14 - Fantasmas do Passado

2461 Words
As pessoas deviam ser leais umas com as outras, mesmo que não fossem casadas. Em certa medida, a confiança devia ser mais profunda, porque não era santificada pela lei. — Charles Bukowski. Há dois dias atrás os homens de Louis bateram retirada em direção á Escócia, ele quem dera a ordem a seu clã. Enviara uma mensagem a seu pai por um de seus homens pendindo que enviassem uma carruagem, apesar de demorada, seria mais confortável, levando em consideração que agora Hipólita carregava um filho seu, viajar da Inglaterra para Escócia à cavalo tornava-se exaustivo, então pensara primeiro em seu bem estar. Apenas Sor Jamie, Uriah, Conan e Zarbon permaneceram junto a eles. Hipólita por fim aceitara ao pedido de Louis, no entanto, jurou para si mesma que a decisão de aceitar casar-se com o guerreiro fora apenas por uma proposta e por nada mais além disso, ele lhe daria liberdade, não seria de todo modo r**m. Ela gostava de ir para cama com ele, tinham um relacionamento íntimo, se davam bem, ele prometeu que a deixaria livre para fazer suas próprias escolhas, ele às respeitaria. No fim, nem um outro homem aceitaria se casar sob essas condições e, Hipólita nunca imaginou que teria liberdade casando-se. Lembranças de Zarina vinheram-lhe a mente, então culpou-se drasticamente por tê-la deixado a mercê de seu tio, sabia o quanto ele era c***l, com ela fora, o homem poderia descontar sua raiva na moçoila, ela ficaria suscetível, e jamais se perdoaria se algo acontecesse a Zarina. Decidiu então que pediria ajuda a Louis para leva-la consigo para Escócia, seu tio não sabia quais seus aliados, Sor Jamie poderia se passar por um negociante de escravos e comprar Zarina, pensou então que assim ela poderia viver livremente em um novo país. Não conhecia a Escócia, mas Louis a fez ter fé de que lá o regime não era tão c***l quanto na Inglaterra. Ourira alguns vozes e concluiu que Louis e outros já estavam de pé, vestiu com pressa saindo da tenda, encontrou Sor Jamie e Zarbon montados en seus cavalos com arco e flechas e lanças em punho, Louis vinha mais atrás, ainda não tinha montado, mas segurava as rédeas de cocuyo, presumiu que iriam caçar. — Me esperem! — Pediu e correu em direção a seu garanhão, Altaneiro, ela havia o conquistado, ele nem parecia a fera assustadora de meses atrás, o lindo corcel n***o lhe era fiel e amável, em suas horas vagas Hipólita fazia questão de procurar alguns frutos pela boscagem e alimenta-lo, gostava da sensação da língua áspera de Altanero molhando seus dedos. Ele esfregava o fucinho em seu braço até que desse-lhe a fruta e quando Hipólita o fazia ganhava lambidas em gratidão, ele era um bom amigo. — Vamos caçar. — Louis quem lhe respondera, mas soou mais como uma reprimenda, ele não queria que ela fosse, percebeu isso ao fita-lo. Hipólita pegou sua espada colocando-a na bainha de sua calça. — Irei junto, nem adianta resmungar, parece um velho rabugento. Percebeu que tanto Conan como Uriah seguraram o riso. Louis aproximou-se dela sorrateiramente, segurando seu rosto entre as mãos a beijou nos lábios, depois de afagar seus lábios com a língua lhe deu um bom dia que a deixou aérea, gemeu rente a boca dele, sentindo-se de renpente molinha, um pigarreio foi ouvido, Sor Jamie, então eles se separaram. Demorou alguns segundos pra se recuperar. Balançou a cabeça para os lados na tentativa de não deixar se abalar por ele. — Eu sei o que esta fazendo, não me convencerá desse forma. — Afastou-se dele arrumando os alguns fios de cabelo rebeldes colocando-os detrás da orelha. — Sabe que nunca a