Capítulo 6

1160 Words
Vinícios Despertei através de uma enxaqueca terrível, m*l conseguia abrir os olhos, e quando o fiz me vi deitado largado no sofá da sala. Pra falar a verdade nem me recordo como havia chegado em casa. Olhei a mesinha de centro avistando as chaves do meu carro, na mesma hora Lavinia me gritou escandalosamente do quarto, ocasionando uma onda de dores diretamente em meu cérebro. — Quem mandou beber tanto, Doutor Vinícios? Aí! Gemi de dor, até balbuciar algo trazia um horrendo desconforto. Definitivamente não nasci pra isso. Levantei pondo os dedos na lateral da cabeça onde se concentrava mais dor, tentei amenizar circulando a área. Contudo ela somente fazia aumentar. Andei para ver o que a minha esposa tanto queria. Chegando lá ela me olhou inquisitiva e cheia de raiva. — Deu pra isso agora? Heim? Um homem do seu... — Não comece Lavinia. Já estou pagando bem caro pela nossa rixa de ontem, não está vendo? Pronto, satisfeita? Sentei na sua cadeira da penteadeira, a dor explodiu, forçando as têmporas com vontade, chegando a fechar os olhos. — Não, ao contrário do que você pensa sempre vou desejar o seu bem, meu esposo. Novamente aquele tom de voz para me deixar culpado. Abri os olhos olhando uma mulher linda na cama. — Perdão. — Afastei os dedos, descansando as mãos entre as pernas. — Estou muito estressado ultimamente. O cargo exige muito de mim, não sabe? — Sim, mas eu e o bebê precisamos mais da presença do pai dele. — Revidou na candura, porém era o mesmo diálogo da noite passada. — Eu... — Ergui rápido demais protestando de dores. A ruiva gestante ficou visivelmente preocupada. — Pegue o remédio na primeira gaveta da escrivaninha a sua direita meu amor. — Ah... sim. Obrigado. Fui pegando-o rapidamente e ingerindo sem líquido. — Ainda bem que a cápsula é pequena ou poderia entalar em sua garganta. Quase ri por esse comentário, mas me custaria muitas reclamações pelo meu corpo, sentia ele como se tivesse sido atropelado por um caminhão. — Lavinia, sabe quem me trouxe de volta? Perguntei ajeitando as mangas da camisa, iria começar a preparar o nosso café da manhã. — Não, achei que tivesse chegado sozinho... hum... Quem você encontrou ao ponto de se preocupar assim com você? Posso saber? — Esquece, deixa pra lá. — Me virei notando sua feição de insatisfeita. — Sempre tão misterioso, agora estou sendo posta de lado da sua vida... — Vou preparar panquecas! — Apontei o dedo mudando radicalmente de conversa e forçando um amistoso sorriso da paz. — Vamos lá querida, sei que gosta, e deve estar com o estômago roncando. Sabemos que não pode ficar muito tempo sem comer, olha os enjoos matinais são uma coisa... — Vá! Prepare logo esse bendito café da manhã. E sim, estou faminta, de vários elementos por sinal. Seu afeto, seria uma entre eles. Cruzou os braços emburrada. E eu abaixei o dedo procurando a gravata do colarinho, não achando, somente alisei a camisa notando uns botões abertos. Indagando quando os abri. — Está esperando o quê? Seu filho está pedindo panquecas com calda de amora. — Piscou o olho. — Sabe perfeitamente que conheço todos os seus gostos, grávida do ano. — Gesticulei saindo em seguida. *** Mas tarde no hospital Mega Center Precisava urgentemente contratar uma empregada e uma cuidadora para Lavinia. Uma enfermeira que tivesse muito paciência e jogo de cintura com a minha exigente esposa. Com todo esse alvoroço ma minha vida acabei deixando esse assunto de lado. A casa estava um caos mesmo dando conta de fazer alguns trabalhos domésticos, mas conciliar com a minha nova profissão seria muito cansativo. Suspirei cansadamente tentando averiguar uns papéis até que avistei no monitor a menina dos meus olhos conversando com o seu médico chefe, parei encantado pelo seus movimentos. Parecia feliz contando algo interessante, até que o mesmo pousou as mãos em seus ombros, os dois se entreolharam, ela balançou a cabeça, concordando com algo dito por ele. Laura sorriu e logo o homem saiu, deixando-a sozinha pelo corredor pensativa por um instante. Seu olhar se projetou na câmera, parecia saber instantaneamente que eu a observava. Sim, ela sabia. Sem esperar vi seus lábios se mexerem e rapidamente se afastou. Ergui meio sem saber o que faria, relembrando da nossa interação no jantar. Olhei para aquela porta esperando desesperadamente que viesse pra cá. Será que havia mudado de planos e nos daria uma chance? Era pedir demais ser feliz com a garota da minha vida? Passou dez, vinte e trinta minutos e nada dela, frustrado sentei na beirada da mesa. Alguém bateu na porta sem falar nada e eu apenas olhei pro piso chateado ordenando que entrasse. A pessoa adentrou. — Pelo visto está tudo bem com o presidente. Devagar levantei o olhar, admirando belas pernas no processo. Quando enfim pude centralizar a vista na bela enfermeira meu coração palpitou de felicidade. — Laura... então foi você que me levou? Ela abriu um lindo sorriso colocando as mãos dentro dos bolsos do uniforme azul que usara. — Sim, quem mais seria Doutor? Eu me preocupei contigo. Estava excessivamente bêbado. Foi a minha deixa para sorrir. — E isso incluía remover a gravata e abrir os botões da camisa, Laura? Desfez o sorriso. — Não sei de nada a respeito. Nunca iria me aproveitar de um homem. Assim o senhor me ofende. Tirei o sorriso babaca do rosto saindo do meu lugar devagar. — Se não foi você, quem mais seria? Laura apertou os lábios desviando o olhar, compreendendo de antemão o que tinha acontecido. — Não... — E por que não? Alias, ela é sua esposa e tem o total direito de tentar algo com o marido dela. — A menina me olhou novamente. — O Doutor pertence a Lavinia Gandoa. Andei rápido pegando-a pelos ombros, na hora encolheu eles, como se o meu toque trouxesse repulsa. — Te peço que não me trate assim Laura, a única mulher da minha vida é você e sempre será. Eu e a Lavinia não temos mas nada, só estou com ela pela criança. Estou sendo bastante claro pra você? — Desde o dia que pus os olhos em você nesse hospital deixou bastante em evidência sua intenção, senhor presidente. — Ditou mostrando rancor dando dois passos para trás. Abaixei os braços. — Não esperava encontra-la. — Passei a mão no cabelo num gesto de inquietação. Queria tocá-la e morria por dentro pois, não deixava fazer isso. — Tudo bem. — Soltou um leve suspiro. — Só vim saber como estava e lhe entregar um objeto. — O quê seria? Laura retirou a mão do bolso, esticando-a fechada na minha reta, ao abri-la constatei a aliança que havia entregando a eles num momento mais triste da minha existência. Quando retornei a olha-la, seu lindo rosto mudava numa tristeza imperdoável. — Tome, já não preciso mais das velhas recordações. Doutor Vinícios.
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