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Hoje era o dia do Encontro Famoso, a festa mais VIP que o nosso hotel teria. Muitos famosos chegariam nessa tarde e por isso estávamos numa confusão devido aos últimos preparativos.
-- Oi, Dakota! Está tudo em ordem no sétimo andar? -- perguntou a Luchia.
Era minha colega de trabalho e a que eu mais me dava bem. Eu era empregada do hotel mais famoso da região Oeste do país, todos os importantes paravam cá pelo menos uma vez na vida.
-- Sim...
Não acabara de falar quando um grupo de jornalistas, no saguão, começou a fotografar. Por curiosidade aproximei-me para ver quem seria alvo das lentes mas sem me aperceber, dei um encontrão num senhor alto. O choque foi tão violento que ele amparou-me com os os braços e eu pude ver quem era.
Mitchell Ot'e. O multimilionário mais novo do mundo.
-- Desculpe, eu não o tinha visto...
-- Sai da minha frente. -- respondeu-me da maneira mais rude e humilhante possível.
Movi-me e ele passou. Logo a seguir um grupo de fãs começaram a me xingar de todos os nomes e mais alguns, então me escondi para sair, no entanto a minha chefe apareceu. Boa, estou metida em problemas...
-- Dakota! Pensa que é o quê para ter essa atitude? Sabia que ele pode te processar?
-- Não foi por mal... Eu nem o vi!
-- Vai, imediatamente, limpar a sala fechada!
A sala fechada era o medo dos mais novos porque haviam imensas histórias sobre a mesma e ela estaria fechada no mínimo a três anos seguidos.
-- Já foi? -- Virei-me para ir. -- Sozinha. -- Como se eu nÃo subesse.
Eu já ia a caminho quando ouvi a poucos metros da sala fechada vozes de homens discutindo um certo tesouro mas deixei-os e entrei na sala ao lado que era a sala fechada. Como havia muito tempo que não entrava ninguém lá, a chave custou para entrar na fechadura que já estava seca e sem óleo e quando consegui abrir a porta, esta rangeu,surdentemente, fazendo aquelas vozes cessarem.
-- O que está fazendo aqui? -- Perguntou-me um homem com aspecto de empresário, alto e com uma face nada simpática.
-- Recebi ordens para limpar esta sala.
Ele deu meia volta e saiu.
A sala estava com teias de aranha, muito pó e a luz era muito fraca, o que me dava medo, muito medo até. Emergida nos meus pensamentos, não me dei conta de entrarem na sala, só reparei quando fui envolvida por uns braços fortes e mais nada.
-- 13 milhões? Quem oferece mais?
Um ruído estranho de muitas pessoas a falando seguido de uma voz grave num microfone.
-- 20 milhões!
-- Vendido!
Soaram-se muitas palmas e assobios, então me deparei numa sala, amarrada com umas algemas e uma corrente. Um arrepio de assombro percorreu-me a espinha e tentei me libertar, em vão.
-- Por favor! Alguém! Ajudem-me, estou presa!
-- Hum... Olá, querida! -- disse uma voz masculina.
-- Por favor, solte-me. Prenderam-me aqui e eu não sei quem foi! -- pedi, nessa altura já a chorar.
Ele veio até mim e eu pude ver o seu rosto. Os seus olhos verdes se encontraram com os meus mas mostraram grande indiferença, o seu sorriso curto mas misterioso começou a assustar-me. Ele aparentava ter pouco mais de vinte e cinco anos.
-- Obrigada.
Afastei-me dele para ir-me embora mas o mesmo agarrou-me. O quê? Esforcei-me por me libertar, novamente.
-- Fica quietinha. Você foi comprada. -- Chegamos a porta de um quarto, depois de andar um longo corredor vazio, comigo ao seu lado e bem presa, e ele empurrou-me para dentro. -- A encomenda chegou.
Não era um quarto, era um apartamento de dois andares. A sala de luxo reluzia o brilho dos móveis e da cerâmica, o chão de madeira também dava reflexo de algumas coisas. O grande sofá preto em L a meio da sala servia de assento a mais três homens. Todos bem vestidos e com ar de pessoas importantes. Um deles era o multimilionário que chocara nessa tarde.
