Baco
Levantei cheio de ódio. Na moral, vagabundo, nem consegui dormir. Toda hora alguém tenta tomar meu morro, como se eu fosse algum o.tário pra abrir as pernas para eles. Meu pai também está apertando a minha mente com as coisas do morro, como se eu não soubesse o que faço. Ele acha que eu ainda sou criança e que preciso da ajuda dele para me virar, mas eu não preciso.
Levantei, coloquei um short de jogar futebol, vesti o colete e saí correndo morro abaixo pra ver quem está entrando nesse c.aralho. Tá parecendo até puteiro; todo dia tem uma pu.ta nova tentando entrar, mas é aquilo, né? Quem eu não quero comer, eu coloco pra fora na hora.
Baco: Quem tá entrando nessa p.orra de novo?
- É o Marreta, chefe. Ele botou a cara mais uma vez.
Baco: Ele tá querendo me dar e não tá sabendo pedir, porque, na moral, já é a terceira vez essa semana. Até parece que eu vou arregar pra ele. Tá na hora de mandar ele pra Marte.
- Vamos pra cima, chefe.
Peguei meu fuzil, atravessei-o nas costas, peguei duas Glocks, uma granada e desci.
Rádio:
- Eles conseguiram passar da barreira, chefe. Fude.u.
Baco:Melhor Encurralar eles no beco da Nove e vamos matar geral lá, longe das casas. Não quero os moradores apertando a minha mente depois e não quero meu pai aqui de neurose do meu lado, não.
- Suave, chefe.
Fui correndo para o beco da Nove e meu sub já estava lá, assim que eu gosto: eficiente.
Pão: Eles ainda não brotaram, não?
Baco: Calma, eles vão brotar. Eles são um bando de c.uzões. Acha mesmo que eles vão dar pra trás?
Pão: Vão nada, eles tão nessa há semana toda.
Baco: Vagabundo acha que vai tomar o Lins de mim só porque meu coroa se aposentou. Acho que eles não sabem que eu sou o demônio em forma de homem.
Pão: E o papo que ele te deu da mina que tu vai casar?
Baco: Ele tá doidão, deve estar usando maconha estragada. Já falei pra ele que não vou casar com ninguém, ainda mais com uma mina mandada que eu só vi duas vezes na vida.
Pão: Tu tá ligado que ele vai comer tua mente, né?
Baco: Deixa comer, pô. Eu só sei que casar eu não vou.
Os caras aparecem e nós começamos a trocar com eles freneticamente. O pior é que o p.au no cu não estava, pelo visto, ele fugiu e deixou vapores para morrer. Além disso, eles têm um chefe de merd.a.
Fomos matando todos até a invasão acabar. Uma a menos, amanhã tem mais.
Baco: Limpem essa bagunça agora – falei e fui subindo o morro.
Pão: Tá de bom humor hoje? A noite foi r.uim.
Baco: Maravilhosa! Duas bocas no meu p.au, tá maluco? Fui ao céu e depois mandei as duas sumirem porque eu não quero a******a com put.a, tá maluco? Depois eu sou obrigado a matar, dá maior trabalho e eu ainda gasto pneu à toa.
Pão: Tu é muito comédia, papo reto.
Baco: Eu? P.orra, eu tô pagando pra comer e elas acham que podem me surtar. Tô fora, paciência zero, mano.
Pão: Quero ver o que tu vai fazer com a mina. Qual é o nome dela mesmo?
Baco: Nala.
Pão: A mina saiu do Rei Leão.
Baco: Coé, cara! A mina é até bonitinha, dá pra comer no escuro, mas casar? Nunca! Vagabundo não se aposenta, e meu coroa tá ligado nisso. Ele viveu na p.utaria até o fim e agora acha que eu vou me endireitar? Nunca!
Pão: Casar não é tão r**m assim.
Baco: Né? Não deve ser. O inferno! Tu já viu um homem casado feliz? Já viu homem casado em bar até meia-noite sem dar problema?
Pão: Não.
Baco: Tu não vê porque mulher é o demônio. Se o cara esquecer da hora conversando, elas já vêm se balançando igual a cobra quando deu a maçã para Eva. E quando tu vê, elas quebram teu carro, tua moto e acabam com a tua vida. E o pior é que no outro dia elas agem como se nada tivesse acontecido. Você já viu isso? A pessoa surta, te bate, grita e depois age como se nada tivesse acontecido. Tá maluco? Depois que o Grilo casou, foi só ladeira abaixo. Ele nunca mais conseguiu jogar futebol. Quero isso pra mim? Não! Meu pai que vá com o demônio que ele arrumou pra mim de volta para o inferno.
Pão: Tu não vai dobrar teu coroa.
Baco: Então ela vai ser corn.a e infeliz, porque ela vai ter que ser fiel a mim, querendo ou não. Eu que não vou pagar de corno pro morro todo, tá ligado?
Pão: Teu pai já falou que eu vou ser teu padrinho. Disse que me quer na beca no dia. Terno é o c.aralho, tô animadão!
Baco: Se eu não conseguir fugir, disse que se eu for obrigado a casar, eu já passei a visão pra ela que quero que ela me deixe em paz, que eu vou comer e que quero ela no amor.
Pão: Torce pra ela não ser que nem uma leoa.
Baco: Se for, vai virar gatinha nas minhas mãos.
Pão: Tô curiosa pra conhecer a escolhida do teu coroa. Pô, a mina deve ser da hora, tá maluco!
