ELLA.
Eu vou diretamente para a casa de banho, e jogo água em mim, porque aquela personificação do demônio, deixou as minhas veias todas dilatadas e saturadas de tanta raiva.
Fiz a minha higiene oral, ajeitei o meu cabelo e quando saí para ir ao closet, o Alexander entrou no quarto, fazendo-me olhar para ele.
Ele está me encarando de um jeito completamente estranho, diferente do que costuma a fazer e eu me questiono o que está passando pela cabeça dele.
- Podemos conversar? - ele questiona e eu franzo o cenho parando no meio do corredor que leva até ao closet.
Conversar.
- Você sabe o que é conversar? - eu questiono-o realmente interessada, e ele revira os olhos.
- Até agora somente eu consegui ter uma conversa civilizada com você. - ele diz e eu reviro os olhos sorrindo.
- Civilizada? - eu questiono meio ofendida por ele ter usado essa palavra.
- Não sou eu quem age como um animal selvagem. - ele diz, me observando e eu sorrio olhando para ele.
- Não, você só doma eles, e os manda atacar, não é? - eu questiono-lhe e ele me encara sem paciência.
- Ella... - ele fala sem paciência. - Sente-se. - ele manda.
- Eu não quero. - eu pontuo, é preocupante como ele se esquece das coisas rápida e repentinamente quer conversar como se ele não tivesse feito merda nenhuma.
- O que você quer? - eu o questiono e ele inspira fundo.
- Que conquiste a confiança do meu pai. - ele diz e eu sorrio o encarando.
- Eu estou a falar sério. - ele diz, me encarando.
- Eu fui o tópico de conversa entre pai e filhos, foi isso? - eu questiono-o cruzando os meus braços, o observando e ele olha para o lado inspirando fundo como se pedisse paciência.
- Você quer se vingar da sua mãe, não é? - ele questiona e o sorriso do meu rosto some.
- Ela é a sua madrasta e não a minha mãe. - eu pontuo e ele oscila o seu olhar em mim sério.
- E o que isso tem a ver em querer a mísera confiança daquele homem? - eu o questiono desentendida e ele me observa.
- A Zanan, está a fazer a cabeça do meu pai, e o quanto mais ela desconfiar de você, mais fodida você estará. - ele diz e eu sinto os meus batimentos aumentarem gradualmente.
- Ela não está a fazer apenas contra mim, Alexander. - eu falo olhando para ele, recordando-me do que escutei. - Contra você também. - eu concluo e ele sorri.
- Isso não é nenhuma novidade, mia cara. - ele diz e eu assinto com as sobrancelhas dando de ombros.
Ele a conhece... melhor do que eu a conheço, mas eu também não irei denunciar-me contando a ele tudo que escutei.
Eu descobrirei sozinha.
- E então? - eu o questiono.
- O meu pai é... - eu interrompo-o imediatamente.
- Eu sei quem é o seu pai, Riina. - eu pontuo não fazendo questão de escutar mais e com a voz dele ousando falar dos meus pais lá na mesa, eu sento-me na cama e com o Alexander me observando eu seguro lágrimas de raiva.
- É por isso que eu não quero conquistar confiança ou merda nenhuma que venha dele. - eu falo enfiando as minhas unhas na minha palma. - E eu também não tenho porque confiar em você. - eu pontuo e ele aproxima-se e inspiro fundo, começando a sentir o meu coração disparar.
Ele se aproxima com cautela, como se tivesse receio, não de mim, mas como se quisesse respeitar o meu espaço.
- Ella... - ele fala e eu fecho os olhos, tentando conter a turbulência dentro de mim, eu não terei outro ataque agora...
- Você não tem escolha. - ele fala com a sua voz envolvente olhando nos meus olhos e eu não quebro o contacto visual com ele.
- Talvez você, não queira confiar em mim. - ele diz, me encarando com a mesma cautela que ele se aproximou e pela forma que ele gesticula.
O que me deixa mais confusa, qual é a razão dele estar sendo tão cauteloso, agora?
Não tanto, mas se torna visível para alguém como ele.
- Mas você não tem escolha, okay? - ele questiona de forma persuasiva e não rude, olhando para mim, e de alguma forma os meus batimentos desaceleram. - Mas eu sou a sua melhor aposta. - ele diz sério e a realização de que ele está certo faz-me fechar os olhos por um instante, em estado de recusa.
