Capítulo 72

3343 Words
ELLA. Eu regressei para a mesa após me acalmar um bocado. Eu preciso controlar os minutos, e eu não tenho nenhum relógio. Eu volto para lá, e instantaneamente a minha face queimou, mas de um jeito que eu consigo me guiar agora. Antes de ir a mesa eu esbarro com o moço que está servindo a mesa. - Oi, você pode me dar uma garrafa de água, por favor? - eu o peço e ele sorri e assente. - Claro, aqui está. - ele diz, me entregando uma pequena, e eu sorrio em agradecimento, voltando a mesa, colocando a água goela a baixo. Para a minha sorte, a moça que estava me interrogando, é bem mais atirada do que achei e se aproveitou para ir se sentar do lado do Alexander. O que me irritou minimamente, afinal de contas, ele bateu no James por todos os motivos sem sentido, e ele faz o que diz que eu supostamente não posso. Mas para mim foi uma mais valia, eu prefiro ficar distante dele, eu não me importo com ele. - Melhor? - o Leonardo questiona do meu lado, assim que eu acabo a garrafa de água num instante. - Huhum. - eu respondo-lhe e ele assente, enquanto eu levanto o meu olhar que encontrou imediatamente o do Alexander. - Se quiser, podemos ir. - o mesmo diz, ignorando qualquer que tenha sido a questão da moça ao lado dela, e eu franzo o cenho. Essa obviamente foi uma sugestão com outra intenção, ele não se importa se eu quero ir. - Eu estou bem. - eu pontuo. Eu acho… - Levante daí… - a moça dos cocktails, a Nora, fala para a moça do lado do Alexander e eu sorrio, com a forma torta e meio agressiva que ela fala, envergonhando a moça que simplesmente fingia que não me viu chegar. - Está tudo bem. - eu falo para a mesma, e vejo surpresa tomar o seu olhar amendoado, e confusão subtil tomar o rosto do Alexander. A Chiben ri, como se eu tivesse a fazer alguma bojarda. - Ela já teve um caso com o Alexander. - a Natalie diz sussurrando no meu ouvido e eu sorrio. - Não foi difícil deduzir. - eu respondo-a. - E está tudo bem para você? - a Natalie questiona-me próxima do meu ouvido como se eu não soubesse de nada. - É do Alexander que estamos a falar. - ela acrescenta para ver se eu entendo. - Tudo ótimo. - eu respondo voltando o meu olhar para ela, que me observa surpresa, confusa, porém, apenas assente. Eu aproveito para fingir deixar a minha bolsa cair no chão, para me baixar e retirar o celular da Nora de dentro da minha bota. Assim o faço num instante e o empurro por de baixo da mesa para o outro lado, pegando a minha bolsa, e me levantando. - Pega. - eu falo entregando para o Alexander, que olha para a bolsa, e sem muita opção o faz me observando. É como se ele quisesse ler a minha mente e eu desconfio que ele consegue. Eu olho para o relógio do Leonardo do meu lado de soslaio, só para conferir os minutos, e continuo quieta no meu canto, abusando do meu dom de fingir que eu não estou uma completa explosão por dentro. - Você tem tido mais efeitos colaterais, devido ao veneno? - o moço do outro lado da mesa questiona-me curioso. - Apenas sede, excessiva. - eu falo brevemente e ele assente. - O que mais ela podia ter, eles retiraram o veneno do corpo dela, não é como se ela tivesse fraturado algum osso. - a Chiben diz, e eu a observo. - Eu penso que veneno é mais perigoso, Chiben. - a outra moça diz, fazendo-a ficar sem graça. - Você devia saber disso, você não é chinesa? - a Nora a questiona e eu sorrio. - Japonesa, e o que uma coisa tem a ver com a outra? - ela questiona franzindo o cenho. - Ela sempre tenta chamar atenção. - a Natalie comenta do meu lado, e eu sorrio. - Foi você quem quis se comparar a quem não devia. - o Alexander fala para ela e eu consigo ver o seu rosto ficar vermelho mesmo com essa luz. - Ela fez apenas um comentário. - o Stefano que estava literalmente flertando com uma moça aqui, do lado da esposa. Homens… - Que não convinha. - o Leonardo joga mais lenha na fogueira, recebendo o olhar fulminante do irmão. Até o olhar dele é idêntico ao da Clarisse. O mesmo olhar que eu recebia quando fazia algo que não devia. O meu coração falha e eu retiro o meu olhar dele. - Está tudo bem, a Chiben realmente passou por algo traumático. - eu falo, tentando soar o menos irônica possível, mas acabou que eles começaram a rir e ela fechou a cara. Eles ficam falando disso e a minha cabeça entra em transe, pensando na Zanan, sem a minha autorização. - Ella? - a Nora me chama, acordando-me da minha