**Prólogo**
Meu irmão pediu para ir ao asfalto buscar a noiva dele e, como eu estava de bobeira no morro, topei dar essa força para ele. Segundo ele, queria fazer uma surpresa para a mina. O Gui, é um viadinho do carai, fica igual a um cachorrinho atrás da Virgínia. Não tenho nada contra, mas sou moleque solto p***a e não quero me amarrar em nenhuma dessas minas. Me chamo João Pedro, vulgo JP, sou o mais velho dos irmãos e, após a morte do meu pai, assumi o morro da Babilônia. O Gui é meu sub gerente e me ajuda pra carai, mas às vezes acho que ele queria ter assumido o morro no meu lugar. Pode ser impressão minha, não sei, mas às vezes bate uma neurose de que ele inveja tudo que tenho.
Nossa coroa é viva firme e forte, ela é o meu alicerce, sofreu muito com a morte do meu pai, mas tá aí dando força e as broncas delas.
Estou indo pra buscar a mina do Gui. Sou traficante, mas minha ficha é limpa e não tenho antecedentes criminais. Ando a hora que quero, sem precisar me esconder. Diferente do Gui, que possui registros na polícia por tráfico de armas e drogas, ele age de maneira imprudente e não teme as consequências. Às vezes, penso que o Gui, apesar dos seus erros, seria um dono de morro melhor que eu, para lidar com certas situações, já que não tem medo de nada. No entanto, meu pai deixou o comando para mim e, sem dúvidas, vou conduzir tudo de acordo com os princípios que ele me ensinou.
Cheguei à residência de Virgínia, noiva de Guilherme, e bati na porta várias vezes, mas não obtive resposta. No entanto, percebi que todas as luzes estavam acesas. Decidi então contornar a casa e, ao olhar pela janela, avistei-a caída no chão. Imediatamente retirei minha arma da cintura e arrombei a porta. Ao entrar, encontrei seu corpo estendido no chão e, ao olhar ao redor, percebi que não havia nada fora do lugar, nem sinais de arrombamento.
Aproximando-me, constatei que ela levou dois tiros – um na barriga e outro no coração – e já estava sem vida. A minha maior preocupação era o que diria a Guilherme. Ao lado dela, havia uma arma. Agindo de forma impensada, peguei a arma, momento em que fui surpreendido pela polícia invadindo a casa.
Não tive nenhuma reação. Apenas retirei a mão do corpo de Virgínia e percebi que minhas roupas assim como minha mão estavam manchadas de sangue; levantei os braços.
- João Pedro Azevedo Lima, você está preso pelo assassinato de Virgínia Lima.
JP: Não, não fui eu! Quando cheguei aqui, ela já estava morta. Eu juro que não fui eu; apenas vim verificar se ela estava viva.
- Recebemos uma denúncia de que o senhor foi visto entrando neste local e, posteriormente, ocorreram dois disparos. Pedimos que, por favor, permaneça em silêncio e nos acompanhe.
João Pedro: Vocês estão cometendo um erro! A pessoa que realmente a matou está solta, enquanto vocês estão aqui me prendendo.
Eles não quiseram me ouvir, me chutaram, me imobilizaram e me algemaram.
Fui tratado pior que cachorro pelos policiais, após a revista, eles me jogaram no carro, me levaram para delegacia e me conduziram a uma cela onde me mantiveram preso por várias horas. Depois de um tempo, um dos policiais veio, abriu a porta e me solicitou que o acompanhasse.
Assim que me levaram, soltaram minha mão, que ainda estava algemada, e me conduziram para uma sala. Ao entrar, vi o Guilherme. Quando tentei abraçar meu irmão, ele me agrediu com um soco. Eu merecia isso, afinal, todos pensam que eu matei a Virgínia.
JP: Deixe-me explicar, Guilherme. Não fui eu. Quando cheguei, ela já estava morta e havia uma arma ao seu lado. Eu, por impulso, a peguei, mas quando percebi, a polícia já estava à porta.
Guilherme: Cale-se, JP. Não quero te ouvir, Caraí.
JP: Você precisa acreditar em mim. Eu juro que não fiz nada.
Guilherme: O seu problema sempre foi ser burro demais. Não consigo entender por que papai decidiu passar o comando para um garoto que não sabia como agir em uma invasão.
Somente por ser mais velho, enquanto eu tinha tudo para me tornar um dono de morro implacável. Mas antes de morrer, ele teve que deixar tudo para você, e por isso tive que agir dessa forma.
Jp: Guilherme, do que você está falando? Eu nunca fiz nenhum pedido ao nosso pai. Você sabe que sempre quis deixar aquele morro e viver minha vida longe de lá . No entanto, antes de ele falecer, ele me implorou para não abandonar aquele lugar.
Guilherme, sobre qual forma de agir você está falando? O que você fez?
Não, espere! A Virgínia era sua noiva; você não teria coragem de fazer isso.
Guilherme: A Virgínia era uma vagabunda que estava me traindo,mas o que eu podia esperar de uma v***a do asfalto, né? Ela não esperava que eu fosse descobrir. Fui até lá e a matei com uma das armas que peguei na sua sala. Foi tão fácil te levar até lá, maninho; só precisei inventar algo e você, como bobo, acreditou. Antes de você chegar, eu atirei nela com dois tiros, um na barriga e um no coração, e foi quando você estava prestes a chegar que liguei para a polícia, que te pegou em flagrante com sua própria arma na mão.
JP: Maldito desgraçado! Como pode fazer isso comigo?
Avancei em sua direção, mas nesse momento os policiais entraram na sala e me contiveram.
-Isso não ficará assim, Guilherme, eu juro que sairei daqui e, nesse dia, vou te fazer pagar por tudo que está me fazendo , seu maldito, desgraçado.
Neste dia, eu vou te procurar até no inferno, e vou te matar com minhas próprias mãos, eu juro, Guilherme.