impedir de ir caçar, mas tem conhecimento de que a mata esta cheia de lobos, eles sempre deixam os cavalos inquietos, pode ser perigoso, Altanero já te derrubou outras vezes. Apreveite o dia e descanse. Estava cansada de tanto descansar, desde o dia que descobriu que esperava um filho Louis inventou que ela deveria descansar, estava ficando sufocada com isso, ficar o dia inteiro deitada não era bem o que gostava de fazer. Sentiu-se enternecida com preocupação do homem, mas não era uma menininha, tão pouco estava doente, aquilo acabaria alo. Hipólita odiava essa sensação de que as pessoas sempre a achavam frágil demais. Ele lhe virou as costas s seguiu em direção a seu cavalo, Hipólita tirou a espada sa bainha, em um golpe rápido a lâmina cortou o ar no exato momento em que Louis desviara de seu golpe. Sua sorte fora que sempre andava atento, ouvira os passos da mulher, sabia que ela tentaria algo, mas não isso. — O que está fazendo? — Perguntou ele com aqueles olhos negros, estavam esbugalhados, fitando-a com surpresa. — Te provando que posso ir. — Ela o atacou mais uma vez, mas ele não ousou a revidar, apenas desviou de seus golpes. E a diaba era rápida e agil com uma espada, aprendera perfeitamente o que lhe fora ensinado. E mesmo depois de todos os protestos de Hipólita e de quase ela deixa-lo aleijado com o chute que dera entre suas pernas, ele partiu. Não deixou de sentir uma sensação r**m ao vê-lo se afastando em cima de seu cavalo. Não soube explicar, mas uma angústia apossou-se de seu peito, fora por esse motivo que queria ter ido junto com Louis, é como se inexplicavelmente pressentisse que algo r**m poderia acontecer com ele naquela caçada. Sua intuição tomava-lhe todos os pensamentos, mas tentou aplacar esse sentimento e concentrando-se no jogo de Conan e Uriah, Hipólita tentou acertar seu alvo, bem, queria ter acertado a faca no mesmo local onde Conan conseguira, mas errou. — Como conseguem? — Indagou dramaticamente e arremessou mais uma vez, sua tentativa fora quase correta. — É só mirar! — Uriah falou arremessara a lâmina que atingiu o centro da outra faca fazendo cair no chão. — Não está se concentrando. — Concluiu Conan — Estás pensativa demais. — Por que os homens são tão complicados? — Não somos complicados Hipólita, apenas não falamos o que sentimos. — Isso é ser complicado para mim, Uriah. — Ela deu dois pulinhos exultante em comemoração, finalmente havia conseguido acertar o alvo. — As vezes um bom diálogo resolvi. — Conan sugeriu olhando-a, sentou-se na relva embaixo da árvore, Hipólita e Uriah o acompanharam. — Se ele me ouvisse... — Murmurou o lamento — A única maneira de Louis me escutar é se eu escrever, abrir sua cabeça e colocar dentro. — Ela a ama! — A constatação do homens a fez sentir o coração palpitar, acalme-se, pediu mentalmente a si mesma. Uriah assentiu deixando claro que concordava com o amigo. — Isso me faz constatar que homens expressão o amor de forma diferente. — Eu pensei que isso estivesse explícito. — Uriah rebateu sua crítica. — O que exatamente? — Indagou contrariada. — Que ele a ama! — Dessa vez foi Conan a retorquir, estreitou os olhos e olhou de um para o outro desconfiada. — Não sei, ele nunca disse. Quando ele está com raiva percebo claramente, mas, como saber se ele está apaixonado? Não era incomum as pessoas casaserem sem amor, aquilo sempre fora algo rotineiro na vida de muitas pessoas. Elas casavam por um título, um sobrenome, por dinheiro, contratos financeiros, por tudo, mas raramente o amor estava acima de todas essas constatações. Achava que o caso de seus pais fora único, eles se