Raphael
Estou terminando de me arrumar para a festa da mamãe, já imaginando meu encontro com a Bia, eu não sei o que ela tem, mas literalmente aquela mulher está mexendo demais comigo.
Pronto, pego as chaves do carro e minha carteira e quando vou saindo meu celular toca, olho e vejo o nome da Dani, atendo.
__ Fala maninha.
__ Oi Rafa, você ainda está em casa?
__ Já estou saindo, porque?
__ Graças a Deus, preciso que passe na casa da Bia para traze-la, o carro dela furou o pneu e ela não poderia vir, então eu pensei que você poderia dar uma carona a ela e a Luna.
__ Dani tem certeza?
__ Tenho, mas se você não quiser traze-la eu peço ao James ou Ryan para busca-lá. Porque você deveria as ter convidado mais não quis, então já que eu convidei eu vou fazer de tudo para elas virem.
__ Tudo bem Dani eu as levo, não precisa envolver o Ryan ou o James nisso, muito menos o Diego.
__ Eu sabia que podia contar com você maninho. Eu já vou avisar a ela que você vai passar lá, beijos e não esquece que eu te amo.
__ Eu também te amo.
Encerro a ligação e vejo que a Dani ficou absolutamente feliz com o pneu furado da Bia, sei bem o que ela esta tentando fazer. Abro a porta e saio entro na minha camionete e sigo até a casa da Bia, assim que estaciono em frente ao prédio dela saio para buscar minhas passageiras inesperadas eu fico pensando o quanto a Dani me perturbou por não ter me oferecido para levar a Bia e a Luna a festa.
O pior é que a Dani estava certa. Eu deveria ter a convidado e ainda me dispor a levá-las.
Mas eu não tinha feito isso porque não sabia se podia confiar em mim mesmo ao lado dela, tinha medo que a atração entre a gente pegasse fogo e nos queimasse. Chego e bato na porta e antes mesmo de tirar meus dedos da madeira a porta se abre.
__ Raphael!
A Luna fala já jogando seus braços ao meu redor.
Eu a abraço também, olhando para dentro do apartamento, quando a Bia aparece no canto... E naquele momento eu perdi completamente o fôlego. Ela parecia surpresa ao me ver.
__ Ah, oi! Não ouvi você bater. Obrigada por vir nos buscar tão em cima da hora.
Havia uma dúzia de coisas que eu poderia dizer, pelo menos umas cinco respostas que fariam sentido. E, mesmo sabendo que era melhor não fazer isto, tudo o que consegui dizer foi:
__ Você está linda.
E ela realmente estava. Tão linda que o meu coração não sabia se parava de bater dentro do peito ou se disparava descontroladamente.
Eu a observei tentando conter a surpresa diante do meu elogio inesperado.
__ Obrigada.
Ai, meu Deus. Aquele sorriso.
O sorriso dela mexia demais comigo do mesmo jeito que aconteceu no hospital. Eu já vi dela a determinação, as lágrimas e a gentileza forçada... Mas o sorriso doce e verdadeiro dela me tirava do sério toda vez. Senti a Luna me puxar pelo braço, eu m*l conseguia tirar os olhos da mãe dela
__ Você também está linda, garota.
__ Então, Raphael. Podemos ir?
__ Claro.
Saímos, ela tranca a porta e seguimos até a camionete e assim que entramos e nos acomodamos uma pequena falante e curiosa já iniciou suas perguntas.
__Quando você resolveu ser um bombeiro? Como é ter tantos irmãos e irmãs? Foi difícil virar bombeiro? Por que seu chapéu de bombeiro é vermelho?
A enxurrada de perguntas da Luna sentada no meio da cabine estendida deveria ser a maneira perfeita para tirar a minha atenção da Bia, vez ou outra durante a viagem para fora da cidade até a casa no subúrbio onde eu cresci, sobretudo quando a mulher sentada ao meu lado permanecia em silêncio quase absoluto.
Durante a viagem de quarenta minutos, porém, apesar do cheiro de dar água na boca da grande travessa do doce de chocolate que a Luna fez, eu estava muito ciente do cheiro suave da Bia, algo floral e fresco, em conjunto com suas curvas maravilhosas embaixo do vestido de veludo até o joelho e daquelas pernas bem torneadas que eu fui incapaz de não admirar enquanto as acompanhava do apartamento até a caminhonete.
Finalmente, quando parei diante da casa de minha mãe para que elas descessem, no momento em que fui até a calçada para abrir a porta da caminhonete, aspirei profundamente o ar frio e cortante.
__Vejo vocês duas lá dentro daqui a pouco, depois que estacionar.
Bia assentiu, mas não fez contato visual comigo, enquanto ajudava Luna a pular em meus braços.
Não levou mais do que cinco minutos para achar um lugar para estacionar a caminhonete e entrar na casa da mamãe, decorada com uma árvore de quase três metros de altura e ao som de canções natalinas. Mas como meus irmãos poderiam ter encontrado a Bia tão rápido?
