Cap 4

1439 Words
Lua Nossa, desde quando fiquei sabendo que o Matteo estava voltando não paro de ter dor de barriga. Ainda bem que estamos na véspera de natal e consigo disfarçar dizendo que estou ansiosa para a troca de presentes. Não paro de pensar se ele realmente vai cumprir a promessa que fez pro meu irmão e vai aparecer por aqui, afinal, a família dele provavelmente também vai exigir sua presença. Gabriela - Mamãe, a senhora acha que meu cabelo está legal? Não entendo porque Gabi está se importando tanto com isso, ainda mais com o cabelo porque ela sempre joga na minha cara que ele é naturalmente maravilindo e não precisa de tantos cuidados quanto o meu. Nunca entendi muito bem o que ela quer dizer já que tenho o mesmo resultado que ela consegue indo no salão toda semana apenas fazendo os tratamentos loucos que a minha mãe sempre procura na internet, mas fazer o quê, ela sempre foi absurdamente vaidosa. Ester - Está linda filha, como sempre Mamãe sempre se preocupou em escolher as palavras com a gente, mas principalmente com a Gabi e seu temperamento forte, dificilmente ela aceita alguma crítica e fica dias emburrada caso escute algo que não a agrade. Gabi - Não quero que o Matt me veja toda desengonçada como a Lua. Como ela consegue aquilo, eu não sei, só sei que ela sempre conseguiu me intimidar só com aquele olhar. É um negócio estranho, acusador sabe, mas eu sempre passo pela situação tentando colocar na cabeça que eu simplesmente não ligo, apesar de ligar pra caramba Mas voltando pra aquilo tudo, nunca vi necessidade de me empiriquitar toda só para passar a noite sentada no sofá, só que aquela noite em especial era diferente, a gente estava falando do Matteo e eu ainda não tinha tido êxito em tirá-lo da mente, “céus, isto está sendo mais difícil do que imaginei”. Posso dizer que a nossa família é grande, grande e unida e sempre um simples jantar acaba se tornando o maior dos eventos. Muita comida, mesa divinamente posta com um toque especial de dona Ester, uma variedade enorme de sobremesa e bebidas, mas hoje é ainda melhor, hoje é véspera de natal e parece que papai convidou alguns de seus amigos para nos acompanhar na comemoração, porque há mais pratos que o necessário em cima da mesa. Alex com agora, sua esposa, que por uma ironia do destino é a Aline, irmã do Matt, Gabi, eu, mamãe e papai, agora só faltam os convidados. Ouço a campainha tocar e meu corpo gela, meu coração erra as batidas, começo a suar frio porque consigo deduzir quem é, eu quero que seja ele. Alex - Caramba cara, o que aconteceu com você, está parecendo um monstro Se meu próprio irmão não consegue esconder a felicidade de ver o melhor amigo parado ali, só esperando por uma abraço, imagina como eu não estava e o Matt, bom... ele só fez soltar uma gargalhadas imensa no meio de um forte abraço. Ele está muito lindo, mais do que já era. Seus músculos estão sobressaltados, definidos e marcados pela roupa que usa no momento, uma calça jeans preta, camisa social com a manga dobrada até o cotovelo na cor azul bebê e um sapatênis em tom de marrom. Não sei como ele conseguiu, mas com certeza ficou mais bonito do que minha memória se lembrava. Matteo - E você acha que está muito diferente de mim né? Caramba cara, está achando que vai participar de uma competição de fisioculturismo? As gargalhadas aumentam, era exatamente assim quando os dois estavam juntos, amigos irmãos, um pensava e o outro completava a frase, sempre juntos, sempre unidos. De resto, o negócio só seguiu mesmo com aqueles cumprimentos de praxe né Matteo - Nossa Lua, como você cresceu hein, está uma gata! Antônio - “Olha o respeito Mat” – logo vem a repreensão mais com cara de graça da boca do pai dele Matteo - Só estou falando a verdade Seu sorriso é perfeito, tudo nele parece ser perfeito. “Foco Lua, vamos ter foco garota, ele não é para você lembra?” Gabi - Nossa Matt, não vai falar a mesma