introspeção. - Onde estão os seus pais? Nós não os vimos nas fotos que saíram do vosso casamento. - ela questiona, e o meu coração falha. A minha reação é sorrir, me dando conta, mais uma vez, de que eu jamais tive pais para participar em absolutamente nenhum evento da minha vida, porque o pai desses três, tiraram isso de mim. Eu levanto o meu olhar para o Alexander, sentindo raiva voltar ao meu corpo com essa questão e o seu olhar, tem o mesmo que eu não consegui decifrar no quarto. Ah… - Eu não tenho pais. - eu respondo-a com um pequeno sorriso voltando a olhar para ela, sentindo o meu coração cortar, que arregala os olhos e todos os outros se calam. - Me desculpe! - ela exclama espalmando a boca dela, como quem falou a pior besteira do mundo. - Está tudo bem. - eu lhe digo começando a ficar a irritada, eu detesto olhares de pena e ainda mais que sintam pena de mim. - Agora eu estou curiosa. - a moça que está a tentar ao máximo retirar a roupa dela discretamente, para chamar a atenção do Alexander diz e eu a encaro. - Você morou num orfanato, ou, infelizmente os seus pais morreram quando você já era maior de idade? - ela questiona, mas a sua questão não tem nada de inofensiva. Ela quer me machucar de alguma forma, para o prazer dela. Ela quer me deixar desconfortável e a minha única reação é sorrir. - Eu tinha sete anos quando eles morreram. - eu falo e sinto o olhar dos três filhos do assassino do meu pai em mim. - Mas eu não fui para um orfanato, eu já era emancipada. - eu falo olhando nos olhos dela. E pela sua linguagem corporal o meu olhar está a deixando confortável, e essa pequena informação também. - Emancipada aos sete anos, por quê? - ela questiona confusa e eu sorrio. - Digamos que eu sempre tive uma estupenda preparação para o mundo, desde que nasci. - eu respondo-a e o meu olhar cruza com o herdeiro do trono sujo de sangue e eu vejo o seu olhar ficar neutro, e a sua expressão facial indecifrável. - Dotada? - um dos moços questiona-me do outro lado da mesa me observando, e eu dou de ombros, sorrindo. - Bem preparada. - eu respondo-o, ignorando o aperto no meu peito. Forçada a estar preparada e para aceitar o inaceitável, para ser mais específica. A minha cabeça apita, enquanto eu sinto o meu fluxo sanguíneo aumentar de dor, de raiva, obrigada a manter a minha feição indiferente, perante quem eu já devia ter mandado para o inferno e ainda a mercê deles. Eu só espero que a Laisa consiga fazer isso. - Eu falei que ela é um mistério. - eu ouço a Chiben comentar e eu simplesmente passeio o meu olhar pelo lugar, só para observar a organização dos homens do Riina. Eu bato subtilmente o meu pé no chão, me requebrando minimamente ao ritmo da música que está tocando. Tentando distrair a minha cabeça, antes que eu perca o controle. Quando eu vejo o Alexander se levantar de soslaio, deixando a moça ali. Tal como ele, o Leonardo vai até ao irmão dançando. Oh, ele dança… Surpresa nenhuma. Ao menos o ritmo da música é realmente boa, eu observo ele levar o copo a sua boca, e por alguma razão estúpida, eu passo a língua de entre os meus lábios, me recordando do indevido. Céus… Eu jogo o meu cabelo para o lado, ver todo mundo passar mais para esse lado, e as moças dançando na frente dele e flertando com o olhar. Eu mordo os meus lábios irritada. Prontos, o meu relógio já se foi. - Não se preocupe, eu não deixarei você sozinha. - eu fecho os olhos irritada com a voz do Stefano que para do meu lado. - Você tem problemas mentais? - eu questiono-o irritada. - Oh! - ele exclama levantando as mãos como se estivesse em rendição para mim de forma irônica. - Você é sempre brava desse jeito? - ele questiona e eu apenas o encaro, para ver se ele entende que eu não sou amiga dele. Ele inspira fundo assentindo. - Eu garanto para você que não irá querer me ver brava, Stefano. - eu falo para ele, mas ele sorri. - O que vai fazer? Tentar atirar-me escadas a baixo? - ele questiona se referindo ao que aconteceu e eu inspiro fundo descendo o meu olhar até ao relógio no pulso dele. Eu acho que a Laisa já deve ter chegado. Ele me irrita, mas de uma forma absurda. A raiva que eu sinto dele é simplesmente sem explicação. Olhar para o rosto dele me irrita. - Sabe que não é de mim, de quem deveria ter raiva. - ele diz e olha por cima do meu ombro para onde supostamente o Alexander está e sorri. - Você fez uma péssima escolha. - eu não