Capítulo 4

2834 Words
DARK Matar pessoas era uma coisa muito fácil, se formos parar para pensar. Com algo pontiagudo em mãos, tudo pode acontecer. Até mesmo com algo grande ou de longo/curto espaço. O difícil mesmo era esconder o corpo. Desde muito nova venho aprimorando esse detalhe específico. Tudo depende da pessoa e do que ela fez para mim. Não sou uma serial killer, mesmo sentindo um imenso prazer em matar. Na verdade, eu gostava de punir, provocar dor e matar aos poucos, para que a pessoa se arrependesse de todos os seus pecados. Minhas escolhas eram bem especificas. Nunca machuquei alguém inocente, sempre foquei nos sujos, por isso me chamavam de ceifadora justiceira, uma fama que nunca pedi. Provocar medo gerava uma preocupação, tanto por colecionar inimigos, quanto por ser caçada pela polícia. Hoje, Lorenzo Mitolli se beneficiaria do meu sangue frio. Mesmo fazendo isso para ajuda-lo, eu ainda tinha a necessidade de saber se o homem era limpo ou sujo. Claro, se envolver com o rei do submundo de Drakoy não era típico de pessoas descentes, porém, eu precisava de mais, e achei. Edgar Mancini não era casado e não tinha família, o meu tipo ideal de vítima. Ele era um apostador nato, gastou o dinheiro da sua herança inteira com jogos viciantes e ainda era um grande amante de mulheres, só que não da melhor forma possível. Além da ficha que o irmão Mitolli me passou, eu tive que ir a campo. Confesso que era muito excitante caçar. Era um vício meu, assim como ver a alma de alguém saindo do corpo, olhando em seus olhos. A herança não veio da sua boa ação com a família, ou melhor, a única família que tinha. Sua avó se chamava Gloria Mancini, dona de uma fortuna considerável, e nos seus últimos anos de vida ela esteve sob o poder do neto, Edgar, que não era boa pessoa. Dizem que o i*****l se aproveitou da sua fraqueza, negligenciou a mulher, tanto que morreu. Além disso, ele era selvagem no sexo, mas não da forma agradável que algumas pessoas gostavam, e sim por desejar machucar de verdade alguém. Já foi preso por um tempo, e depois que saiu, retomou o seu trabalho como jornalista. O problema era que esse Edgar não aprendeu nada na cadeia. Mexer com um mafioso tão poderoso como Lorenzo era mais que perigoso, e sim, burrice. Esperei o melhor momento para agir. Eu vinha estudando o i****a por uma semana. Foi difícil acha-lo, pois estava se escondendo, mas agora que receberia um prêmio, o coelho saiu da toca e vou aproveitar o lindo vestido vermelho e sexy para entrar na festa e traze-lo para mim. Enquanto me arrumava, não parava de pensar no mafioso arrogante que me colocou nesse lugar. Era irritante pensar em Lorenzo o tempo todo. Talvez essa nova "eu" fosse mais carente ou burra, pois nunca aconteceu de alguém, seja homem ou mulher, me perturbar tanto por causa de um desejo. Dark era uma assassina fria e calculista, não uma tola apaixonada por um homem errado. Resolvi esquecer essas merdas e me aprontar logo. Estava ansiosa para chegar ao fim dessa história e matar alguém. Estava me sentindo como um drogado em dias de abstinência. *** A noite estava linda. Lua no céu, estrelas brilhando e um tapete vermelho clichê estendido na calçada, em frente ao prédio onde seria o evento. Eu não podia entrar pela frente e correr o risco de ser fotografada. Meu estilo era mais sutil e drástico, não queria aparecer, tanto por não querer ser descoberta quanto por saber que assim que o corpo for achado, irão investigar sua trajetória do início ao fim dessa noite. Os capangas de Lorenzo iam a todos os lugares que eu ia. Nem que seja para um passeio qualquer, mas eu sempre dava um jeito de me livrar deles quando queria. Sabia que não devia confiar na palavra de um bandido como Lorenzo Mitolli, e seus seguranças não estavam aqui para me proteger ou só vigiar, e sim para me matar se algo desse errado. Esse homem me subestima e eu provaria que está mexendo com fogo. Porém, agora optei por esquecer a presença