Melissa
Era complicado, mas como havia retornado não devia ficar tão excessivamente ciumenta. Contudo achei melhor ficar um tempo sozinha, afinal, isso tudo precisava ser rapidamente assimilado pelo meu Rafael.
E eu preciso lidar que a sua vida prosseguiu sem mim mesmo sendo difícil aceitar o óbvio.
Durante o trajeto andava pensativa, sem me importar se estaria sendo seguida por um bandido ou assassino, até porque nenhum ser humano seria capaz de encostar o dedo nesse maravilhoso corpo remodelado. Forjado, unicamente para recuperar a vida amorosa, da qual o destino fazia a gentileza monstruosa de arrancar de nós.
Dessa vez será diferente, temos chance. E se continuar sendo alvo do barqueiro, e quem esteja por trás dele, dando-lhe ordens, para me deter e levar de volta, posso ficar tranquila. Porque sei que nem a tropa celestial inteira será capaz de derrotar os planos da Melissa.
Sentia pares de olhos masculinos sobre as silhuetas generosas do meu corpo, contudo, nada disso tinha valor. Esses bestas não sabem o que significa amar incondicionalmente, e se me tocarem sentirão a minha ira.
Depois de caminhar vários quilômetros cheguei na casa alugada, reparando de imediato a presença de alguém lá dentro.
Será que era o meu amado professor?
Estranho... O cheiro masculino era dele, mais...
Deixei de tanto pensar, olhei para os lados e entrei sem usar as chaves. Apenas manipulando o poder da mente.
Quando passei pela porta não encontrei ninguém. Impossível, tenho as narinas apuradas.
Soltei a bolsa no sofá, e partir pela modesta casa pra procurar, já entendia quem é que fosse não era o meu eterno amor. Então peguei algo para me defender, sem levantar um barulho sequer, queria pegar o intruso desprevenido.
O perfume era a evidência certeira da sua presença. Cretino seja esses desgraçados que vieram atrás de mim, não sou perigosa, muito menos destrutiva a raça humana em geral. Apenas gostaria de seguir o percurso interrompido. Viver em paz nossa história de amor inacabada.
— Escute ser enviado. Seus superiores deviam estar atrás de um criminoso qualquer. Por que não me deixam viver a minha nova forma?!
— Melissa!!
A voz de dois homens adultos pelas minhas costas, fizera me virar numa velocidade espantosa, m*l via-se os movimentos táticos de mandarim. Em segundos os dois garotos caíram em cheio no chão, sem deixar cair a peça de vidro das minhas mãos.
— Aí!!!
Recuaram, se arrastando para longe de mim.
Eles usavam bonés, e alisaram as canelas atingidas, olhando pra baixo. Murmurando algo entre si.
— Acham mesmo que podem chegar no meu santuário sagrado e vim me buscar de maneira tão ridícula? Quem os treinou seus estupidos.
— Disse que era melhor ligar... Ohhh... — Gemeu de dor.
— Não temos o número da Melissa sua anta. — Reclamou o segundo invasor.
— Perái!
Abaixei o corpo, ficando de cocoras. Agachada. Deixando o objeto no canto do piso. Peguei seus queixos, levantando-os. Seus olhos não seguiam o movimento, sendo assim assoprei disfarçadamente, removendo seus acessórios. Olhando-os melhor.
— O que estão fazendo aqui? Me seguiram desde a escola?
Os fitei desconfiada. Scott e Abrão, olharam-me profundamente nos olhos.
— Não... — Disse-me o loiro.
— De forma alguma Melissa. — Discorreu Abrão.
Suspirando ajudei-os a se levantar, pareciam mancar, então os coloquei no sofá sem usar um terço da minha força.
— Fiquem aqui e me expliquem melhor. — Comentei ao me afastar.
— Sabe... Queríamos te convidar na festinha da outra turma. — Falou o moreno.
— Nos empolgamos, e quando te vimos voada na calçada viemos te tirar dessa irritação da qual parecia estar sendo vítima.
— Brigou com o nosso professor, Melissa?
— Claro que não! — Corri em me explicar, mas logo caiu a ficha.
Eu não devia dar explicações para seres inferiores de raça.
— Minha vida pessoal não é da conta de vocês, entrei na turma agora e já querem saber tudo ao meu respeito?! — Coloquei as mãos na cintura. — Vão embora, estou com dor de cabeça e quero imensamente ficar sozinha em meu lar.
— Calma gracinha... — Levantou sem sentir as dores do golpe.
Fiz um raio X completo apenas olhando-os cuidadosamente durante a conversa.
— Queremos levá-la como a nossa acompanhante. Vamos Melissa, não custa nada da uma saidinha. Somos jovens, e não teremos outra oportunidade como essa. — O moreno falou bastante animado.
Parecia querer encontrar um certo alguém nessa baladinha improvisada de adolescente cheios de hormônios e bebidas. Já Scott parecia literalmente babar em mim.... Hum...
Sei que vai parecer imaturo, ainda mais se você contar todas as minhas vidas passadas, de todas as experiências conjugais que devia ter compartilhado ao longo dos anos, mas... desejei fortemente fazer ciúmes aquele homem.
Razão; por não ter me esperado sozinho.
— Tá bom... Vou me arrumar rapidinho.
Vi os seus rostos ficando animados.
— Vou procurar uma roupa sexy pra vestir, tomar um banho, fazer um make... Vocês sabem, coisas de mulher.
— Sabemos, temos irmãs!! — Falaram os dois ao mesmo tempo.
— Acredito que serei levada por vocês , portanto vão se adiantado e pedindo um táxi.
Sorri forçadamente. Sem um pingo de vontade.
— Agora!
Começam a se mexer, loucos para me agradar.
Virei-me sorrindo alegremente. Eles eram todos iguais, um bando de macho no cio, loucos de vontade de sair fodendo as coitadas que quiserem ser fodidas, pra logo depois destrata-las como prato velho de bar.
Passa geração e geração e em todas as épocas tenho que lidar com esse machismo de pegação.
O cheiro havia ido embora, na verdade sumiu durante meu desentendimento com a dupla. Será que estavam juntos? Como uma gangue?
Seja como for estarei preparada.
No box levei uns brinquedos afiados, pensando numa forma do meu querido professor ficar sabendo de tudo.
Sua Melissa vai se divertir, acho que ela merece, ainda mais depois de hoje.
Tomei um longo banho, me seco e fui pro meu quarto toda nua. Daqui eles não podiam me enxergar.
— Angel... — Olhei no espelho comprido chamando sua antiga forma. — Iremos colocar pra quebrar garota.
Hoje que espero ver o tanto de amor que esse homem sente pela gente. Hoje que iremos assistir até onde iria em nome desse sentimento do passado e do presente.