Baco: Casa no meu lugar, pô! Tá animado? Vai pra forca, tu? Eu tô suave, solteiro.
Pão: Eu tô animado porque eu vou casar um amigo, mas eu não quero me casar, tá maluco? Ainda nem encontrei a minha dona encrenca, e tu quer que eu me meta com a tua? Cada um com os seus problemas, irmão.
Baco: Na minha vez, a Xuxa é rosa mesmo.
Pão: Hahaha, pode ser que seja mesmo.
Chegamos na boca e eu fui para a minha sala e fiquei pensando nessa merd.a de acordo que o meu pai fez. Por isso que ele ficou mandando dinheiro pra família dela durante todos esses anos. A mina deve ser maior interesseira; se não fosse eu, duvido que ia topar casar com um cara que ela não conhece.
Bom, eu me chamo Bruno Henrique, mas me chamem pelo vulgo, se possível, gemendo do jeitinho que o pai gosta. Eu tenho 25 anos e sou dono do Complexo do Lins. Assumi porque meu coroa quis se aposentar; estava cansado da vida de traficante procurado. Então, eu assumi há alguns anos. No começo, estava tudo lindo, até ele falar que eu precisava de uma mulher para me ajudar na gestão do morro e para eu me acalmar. Agora, tu vê, mano, uma mulher pra me acalmar, sendo que eu posso ter várias mamando ao mesmo tempo.
Bom, foi aí que ele me contou do acordo que tinha feito com um dos vapores dele. Disse que estava preparando a filha do cara pra mim. Durante todos esses anos, eu fiquei rindo; pensei que era caô, mas não. Ele me mostrou a foto da mina, nome e vários bagulhos, e me informou que eu ia me casar, bagulho de igreja e tudo. Tá maluco! Ele não disse o dia, só disse que eu vou. Deus me livre de fofoca! Parece maluco arrumando confusão pra minha vida, que eu não quero.
Eu já estava tranquilo quando o meu rádio tocou. Respirei fundo antes de pegá-lo na mão. Sei que é caô, só não sei qual é ainda.
Rádio
Baco: Fala.
- Teu coroa falou que tá subindo, disse que vai na boca e nem deu tempo de te ligar porque ele saiu passando e disse que quem ficasse na frente dele ia ser arrastado para cima. Queria meter o carro na cara e depois era só enterrar. Poxa, chefe, não tinha nem como a gente fazer nada, tá ligado? Sabe como o teu coroa é.
Baco: Suave.
Rádio off.
Era só o que me faltava. Depois de uma invasão, ele brotar assim do nada. Já vi que é merda, mas vou tentar ficar suave. Meu pai é do tipo de cara que não adianta bater de frente, tá ligado? Ele só escuta o que ele quer, na hora que ele quer. A única que conseguiu bater de frente com ele foi a minha madrasta, a mulher que ele tá atualmente, tá ligado? Porque minha coroa morreu e aí ele ficou um tempão na p*****a até conhecer ela. A mina é firmeza, eu me amarro nela. Ela não é novinha não, tá ligado? Ela já era coroa, um pouco mais nova do que ele.
Saí dos meus pensamentos com ele entrando na minha sala. Ele me olhou sério e sentou.
Baco: O que devo à honra da tua visita?
Mestre: Se liga, teu casamento vai ser amanhã à tarde. No finalzinho dela, para ser mais preciso, vou mandar entregar teu terno aqui.
Baco: Tá maluco? Do nada tu vem com esse papo torto.
Mestre: Eu vim aqui te comunicar. Amanhã eu venho te buscar à tarde e esteja pronto. Se eu tiver que te enfiar dentro de um terno e te arrastar, eu vou sair daqui do morro até a igreja te batendo.
Baco: Eu não quero me casar e eu deixei isso bem claro.
Mestre: Suave, vou arrumar outro chefe para o meu morro porque você não tem postura nenhuma. Só quer ficar correndo atrás de p.uta por aí. Acha mesmo que eu posso confiar o Lins a você?
Baco: Engraçado que na tua vez ninguém te obrigou a casar.
Mestre: Na minha vez, meu pai já tinha morrido. Até amanhã – ele falou, saindo, e eu fiquei boladão. Isso não vai ser tão fácil assim.
Mestre
Vocês devem estar se perguntando por que eu arrumei uma noiva para o meu filho, e eu vou responder tranquilamente: porque ele vive na p*****a, correndo atrás de mulher e está fora do limite. É claro que quando eu fiz esse acordo com o meu vapor, eu não imaginava que fosse acontecer. No começo era uma brincadeira, mas agora, com o meu filho grande, eu vejo que é necessário. A menina é linda e, com o gênio r**m que ela tem, eu tenho certeza que ele vai se acertar. Marquei o casamento para amanhã, que é o aniversário de 19 anos dela. Esse foi o prazo que eu dei para o pai dela. Queria que ela estudasse, tá ligado, e fizesse as coisas dela com calma antes de se juntar ao Baco.
Sheila: E aí, como ele reagiu? – ela falou quando eu entrei no carro.
Mestre: m*l, mas ele não tem escolha. Você sabe que eu estou fazendo isso para o bem dele, né?
Sheila: Eu espero que ele trate essa menina bem porque ele mudou muito nos últimos anos e isso me deixa assustada.
Mestre: Ele vai, só precisa se acostumar. Agora vamos, temos um casamento para terminar de organizar.