inconveniente dos idiotas atrás de mim. Eles me ajudariam a entrar e a sair, sem que ninguém nos visse. Entanto todos estavam concentrados na palhaçada da chegada das pessoas, entrei por outra porta, uma que me levaria diretamente para o salão já lotado de homens e mulheres do meio. Se pudesse, eu pularia a parte chata de ouvir as palestras e tudo mais, porém, como tinha que seduzir o i****a, minha presença no processo completo era necessária. Quando já estava no salão enorme, meus olhos percorreram todo o lugar, calculando cada pedaço de caminho que eu poderia percorrer, onde o abordaria e tudo mais. A recepção estava sendo servida, champanhe e alguns outras bebidas alcoólicas. Isso seria bom. Se ele estiver embriagado ou semi, quando sairmos não será tão difícil leva-lo para onde eu quiser. Circulando os dois homens altos e carrancudos, se misturando, esperava que esses dois não me atrapalhassem. Nunca fui de cooperar com ninguém, nem precisar de ajuda. Ser mulher ajudava a pegar homens que não me achavam um perigo, mas nessa cidade eu não estava sozinha, então, tinha que jogar o jogo do mafioso. Quando avistei o meu alvo, fiquei mais feliz. As fotos no arquivo que foi me entregue, não mentiam. Ele era um i****a em fotos ou presencialmente. Não muito alto, na facha etária dos quarenta, barrigudo e quase careca. Se estivesse vestido com um terno caro, não se percebia a decadência da sua carreira. Eu ainda não sabia como alguém daria um prêmio a alguém tão desprezível como Edgar. Ele machucava mulheres por prazer próprio, existia especulações do seu envolvimento na morte da própria avó e foi preso por uso de drogas e o espancamento de uma acompanhante. Parece que essa cidade estava repleta de hipocrisia e sujeira. Normalmente eu expurgaria essa cidade inteira. Peguei uma bebida espumante que estava sendo servida no salão grande e quase luxuoso e andei entre as pessoas, como se fosse um deles. Sorrisos falsos eram distribuídos e eu não podia ser diferente. Interpretar era o meu lance, era assim que eu agia. Aprendi muito cedo que para conseguir ser mais forte do que seu inimigo eu tinha que me adequar a ele, sendo o que ele quer que eu seja. Primeiro, entrei em uma conversa com duas mulheres. Elas estavam perto do meu alvo e como não podia tirar os olhos dele, com minha visão periférica, notei que ele me olhava dos pés à cabeça. Não só ele, claro, mas minha concentração estava em uma pessoa. Abandonei a conversa e, propositalmente, esbarrei em Edgar. Fingi estar envergonhada por isso, e com um sorriso falso começamos uma conversa descontraída. Era ridículo o homem tentando me seduzir. Ele só conseguia me fazer rir de deboche, mas sou profissional e para não morrer de tédio, fiz perguntas sobre sua vida, no qual ele mentiu. Um criminoso nunca cita suas falhas ou coisas ruins que já fez, mas por sorte essa seria a última vez que ele enganaria uma mulher. Ao fundo, se começava uma preparação para a entrega dos prêmios. Edgar me convidou para sentar-me na mesa em que estava e como não sou i****a, aceitei. — Então você trabalha em alguma revista? — Ele perguntou, ignorando a apresentação de algum i****a lá na frente. — Nunca a vi, então... — Na verdade, sou nova na cidade. — Falei o interrompendo. — Fui contratada por Eleonor para ser sua assistente na revista FASHION, vou começar na próxima semana. — Eleonor é uma ótima professora. — Ele disse descendo o seu olhar para a minha coxa exposta no vestido. Eu sabia o quanto era atraente, mas meu desejo de estar em forma não era para ser atrativa aos olhos masculino, e sim por agilidade e tática. — Claro, nossas áreas são diferentes, mas a conheci. — Sou uma apaixonada pela moda e quando ela me convidou, fiquei em êxtase. — Falei empolgada. — E está sozinha na cidade? Ele era um alvo muito fácil. Estava se jogando ao invés de me deixar seduzi-lo. — Por enquanto, sim. — O sorriso safado em seu rosto me deu enjoo, mas disfarcei. Comecei a rezar para