Matteo
Antônio - Aonde você vai? Meu pai nem me esconde o jeito que eu, sem querer, cabo deixando ele e todo mundo sem graça e ainda, me questiona depois que me levanto de supetão indignado com toda aquele cena da Gabi
Matt - Eu vou para casa. Essa noite já deu o que tinha que dar.
Helena - Mas a gente ainda não viu nada do casamento filho, não decidiu nada, não podemos ir embora assim.
Minha mãe sempre foi a favor de seguir cada regrinha da organização e não via a hora de esfregar na cara de suas amigas o casamento bem sucedido do seu amado filho, mas eu não estava a fim de ficar sendo a disputa épica das meninas agora
Não é que eu não queira seguir com o protocolo, só não achei que a situação sairia de uma simples conversa para motivo de chacota
A Gabi continua tão arrogante e prepotente quanto eu me lembro. Quem disse que era ela a minha escolhida? Além do mais, essa história de relacionamento está sendo bem difícil para mim
Flashback on
Matteo - O que uma moça tão bonita faz aqui sozinha, numa das padarias mais movimentadas da cidade e perdendo o dia lindo de sol que está lá fora? E olha que é bem difícil encontrar um clima assim aqui viu, o que mais acontece é o dia nascer com o céu todo cinzento
Rafaela - Bom, na verdade eu estou esperando meu namorado e tenho que te dizer que ele é muito ciumento e acho que ele não gostaria de ver conversando com qualquer um
Matteo - Qualquer um é? E o que o louco do seu namorado está fazendo neste momento que não está aqui curtindo a presença dessa bela moça hein?
Seu sorriso sempre me encantava. A Rafa era uma bela moça italiana que tinha conhecido em uma de minhas noites de pegação. Era incrível como a nossa vibe se atraía e como a gente se completava.
Ela topava qualquer coisa e sempre aparecia com aquele sorriso que iluminava meu dia. O problema é que com o tempo as coisas começaram a ficar diferentes e depois de dois anos a gente acabou alcançando a casa da comodidade.
Dia cansativo, sem comunicação entre a gente, sem parceria, sem compreensão, por isso não liguei tanto quando ela me veio falar que queria sair de nosso apartamento e muito menos quando duas semanas antes recebi de meu detetive particular, suas fotos aos beijos com seu amante. É, aquilo nem chegou a acabar comigo, não naquele momento e só porque eu já tinha me conformado mesmo, acho até que a única coisa que me segurava para não terminar com ela era a consideração, mas sofrer mesmo não, eu já tinha feito isso há um tempo atrás, aquilo ali só foi a confirmação
Flashback off
Era mais por isso que eu não estava a fim de engatar um relacionamento, muito menos um que tinha certeza que teria que arrastar para o resto da minha vida, por isso, dos males, eu queria o menor, no mínimo que eu queria fazer era escolher a pessoa que mais me chamava a atenção, mesmo que fosse só pela beleza mesmo porque com aquela pressão toda eu nem ia ter tempo para poder conhecer uma pessoa legal e que atendesse todos os caprichos da minha família. Isso era o mínimo e, definitivamente, a Gabi não se enquadrava em nada, já a Lua...
Falando nela, percebi que não perdeu aquele seu jeitinho de menina, aquele olhar inocente e sua timidez. Me lembro que quando era mais novo, me pegava imaginando como ela ia estar depois de alguns anos, jurava que ficaria ainda mais linda e realmente ficou.
Com certeza, se pudesse escolher, seria a Lua, com certeza
***
Helena - Você não tinha o direito de nos envergonhar na frente de toda aquela gente meu filho, definitivamente você não pensou na sua mãe
Sempre dramãtica... Parecia que o mundo tinha acabado para a dona Helena, mas o que ela se esquecia era que aquela discussão toda era para decidir o destino da minha vida, e que no caso, estava sendo discutida numa ceia de natal e eu estava pouco me lixando para a porcaria da vergonha
Mal pude colocar o pé para dentro de casa e meu pai já veio feito gavião me mandando ir para o escritório porque não poderia adiar a nossa conversa. É, eu sei que não, mas será que eu não podia curtir minha cama sossegado pelo menos por hoje? A situação não era uma sangria desatada e eu sabia o que tinha que fazer.
Antônio - Matteo, pelo amor de Deus, o que foi aquilo? Você sabe o quanto foi difícil convencer o Roberto a aceitar esse contrato?
Matteo - Olha pai, não sei se o senhor percebeu, mas era a minha vida que estava sendo discutida ali e a única opção que eu escutei naquele susto todo foi passar o resto da minha vida com uma mulher mesquinha, egocêntrica, mimada, prepotente e eu não estava gostando nada daquilo.
Antônio - Não tem como você deduzir isso só com esse tempo que passamos lá
Matteo - Acontece que eu não deduzi isso por agora pai, eu vi isso minha adolescência inteira, eu conheço aquela garota e sei o que estou falando
Antônio - Está bem, vamos dar tempo ao tempo, talvez quando a gente se acalmar, as coisas mudem, mas pensa bem meu filho, não condene a nossa família, esse casamento precisa sair
Matteo - Duvido muito que eu vá mudar de opinião sobre o assunto, mas tudo bem, a gente conversa sobre isso depois. E...só mais uma coisa, a Lua está linda não está?
Nem dei tempo para que meu pai me desse resposta, só saí rumo ao meu quarto pensando como eu poderia me safar daquela merda de situação. O pior de tudo? Não ia conseguir resolver nada na pressa, tinha que ter paciência e é isso é uma coisa que me mata