Quem me prendera pela segunda vez me libertara e se ajuntara aos outros.
-- Fiz um bom negócio. -- disse Mitchell Ot'e.
-- Não há dúvida que sim... O que você tenciona fazer com esse brinquedo, Mitch?
-- Ainda não sei...
-- Podem me explicar o que está acontecendo? -- perguntei totalmente confusa e a tentar sair dali.
Um deles, de cabelo dourado e olhos castanhos, aproximou-se até a mim. A seguir entrelaçou os seus braços pálidos à volta do meu pescoço, como um abraço e disse ao meu ouvido num tom de voz audível:
-- Você foi comprada por vinte milhões de dólares, minha querida Dakota... Tem um dono, sabe? És submissa a quem te comprou...
-- Mentira. -- esforcei-me por me soltar. -- Sequestro e rapto é crime! Vou chamar imediatamente a polícia.
Eles riram-se e quem me fora trazer até aquele lugar suspirou profundamente.
-- Onde está o Niels que ainda não voltou?
-- Estás a falar de mim, Derek ? -- nesse momento um outro homem entrou no apartamento. Aproveitei que a porta estava aberta e tentei escapar mas ele parecia adivinhar os meus movimentos e impediu-me apenas com um braço de passar a porta. Não aparentava ter tanta força como tinha, na verdade parecia um homem normal de trinta e muitos anos, com a pele morena, os olhos castanhos e o cabelo castanho e liso. -- Detetive Niels Wiksofh. A mocinha não vai a lado nenhum.
-- Espere, não está a perceber, eu...
Ele fechou a porta enquanto me prendia. Não quero acreditar que as autoridades também estão metidas nesse tipo de sequestro e crime.
Fui conduzida até um cadeirão e percebi então a gravidade da situação que estava. Raptada e vendida por vinte milhões de dólares a um desses cinco homens que se tratavam de celebridades. Comecei então por tentar conhece-los e identificá-los.
Quem me fora buscar chamava-se Derek. Reconhecia-o de algum lugar e descobri que era da televisão, ele era o ThePianist Make Sound, o filho do dono da maior companhia de orquestras da Europa e da Oceânia. Agora que o via melhor, ele não tinha cara de homem mas sim de rapaz, olhos verdes, cabelos quase ruivos, rosto de miúdo, sem uma borbulha. Ele era muito bonito e o seu sorriso intimidava-me mesmo não querendo. Sabia que ele tinha vinte e quatro anos por causa das revistas mas desconhecia que era tão bonito pessoalmente.
Reparei então quem estava ao seu lado a servir-lhe champanhe. Era o de cabelo dourado e olhos castanhos quase cor de mel, que me abraçara a bocado. Ouvi chamarem-lhe Nate. Sabia quem era, era um piloto de F1 de uma das Federações que patrocinavam aquele encontro e ele fora escolhido como capa da revista de desporto no mês que passara. A pele muito branca parecia porcelana e tal como o Derek, este também tinha cara de rapaz apesar dos seus quase trinta anos.
O terceiro, o detetive era o mais velho, devia ter trinta e muitos anos de idade mas continuava com a mesma aparência. Reconheci-o no mesmo momento. Era o Detetive Chefe que o nosso hotel contratara, Niels. O melhor da Academia do nosso país mas pelos vistos andava metido nesse escândalo junto com as outras celebridades que ali estavam.
Continuava a observá-los. Um deles levantou-se e foi até uma das janelas daquela grande sala. Eu não o conhecia. Alto, branco e cabelo preto reluzente. Nunca vira alguém assim. Estava de fato então deduzi que seria algum empresário. Ele voltou-se e apanhou-me a observá-lo, antes de mudar a direção do olhar, reparei na sua face perdida mas autoritária ao mesmo tempo. Patrik Hiroshi, conhecido como Hong Kong mobster.
