Capitulo 5

2063 Words
Noite das garotas....e dos garotos. Após Ruby e Lilian tomarem um banho e vestirem uma roupa minha, vamos para o quarto e tentamos decidir um filme para assistir. -Que tal comédia?-Lilian pergunta. Eu até gosto, mas amo filme de terror. Assistia desde pequena com meus pais e adorava ver minha mãe e tia Clary gritando e fazendo caras e bocas. Eu nao tenho medo, mas Noah morre de medo. Eu zoava muito ele até perceber que o seu medo é realmente sério. -E que tal terror?-Pergunto. Lilian faz careta, mas Ruby sorri. -Boa.-Ruby diz. Enquanto elas escolhem o filme eu vou fazer pipoca. Desço as escadas e vou até a cozinha. Coloco pipoca no micro-ondas e lembro do doce brasileiro que minha mãe fazia quando éramos pequenos. Acho que eu ainda lembro. Pego leite condensado, achocolatado e manteiga e coloco na panela. Enquanto mexo, ouço passos e minhas mãos tremem. É hoje que vou morrer. Tiro a panela do fogo e me viro. Axel me encara com sua carranca e olhos brilhantes. Ele percebe meu susto ao ver ele e deixa escapar um sorriso caloroso. -Foi m*l, não quis te assustar, eu só vim pegar água.-Ele diz. Que voz maravilhosa! Ele está usando um short do meu irmão que ficou apertado nele e uma camisa que está colada no seu corpo. Ele me examina de cima embaixo e então percebo meus trajes. Eu dei meus minhas melhore roupas de dormir para as garotas e vesti um shortinho velho e uma blusa curta colada. Não sei se alguém aumentou o aquecedor, mas está me dando calor. Axel pega um copo, se serve de água e encosta no balcão olhando para mim. -Sobre hoje mais cedo, desculpa por isso.-Ele diz apontando pra minha testa. Passo a mão na cabeça e percebo que ainda estou com o curativo. Por isso ele não parava e olhar para mim o jantar inteiro. Tiro o curativo rapidamente e jogo no lixo. -Não foi sua culpa, eu que me joguei no volante.-Digo. Ele dá uma risada rouca. -A gente não se apresentou direito, eu sou Axel.-Ele diz estendendo a mão. Eu coloco minha mão sobre a sua mão e é como se o mundo parasse e só existisse nós dois. Ele olha dentro dos meus olhos, me fazendo ficar vermelha. m*l de ruiva. -Vale...Valentina, mas todo mundo me chama de Tina.-Eu digo após alguns segundos. Ele sorri. Suas mãos ainda estão nas minhas mãos e meu coração bate mais forte. -O que é isso?-Ele diz olhando pra panela. Eu tiro minha mão da dele e me arrependo instantaneamente. Me volto para o fogão e coloco a panela no fogo novamente. -É brigadeiro, um doce brasileiro.-Eu digo. -Briga...deiro. Minha mãe ja me falou disso. É bom?-Ele pergunta. -Por que não senta, espera e descobre?-Pergunto. Ouço ele se sentar em um dos bancos e cozinha e continuo mexendo o brigadeiro. -Então..quantos anos você tem?-Ele pergunta. -Dezessete. E você?-Eu pergunto mesmo sabendo que ele tem dezoito. -Dezoito. Agora me lembro da tia Clary falando dele. Ele não faz faculdade. Mil dúvidas passam na minha cabeça. Tem algum jeito educado de pergunta a uma pessoa o porquê de ela não fazer faculdade? Vou descobrir agora. -Por que você não faz faculdade?-Pergunto tentando soar indiferente. Escuto ele se remexer no banco. Será que eu o incomodei? Então não ouço mais nada. Após alguns segundo me viro e vejo que ele não está mais la. Fico sem entender. Coloco o brigadeiro em um prato, pego a pipoca, refrigerante e tento subir a escada carregando tudo. Demoro, mas consigo, bato na porta do meu quarto com a b***a, ja que não tenho mãos desocupadas e Ruby abre a porta. Eu entro e coloco as coisas na minha escrivaninha. As garotas ja arrumaram suas camas, ou no caso, cobertores no chão. O filme está pausado e pronto para nós. -O que é isso?-Ruby pergunta fazendo careta pro brigadeiro. -É brigadeiro Ruby, lembra que a minha mãe falou disso?-Lilian diz. Ruby dá de ombros e se senta. Começamos o filme. As garotas provam o brigadeiro e arregalam os olhos. Lembro da primeira vez que comi. Minha mãe fez um vídeo, pois fiquei elétrica. -Isso é muito bom!