode se transformar em momento de crise. No entanto, o anjo recatado de nome Lia não teve escolha, seu único refúgio é o Santuário sombrio de Klaus. Enquanto isso, Klaus não tem nada que lembre o natal, muito pelo contrário.

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Tempestade
Klaus não é um mocinho, um lorde ou um herói, suspeito que ele nem mesmo sabe o que é gentileza, não vão encontrar flores e romantismo, pelo menos não nos primeiros capítulos. Essa é uma história de amor, mas também de redenção, de perdão e de cuidado mútuo. Em algum momento nos apaixonamos por Klaus, é impossível não amar um vilão que sofre, até desejamos o colocar em um potinho. _____ Noite de Natal Chovia lá fora, a noite era fria e barulhenta, odiava aquele tempo, pois as lembranças o golpeavam feito brasa em carne viva, estava fumando um cigarro, nu, pois as roupas ainda incomodavam depois de tantos anos. Pela câmera de segurança notou o carro do pai se aproximar, não sabia porque que Otto Franchini ainda o procurava, tinham deixado de se amar há muito tempo. Tinham o mesmo sangue, mas não eram pai e filho. Klaus perdeu a capacidade de amar quando a sua mãe morreu, e isso desencadeou crises violentas ainda na infância. No dia da missa de sétimo dia de Magdalena Franchini, foi a primeira internação de Klaus. Depois disso a sua vida virou uma sucessão de internações, até o dia que completou dezoito anos. Não se preocupou em colocar uma roupa, a vergonha de estar nu na frente de outra pessoa foi embora na adolescência, em hospitais psiquiátricos não existia privacidade, e houve momentos em que ele ficava dias sem acesso a nenhuma peça de roupa, era a garantia de que ele não fugiria. Klaus continuou na janela, quando o carro parou, deu acesso para o pai entrar e foi se deitar no sofá, não desejava companhia, conversa ou aproximação. Dentro dele só havia escuridão e nada mais. Nem mesmo perdeu tempo olhando para o pai, fechou os olhos e esperou o que ele tinha a dizer: _ Trouxe algo para você. _ Deixe aí e vai embora, não precisava ter vindo, não fiz um convite. Ele escutou um choramingo, parecia feminino, apesar dos transtornos nunca havia tido alucinações, não podia começar com isso agora, mas o choramingo pareceu real, então,Klaus abriu os olhos. Havia uma menina ao lado do pai, com um vestido branco, uma bolsa velha e descalço, a menina o olhava como se ele fosse o próprio demônio. Klaus pegou uma bermuda e vestiu. _ Por que di@bos tem uma menina na minha sala, o senhor perdeu a porr@ da cabeça? _ Não é uma menina, é uma mulher. Na verdade, é a sua mulher. Klaus riu. _ Vá embora e leve a fedelha com você. _ Não vou levá-la. Fiz um acordo, ela fica aqui, faça o que quiser com ela. Otto partiu e deixou a menina encolhida como um coelho na toca do lobo, ela tremia da cabeça aos pés. Otto já tinha ameaçado arrumar alguém para morar com ele, mas nunca havia cumprido. _ Vai embora, não é bem-vinda. A menina permaneceu calada. Klaus a pegou pelo braço, a arrastou para fora, se ela não era uma criança podia muito bem ir embora. Nunca quis companhia. A deixou na calçada e travou o portão. Entrou, tirou a bermuda novamente. Apagou da sua mente a existência da menina, na verdade era uma mulher, mas estava assustada com o mundo. Não havia táxi, nem ônibus por perto, no entanto, ela só precisava ligar para alguém.Mas depois de três horas a garota continuava no mesmo lugar. Klaus jogou o copo no chão, morava distante da sociedade, era um bosque silvestre, com piscina, jardim, uma casa confortável, mesmo que a casa fosse quase inabitável porque ele só limpava o quarto e o banheiro. Sua comida, ele pedia três vezes na semana ou o dia que estava lúcido para isso. Em alguns dias sua mente bugava, ele ficava mais irritado que o normal, nesses momentos caminhava desesperadamente pela propriedade, escalava alguns pontos mais altos, bebia até cair, só assim não saía para colocar em prática tudo que a sua mente desejava. E agora havia uma menina em seu portão, entregue para os seus desejos mais obscuros e sombri0s, o pai o queria transformar em um maní@co também, não bastava ser louco. Já Lia, não tinha para onde ir, não havia uma casa, uma amiga, ou mesmo uma tia. Sua família havia morrido durante a pandemia, em um ato de desespero ela havia vendido a casa, o carro e tudo que tinha, mas era jovem, sem experiência na vida, e o comprador lhe enganou, pagou bem menos do que a casa valia, e o dinheiro acabou mais rápido do que imaginou. Assim, ela acabou indo trabalhar na casa de Otto Franchini, e foi estúpida ao ponto de ser enganada mais uma vez, o patrão a fez passar por ladra, ficava na casa de Klaus ou ia para cadeia. Otto havia prometido fazer a vida dela um inferno na cadeia, não tinha mais forças para lutar, o filho dele a assustava. Também escutou os boatos das outras empregadas, ele tinha transtornos pesados e era perigoso, quase enfartou quando entrou na casa e o viu nu. Ela não tinha nem mesmo um celular, o seu antigo aparelho caiu na água e parou de funcionar. A cidade mais próxima estava a quase duas horas de carro, levaria três dias de a pé, estava com frio, o seu estômago roncava, não havia almoçado e muito menos jantado. Klaus não a queria, e ela realmente estava aliviada por isso, escorregou para o chão. Não tinha para onde ir. Não sabia o que era piior, a vida de uma mulher sem nenhuma família ou sem dinheiro e uma profissão,esse tinha sido o erro do pai, não a ter preparado para vida solo. O Natal nunca tinha sido tão medonho e dolorido.

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