Percorri todos os objetos luxuosos daquela sala. Não sabia se era o hotel ou não porque era nova nesse trabalho, tinha duas semanas e por isso não conhecia todos os corredores e todos os quartos e apartamentos do décimo e do decimo primeiro andar.
Então, ao observar o lustre e a escutar a conversa que eles tinham, o meu olhar encontrou-se com os do multimilionário. Estremeci. Pareciam gelo os seus olhos cinzentos e azuis ao mesmo tempo. O seu rosto implacável e petrificante me atraía e eu não mudava o olhar, mesmo sabendo que ele me fitava tal como eu a ele. Será que fora ele quem fizera isso por causa do esbarrão? As minhas dúvidas se despejavam nele. Mitchell estendeu o copo e Nate serviu o amigo que não me deixava de me olhar, então Nate olhou-me também e sorriu sadicamente mas logo voltou-se para quem estava a dar atenção antes. Mitchell parecia realmente um homem mas um homem novo, tinha cara de rapaz mas atitude de homem. Luchia dissera-me que ele tinha trinta e um anos e conseguira tanta riqueza devido ao facto de ter sido filho, sobrinho e neto de Condes Reais, quando estes morreram, no dia que se assinou o Tratado de Paz da Guerra Glacial. A mãe dele herdara toda a fortuna do pai, marido e irmão mas deixou em testamento a herança para o filho, como souberam que ela herdara tantos bens, sabotaram o carro dela e quando ela ia buscar o filho do jardim infantil, e ela não voltou mais.
Agora percebia o motivo do gelo que emanava daquele ser.
As minhas lágrimas caíram ao lembrar-me de que poderia nunca mais ver os meus pais. Tudo isso me acontecia por causa de um encontrão.
-- Preciso ir ao banheiro.-- disse baixo, entre lágrimas e com a voz pouco alterada.
Derek veio até a mim e puxou-me para me levantar.
-- Não parte esse brinquedo. -- disse Nate.
-- Mas só é um brinquedo...
Mitchell olhou-me fixamente: -- Não parte, custou muito dinheiro.
O pior me passou pela mente a caminho daquela divisão. Pensava no que Derek poderia tentar fazer ou no que aos outros poderiam fazer mas até aquele momento tudo se mantinha calmo.
Voltamos até a sala e os olhares se viraram para mim e para Derek, "será que eles estão pensando que ele e eu...?"
-- Não achas que ela é muito desajeitada, Mitchell?
Mas quem respondeu foi Patrik: -- Temos que pensar em maneiras para usá-la...
-- Quem permitiu que fizessem isso comigo? -- perguntei.
-- Eu. -- respondeu Mitchell, seriamente.
-- E quem te deu autorização para decidir isso? -- retruquei.
-- E quem te deu o permissão para falar?
O meu rosto deu sinais de perplexidade, as minhas sombrancelhas se arquearam e a minha boca adquiriu outra forma: -- O quê?
-- Até eu disser tu não dizes uma palavra. Não tens autorização para tal.
Temi pela minha vida mas não sabia até que ponto a trocaria por ser vendida. Então Patrik sorriu assombrosamente: -- Podemos devolvê-la, talvez alguém a trate melhor que nós.
Calei-me.
-- Então rapazes, -- disse Nate -- temos de ser simpáticos para as meninas! Ainda mais, temos de decidir quem fica com ela.
-- O que querem dizer com isso? Vocês vão me comprar outra vez?
-- Vamos decidir ainda. -- disse Nate.
-- Espero bem que você fique comigo, querida Dakota... Eu sou o mais simpático daqui e comigo você tem a certeza que se mantem viva... -- sugeriu Derek a sorrir e me fazendo estremecer.
-- E disseste também que és o maior ladrão do mundo?
"Ladrao?"
-- E tu Nate? Nenhuma até hoje aguentou a tua rapidez, achas que vai ser uma pirralha? Também ainda não refriste os acidentes que provocaste na pista e que acabaram em morte...
-- Calem-se. -- ordenou Mitchell. -- Tenho tantas fãs pelo mundo todo e sei que todas elas dariam tudo para ser minha... Essa não deve ser o contrario...