amavam, incondicionalmente, podia sentir mesmo a milhas de distância. — Como soube que estava apaixonada por ele? — A perguntava atrevida de Uriah lhe pegou de surpresa. — Eu não... — Tentara negar a todo custo mas fora interrompida por Conan. — Hum... Hum... — Murmurou risonho — Nem tente! Então ele lhe explicara um fato importante, Louis havia pedido que se casasse com ele, estava ali a prova de que ele a amava, estava ali o "Eu te amo". Pensou que eles eram bem mais complicados do que ela pensara, seria mais fácil falar. Apesar de que talvez fosse um modo astucioso que os homens usavam para não terem que lidar com a rejeição, se porventura está seja a diferença entre homens e mulheres? As mulheres sempre se entregavam de corpo e alma a uma paixão — apesar de Hipólita se sentir diferente em relação a esta questão —, por mais dolorosa que possa ser a rejeição, elas nuncam tinham medo de arriscar. Enquanto muitos homens sempre sentiam-se vulneráveis ao ter que lidar com sentimentos e eram cautelosos de mais quanto à isso, transparecer medo e emoções não era algo da natureza deles. Ao menos fora essa a conclusão que teve ao lembrar de todas as histórias de amor dos livros que lera. Algo na mata chamou a atenção de Uriah deixando-o inquieto, e lá estava mais uma vez aquela sensação r**m tomando o corpo de Hipólita causando-lhe um embrulho na barriga, ela pegou sua espada e observou a boscagem atentamente. — Há algo ali! — Sussurrou ele. — Não vejo ninguém. — Disse tão baixo que se Uriah não estivesse a olhando não teria entendido o que Hipólita falara. — Estão nos observando. — Deduziu Conan com um arco e flecha em mãos. Atirou uma flecha na direção em que a folhagem moveu-se. Um grito de aflição fora ouvido, o homem atingido no peito desmoronou-se no chão. Seus companheiros surgiram por entre as árvores, eram mais do que Hipólita podia contar, eles usavam armadura e empunhavam espadas, não pôde ver seus rostos pois o capacete prateado cobriam a face, mas os estandartes que alguns carregavam ela conhecera de imediato. Eram as bandeiras da casa Byron, seu odiado noivo, o símbolo de sua casa eram três formas triangulares formando uma interligação, conhecido como Coração de Hrungnir. Vasculhou os olhos por entre alguns dos homens tentando reconhecer Lord Byron por entre eles, um dos soldados retirou o capacete, ela o reconhecera, Sor Kentigern, seu olhar cruzou-se com o dela, a observou por um longo tempo silenciosamente e Hipólita sentiu o peso de seu olhar, ele de fato parecia um demônio, com um olhar sombrio, ele tinha uma cicatriz na parte superior da sobrancelha esquerda, parte de seu rosto estava coberta por sua barba n***a, carregara uma tez maligna que deixava claro o quanto seu coração era n***o. — O que querem aqui? — Disse Conan num rompante, a voz áspera quebrou o silêncio. Hipólita apertava tão forte o cabo da espada que os nós dos dedos estavam esbranquiçados. A vida de Conan e Uriah estava em perigo, por sua culpa, tinha que tentar reverter aquela situação, os homens de Byron eram tão cruéis quanto ele, não deixariam seus amigos para trás tão facilmente, eles iriam querer mata-los, e a desvantagem os favoreciam. — A mulher que sequesteram pertece a meu Lord. — Advertiu Sor Kentigern com escárnio — Viemos leva-las. Tentou segurar a língua ao ouvir a observação do soldado "pertente ao meu lord", eles se referiam a ele como uma mercadoria que havia sido roubada de seu dono. — Não fui sequestrada, Sor. — Tentou controlar o tom de voz afim de não transparecer o ódio que sentia — Fugir por livre e espontânea vontade! Mas ele a