Prólogo
Muitos anos antes...
— Pietra! — Ouço a voz do meu pai andando pelos corredores da nossa casa. — Pietra!
— Aqui, papai. — Grito.
E então, ele aparece na porta do meu quarto. Meu pai abre um enorme sorriso ao me ver. Corro e me jogo em seus braços.
— Minha princesa. — Ele beija meus cabelos. — Eu senti saudades.
— Eu sei, bobinho. — Brinco, tocando seu nariz.
— Me conta, como está indo na escola? — Pergunta, me levando até a penteadeira e me colocando sentada na cadeira.
Meu pai puxa um banco muito menor que ele e se senta atrás de mim. Sua mão parece muito maior — e ela é — que eu quando ele pega a escova e começa a pentear meus cabelos.
— Está tudo bem, você sabia que eu tenho um quarto só para mim? — Eu o encaro pelo espelho.
— Você merece o melhor, meu amor. — Ele murmura, concentrado em tirar alguns nós dos meus cabelos.
— Você sempre diz isso. — Rio.
Ele me gira na cadeira e me faz encara-lo, me olhando bem no fundo dos olhos.
— Pietra, amor... — ele murmura. — Você é o maior tesouro que eu conquistei no mundo e céus, eu não sei o que eu faria se eu não tivesse você. — Ele parece um pouco emocionado. — Você merece o melhor, minha princesa, e somente o melhor, entendeu?
Assinto, sentindo todo o amor que meu pai emanava.
— Eu te amo, meu amor. — Ele me puxa para os seus braços. — Indepente de tudo, independente do mundo inteiro, mataria e morreria por você.
— Eu te amo mais. — Eu digo, agarrada ao seu pescoço.
— Eu te amo daqui até o infinito. — Ele murmura.
— Eu te amo daqui até o infinito, indo e voltando infinitas vezes. — Digo, rindo.
— Uau, quanto amor. — Ele gargalha. — Será que eu mereço tanto amor assim?
E sim, meu pai merecia. Ele merecia todo o amor do mundo. O único homem da face da terra que merecia todo o meu amor, dedicação e afeto.
Mas, agora eu estava aqui, o encarando nessa praia, vendo ele tendo uma nova vida, com a sua nova família e seu novo filho.
Será que ele se lembra de mim? Será que ele me aceitaria de volta?
— Eu avisei, meu amor. — Minha vó segura em meus braços. — Ele não se importa com você. Ele está feliz.
— Eu não acho, eu... — gaguejo, sentindo as lágrimas se enchendo em meus olhos. — Eu sinto tanto...
— Pietra, vamos embora. — Ela diz, firme. — Olhe para mim...
Eu me viro para ela, sentindo-me extremamente magoada.
— Eu sou a única pessoa que ama você, entendeu? — Ela diz, dura. — Eu sou a única que se importa com você. Eu sou a única que irá cuidar de você.
Eu apenas assinto, mesmo sentindo que não era verdade. Meu pai me amava, eu me lembro bem... porque ela me arrancou dele dessa maneira? Eu preciso descobrir e logo.