Capítulo 68

2015 Words
ELLA. Eu tirei a roupa que eu pretendo usar para essa balada, algo que não passe desconfiança nenhuma. Mas também boa o suficiente para eu conseguir guardar o que eu conseguir nas peças que eu usarei sem que me denuncie. - Eu me questiono como descobriram o meu número até agora. - eu falo sozinha retirando uma blusinha aqui, nada o meu estilo, mas é até bonita. Ela é aberta nas costas, dourada e de alça, meio transparente, mas tem esse tapa m*****s, aqui também. Ao menos não vão achar que guardei alguma coisa no sítio mais óbvio que é o sutiã, não? Pego uma mini saia, de couro, ela é bem mini mesmo, mas não atrai desconfiança alguma. Obviamente é de mais uma marca luxuosa, com todo um design diferenciado tal como a blusa, portanto não parece nada vulgar ou comum. Eu escolho umas botas, com a altura próxima ao joelho, com certeza ninguém vai me mandar tirar os sapatos, e eu torço para que seja uma balada onde eu tenha alguém conhecido. Deixo separada e recupero a minha energia para descer e olhar para todos eles. Eu desço e ao entrar na sala, não acho ninguém. Foram todos para a sala de jantar e sem escolha é para lá que eu vou, me deparando com todos eles, inclusive o Salvatore que parece estar na sua essência, nem sequer olhou para mim, e a cara dele está trancada, enquanto todos eles me observam, aproximar- me da mesa. Um pouco confusa eu olho para o Alexander, que se levanta e puxa a minha cadeira para eu me sentar. - Boa noite. - eu falo meio confusa com o silêncio súbito e me sento, sem que ele me responda. E isso me irrita, porque afinal de contas, eu também não faço muita questão de o cumprimentar. O seu olhar vem até ao meu, e os meus punhos sobre as minhas pernas debaixo da mesa fecham instantaneamente, porque o seu olhar não mudou absolutamente nada. E eu detesto ter ele em cima de mim. Detesto. - Eu entendo… - ele fala retirando o seu olhar de mim para todos os outros aqui na mesa. - Que a educação é recebida de maneira diferente por todos e em todo o mundo. - ele diz, e é insano como ninguém solta um piu, enquanto ele fala. A sua mão com os seus anéis cujo eu sei o significado no seu dedo anelar gira, gesticulando. Flashbacks atacam a minha cabeça, da sua mão no meu pai, do seu anel de prata penetrando a pele do meu pai aberta por ele, na minha frente. Enquanto o meu pai, tentava ao máximo conter a sua dor, apenas para me deixar… menos assustada, eu acho. Eu sinto as minhas unhas penetrarem a palma da minha mão, e eu permaneço desse jeito, tentando me tirar da confusão que está a minha cabeça. - Porém, é uma lei universal, e se não é, deveria ser, ninguém se senta a mesa, depois do patriarca da família. - a sua voz é potente, dilacerante, e o seu olhar volta para mim. E eu não tenho medo, se é isso que ele espera que eu tenha dele, eu o odeio. E não é pouco. Eu não desvio o meu olhar do dele. - Talvez não saiba disso, porque cresceu sem família, sem mãe e sem pai, mas é assim que as coisas funcionam aqui, Ella. - ele fala tão grosseiro como a alma dele e a minha reação instantânea é sorrir. - Pai… - o Alexander ia falar mas eu falei o interrompendo. - Deseja que eu me retire da mesa, senhor? - eu questiono-o, sentindo um fogo subir em mim. Olhando nos seus olhos, eu vejo surpresa, afinal de contas, ele achava que eu iria pedir desculpas. Aparentemente todos aqui. Com exceção de um. - Ella… - a Kassandra tenta interferir, mas o mesmo dedo, com o mesmo anel, levanta, impedindo-a de falar, e ele volta o seu olhar para mim. O seu olhar observa-me minuciosamente, e eu não consigo controlar a minha língua, da forma que eu estou a