ignorou, aliás, sua atenção estava em Uriah, os dois gigantes se encaravam ferozmente como se fossem dois animais selvagens. — Hipólita não pertence a ninguém. Ela não vai a lugar algum! — O aviso de Uriah soou mais como uma ameaça, um sorriso brutou no rosto de seu adversário. Poderia parecer loucura, mas tentaria um combate com o comandante da guarda, se o matasse talvez conseguiria fazer seu contingente recuar, era isso ou deixar que Hipólita fosse com eles, e a segunda alternativa não era uma opção, ele nunca deixaria nenhum dos seus para trás. — Ora, ora, então quer dizer que temos um impasse? — Fora uma pergunta retórica de Kentigern. — Ela não irá! — Conan reafirmou segurando seu braço e colocando-se em sua frente em um instinto protetor. — Mate-os! — A ordem fora dada pelo comandante. Guiada pelo desespero, Hipólita se desvencilhou dos braços de Conan e deu dois passos a frente. Sentiu que deveria impedir que os dois fizesse alguma inépcia, o que eles tinham na cabeça? —Deixem-nos em paz! — Gritou ela com a voz penetrante, os olhos brilhavam com as lágrimas que ameaçavam cair — Irei com os senhores se me prometerem que os deixarão livres de suas impetuosidades. — Não estás em condição de fazer um acordo, Lady Hallwick. — Argumentou o soldado. — És minha condição e não só irei contigo até que me prometa que não permitirá que lutem covardemente com esses homens, estou levando em consideração a desvantagem, um homem sem honra não merece o título de cavaleiro. — Tudo bem, como quiser, milady. — Ele aceitou a contragosto, sua feição austera deixara claro isso. Hipólita então virou-se para se despedir de Conan e Uriah, eles tinham o rosto endurecido e não pareciam satisfeito com sua decisão. Ela ordenara para que aos dois homens que obedecessem, deu a Conan sua espada para que ele a guardasse e, por fim pediu que eles que comunicassem a Louis para que fosse busca-la. Esgueirou-se por entre os soldados de Lord Byron, não sentiu medo por ter voltar a Londres, seu medo era de que eles tentassem contra a vida de seus amigos. Montou no cavalo que pediu a Sor Kentigern, preferira não levar altanero. Lançou um último olhar aos dois homens antes de incitar a égua a galopar, fora rápido demais, ouviu um som, quase como um estralo, uma flecha cortou o ar, no momento em que Uriah cambaleou e rodopiou, depois grunhiu dolorosamente caindo sobre relva verde do bosque. — Parem com isso! — Ordenou ela apertando as rédeas da égua em suas mãos — Prometou que os deixaria em paz? — Perguntou, um soluço escapou por sua garganta, o comandante gargalhou ao vê-la em pratos. Mais a frente Conan, agachado ao chão na tentativa de ajudar o amigo. — Uma vida por outra. — Respondeu o soldado que atingiu Uriah, refirindo-se ao soldado que Conan matara. A armadura facial não cobria por completo seu rosto, Hipólita examinou seu rosto, ele era jovem, talvez dois verões a mais que ela. Guardou o rosto dele em sua mente, ela o mataria. — Se não for conosco mandarei que matem o outro! — Sor Kentigern murmurou impaciente. Apenas acentiu e acompanhou o contingente. A visão turva pelas lágrimas, fora por todo caminho com os olhos ardendo, ódio, gana, culpa fúria, pesar... Tudo misturado em seu seu peito. Iria ao inferno e mataria o demônio, mas antes, ela mataria aquele maldito que acertou Uriah. Eu irei mata-lo! Eu irei mata-lo! Eu irei mata-lo... Repitia as palavras em sua mente enquanto a égua trotava em pleno fervor, até chegar em uma estrada de terra onde uma carruagem com o símbolo da casa Byron os esperava. Era ele!
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