Lua: Você vai me explicar, tentar justificar ou eu posso pedir pra você assinar sua demissão?
Júlia: Eu quis tentar pra aprender, queria ver como funcionava.
Lua: Marcos, espera ali fora que eu já vou te chamar. - Pedi e esperei ele sair da sala. - Quando for pra você aprender alguma coisa, eu vou colocar alguém pra te treinar. Dinheiro e mercadoria não é brinquedo. - Pausa - Toda a sua "venda" foi prejuízo pra gente, além do tempo, do dinheiro perdido também tem a imagem da loja!
Julia: Eu sei, desculpa.
Lua: Desculpo, claro que desculpo. Mas o dinheiro vai ser descontado do seu salário! Qualquer dia desses eu coloco alguém pra te treinar no caixa, você precisa lembrar que é uma das áreas que você precisa ter mais atenção. Não dá pra fazer conversando, paquerando, olhando o celular e nem nada.
Achei que ele fosse debater em alguma coisa, porque tentou falar enquanto eu falava. Mas no final só escutou tudo e concordou.
Lua: Obrigada Julia, pode ir embora que o seu horário já passou um pouquinho. - Falei séria - Chama o Marcos quando você sair por favor.
Não demorou nada pro Marcos entrar e quando ele encostou a porta eu sentei.
Lua: E aí Marcos, como você deixa ela assumir sua função assim?
Marcos: Pô Lua, você conhece a Júlia né? Ela tava de flerte com o cliente, por isso queria atender ele. Foi entrando no caixa e não tinha como eu bater boca com ela na frente do cara né? Desculpa mesmo.
Lua: Quando for assim pode falar que ela não vai atender, não deixa, se ela entrar na sua frente você entra na frente dela, chama o cliente pra perto de você. Porque ela também não vai bater boca, então da a última palavra.
Marcos: Beleza pô, desculpa mesmo.
Lua: Pode voltar pra lá, obrigada!
Esperei uns minutinhos e fui lá pra frente da loja.
(...)
Acabou que no final fui almoçar super tarde. Comi com o João como o combinado e depois voltamos juntos pra loja.
O dia foi todo naquela mesma coisa e sem mais nenhum imprevisto.
João: Tu vai querer ir em casa primeiro? - Me perguntou assim que eu fechei a loja.
Lua: Vou, preciso tomar banho e trocar de roupa né?
João: Te deixo lá na sua casa então, vou me trocar e te busco.
Fomos conversando o caminho todo, mas dessa vez foi mais sobre a loja e os novos produtos.
João: Quando tu estiver pronta me avisa, que eu venho.
Lua: Beleza, mas não demora muito lá porque eu vou me arrumar rapidinho.
Desci do carro e a primeira pessoa que eu vi foi o Índio.
Ele estava de costas pra mim e conversando com uns dois caras, do ladinho da minha casa.
Passei sem falar com ninguém e não por falta de educação, mas porque eu estava com pressa mesmo.
Entrei em casa rapidinho, tomei banho, arrumei meu cabelo, coloquei um vestidinho e um saltinho baixo, mas super delicadinho, nem parecia que era meu. Antes de fazer a maquiagem avisei o João que ele já podia sair de casa.
Quando terminei escovei meus dentes e sai de casa. Ele disse que já estava chegando, então achei melhor ir descendo a rua pra ele não precisar subir tudo isso.
Fiquei uns minutos parada esperando o João, mas antes dele chegar o Índio me viu e fez questão de dar ré no carro pra falar comigo.
Índio: E aí, ta de boa? te vi mais cedo mas nem consegui falar contigo.
Lua: Tô ótima! Eu te vi também, mas você parecia estar meio irritado, então não falei não. - menti né? quem tem boca fala o que quer mesmo.
Índio: Que nada pô, estava só perguntando como ta as coisas por aqui. Fiquei sabendo até que arranjei mulher bêbada por aí. - Falou olhando pro outro lado e depois me encarou.
Fiquei toda sem graça né? que ódio desse macho!
Lua: Sério? - fiz a sonsa e ele riu e balançou a cabeça.
Índio: Tu é maluca pô, como sai falando essas coisas por ai?
Lua: ué, não falei nada não. - Ele cruzou os braços - não mesmo! Eu estava voltando pra casa com os meus amigos e uns caras queriam assaltar a gente, meus amigos que falaram isso aí e eu só entendi depois, ainda falei que eles deveriam ter falado isso.
Índio: Ia ser assaltada onde? que papo é esse?
Lua: aqui perto mesmo, uns cinco passos pra lá.
Índio: Bando de filho da p**a. - Xingou baixo - vai sair? - me olhou toda e eu concordei.
Não deu nem tempo de falar porque o João chegou.
Lua: Chegou, tô indo! - Avisei e sorri antes de ir até o carro do João.
João: Estava querendo me abandonar já?
Lua: Hoje a multa é só sua, fica tranquilo. - debochei e ele riu.
João: Quem não conhece acha até que é brincadeira, mas sair contigo é isso mesmo.
Fazer o que né n**o? quer minha companhia pós dia doido de trabalho e eu ainda vou poupar? precisa me agradar um pouquinho mesmo.
Só ri porque a resposta ficou ali só pra mim na minha cabeça.
Lua: Onde a gente vai?
João: No restaurante que você gostava de ir antes, lembra?
Lua: Aquele da lula maravilhosa?
João: Esse mesmo.
Não posso reclamar né? desde a segunda vez que saímos ele já tinha reparado em tudo que eu mostrava gostar e fazia com gosto. Era até bonito de ver.
O João é aquele cara BEM cafa quando tá solteiro, mas se começa a gostar é um fofo, eu acho uma graça. Mas meu lado vagabunda não deixa eu me entregar né?
Ele merece muito uma mulher f**a com ele, mas só arranjou umas doidas, uma mais doida que todas inclusive, chegava a dar medo dos surtos dela. Acreditem ou não, mas até exigir que ele me demitisse ela tentou.
João: Hoje eu lembrei da primeira vez que a gente foi lá. - me olhou de lado e sorriu.
Lua: Foi incrível. - Ri - Mas você não valia um centavo, me deu cada papo, que só por Deus.
João: Tu também não valia muita coisa não pô, pode nem falar nada de mim.