CAPÍTULO 05

1113 Words
Uma aflição toma conta de mim, algo que cresce a cada instante, me obrigando a abrir os olhos, não sei onde estou, não é meu quarto, acaricio meu braço esquerdo com a mão direita, na intenção de me consolar e afastar o medo que percorre meu coração e minha mente. Estou em um quarto, as paredes são feitas de tijolos pequenos e escuros, tem uma cama de solteiro, uma cômoda velha e uma janela redonda com grades, sinto frio. “Será que sou prisioneira?” me pergunto me colocando na ponta dos pés, tentando alcançar a janela, mas falhando, porque sou pequena “Prisioneira de quem?” me pergunto enquanto meus olhos percorrem meu corpo e vejo que uso uma camisola rosa, estou sem espartilho e qualquer outra vestimenta por baixo, sinto o rosto corar, meu corpo está livre e não sei quem me deixou assim. Puxo a pesada cama de ferro, até ficar embaixo da janela, subo imediatamente, “Que bizarro” olho para baixo e vejo um brande abismo, tão sedutor, não entendo o que sinto. Estou paralisada, esse abismo não é estranho, na verdade, é bem parecido com os olhos do Lorde Robert, o cheiro maravilhoso dele preenche o lugar. Uma guerra começa a ser travada em minha mente contra meu corpo. Que corpo grita desesperado por Lorde Robert, nunca vivi nada tão intenso, mas minha mente o repudia, não consigo gostar de alguém que compra escravas sexuais, que se deitou com outras mulheres. Sinto muita raiva, tanta que sou tomada de desespero, porque a presença do Lorde fica cada vez mais forte, sei que está em algum lugar, perto de mim. Ouço um barulho de correntes e cadeados, olho em direção ao som e percebo que estou em uma cela, o Lorde entra, ele usa a mesma roupa de mais cedo, tranca novamente a cela, ficando ao lado de dentro. Uma confusão se inicia em minha mente e corpo, mas dou voz a razão, que me faz o detestar. Ele segue sério em minha direção, enquanto amedrontada, dou passos largos para trás, seu olhar escuro está firme, ele está com os lábios serrados e não consigo descobrir se o que sente é atração ou raiva. Meu corpo encosta na parede, não tenho para onde ir, ele começa fechar o pouco espaço que há entre nós, não sei o que faço, nem o que digo. “Beije-o querida” ouço a prostituta dizer com a voz suave, do lado de fora da sala. Em instantes fêmeas de diversas espécies se reúnem ao lado dela, de fora da cela, o barulho dos gritos é enlouquecedor e a quantidade de odores fazem minha cabeça doer, enquanto meu coração rasga meu peito com medo, sou tomada de uma grande vertigem, não resistindo e vomitando em cima do Lorde Robert, que dá um passo para trás com raiva e em seguida estende a mão para bater em meu rosto, desperto antes que sua mão me toque. “Achei que teria que jogar água” disse uma das filhas de Bia, me acordando do pesadelo. “Ela está muito suada” a outra comenta enquanto passa uma esponja amarela imensa, com água em meu corpo “Será que está morrendo? Estava gritando tanto!” “Devia estar tendo um pesadelo, mamãe disse que ela é uma criatura horrenda, não é uma dama como nós, deve ser horrível ser desprezada” as duas riram debochando de mim. Finjo uma tosse para terem certeza de que estou acordada e não morta, meu corpo está tão relaxado que tenho dificuldades de me sentar, ainda sinto muito sono. “Nos ajude” a mais velha ordena, tentando me colocar de pé, “ele está te esperando”. “Quem?” pergunto com a voz grogue, ficando em pé com o apoio da cabeceira da cama, pensando que talvez um parente tenha aparecido. “Ainda não está pronta?” pergunta Bia com raiva abrindo a porta do quarto com violência, “Nossa ela está mais feia do que costuma ser, o calmante deve estar fazendo efeito. Ela vem ao nosso encontro e me segura enquanto as outras duas colocam o vestido de baixo e em seguida o espartilho, me deixando quase sem ar, depois me sentam na cama e se mantém segurando para que não caia. Bia traz uma jarra de água gelada, abaixa minha cabeça e sem piedade a despeja, me fazendo despertar imediatamente. “Parece que seu show serviu para alguma coisa” ela diz jogando a toalha em meu rosto “Lorde Robert está oferecendo o dobro por você, enfim sua tentativa banal de fugir trouxe benefícios, estávamos falindo e graças a sua burrice estamos ricas” ela deu uma gargalhada, vindo em minha direção e secado meus cabelos, não sei se saboreava sua vitória ou minha derrota. “Como?” pergunto com uma voz embargada de medo, enquanto sinto uma dor imensa perfurar meu coração como uma flecha “Como assim estou sendo vendida?” me pergunto tendo que engolir a seco o olhar vitorioso das três, que ignoram minha pergunta e continuam me arrumando. Elas ignoram o olhar triste e amedrontado que emito, fingem não ver as poucas lágrimas que escorrem por meu rosto, não se importam comigo. Sinto como se um imenso buraco estivesse aberto em meu coração e estivesse me engolindo totalmente para dentro. Tento me mover com firmeza, mas o corpo não responde, o que significa que não tenho como escapar, não posso fazer nada sobre minha vida. A tristeza cresce a cada segundo, ela toma meu coração, meu raciocino e agora meu corpo, as lágrimas que caem são tão amargas que no lugar de aliviar o que sinto, criam uma dor maior. Não quero se concubina de ninguém, não é esse o sentindo de minha vida. Uma confusão de sentimentos me envolve, sinto dor pelo presente e dor pelo passado, “Se mamãe estivesse aqui” digo a mim mesma “nenhuma dessas coisas estaria acontecendo, a vida não seria tão dura e c***l". Lembro do Lorde, um homem atraente e frio, ele deveria ter mais de trinta e eu apenas dezoito. O medo voltar a me perseguir quando lembro que nunca beijei ninguém, que sou virgem e que não foi dessa forma que sonhei em ter meu primeiro homem. Nunca esperei um príncipe, mas sonhei diversas vezes com o cortejo, a paixão, as caminhadas pelo jardim, os planos juntos e o cultivo do amor, que deveria crescer multou, dia após dia. Mas agora, os sonhos foram despedaçados pela realidade. Não sei o que me espera e tenho medo disso, medo da vida que as circunstâncias me obrigam a viver.
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