tive escolha. - E eu serei a sua única salvação dentro daquela casa, porque ninguém, nem o Alexander vai se importar com você, Ella. - ele fala olhando nos meus olhos e eu sorrio. - Eu nunca precisei que ninguém se importasse comigo, Stefano, e com certeza não preciso de ninguém que me salve na merda de uma casa. - eu falo. - Deveria começar a colocar-se no seu lugar e me deixar em paz. - eu falo, e faço menção de sair, quando a sua mão adorna o meu pulso impedindo-me de tal. - Na verdade, você precisa de muita mais proteção que eu. - eu falo de raiva mesmo olhando para ele que franze o cenho. - Quem você acha que é? - ele questiona fulo, e eu sorrio de raiva. Ferir o ego, de quem acha que tem tudo na palma da mão, é bem fácil. - Pergunte para a sua mãe. - eu falo nervosa e retirando o meu pulso da sua mão. - O que se passa, aqui? - no mesmo instante em que eu sinto a presença do Alexander, eu escuto a sua voz soar num tom pouco amigável. - Você está a pedir para que eu rebente a sua cara. - o Alexander diz se colocando na minha frente e eu inspiro fundo. Eu preciso ir ao banheiro. - Está com ciúmes? - ele provoca o Alexander e eu simplesmente afasto-me dos dois. Entrando no meio das pessoas para ir até ao banheiro. Repentinamente esse lugar parece ter ficado mais cheio do que já estava. Tentando passar por algumas pessoas, eu sinto o toque que a minha pele reconheceu instantaneamente. - Para onde vai? - o Alexander questiona-me fazendo olhar para ele, e eu suspiro fundo, sentindo as minhas bochechas queimarem. - Para o banheiro, pode me soltar agora? - eu falo, sentindo um frio na barriga. O seu olhar passeia por mim, enquanto ele solta a minha mão. - O que aconteceu? O que ele fez com você? - ele questiona-me. - O que mais ele podia fazer? Ele estava sendo o babaca que nem todos vocês. - eu falo e ele observa-me, e sorri minimamente. - Minutos atrás, eu tenho certeza que não era nenhum babaca para você. - ele fala e o meu corpo entra em erupção. Maldito. Eu sinto o meu rosto aquecer, e a vontade de sumir veio bem mais forte. - Primeiro, cale a boca e segundo, nunca mais, ouse tocar em mim. - eu falo e ele sorri, como quem diz convencido, e me olhando da maneira mais depravada possível. - Argh… - eu suspiro revirando os olhos e saio dali, para o banheiro. - Não devia ter bebido tanto. - o Jake fala, fazendo o mesmo outra, esvaziando o lugar inteiro, e eu só espero que ela tenha conseguido e já tenha saído daqui. - Não devia abusar de facto de eu ter deixado você com a sua língua. - eu falo e ele revira os olhos. Mal os que entraram no banheiro feminino, fazendo as moças olharem-me torto como se eu fosse a culpada pela insegurança deles, eu entro no banheiro. Eu vou até a cabine com o meu sensor dizendo que tem algo de errado com aquela multidão lá fora, mas, talvez eu esteja exagerando pelo facto de não participar dessas baladas faz imenso tempo. Baixo a tampa da privada, e subo nela alcançando a janela. A abro torcendo para encontrar o que pedi, e um suspiro de alívio sai dos meus lábios quando acho a seringa, o isqueiro e um bilhete debaixo de uma pedra para não voar. Eu pego as coisas apressada, jogando as mesmas para dentro da minha bota, sentindo que não está nada perdido. No instante em que eu fechei a janela, escutei audivelmente três tiros. - p**a… - eu balbucio ignorando o pequeno susto de surpresa e me conformando que a minha intuição não estava errada. Eu desço, e saio da cabine. Se eu escutei isso no meio do barulho que está lá fora, é porque estão próximos do banheiro. Eu lavo as mãos, calmamente, quando abrem a porta por um dos homens do Riina. Não o Jake. O barulho lá de fora irrita os meus tímpanos. - Precisa sair! - ele exclama e eu caminho até ele fazendo rapidamente um coque no meu cabelo. - Quem são? - eu questiono saindo com a cobertura dele, vendo todo mundo correr, gritar, mais tiros soarem, e eu procuro analisar o lugar antes de transpassar pela multidão. Antes que ele respondesse a minha questão, eu ouço o seu gemido gutural do homem na minha frente e o sangue dele respingar na parede. - Argh… - eu ouço ele gemer, mas o ignoro. Ele não vai morrer. O meu olhar vai para frente e algumas pessoas estavam se baixando, parece que as saídas foram fechadas, as pessoas estão gritando, e eu não reconheço ninguém que esteja atirando, mas a minha reação é pegar a arma do homem aqui embaixo, me