-Lilian diz.Eu sorrio pra ela. Até que Lilian é simpática. -Então, tem namorado? De princípio eu me assusto com a pergunta direta. Olho para Ruby e ela não estranha. Talvez esse seja o jeito de Lilian. -Não...por que?-Pergunto. Ela olha pra Ruby e as duas riem. -Meu irmão, acho que ele ta afim de você.-Lilian diz. Eu devo estar vermelha, já que as duas riem feito duas loucas. -O que? Claro que não. -Digo. -E o sentimento é correspondido, to te devendo dez libras, Lili.-Ruby diz. -O que? Não! -Tento disfarçar, mas estou nervosa. -A gente viu os olhares no jantar.-Lilian diz. -Ele não estava olhando para mim, estava olhando para o curativo na minha cabeça. As duas se olham e caem na risada. De repente, ouvimos barulhos do quarto de Noah. E ficam cada vez mais altos de um modo que é impossível assistir. Eu me levanto e bato freneticamente na porta, até Leo abrir. -Que?-Ele pergunta. -Será que dá pra parar de fazer barulho? A gente está tentando assistir um filme. -Eu digo. -f**a-se Leo revira os olhos e então vê Ruby. Ele fica nervoso e passa a mão no cabelo. Seria fofo se eu não tivesse chutado ele. Leo cai no chão e as garotas riem. Então vejo Noah e Axel. -Estão assistindo filme?-Noah perguntou? -Com pipoca e brigadeiro -Lilian grita atrás de mim. Ah não. Ela não fez isso! Noah passa correndo por mim, Leo se levanta do chão e em segundos, dois estão comendo, o meu brigadeiro. Pego a primeira coisa que vejo, no caso, um livro didático, e jogo nos dois, que desviam e continuam comendo. Eu bufo. Por que minha mãe tinha que colocar uma porta ligando nossos quartos? Axel se levanta e entra no meu quarto, mas ao passar por mim, encosta seu braço no meu. Qual é Axel?! Isso me deixa maluca e eu te conheci hoje! -Da play no filme.-Leo diz. Eu reviro os olhos e sento entre Noah e Lilian. Axel se senta entre Lilian e Ruby. Ruby começa o filme e sinto meu irmão apertar minha mão. Filme de terror. d***a! Só eu e minha mãe sabemos desse medo dele. Ele odeia que outras pessoas saibam. Ficam chamando ele de garotinha assustada. -Não dá tanto medo e você pode dormir aqui.-Digo no ouvido dele. Noah assente. Quando éramos crianças e assistíamos filmes de terror, Noah só se acalmava quando dormia comigo. Uma vez, ele saiu para um encontro no cinema e a garota escolheu filme de terror. Ele, com seus 16 anos, já com barba, dormiu no meu quarto enquanto eu afagava seus cabelos. Na metade do filme, Noah segura minha mão. Lilian percebe e então eu finjo estar com medo e escondo o rosto no peito do meu irmão. Quando o filme acaba, Leo se levanta e se espreguiça, fazendo sua blusa levanta e mostrar sua barriga malhada. Finjo vomitar e percebo que ele fez isso por causa de Ruby, que observa as unhas pretas. -Então vamos?-Leo diz. Noah me olha pedindo socorro. -Ahn...na verdade eu tô com medo, vocês podem dormir aqui hoje?-Pergunto. Leo estreita os olhos. -Mas você não tem medo de filme de terror...-O maldito está desconfiado. -Mas esse me deu medo, Noah dorme na minha cama e você e Axel podem dormir em baixo com a Lilian e a RUBY.-Eu digo. Leo muda de expressão e percebo que ganhei essa. -Tudo bem pra você, Axel?-Ele pergunta. -Ta tudo bem pra ele sim, eu também tô com medo e preciso do meu maninho mais velho!-Lilian diz. Axel revira os olhos sorrindo, tira a blusa e deita ao lado dela. Passo a mão na boca para certificar que não estou babando. Não basta ele ter esses olhos e esse sorriso, tem que ter um corpo escultural. Tenho vontade de passar a mão em casa curva da sua barriga e braços. Ele merece ser colocado em uma galeria, pois isso é uma obra de arte. Lauren e Gabe capricharam. Leo se deita e decidimos não apagar a luz. Noah tira a blusa e sem querer joga na Lilian, que fica vermelha. Ele deita na minha barriga e eu afago seus cabelos até ele dormir. Às vezes, os planos malucos da minha mãe, dão certo. Lilian e Ruby são pessoas extremamente legais e eu me atrevo a dizer que amo meu irmão. Por mais que a gente brigue e queira se m***r na maior parte do tempo, eu gosto de cuidar dele e faria qualquer coisa por ele. Lembro das vezes que estávamos brigados, e ao perceber que eu precisava de sua