ELLA.
Eu forço-me para esboçar um sorriso no meu rosto.
Eu consigo parecer inocente na frente de um criminoso antes de dar o bote.
- Senhor, senhora. - eu saúdo-os como se não soubesse toda a árvore genealógica de cada um deles, e ambos sorriem.
Humn…
- Querida. - a Kassandra, herdeira da máfia russa, prometida do Don da maior máfia existente, La Cosa Nostra, Salvatore Riina, ignora a minha mão e dá-me dois beijos, e eu me mantive do mesmo jeito.
Ignorando a urgia de limpar o meu rosto com sal e vinagre só de estar próxima dessa mulher.
O que ela fez comparando-se ao marido?
Pouca coisa… ela somente, deu herdeiros para esse monstro, deixou ele ter uma amante, e ainda deixar ele meter ela, dentro da casa dela.
- Querida. - o filho da mãe diz apertando a minha mão na sua, estranhamente fria, condizente com o tom de pele pálido dele e eu tenho flashbacks agressivos na minha cabeça.
Eu vejo o sangue do meu pai, derramar e escorrer pelo chão na direção onde eu estava escondida, lentamente.
Arrepios tomam o meu corpo, e uma vontade imensa de vomitar com o seu contacto ou olhar o seu rosto me dá uma repulsa horrível.
Ele está sentado, e eu presumo que obviamente ainda esteja a sofrer devido ao tiro que eu o dei.
Devia ter morrido.
A sua mão meio trêmula na minha, faz-me questionar inúmeras coisas…
Quando eu sinto o cheiro do herdeiro da máfia um pouco mais do que já sentia indicando a sua aproximação.
O cheiro dele parece uma sinfonia de masculinidade e opulência. É como se fosse envolto numa aura de luxo, com notas de madeira nobre, bem de nobre ele não tem nada.
Estranhamente o cheiro dele tem sensorial para um mundo de poder e desejo, onde a decadência é celebrada e o dinheiro não é obstáculo.
O cheiro dele exala virilidade e devassidão, deixando uma impressão duradoura de sofisticação e sedução por onde passa, isso ficou clara desde aquele maldito dia que ele fez os meus amigos de refém bem na frente do meu loft.
O cheiro dele condiz perfeitamente com o dono, e eu detesto admitir, mas é um cheiro bom.
Com o cheiro dele, eu senti a sua mão deslizar pela minha cintura e tomá-la quando chega a curva lateral da mesma, a minha pele queima, e os meus batimentos cardíacos aceleraram.
Eu forço a minha mão a não retirá-la da minha cintura aqui, mas vontade não me falta.
Quando ele me puxa subtilmente para longe do pai.
Eu inspiro fundo, procurando ignorar a agitação dentro do meu corpo e os meus olhos vão para o Leonardo que sorri.
Tão criminoso quanto o irmão e o pai.
Mas mesmo assim, eu vi-o como uma escapatória para o toque desse filho da mãe e para desenvencilhar-me dele, eu caminhei até ele estendendo a minha mão.
Olá! - eu o saúdo a ele e a moça que pela proximidade, penso ser sua namorada.
- Ciao, Ella. - ele diz apertando a minha mão com um sorriso e eu me esforço para corresponder.
E depois aperto a mão da moça que sorri também.
De quem ela é filha?
Eu não sei se devo dizer ela para fugir ou se ela sabe no que está se metendo.
Eu simplesmente decidi ignorar completamente a presença da minha…
Da Clarisse Zanan Riina.
Mas ela mesma veio até mim, para o meu desgosto.
- Como está, querida? - ela questiona já vindo me dar dois beijinhos no rosto e eu não sei descrever o que eu senti.
Eu não consigo expressar em palavras, nem o seu cheiro, nem o seu contacto, nem a sua voz, eu não consigo descrever como me sinto com nada disso.
Pouca coisa me perturba faz muito tempo, mas isso, está conseguindo.
- Como está a Chiben? - eu ouço o Alexander questionar e hamn… a esposa do filho dela.
É por isso ele não está aqui.
- Ela está bem, foi apenas um alarme. - a Kassandra fala como se já estivesse farta de estar aqui.
- Um alarme? - a Clarisse questiona franzindo o cenho, corada, e eu me questiono como ela pode se importar tanto, quando não se importou em me deixar completamente abandonada por esse mafioso assassino.
Mas a resposta é clara.
Ela literalmente só me teve, porque sim.
Completamente o oposto do filho dela, é óbvio que ela ficará desse jeito por quem seja que importe para o filho.
- O que o senhor faz aqui ainda? - o Alexander questiona ao pai, e a Kassandra simplesmente ignora a Clarisse.
- Ela já deve sair, o seu irmão está levando apenas as recomendações dos médicos. - o Salvatore fala, e eu vejo o Alexander sorrir.
- Então vocês pernoitaram aqui, por nada? - ele questiona confuso.
- Não foi por nada, querido… - imediatamente, como o Flash, a resposta do Alexander veio dada pela Zanan.
- Alexander. - ele pontua e eu vejo o rosto da Clarisse ruborizar.