controlar as minhas lágrimas para falar da família que ele tirou de mim. - Eu cresci sem família… - eu falo e sinto o olhar do Alexander instantaneamente em mim, enquanto eu aperto com força a palma da minha mão para não explodir. - Porque tanto o meu pai e a minha mãe foram tirados de mim, senhor Salvatore. - eu falo e eu estou tentando falar o mais controlada possível, e não quebro em nenhum momento o contacto visual com ele. - Pela vida. - eu concluo de maneira sarcástica, dando um sorriso dolorido no final só para distrair, e não atrair mais atenção, por enquanto. - Sentar-me a mesa nunca foi um problema, até então… - eu falo descontraída, e inspirado fundo e levanto o meu olhar para o Alexander que me observa e eu simplesmente não sei descrever nada que ele pode estar a pensar. - O Alexander devia ter me avisado que isso era algo quase religioso para vocês, mas eu tive mesmo de subir e eu avisei. - eu falo voltando a olhar para ele. - Porém, eu não gostaria de contrariar o senhor, eu me ofereço para me retirar se esse for um problema. - eu falo engolindo a minha raiva e deixando um ar mais descontraído nessa mesa, fazendo todos se entreolharem, e ele assente, passando o seu olhar pela mesa e terminando no do Alexander, que ainda não parece estar em bons termos com o pai, por algum motivo. Eu vejo ele subtilmente abanar o bigode, como se estivesse meio irritado, conformado, um misto de coisas e volta a olhar para mim, agora com mais leveza no rosto. Fácil de manipular. - Não é necessário. - ele diz levantando a mão, como se apaziguasse alguma situação e eu seguro-me para não revirar os olhos e apenas observo a cicatriz no meio da sua testa. - Sente-se, iremos jantar todos juntos. - ele conclui e eu limito-me em assentir. Idiota, canalha, filho do c*****o. - Bem, só não se atrase mais querida. - a Kassandra diz, fazendo-me olhar para ela que tenta soar dócil. - O horário correto para as refeições aqui, é sagrado. - ela fala e humn… Interessante. Não achei que vocês soubessem ou tivessem essa palavra no vosso vocabulário. - Claro. - eu digo forçando um mínimo sorriso. Rapidamente o clima amenizou, porque o mesmo se certificou de tal, mudando de assunto e perguntando a Natalie como estão sendo os preparativos para o casamento. E a mesma puxava-me para a conversa sempre que possível. Enquanto isso, o Alexander manteve-se em silêncio e em determinados momentos eu o pegava olhando para mim. Por quê? Eu também não sei no que se passa na cabeça dele e sinceramente, eu não toquei quase nada dessa comida, porque eu não sinto apetite algum perto de nenhum deles. Eu tentei apenas observar o meu alvo. A Ginevra, a mamma do Don de La Cosa Nostra, a matriarca. Ela não parece ter netos, do quão conservada… ou subtilmente plastificada que está, se eu não soubesse a idade dela, eu daria uns quarenta, pelo quão jovem e vivaz ela aparenta. O seu olhar destila poder e malícia, e ela é saudável… Como quem diz. Numa das minhas investigações, eu vi que ela tem diabetes, porém, como se pode ver, ela tem a diabetes controlada, a dieta controlada. Mas não é como se ela não pudesse ser descontrolada… Eu sorrio na minha cabeça, já tendo em mente o que eu posso fazer. Veremos se repentinamente falar de mãe, será um tópico tão em vão para você, Salvatore. De repente mencionar o como a merda da sua mãe criou um filho duplamente merda como ela, será ao menos como uma agulha coçando o seu enorme ego. - Eu quero vocês no meu escritório. - o Salvatore diz para os filhos, após se despedir e se levantar. E os mesmos saem o seguindo, bem… Pelo menos dois deles, porque o Alexander parece ser o do contra