CAPÍTULO 17

1170 Words
Vejo Talinara entrar no jardim, e escondo as lágrimas que escorrem meu rosto, tentando forçar um sorriso e mostrar que sou forte, mas acho que não a convenço. “O que ele te fez?” Talinara pergunta se aproximando examinando meu queixo, mostrando que estava vermelho. “Nada” respondo limpando o rosto com as mãos tremulas “Esse lugar é maravilhoso” tento disfarçar. “Obrigada por me tirar das garras da senhorita Aline mais cedo, ela é c***l, me humilha a todo instante, me deixa triste. Era minha ama antes de você, estou feliz de estar ao seu lado” ela me abraça e desabo, depois se afasta “Mas não faça mais isso, te disse que ela é uma bruxa, é perigosa e ele é louco por ela”. Pego na mão dela agradecida pela preocupação, não acredito em magia, e os olhos do lorde, deixaram claro que não era louco por Aline, o que de fato, a deixava triste. “Tudo bem, me mostro o restante do lugar, estabeleça meus limites e depois te ensinarei a ler.” Talinara consente com a cabeça e as duas começam a dar a volta no jardim, o lugar tem um odor maravilho e acolhedor, parece que afasta a confusão que tenho em minha mente e meu corpo. Passamos pelo jardim, depois pela mansão, Talinara me levou a parte da frente da casa, era um lugar tranquilo e verde, sentamo-nos em uma praça, ouvíamos o cantar dos pássaros e o barulho das fontes, começo a falar sobre as letras para ela, sendo muito divertido, mas minha mente só pensa no lorde e em mais ninguém. “Talinara, você já esteve com um homem?” pergunto curiosa, percebendo que ela fica vermelha. “O que foi?” pergunto depois de uma longa demora “Nos romances que li, se apaixonar parece algo maravilhoso, vi hoje de manhã uma troca de olhares com um rapaz a mesa, o que foi aquilo?”. “Não sei se devo” ela reluta respirando fundo. “Será segredo”, a certifico “Além de você não falo com ninguém”. Debocho e sorrio. “Está bem” ela concorda revirando os olhos “Aquele rapaz é o Peter, ele me corteja, está juntando dinheiro para comprar minha liberdade, para se casar”. “Que coisa maravilhosa” respondo fascinada. “Sim, quando o vejo é como se a alegria adormecida em mim despertasse de tal maneira, que tudo fica lindo, ele é apaixonante, é vibrante sua presença”. “Mas vocês avançaram?” pergunto interessada em sua virgindade. “Não posso me entregar antes do casamento, minha mãe diz que os homens não assumem, mas procuro o deixar animado, para continuar lutando por minha liberdade”. “Animado como?”. “Deixo-o tocar algumas partes, como os s***s, com as mãos e às vezes a boca” ela cora e vira o rosto tentando disfarçar, mas não consegue “Ele me beija nos s***s, e deixo tocar com as mãos algumas partes da minha i********e, é bom para ele e confesso que também gosto”. “Você o toca?” me aproximo curiosa?” “Ava” ela está tão envergonhada que responde à pergunta com sua feição. “Coloca a boca nele?”. “Sim, é gostoso”. “Li que é maravilhoso para o homem”. “Para nós também, eles ficam empolgados, é ótimo”. Talinara ficava cada vez mais confortável e a vontade contando sua experiência com o jovem Peter, os dois estavam juntos há dois anos, pareciam felizes. Os olhos dela brilhavam quando falava dele, várias vezes sorria e muitas suspiravas. Começo a pensar que as narrações de amor que li em vários livros, ganham vida através dos gestos delas, deve ser maravilhoso se apaixonar e se envolver aos poucos, sempre deixando um motivo para voltar, infelizmente não terei essa oportunidade, o amor não baterá em minha porta. “Vamos” ela levanta-se “tenho que te alimentar novamente, tem que descansar?” “Por que se não estou cansada?” pergunto querendo me negar “O dia está lindo”. “Porque o lorde pediu que cuidasse de você”. “Gostaria de desenhar esse lugar, é tão lindo, poderia pegar meu caderno, não acha?”. “Podemos voltar a tarde e você desenha”. “Está bem” respondo e a sigo novamente ao quarto, prestando atenção em cada curva, criando rotas de fuga, se Talinara me trouxer todo dia, conseguirei descobrir quais os lugares mais movimentados. Ela me deixa no quarto e vai em busca de algo para comer, aproveito o momento para medir a altura da varanda do meu quarto, acredito que tem três metros, que se encontrar um lugar seguro para amarrar uns lenções, posso fugir em segurança. Continuo observando o lugar, imagino que a pessoa responsável por toda aquela decoração tenha uma alma sensível, pois realmente é um lugar muito bonito, os escravos que passam de um lado para os outro, parecem estar felizes, não estão enfadados com o serviço, nem demonstram revolta em seus rostos. Os filhos dos escravos brincam, entre as árvores parecem serem livre, o ambiente é leve. Me pergunto se tivesse sido comprada para outra categoria, se teria essa oportunidade de ser feliz, de viver a prisão levemente. Sento-me com o caderno e começo a registrar a vida pela janela, sorrindo feliz, me perdendo em meus pensamentos ao lembrar das palavras do Lorde. “O que será que quis dizer com pedir? Uma dama não o faria”. Lembro que estivemos bem perto, e que o perfume dele invadiu minhas narinas, o lorde tem um cheiro de limpo, ótimo e atraente, me arrepio ao pensar nas mãos grandes dele, os dedos cumpridos e fortes pressionando meu queixo, me recuso a acreditar que me sinto envolvida com esses pensamentos, que geram em mim, uma curiosidade, de saber como é ser tocada, a ideia de mãos me arrepiam, mas ter o corpo sendo beijado, parece maravilhoso, me contenho quando a porta abre. Talinara entra e me serve, chá com bolo de fubá e ervas, dessa vez ela tomou o cuidado de trazer uma porção pequena, sorrio agradecida e começo a mostrar as formas das letras para ela, que feliz, consegue entender rapidamente e até deferir alguns sons, me impressionando. “Porque acha que o lorde quer que eu coma tanto?” pergunto curiosa, “ele já pediu isso para as outras?". “Não que me lembre, ele te olha diferente, ficou louco com sua tentativa de fuga, acho que seu caráter e coragem movem o coração dele”. “Ou o corpo” respondo sem pensar. “Ele não é uma pessoa r**m, não é feio, por que não dá uma chance? Assim talvez seja menos doloroso para sua alma”. Não respondo, desvio o olhar para fora, pensando nas palavras dela.
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