- Ella... - ele diz se baixando na minha frente, e antes que ele pousasse a sua mão em mim, eu levanto a minha mão o impedindo, e imediatamente ele levanta as suas mãos em rendição olhando para mim.
- Eu sou a sua única opção. - ele diz e eu o analiso.
- Me escute. - ele diz pousando as suas mãos de cada lado das minhas pernas, olhando nos meus olhos. - Você não conseguirá fazer nada sozinha, você não conseguirá nada sem mim. - ele fala, e eu observo-o e passos as minhas mãos pelos meus cabelos, tirando o meu olhar do dele, enquanto ele se levanta na minha frente fazendo-me inalar mais do seu cheiro.
- Vamos fazer isso do jeito certo, agora? - ele questiona e eu o analiso com o meu olhar, antes de me levantar.
- Que transtorno mental você tem, bipolaridade? - eu o questiono e ele me encara como se questionasse se eu estou falando sério, e suspira como se pedisse por paciência.
- Nenhum. - ele diz e eu faço careta desconfiada.
- Que seja. - eu falo por fim dando de ombros e ele assente, me encarando.
- Ótimo. - ele diz, e eu também assinto.
- Eu continuo odiando você, só para deixar claro. - eu faço questão de mencionar e ele dá um sorriso discreto de lado.
- Eu nunca disse que parar de odiar você, fazia parte desse acordo. - ele diz e eu sorrio de volta revirando os olhos e caminhando até ao meu closet.
- ... - eu inspiro fundo saltando de irritação do quão dependente eu estou ao ponto de ainda ter de acordar alguma coisa com o filho do Riina.
- Tudo bem, fique calma agora. - eu falo comigo mesma, começando a vestir.
Eu sento-me no chão para calçar as botas após vestir.
Eu observo o lugar onde as presas daquela cobra me picaram e eu suspiro fundo.
Está um pouco vermelho ainda.
- ... - eu suspiro fundo revirando os olhos me lembrando da maldita dor que eu senti, enquanto calço a outra bota e me levanto.
- Não acha essa saia demasiado curta? - a voz do Alexander atrás de mim, me assusta, fazendo-me virar para ele imediatamente para ele que está todo de preto, uma cor que combina muito bem com a alma obscura dele.
É um look sofisticado e simultaneamente descontraído, casual, e o adorna bem.
O seu olhar observa-me sem descaramento algum e eu sorrio jogando o meu cabelo para o lado, pegando uma bolsa qualquer.
- Eu devo relembrar você que eu não sou a sua esposa de verdade e a minha roupa não diz respeito, a você. - eu falo caminhando até ele e o mesmo sorri.
- Belas pernas. - ele fala olhando para elas da maneira mais obscena existente, e imediatamente a temperatura do meu corpo subiu, enquanto eu procurava não me esquecer de como andar, passando por ele.
- Se quiser eu ajusto a saia para você. - ele diz todo sugestivo e eu reviro os olhos.
- Cala a boca, Riina. - eu falo olhando para ele que vai até a minha mesa de cabeceira.
- O que é isso? - eu questiono e ele retira simplesmente duas caixas dos meus comprimidos, e isso deixa-me em transe enquanto ele pousa na cabeceira.
- O Jake foi comprar. - ele diz voltando o seu olhar para mim, e estou simplesmente confusa com o porquê dele estar a fazer isso. - Devia ter me dito que precisava disso. - ele fala e eu afino o meu olhar mais do que confusa.
Eu não precisava faz muito tempo, mas isso não vem ao caso agora.
- Porque você está a fazer isso, onde foi que viu isso? - eu questiono-o.
- Eu detesto duelos injustos, Ella. - ele fala, e eu nem consigo sorrir com essa piada de tão confusa que eu estou. - E foi fácil decifrar que você precisa disso. - ele diz e eu fecho a cara revirando os olhos. - Para descobrir, eu só precisei mandar que se verificam no seu loft. - ele diz e eu cerro os meus olhos.
- Você ainda está a mandar os seus cães entrarem no meu loft? - eu questiono p**a.