que isso tudo acabasse logo e me deixasse ter a oportunidade de estripa-lo. O que me desaminava era a forma rápida como faria isso. Se antes de conhece-lo eu já queria p**a-lo devagar, agora que estava suportando o i****a esse desejo aumentou. Uma das coisas que alguém nessa situação deveria saber era que não se pode dar bandeira. Assim que os nomes começaram a ser chamados, deixei um bilhete na mesa e me retirei. Só ele poderia saber do nosso encontro fora desse lugar. Ninguém podia ver nós dois saindo juntos, isso traria suspeitas, mesmo que o modo de o matar que escolhi fosse... simples, e que seu histórico seja um bom álibi. Saí do salão antes de tudo terminar. Os seguranças já estavam à minha espera fora do lugar e me levaram para o pequeno apartamento onde encontraria novamente com Edgar. Uma das coisas que me deixava ansiosa era para o encontro com Lorenzo. Eu sabia onde ele estava agora, em um evento quase igual a esse, com uma loira v***a com quem transaria no fim da noite. Seria divertido brincar com a sua cabeça assim que meu trabalho aqui acabasse. *** Retirei o vestido charmoso que estava usando, ficando com a lingerie da mesma cor e um robe preto por cima. O barulho na porta me alegrava, era Edgar e eu estava em êxtase por causa do que aconteceria assim que ele entrasse. Abri a porta e deixei que ele olhasse para o meu corpo. Seus olhos pervertidos foram dos meus pés à cabeça, deixando-o animado. O puxei pela gravata para dentro do flete onde o seu fim estava próximo. Era tão bom estar prestes a matar esse homem que estava excitada. Edgar tentou me beijar, mas eu não preciso mais fingir que desejo o homem. Ele não estava embriagado, mas era o suficiente para prendê-lo à cama. — Você fugiu. — Ele disso olhando em meus olhos, enquanto continuava o puxando para mais perto da cama. Tirei a gravata e ele abriu alguns botões da sua blusa branca. — Estou esperando por isso desde que vi você. Mas devo avisar que gosto de ser.... selvagem. — Gosto de homem com uma pegada forte. — Falei abrindo o robe e o deixando cair no chão, mas você vai ter que me deixar fazer isso primeiro. Como uma preliminar. — Sou todo seu. — Ele estava sedento, e isso me deixava muito feliz. Era divertido. — Sobe na cama, vamos brincar um pouco. — Pedi manhosa. E assim ele fez. Sem tirar os olhos do meu corpo, ele subiu e se deitou. Peguei a gravata que ele estava usando e o amarrei à cama. Ele ficou surpreso, mas me deixou terminar. Queria tirar do seu rosto o sorriso convencido, como se tivesse ganhado muito dinheiro e isso aconteceria logo. — Você é uma dominadora, é? Gosto de mulheres assim. — Você vai gostar muito do que farei com você, mas antes de brincarmos de verdade, tenho que pegar um presente especial para você. — Falei saindo de onde estava e abrindo uma gaveta que ficava no móvel moderno onde guardei o vidro especial que usaria em Edgar. — Você gosta de relaxar, não é, Edgar? — Disse assim que já estava com a seringa na mão. Uma das coisas que mais gostava de usar eram equipamentos médicos. Isso me trazia lembranças da época que estava na faculdade. Gregori sempre disse que se eu quisesse me especializar em neurologia, eu seria ótima nisso. Era verdade que abrir um corpo era divertido, mas os psiquiatras eram pessoas que se introduziam na vida de um paciente sem que ele perceba, esse era o meu lance. Saber das suas dores, sentir cada sentimento deles era algo que me confortava. Por isso muitas vezes eu resolvia os problemas deles usando os meus métodos médicos. Eliminando o problema da sua vida. Quando contei a Gregori o que fazia de verdade ele me chamou de sombria, alguém de alma n***a e perversa e eu me diverti com o seu medo. — Um amigo disse que era fã da morfina. — Falei voltando a monta-lo. As sobrancelhas grossas do homem se uniram no centro do rosto. Ele observava o que estava na minha mão. Depois dessa lambança teria que limpar os meus rastros, mesmo Edgar sendo desprezível e que uma