-- Esqueceste da parte que eu não sou tua fã. -- respondi.
Ele veio até mim e sussurrou ao meu ouvido: -- ainda não está com medo de mim, pois não?
Não respondi.
-- Bom, vamos acabar logo com isso. -- disse Niels. -- decidem-se que tenho de ir embora.
Eles se afastaram e começaram a falar baixo entre si. Depois voltaram e fitaram-me da cabeça aos pés.
-- Nós resolvemos dar-te liberdade de escolha. Escolhe quem queres que te compre.
-- Não vou escolher ninguém, não vou ser comprada por ninguém.
Mitchell foi até um móvel e abriu a primeira gaveta, tirando de lá uma mala dourada. Ele abriu-a e tirou algo do seu interior. Uma arma. A seguir olhou-me a sorrir misteriosamente e ao mesmo tempo de maneira sexy, como se me fosse chamar para um dos seus desejos.
-- És tão impaciente... -- disse Nate.
-- Eu não tenho medo de ti.
-- Escolhe!
-- Escolho-te a ti. -- respondi.
Um outro homem entrou na sala e acompanhou Mitchell até o andar de cima, mas antes, Mitchell disse aos homens que ficaram: -- Se quiserem podem brincar, só vou acertar a compra. Mas deixem que parto eu.
-- Chefe, -- disse Derek -- a menina não é uma boneca, não a podes partir.
-- Mas é um brinquedo e eu a comprei por isso sei quando parto ou não.
Mitchell saiu e eu tremi de medo ou de frio, já não conseguia discernir.
-- Ele sempre fica com a melhor parte do negócio... -- lamentou Patrick.
Os outros concordaram.
Quando ele voltou e me defendi.
-- Eu não sou um brinquedo!
O detetive e o homem foram embora. E ele respondeu.
--Esqueceste do que te disse? -- não respondi. -- falar só quando eu quiser?
-- Não.
-- Você não fala sem a minha permissão.
A sua voz me fez gelar. Os outros homens também saíram e eu senti uma espécie de alivio de ter ficado somente com um.
Ele me ordenou que subisse as escadas e assim subi, foi onde encontrei um relógio e vi que já passavam das três da madrugada. Segui-o por aquele grande apartamento e pelo corredor do andar de cima, no fim tinha uma porta que ele abriu e fez sinal para que passasse mas eu não entrei. Ele fez sinal de novo mas eu não respondi. Então perdeu a paciência e agarrou-me no cabelo, junto ao pescoço, puxando-me para dentro.
-- Está me machucando! Solta!
Ele me empurrou até a cama e me lançou violentamente nela. Depois voltou me puxando e me fazendo cair no chão. Já o via transtornado e me arrependia da escolha.
-- O que está errado com você? -- esqueci-me e sem querer falei, então levei a mão a boca para a tampar.
A sua voz ficou ainda mais gélida do que me lembrava.
-- Você sabia dass regras e ainda assim ficou comigo. Sabe que não podes me responder de volta. Tudo o que te disser tem de me responder "sim" ou "está bem".
-- Mas isso dá no mesmo...
-- O que eu disse de não me responder torto? Essas duas coisas você pode falar sem permissão. Só isso.
Ele abaixou-se até onde estava no chão, pegou no meu queixo e me puxou para si. A sua respiração se misturava com a minha e o seu olhar perfurava o meu.
-- Eu comprei-te, certo? Portanto eu posso fazer o que quiser contigo.
A sua face sedutora e ao mesmo tempo hipnotizante, mas o seu sorriso c***l arrepiavam-me, como desde o inicio.
-- Sobe para a cama. -- subi. -- Se você entendeu tudo, tira a roupa.
As minhas únicas palavras eram sim e está bem, porque isso está me acontecendo? Não respondi nem me mexi. Ele sentou-se confortavelmente no sofá que ali estava, a minha espera. Eu não ia ficar mas também não sabia o que fazer. Mantive o olha baixo, olhando para os meia dedos que tremiam.