- Eu podia ter incendiado, mas não o fiz. - ele fala sarcástico, enquanto eu reviro os olhos. - Um agradecimento soaria bem. - ele sugere sorrindo e eu sorrio de volta.
- Me dê o meu carro, o meu celular, os meus cartões, e eu pensarei se você merece algum obrigada. - eu falo para ele e o mesmo sorri.
- É... - ele fala como se pensasse. - Não. - ele responde irônico e eu reviro os olhos caminhando até a porta e ele vem logo atrás.
- Se comporte e talvez eu pense em deixá-la falar com os seus amigos. - ele diz atrás de mim e eu inspiro fundo me distanciando seguramente dele, indo até as escadas.
Eu viro-me para ele, realmente confusa.
- O que realmente está a acontecer, Alexander? - eu o questiono, oscilando o meu olhar no dele, e ele continua com a sua feição neutra agora.
- Eu não sou um monstro, Ella. - ele diz e em qualquer outro momento eu iria sorrir, mas ele falou sem o seu sarcasmo habitual, e literalmente, o jeito dele está mexendo com a química do meu cérebro.
- Devia começar a ver as coisas pelo que elas são e não se deixar cegar pela sua raiva. - ele fala casualmente passando por mim e eu observo-o em transe.
Eu tenho certeza que eu estou a ver as coisas pelo que elas são, inclusive fui parar num hospital por causa disso, mas…
Não parece que ele estivesse a referir-se a isso, e sim como se ele quisesse dizer algo a mais.
E o tom de suspense na sua voz não me agrada.
- Inclusive, foi a chinesinha que entregou ao Jake os frascos. - ele conta enquanto eu desço, e espera…
Ele falou com a Heyoon?
- Ela é japonesa e não chinesa. - eu pontuo. - E o nome dela é Heyoon. - eu corrijo e ele está nem aí.
- Onde você achou a Heyoon? - que questão b***a. - Vocês não fizeram nada com ela, não é? - eu questiono, e ele simples decidiu pegar no celular.
- Muitas questões, Ella. - ele diz e eu suspiro p**a descendo as escadas.
E as vozes de todos eles soam na sala, e é para lá aonde vamos.
- Oh lalala! - a Natalie diz, me vendo e sorrindo logo em seguida, e eu retribuo minimamente, apenas interessada em decifrar a merda que ele falou, e no que eu farei lá.
- Vocês demoraram. - a Chiben diz se levantando, enquanto o Stefano me observa da maneira mais escarnecedora existente, coisa que foi notada pelo Alexander, e enjoativa para mim.
- Vamos. - o Alexander diz, pousando a sua mão na minha cintura, retirando-me da vista do irmão, me puxando lá para fora.
E um outro carro, que suponho ser dele, está bem aqui na frente.
- Menos contacto. - eu falo para ele, enquanto ele me lava até a porta do passageiro.
- Sente-se. - ele diz assim que abre a porta do passageiro para mim e eu olho para ele indignada.
- Eu não sou o seu animal de estimação, para mandar em mim, Alexander. - eu deixo isso claro e ele me observa com os seus olhos azuis expressando uma raiva e impaciência.
- Ella, mia cara, luz dos meus olhos, pode por obséquio colocar a sua b***a nesse assento antes que eu perca a minha paciência com a sua teimosia? - ele questiona e eu não resisto, o sorriso veio, por mais que eu tentasse esconder.
Ella, fique quieta, ele nem é… engraçado assim.
É um sem graça, na verdade.
- Eu espero que não atraiam a atenção da mídia. - nós escutamos a voz da Clarisse, o que fez com que quebrássemos o contacto visual olhando para ela, que está com o seu robe, e sem maquilhagem parada na porta, enquanto os outros saem.
Eu reviro os olhos entrando no carro do Alexander, sem querer olhar para ela.
O Alexander simplesmente fechou a porta, e o vi dar a volta para entrar sem dar atenção para a mesma, que se despede do seu filhote.
Com carinho.
Notavelmente um filhinho da mamãe.
Eu retiro o meu olhar deles, quando o Alexander entra do meu lado, engolindo seja lá que sentimento tomou conta de mim, e o mesmo acelera para fora dali, atendendo uma chamada e eu só me ocupei em organizar a minha cabeça até lá.