Humn, ele não gosta dela.
- Alexander, ela está aqui, pelas suas decisões… - ela diz deslizando o seu olhar de maneira desconfortável para mim. - Ela podia ter perdido o bebê. - hamn?
Esse monstro vai ser avó?
- Que bebê? - o Alexander questiona e o Leonardo sorri.
- Eu também gostaria de saber. - o Leonardo comenta e a sua namorada ou noiva sorri discretamente.
- Não existe bebê nenhum. - a mãe dos dois fala e humn…
- A Chiben esteve com sintomas durante toda a semana. - ela fala e eu olho para o Alexander que me observa.
Eu quero entender melhor como foi que ela veio parar aqui, e o que isso tem a ver como as escolhas do Alexander e ainda mais, como isso é um problema causado por mim.
- Não devíamos ter a atrapalhado a vossa noite de núpcias, por isso. - a Kassandra fala ignorando completamente a Clarisse. - Mas já poderão instalar-se na mansão. - ela conclui e eu franzo o cenho.
O que isso quer dizer?
Antes que eu questionasse a porta do quarto foi aberta e ela sai acompanhada de uma enfermeira numa cadeira de rodas.
Gesso na perna.
O que realmente aconteceu?
O seu rosto murcho, levantou de astral quando viu que o Alexander estava aqui também.
Aparentemente ela gosta de atenção.
O filho da Clarisse, que inclusive é extremamente parecido com ela, sai acompanhado do médico, Stefano Riina.
Eu os observo minuciosamente à todos, escutarem o médico.
Como se eles simplesmente não dilacerassem pessoas pelo prazer do ato.
Como se eles fossem realmente pessoas e não monstros.
Isso com certeza é apenas por teatro, e sinceramente, eu já estou farta de cá estar.
Talvez eu deva aproveitar-me, e procurar um celular por aqui para falar com a Heyoon e os meninos.
Eu distancio-me minimamente deles e quando eu ia virar o meu pé no corredor, eu ouço a voz do Alexander.
- Ella. - ele chama-me induzindo o olhar de todos eles até mim.
Que filho da mãe.
Sem muita alternativa, eu caminho até ele.
- Nós nos encontraremos em casa. - ele veio para cá, para nem escutar que merda aconteceu.
- Tudo bem, nós seguimos vocês. - a Kassandra diz ajudando o Salvatore e a Clarisse faz o mesmo, enquanto o Alexander literalmente pega na minha mão e puxa-me dali.
- Você devia tirar a sua mão da minha imediatamente, Riina. - eu falo assim que o elevador abre.
- Eu não teria necessidade de o fazer se você se comportasse. - ele responde, entrando comigo no elevador, soltando a minha mão.
- O que aconteceu com a sua cunhada? - eu questiono-o e ele me observa por uns instantes e olha para o relógio no seu pulso me ignorando.
Argh, eu não tenho paciência para isso, eu já estou exausta.
Eu reviro os olhos e saio na frente quando as portas abrem, e caminho na sua frente em direção à saída.
O Jake apareceu bem perto da entrada, com adesivos no nariz, e o seu rosto ao redor do nariz nas cores vermelha e roxa, me fulminando com o olhar.
Humn, para um capanga de mafioso ele é bem fracote.
Na entrada os homens dele fazem uma barreira contra os paparazzis e eu entro no carro e ele entra logo atrás de mim.
Quando eles fecham a porta, o carro parte e eu o encaro.
Eu estou cheia de náuseas.
- O que foi? - ele questiona me observando.
- Eu preciso de álcool. - eu falo querendo limpar a minha mão e o meu rosto com urgência.
- Deixe de ser mesquinha. - ele diz e eu estou realmente com o meu estômago revirando.
O refluxo vem, e eu seguro-me para não vomitar de tanto nojo que eu estou de estar perto de cada um deles.
- … - eu escuto ele suspirar fundo. - Parem o carro. - ele manda e assim o fazem.
- Traga álcool. - ele fala com alguém, enquanto eu sinto o meu estômago revirar.
- Não ouse vomitar. - ele fala e eu reviro os olhos olhando para ele.
A porta do carro é aberta, e eu saio, para o passeio, e sem conseguir segurar mais, eu lanço.
- Entregue-a. - eu ouço o Riina falar, e o Jake entrega-me uma garrafa de água que eu uso para fazer a minha lavagem oral.
E depois lavo o meu rosto e as minhas mãos, querendo esfregar cada milímetro da minha pele tocada por eles.
Eu controlo a vontade de chorar e pego a garrafa de álcool e o pano na mão do outro ao meu lado.
E literalmente passo nas minhas mãos e nas minhas bochechas e eles observam-me atentamente.
- Leve, eu vou ficar com o pano. - eu falo entregando-o a garrafa de água e de álcool e ele suspira fundo pegando e eu volto a entrar no carro, onde eu me limito em cheirar o álcool, até essa sensação sumir.
O carro parte, e o Alexander não fala nada, apenas me observa, e eu não faço questão nenhuma de interagir com ele agora.
Eu preciso me acalmar…