encostando a parede. Mais tiros, mais gritos, eu saio dali, me entrosando com as pessoas ofegantes e horrorizadas correndo agitadas. No mesmo instante eu sinto uma mão adornar o meu pescoço, o apertando por trás. Rapidamente eu giro o meu braço dando uma cotovelada na cabeça de quem quer que fosse, fazendo-o desapertar o meu pescoço, e sem precisar de muito, eu viro-me jogando a arma dele para o chão, aproveitando-me da sua instabilidade. - Quem? - eu questiono já irritada por ele ter ousado me tocar, e porque ele me considera um alvo? Eu atiro no pé dele. Eu preciso de informações. - Fale! - eu atiro no seu outro pé, perante a lentidão dele, fazendo-o gemer de dor e cair no chão, mistura-se com mais tiros. - Fale. - eu mando pousando a minha arma na sua cabeça, e o seu olhar exibe dor. - Marco… - ele não termina de falar, recebendo um tiro ao longe, no meio da cabeça dele, fazendo-me afastar dele rapidamente, olhando na direção do Jake que atirou ao longe para ele. O seu sangue respinga por tudo quanto é canto. - Cuidado! - eu faço uma careta de nojo olhando para ele e vendo a alma corrompida dele o abandonar lentamente, quando ouço o Jake gritar, e antes que olhasse para frente, eu sinto um corpo forte levar-me ao chão de maneira protetiva, apoiando uma das suas mãos na minha cabeça e o som da bala perdida perfurar alguma parede. Eu abro os meus olhos que se cruzam rapidamente com os do Alexander, antes de olharmos na direção de onde veio o tiro. O pensamento foi o mesmo, eu apertei o gatilho, e o moço levou dois tiros, um meu e outro do Alexander caindo no chão. Eu inspiro fundo, sentindo uma dor subtil nas minhas costas, sentindo a minha temperatura subir de forma catalisadora. - Você está bem? - o Alexander questiona-me encarando como se estivesse realmente preocupado e eu o ignoro o facto do meu corpo reagir da forma mais plástica possível. - É claro que estou, agora saia de cima de mim. - eu falo o afastando, e ele impede que eu me levante arrancando a arma da minha mão. - Ah… eu não ia atirar em você agora. - eu falo indignada, me levantando. - Shhh… - ele fala, me puxando para o outro lado que penso ter alguma saída de emergência, e os homens deles aparecem criando uma barreira. Os sons de grito não pararam, uns ajoelhados ocupando todo o chão, já que as partes debaixo da mesa estão ocupadas, outros em pé, uma mistura de gritos, choro, e pessoas assustadas falando baixo. - Vão sair assim? - eu questiono inconformada. - O que quer que façamos, quer morrer? - o James questiona ofegante correndo. - Não é altura para brincar de ser super heroína, Ella. - o Alexander fala e eu sou forçada a revirar os meus olhos quando saímos e o carro já estava. - Entre. - ele não só manda, como me força a entrar. O Jake fecha a porta atrás de mim, enquanto o Alexander entra do outro lado. Que merda! - Têm pessoas estão feridas lá dentro. - eu falo e o Alexander encara-me acelerando para fora dali. - Era suposto eu importar-me? - ele questiona, e eu sorrio desgostosa, sinceramente onde eu estou com a minha cabeça? Eu estou a falar com o próprio causador de mortes e ainda falo como se ele fosse se importar. - O facto de você ter medo de morrer e de sair correndo das consequências dos seus atos, consegue confirmar tudo o que eu sei sobre você. - eu falo e ele encara-me, mas encara-me sorrindo com um vestígio de ódio. - Eu garanto para você, que você sabe muito pouco sobre mim, Bourne. - ele diz no mesmo tom que usou nas escadas da casa dele. - As suas ações só confirmam o que eu sei, se quiser me provar o contrário pare aqui e enfrente as consequências das suas ações. - eu falo, enquanto ele simplesmente faz um drift com o carro, despistando os carros que nos seguem. E eu seguro-me até ele voltar a acelerar normalmente para eu pegar no cinto. - Eu não pretendo morrer por armação da sua mãe, Ella. - ele afirma e eu levo o meu olhar para ele confusa. - Ou realmente acha que existe algo ou alguém que me deixe com medo? - ele me questiona como se a resposta fosse óbvia. - Eu trouxe a assassina e filha do pior inimigo do meu pai, para a casa dele, acha mesmo, que medo é uma palavra conhecida por mim, Robin Hood? - ele questiona num tom semi-sarcástico e eu observo-o atentamente tentando montar o puzzle na minha cabeça. O painel do carro toca e ele atende a chamada. Oh…
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