overdose seja natural para um drogado, eu não era conhecida por ser tão negligente, não foi assim que sobrevivi por tanto tempo. — Ele também me disse que você é um i****a, que o desafiou mesmo sabendo do risco que corria. Eu acho isso muito corajoso, mas também tolice. — As rugas que se formaram em seu rosto foi a confirmação de que ele já notou que não transaria comigo. — Ah, você achou mesmo que uma mulher como eu estaria afim de um i****a como você? — Trabalha para o Mitolli? — Perguntou apavorado. Instantaneamente sua pele ficou pálida e gélida, estava suando apesar de tudo. Fiquei impressionada com a força que usou para me tirar de cima dele. — Não, eu chamo isso de parceria, mas não se preocupe, sua morte será rápida. — Falei o colocando no lugar com as minhas pernas que estavam em volta do seu corpo. — Vamos direto ao ponto, Edgar, será melhor me deixar terminar o serviço do que espernear e me fazer abri-lo por inteiro. Acredite, sou boa nisso. — Mesmo ele se mexendo para me desconcentrar, consegui colocar o líquido na seringa. Já tinha feito isso milhares de vezes, só não na hora de matar alguém. Gostava de provocar dor, porém, acho que ver esse i****a sufocando em si mesmo será divertido. — Sabe o efeito da morfina, não vai doer tanto, mesmo que o seu corpo esteja entrando em colapso. — Me solta, v***a, eu vou... Afundei as minhas unhas na sua carne, impedindo que ele continuasse. Uma onda de raiva passou pela minha cabeça. Outra coisa estava possuindo o meu corpo e eu sabia o que era. — Edgar, escute-me, eu não sou a pessoa mais paciente do mundo, e dentro de mim há um mostro gritando no meu ouvido para que eu deixe de moleza e o mate da melhor forma possível, vou dar mais uma chance a você ou farei você pagar por sua insistência. — Falei tentando me controlar. Apesar de estar no comando agora, a antiga eu ainda existia. Ela era forte quando a raiva me dominava, sua fome por matar era maior que a cautela em fazer as coisas da forma certa. O TDI me ajudava a fugir quando queria me proteger, mas também me levava a sucumbir ao desejo por sangue. O pior era quando o meu alvo insistia, meu jeito neutro de fazer as coisas não combinava com a ira catastrófica do meu passado. Não pensei antes de cravar a agulha pontiaguda na jugular dele, isso me prejudicaria, não era o que deveria acontecer. Ninguém tem uma overdose por mofina aplicando a dose diretamente no pescoço, mas já era tarde, então apertei deixando o líquido entrar por inteiro. A dose era alta, mas eu não estava suportando esperar tanto para vê-lo morrer, então coloquei o resto que tinha no frasco e apliquei novamente. — Está vendo o que me fez fazer? — Falei irada. — Você deveria morrer de forma limpa e burra, agora vou ter que incinerar o seu corpo e sumir com as provas. Ainda estava furiosa e pensando no que faria. Meu peito estava quase explodindo, deixando a outra assumir o meu lugar, mas ver o homem perder as forças aos poucos me relaxou e me deu o controle necessário para conter o mostro em mim. Saí de cima dele e coloquei novamente o robe de seda. Aqueles idiotas me ajudariam a sumir com Edgar e esperava não ter estragado tudo. — Já acabou? — Perguntou o moreno parecendo surpreso. — Não ouvimos... — Se livrem do corpo dele. As coisas saíram do controle e tive que escolher uma parte do corpo no qual trará consequências graves se descoberto o corpo. — Falei sentindo raiva de mim mesma. Eu era boa nisso, tinha convicção. Me orgulhava da forma controlada como fazia as coisas, mas alguma coisa trouxe de volta a pessoa raivosa que perdia os sentidos e fazia merda. — O chefe não vai gostar... — f**a-se se ele vai gostar ou não, fiz o meu trabalho e agora tenho que ir. Peguei a roupa que cheguei aqui e a vesti o mais rápido que pude. Minha cabeça ameaçava a doer, isso não estava nos meus planos. Antes de continuar com essa merda, tinha que lidar com os problemas internos.
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