James e Diego estavam cada um de um lado dela e, quando ela riu de algo que eles lhe disseram, ela ficou linda. Tão linda que me fazia sentir um nó no estômago cada vez que olhava para ela.
Eu mataria meus irmãos. Se eles ousassem colocar as mãos nela, seriam homens mortos.
E, então, quase em câmera lenta, eu vi o conhecido movimento de ataque do Diego, quando ele ergueu o braço para tirar uma mecha de cabelo dos olhos dela.
Eu estava a meio caminho da sala, com os punhos cerrados, quando minha mãe me parou com um abraço.
__Querido, fico feliz por finalmente ter chegado. E estou tão feliz por ter trazido a Bia e a Luna com você. Elas são adoráveis. Absolutamente adoráveis.
Eu tentei fazer minha pressão sanguínea voltar ao normal. Eu não tinha nenhum direito sobre a Bia. Talvez a Dani tivesse razão. Talvez alguém como a Bia fosse exatamente o que um i****a como o Diego precisasse para enxergar e mudar seu jeito de ser.
Mas só de pensar nisso o meu sangue já ficava mais quente.
O olhar da mamãe sobre mim, me fez apenas responder.
__Parece que vamos ter outra festa maravilhosa, mãe.
__Contanto que todos vocês estejam aqui, estou feliz.
A mamae olha em direção a risada de Bia e me fez olhar de volta para ela, apesar de todos os meus esforços para olhar para outro lugar. Eu estava entre querer receber uma chamada de emergência e fugir da tentação e não querer parar de olhar para ela nunca mais.
A julgar pelo modo que o Diego estava prestando atenção em cada palavra dela, podia dizer que meu irmão estava se sentindo da mesma forma.
__ A Bia me falou a coisa mais meiga quando nos conhecemos.
As mãos da mamãe sobre o meu braço me fizeram voltar a atenção para ela.
__ Ela me agradeceu por criar um homem tão maravilhoso, que fez tanta diferença na vida dela.Quase comecei a chorar lá mesmo na cozinha, pensando no que poderia ter acontecido a ela e à filha se você não estivesse lá.
Eu sabia que era melhor não pensar na cena, no que teria sido se eu não tivesse chegado a tempo.
Em vez disso, disse a mim mesmo que estava feliz pela lembrança do que éramos um para o outro.
A Bia era a mulher a quem eu havia salvado. Na única vez em que tinha cometido o erro de me envolver com uma vítima de incêndio a quem eu tinha salvo, as coisas tinham dado muito errado. Depois de todos estes anos, ainda m*l podia acreditar no que a Gabi fez comigo quando eu terminei com ela, que ela...
__ Rafa, querido, você está bem?
Diante da mão da mamãe sobre o meu braço e da pergunta tenra, porém preocupada, eu enterrei a memória de volta. Ainda assim, precisava fazer a mamãe entender que a Bia não era diferente de nenhuma outra vítima de incêndio, que não havia nada de especial entre eles.
__Ela ainda está processando o que aconteceu. É perfeitamente normal.
__ Acho que sim. Mas não esperava que viesse se desculpar comigo.
__ Ela se desculpou?
__ Ela sente-se responsável por você ter se machucado. Disse que, se tivesse andado mais rápido, se tivesse conseguido se controlar mais, você não estaria onde estava quando a viga caiu.
__ Isso é bobagem.
Eu não percebi que tinha me expressado em voz alta até a mamãe me olhar com as sobrancelhas levantadas, mas não podia suportar a ideia da Bia se culpar, de alguma forma, por qualquer coisa que tivesse acontecido.
__Ela foi incrivelmente forte. Deveria ter ficado inconsciente muito antes, mas estava lutando pela vida da filha.
__Dani está muito feliz por terem contato de novo. Espero vê-la mais vezes.
Só o Diego sabia que eu não saía mais com vítimas de incêndio e a razão disso. E, provavelmente, foi por esse motivo que ele pensou não haver problemas em investir na Bia, pois ele sabia que estar com ela quebraria uma das minhas regras mais rígidas e seguras.
__ O que gostaria de beber, querido?
Nossa! Como eu precisava de alguma coisa para relaxar. O problema era que, mesmo não sendo meu turno oficial, o batalhão estava com falta de pessoal durante as festas, e ele concordara em está na lista de plantão. Isso significava que não poderia beber naquela noite.
__ Pode ir entreter seus convidados, mãe. Eu providenciarei minha bebida.
__ OK, meu filho.Se não se incomodar em acender o fogo do braseiro, eu agradeceria muito.
Qualquer um de meus irmãos poderia ter acendido o fogo para ela, mas eu sabia que a mamãe gostava que eu o fizesse porque, com razão, ela presumia que eu seria mais cuidadoso do que os outros com relação à segurança.
__ Sem problemas.
Ela me beijou no rosto e voltou para junto de um grupo de velhos amigos. Contudo, em vez de seguir para o bar para tomar um refrigerante, eu fiz uma linha reta em direção à mulher de quem planejei ficar longe a noite toda, mas do jeito que está indo não vou consegui.