LORENZO
Ela cheirava a perigo, mas eu estava louco para provar desse veneno. Era arriscado dar a ela armamentos contra mim, porém, era uma ótima alternativa e caso desse errado, eu podia descarta-la facilmente, mesmo sendo tão deliciosa.
Ela me deixava louco só com o olhar.
Ainda estava imaginando seus olhos negros me encarando sem medo, isso nunca aconteceu. Me excitou, porém, eu tinha que controlar o meu instinto pervertido. Dante achava que era por puro prazer, mas a diaba era necessária. Ela era desconhecida, mas com a fama em Danaco, era só colocar uma notícia ali ou aqui e ela seria o alvo perfeito.
Eu não confio nela e nem sei se confiarei. Sei que Dark será difícil de lidar, nunca teve que se controlar, mas tinha que concordar que era uma boa caçadora, fazia seu trabalho de forma limpa, mas deixava o estrago para trás.
Será que vale mesmo a pena? Vender minha alma para alguém que não sei se devo confiar, e colocar todo o meu negócio em risco?
Além do desejo que desperto quando estamos perto um do outro, ainda tinha o fato do mistério de sua origem.
Dark, assim como gosta de ser chamada, não era tão controlada quando nos conhecemos. Eu via aquela mulher em seus olhos, mas não em suas atitudes.
Ela não tinha medo de mim, o que deixaria as coisas mais difíceis. Escolhi a dedo quem ficaria de olho na diaba, não posso ser bonzinho só porque formamos um acordo ou por ser praticamente o dono da cidade. Com alguém tão esperta como Dark, as coisas tinham que ser devidamente pensadas e executadas.
— Está quebrando a cabeça com a sua nova namorada? — Dante não perdia tempo mesmo. Desde o dia em que chegamos, ele tenta me convencer de abortar essa missão. — Os dois homens que designou realmente são capazes de colocar uma coleira nela?
— Ela sabe que não sou um qualquer e que cumpro com as minhas promessas. — Falei ainda olhando para as manchetes estampando o meu rosto na capa de revistas.
Todos foram escritos por uma mesma pessoa: Edgar Mancini. Aquele filho da p**a não sabe com quem está se metendo. Quer dizer, ele sabe, mas acha que saber alguns dos meus podres vai ajudá-lo a ficar vivo.
Meu estilo não era ser paciente ou usar o diálogo para as coisas relacionadas ao crime. Construí uma imagem perfeita de empresário, nunca me menti em escândalos exagerados e deixava bem guardado o meu segundo emprego: ser o Dom do Oeste.
Não era como se eu tivesse escolha. Meu Pai, Diogo, era um homem c***l. Casou com minha mãe por conta de um acordo, fez de sua vida um inferno e enquanto era vivo, tornou a minha e a dos meus irmãos também.
Dante era o mais afetado por sua ira. Sendo um bastardo, era humilhado pelo erro de outro, e o mais velho dos irmãos ainda teve que tomar para si a responsabilidade de proteger os irmãos de sangue.
Eu amava o meu irmão, éramos muito unidos, o que eu não tinha de paciência, ele tinha de racional. Não foi à toa que o tornei meu subchefe, ajudando-me a cuidar, quando eu não podia, das coisas sujas que herdamos.
— E qual seria essa promessa? — Perguntou sério, sentando a minha frente, calculando as suas palavras para serem ditas. Ele era o mais protetor, porém, sendo o primeiro filho, estava pouco se fudendo para a hierarquia.
— Se fizer tudo o que mando, ganhará a liberdade bem longe daqui, caso contrário, a mato sem que perceba.
Eu não deveria ligar tanto para as bobagens que saem sobre mim na mídia. Esses urubus amam infernizar a vida dos mais ricos, e eu era calejado com essas merdas, mas o risco aqui era outro.
Minha reputação poderia ser manchada com fofocas, porém, Edgar sabia coisas além do comum de um empresário.
Ele fazia jogo sujo com todos aqui, perambulava pela mídia e o submundo aproveitando dos dois mundos, assim como os outros dois.
Há algum tempo, ele se aproximou. Queria algo de muito valor e eu o dei. Agora, estava se achando o dono do pedaço, com poder de me expor para todos.