ajuda, ele engolia a bronca de mim e abaixava sua guarda, simplesmente para conversar e tentar aliviar meu baixo-astral. Leo Assim que a Tina praticamente gritou o nome da Ruby, eu gelei e fiquei sem reação. A partir do momento que vi seu cabelo lilás, não consigo tirar os olhos dela. Ela é diferente. Parece ter uma história para contar. Mas como impressionar alguém assim? Se eu ao menos a conhecesse melhor... Estou agora deitado perto dos pés da Ruby, Lilian e do Axel. Ele até que é um cara legal, mas é muito fechado e fica com aquela carranca. Sei que Noah não dormiu. Ele é como um irmão para mim. Cresci com ele e com a Tina. Ela ja é mais difícil de lidar. Eu não gosto de ser igual. O diferente me fascina. Por isso, me encantei pelos cabelos lilás da Ruby. E esse nome que dança na língua. Acho melhor levantar tomar um copo de leite. Me levanto devagar para não acordar ninguém e abro a porta. Escuto um barulho, olho para trás e Ruby está se levantando e vindo na minha direção. Ela fecha a porta e me encara. Seus olhos são pretos e misteriosos. Se destacam na sua pele incrivelmente branca e macia, e nos seus cabelos coloridos. -Insônia?-Pergunto. Ela assente. Descemos as escadas juntos. Vou até a cozinha e ela me segue. Pego a caixa de leite da geladeira e sirvo dois copos. Ela pega um e toma. Eu faço o mesmo. -Você tem sempre insônia?-Pergunto. Ela coloca o copo vazio na mesa. -As vezes. La em Phoenix, a essa hora, eu estaria fugindo para ir em alguma festa que proibissem menores de idade ou só andando por aí. -Ela diz pensativa. -Deveria ser legal, tem muita gente nessa casa, fugir é quase impossível. -Eu digo. Ela solta uma risada doce. -Era divertido, mas a melhor parte era estar acordada enquanto todos dormiam. -Às vezes tenho vontade de fugir.-Confesso a ela. Ruby me olha como se eu fosse louco. -Sério? Por que? Sua mãe parece ser uma pessoa maravilhosa e seu pai também, essa casa enorme, pessoas que gostam de você ao seu redor... não entendo quem queira fugir de uma vida dessa. Eu suspiro. -Ninguém entende...Minha mãe é um pouco doida, mas eu a amo, o que eu quero dizer é que eu não me encontro aqui, é tudo tão igual... Ela ri. -Igual? Quantas famílias iguais a sua você acha que existem? Hoje, naquela guerra de comida, vi a prova. Aqui todo mundo é feliz, todo mundo parece se amar. -Esse é o problema, é perfeito demais. Eu gosto quando as coisas dão errado, não deveria, mas gosto. Ruby bufa. -Ta reclamando de barriga cheia, pelo menos você conhece seus pais. Como assim? Ela conhece o pai. É o Isaac. Ouvi minha mãe comentando com a tia Alexis uma vez. -Como assim? Ela levanta as sobrancelhas para mim. -Você não sabe? Meus pais me adotaram. Isaac e Barth. Eu tinha 5 anos na época...Eu amo eles, e amo a tia Lauren e meus primos, mas eu me sinto trocada Isaac e Barth....tipo homens. Ela é filha de um casal gay. Agora entendi, Ruby é diferente em vários aspectos. -Eu acho que não importa quem seja seus pais, e sim, quem estava lá para te proteger do medo e te ensinar a andar de bicicleta, entende? Ela assente calada. Fica um tempo olhando para o nada e me olha sorrindo. -Você não é o i****a que eu pensava ser....-Ela se vira e vai em direção as escadas -A propósito, gostei da tatuagem. Ela sobe as escadas. Como ela sabe que tenho uma tatuagem? Se minha mãe descobrir, ela me mata. Eu fiz uma tatuagem de âncora na minha barriga e todos os dias, aplico base em cima justamente para ninguém descobrir. Como ela soube que tenho uma? Subo as escadas rapidamente e a encontro com a mão na maçaneta. Ela me vê e tira a mão. -Como você sabe?-Pergunto. Ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e vem até mim. Levanta minha blusa e toca onde está minha tatuagem coberta de base. Depois levanta sua própria blusa e consigo ver. Apenas olhos de alguém que faz isso todos os dias podem distinguir uma tatuagem coberta com base. Sorrio para ela. Ruby coloca um dedo nos lábios indicando silêncio, entra no quarto e eu entro atrás dela.
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