e está muito nem aí. Ele terminou de comer, casualmente e a Ginevra não falou merda nenhuma, até ele finalmente subir, quando eles possivelmente já estavam lá dentro do escritório. - Vá se preparar. - ele diz para mim, após se levantar, passando a sua mão pelo meu ombro, antes de sair. Bipolar. - Se quiser, eu empresto algumas roupas para você, Natalie. - a Chiben diz para ela, que abana a cabeça bebendo água. - Não é necessário, eu, a Ella e a senhora Kassandra passamos de algumas lojas e eu comprei algumas. - ela conta e a Chiben assente obviamente não satisfeita. - Ótimo, eu espero que se divirtam com juízo. - a Ginevra diz levantando-se olhando para nós três, e eu analiso-a minuciosamente, porém, discretamente. - Tem um casamento depois de amanhã. - ela reafirma, com um sorriso sorrateiro. - Claro. - a Natalie responde com um sorriso largo, e eu bebo água, apenas para não ter que fingir outro sorriso. Ela sai, e ficamos nós e as duas mulheres de estimação do monstro lá em cima. - E o que comprou para você, Ella? - a Clarisse questiona, assim que eu me levanto fazendo-me olhar para a cara dela. - Nada. - eu a respondo, sem motivação nenhuma. Olhar para a cara dela, consegue destruir-me mais por dentro do que o veneno daquela cobra conseguiu. - Você me viu chegar. - eu acrescento. - Não fez questão de presentear a sua nora, Kassandra? - ela questiona sarcástica e a Kassandra a encara de forma astuta. - Sogra de primeira viagem, se quiser, eu posso ensinar-lhe algumas coisas. - ela provoca e eu sorrio. - Sendo sincera, eu acho que a Natalie concorda comigo, que a senhora Kassandra tem melhor base para ensinar alguma coisa. - meu intuito não é defender a herdeira corna mansa de Bratva, é ganhar a apreciação dela, e deixar essa mulher p**a, da vida. - Sim… - a Natalie fala se levantando também, e a mesma fecha a cara enquanto a Kassandra sorri. - Sem contar que eu só comprei essas roupas porque não trouxe nenhuma apropriada para essa noite, senhora Clarisse. - a mesma fala e eu sorrio. Humn... com que então, ao menos com isso eu posso contar com a namorada do Leonardo. - Um presente nunca é nada demais, eu recebo da senhora Clarisse sempre, e ela o faz como um gesto de apreciação. - a Chiben fala numa tentativa boba de proteger a Clarisse, e eu reviro os olhos. - Gesto de apreciação ou pagamento, Chiben? - oh?! Um “O” instantâneo foi o que se formou tanto na minha como na boca da Natalie, e eu segurei o riso, não segurando quando a Kassandra falou. - O que está a sugerir, Kassandra? - a questão foi assertiva e cheia de ódio. - Precisa de explicação para o óbvio, Clarisse? - ela rebate, e bem… Esses embates devem ser constantes, porém, nada produtivos, já que essa senhora está tão viva quanto eu achava que estava, desde que me deixou com sete anos de idade para vir para cá ficar com o homem que ela entregou o meu pai. Por tanto assisti-las não vai dar em merda nenhuma, e a minha cabeça não suporta ficar no mesmo espaço que ela por muito tempo. - Eu vou subir. - eu falo saindo, sem esperar resposta da Kassandra, e saio dali para o quarto, com a voz, o anel, o olhar do Salvatore ecoando na minha cabeça incessantemente. A fala dele alterou a química do meu cérebro, e com isso o meu sistema nervoso está descomandando os meus batimentos cardíacos, a minha respiração, e eu estou me esforçando para me manter… estável. Eu só funciono racionalmente estando estável. E bem, eu tenho um plano por seguir, vai ficar tudo bem… Eu só preciso aguentar mais um pouco. - Só mais um pouco. - eu falo comigo mesma entrando no quarto.
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