— Está mesmo pensando em fazer isso? — Meu irmão perguntou analisando as matérias em cima da minha mesa. — Mesmo que essa ceifadora possa matar um deles, como vai lidar com a repercussão. As pessoas vão colocar a culpa em você, já que Edgar vive colocando o seu nome nas matérias que escreve.
— Especulação é uma coisa, dizer onde conseguimos obras de artes ou como transportamos nossas mercadorias para outros países é outra, Dante. — Falei furioso. — Esse merda tem que morrer o mais rápido possível.
— Como ela fará isso?
— Dê a ela tudo o que precisa saber e Dark cuida do resto. — Falei o encarando. Lá no fundo eu estava preocupado. Qualquer coisa fora do lugar me colocaria na rota dos policiais, que apesar de ter alguns sob o meu poder, não perdiam a oportunidade de ir atrás de alguém tão grande como eu. – Sabe onde ela está, coloque um livre acesso e deixe que ela se livre do problema.
— Isso acabará em merda. — Reclamou.
— Eu já ouvi das outras vezes.
— Sempre é bom repetir. — Disse levantando-se e arrumando o seu terno. — Não confio nessa mulher. Sei que colocou dois dos nossos atrás dela, mas farei o meu trabalho de vigia-la.
— Dante! — O chamei antes que saísse pela porta. — Esse assunto ficará entre nós. Quanto menos pessoas saberem sobre essa mulher, melhor será para nós.
Depois de um aceno ele se foi, me deixando com a lembrança de mais cedo.
Estar perto dessa mulher me causava um grande desejo, como se fosse uma fruta proibida, mas nada além do profissional, aconteceria entre nós.
***
A semana passou rápido, e desde a nossa última conversa, eu não a via. Surpreendentemente minha cabeça não parava de desejar ou de pensar na diaba. Dark ainda não atacou, estava esperando o momento certo, e no mesmo nível que me agradava à cautela, me deixava ansioso pelo fim do i*****l.
Hoje aconteceria uma premiação na qual ele iria. Por conta do que andava falando de mim nas revistas, Edgar não saía muito. Ele sabia dos riscos e mesmo assim me desafiava. O interessante era que hoje também seria a inauguração de um novo hotel na cidade, onde fiz uma parceria com a empresa responsável pela construção do prédio.
Apesar do foco na empresa de munições e equipamento militar, eu me arriscava em outras áreas e isso me ocupava. A questão era: ter muito dinheiro e poder me dava força para proteger a minha família e organização.
Os capos eram responsáveis pela parte suja dos negócios. Eles lidavam com drogas, contrabando e muito mais. Ficando com uma boa parte, mas por proteção, eu ficava com uma boa quantia.
Sem falar na divisão por áreas para que os carteis não entrassem em conflitos contra o outro, e muito mais coisas.
Quando assumi, todos éramos prejudicados pela polícia, fechando nossas casas noturnas, jogos e invadindo os carteis, prendendo muitos dos soldados.
Era difícil ter que se esconder para não ser preso, então mudei a forma como agíamos, dando uma parte generosa aos federais para nos deixar em paz.
O problema era que vinha crescendo um número considerável de policiais leais à farda e isso me deixava com dor de cabeça.
Era difícil sentar na cadeira que eu ocupava. Meu pai era c***l, quando não eram leais, ele os provocava medo, mas meu irmão e eu provamos ser dignos da lealdade, ter isso era mais decisivo doque ser temido.
Agora eu tinha que me dobrar entre empresa e cartel. Reuniões com investidores e capos, enchendo o meu saco em relação a nossa segurança.
Todos temiam que eu fosse preso, pois seria o estopim para uma grande guerra civil. Além de colocar família contra família para conseguir o poder, eles arriscavam serem levados comigo.
Era arriscado ter alguém como Dark por perto, mas era a única opção para tirar da jogada pessoas que podiam me levar para o buraco.
— Você está pronto? — A voz feminina era bastante conhecida.
Virei-me para encontrar a loira mais sensual que já vira. Claro, ela não se comparava ao demônio de olhos escuros, mas quebrava o galho.
Gema era uma estrela da moda nacional. Nos conhecemos por acaso e ela se tornou uma amante fixa.
— Com certeza. — Falei beijando a sua mão.
Por um leve momento vi Dark me olhando com desejo. Seu sorriso era provocante, mas tudo foi embora quando a loira abriu a boca.
— Espero que essa festa acabe logo.
Era só o que me faltava. Estar louco por uma assassina.