coisa para mim não? Matteo - Claro Gabi, você também está muito bonita Gabi - Sei, bonita, mas em segundo plano né? Roberto - Chega Gabi, não é hora para isso. Desta vez é meu pai que a repreende e sua cara não é das melhores. Tenho certeza que assim que todos forem embora ela vai dar um jeito de fazer seu show. Ester - Bom pessoal, o papo está bom, mas a comida está na mesa e eu não quero que esfrie e depois vocês falem aos quatro cantos que eu servi comida fria para vocês Minha mãe sendo minha mãe. Foi nítido que meu pai não sabia aonde enfiar a cara, mas eu não vi maldade e acho que ninguém viu. Só que foi durante o jantar que, apesar da felicidade do meu irmão, o que parecia era que alguma coisa estava acontecendo entre meu pai e o senhor Oliveira. Eles não paravam de se olhar e logo eu e todo mundo ia entender o motivo da visita de todo mundo ali não ser só uma passada de tempo, um negocinho casual e céus, eu nunca iria esperar por isso. Roberto - Bom, agora que todos já comeram e aproveitando a oportunidade de estarmos reunidos, o Antônio e eu temos uma coisa para falar pra vocês Foi assim que meu pai começou a nos preparar, como uma fala mansa, tentando esconder que não estava nada confortável com aquilo, meio despreocupado, mas mais que preocupado... Ester - Querido, acho que não é o momento, estamos na véspera de natal, não é uma coisa urgente e muito menos algo que devemos tratar em uma mesa de jantar. Minha mãe até que tentou, mas a determinação dos dois pais era muito maior do que sua opinião e isso ficou muito claro no olhar de repreensão dado. Meu pai sempre respeitou minha mãe, mas uma coisa que nunca ninguém podia contestar era sua autoridade e muito menos na frente de outras pessoas, ainda mais sendo a família Oliveira. Meu pai queria que mamãe permanecesse assim como dona Helena, mãe do Matteo, ou seja, sentadinha e de boca calada e depois de um pigarro, continuou armando a bomba. Roberto - Bom, como todo mundo aqui sabe, as nossas famílias tem o costume de se unir em matrimônio com pessoas que pertencem a nossa irmandade. Foi assim com nossos pais e com os pais deles e ainda, com os pais deles. A gente até queria fazer diferente, dar a oportunidade de cada um seguir a sua vida e escolher com quer quer ficar, mas nem sempre a gente faz o que qué não é mesmo. Então, conversando com meu amigo Antônio aqui, decidimos que o melhor é deixarmos as coisas em família, assim como aconteceu com o Alex e a Aline, com a diferença que os dois sempre se gostaram não é mesmo. O gole de água ficou parado na minha boca, não ia nem para frente e nem para trás, com certeza essa notícia tinha me pegado desprevenida, pelo menos a mim. Antônio – Eu sei que parece estranho meninas e pelo amor de Deus, eu não quero que isso aqui seja visto como um leilão ou qualquer coisa de r**m que possa parecer. Da mesma forma que vocês vão passar por essa escolha, a gente teve que fazer o mesmo, no caso, mais aceitar do que escolher porque a Cúpula nunca iria deixar a gente passar por essa situação sendo os privilegiados da vez enquanto todas as outras famílias seguem as regras, então, como de costume, agora só falta mesmo o Matt decidir com quem vai se casar Gabi - Eu! Não deu nem tempo de processar a informação, mais que depressa Gabi respondeu, ela nem considerou a possibilidade de ele ter olhado para mim ou de ele querer uma chance para saber de verdade o que a gente tinha se tornado com todo aquele tempo sem sequer nos falar, nada. Gabi - Eu sou a mais velha, eu tenho o direito de escolha e escolho me casar com o Matt, sem dúvida, além disso, nem tenho nem certeza de que a Lua gosta de homem, ela nunca falou nada, sei lá Eu simplesmente cuspi sobre a mesa a água que ainda guardava em minha boca. Todos me olharam assustados e a única coisa que eu consigo formular é uma pequena frasezinha Lua - O quê?
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