-- Tenho que dizer mais uma vez? -- insistiu.
Nada fiz, então senti uma movimentação e o vi andando para a minha direção, o seu olhar gélido me fez arrepiar e eu reparei no que tinha em suas mãos, uma faca prateada com alguns desenhos em dourado onde se segura. Não percebi o que ele faria com aquilo mas logo ele a levantou na direção da minha cabeça e atacou, fechei os olhos e já preparei o grito mas não senti nada, apenas a cama a mexer-se um pouco a minha frente. Abri os olhos e a faca estava espetada poucos centímetros de mim, a sua mão ainda a segurava e eu, agora, tremia por todos os lados.
Fitei-o e ele esboçou aquele sorriso mortal que eu só vira em filmes, virou-se e sentou-se numa pequena poltrona vermelha que estava a dois metros da cama. Eu alternava os olhares entre ele e a faca espetada e, por fim, temi pela minha vida e comecei a tirar o vestido preto do hotel, depois a minha roupa interior. A vergonha era imensa mas o medo maior ainda, continuei com o olhar baixo e esperei por mais ordens.
Ele se manteve sentado, apenas me chamou e eu fui até a poltrona que estava, ficando de joelhos à sua frente. Sentia-o a sorrir mas não tinha o atrevimento de o encarar, o episódio da faca realmente me deixara assustada. Mitchell não fez nada, apenas ficou lá e eu sentada nos meus joelhos olhando para as minhas mãos.
Passado algum tempo, ele se levantou e seguiu rumo a uma porta que não era aquela que entramos, aproveitei a deixa e corri para a porta de saída do quarto mas estava trancada e essa seria a segunda tentativa falhada de alcançar a liberdade.
O homem não demorou muito e voltou com uma corrente, prendendo uma das extremidades à grade da cama e a outra a uma coleira preta, a seguir me chamou, apontando com a cabeça para me abaixar a sua frente, vai ser agora... Para a minha surpresa, ele colocou a coleira a volta do pescoço, contornou a cama e deitou-se, fiquei estupefacta mas agradeci por não ter ido dormir com o gosto de pênis na boca.
Encostei-me a cama, ainda sentada no chão e adormeci.
Acordei pensando que tudo tinha sido um sonho m*l mas infelizmente não fora isso que acontecera. Mitchell estava sentado ao meu lado, foi então que reparei que estava numa cama.
-- Estava a espera que acordasses. -- disse sem me olhar. -- Se acontecer novamente o que aconteceu ontem vais ter uma punição grave... -- ia respondê-lo mas ele adiantou-se e virou-se para mim e agarrou o meu rosto com as duas mãos. -- Nunca me faças esperar por algo que te ordeno fazer.
Levantei-me e observei o meu corpo vestido num vestido branco simples e soltinho, encarei o raptor, era o mínimo que você deveria ter feito e me sentei do outro lado da cama, de costas para si.
-- Pode tomar um banho e se arrumar para o dia.
-- Quebro alguma regra se te disser que não tenho roupas aqui para me trocar, que não tenho o meu necessaire e que não sei onde fica o banheiro?
Ele não me respondeu e me levou a uma porta dentro do próprio quarto. Um banheiro enorme com banheira, duche, uma grande pia e até um cadeirão de banho, não me lembrava de algum dos quartos do hotel terem isso. Ele abriu uma gaveta de um armário e tirou uma mala preta, abriu-a, pois estava lacrada, e pousou numa bancada aberta. Depois abriu uma das portas do armário e tirou uma toalha rosa pequena outra da mesma cor mas um pouco maior e pousou junto da mala preta, logo a seguir saiu, deixando a porta aberta. Ia fechá-la mas ele apareceu deixando um par de chinelos a porta e fechou-a.
Enquanto me despia perguntei-me o motivo de ele ter pegado em mim e me ter posto na cama. Ele me odeia, ou melhor eu sou um brinquedo para ele que custou vinte milhões, ele não tem qualquer interesse em mim então qual a razão de me por confortável? Mas na mesma hora repensei pois vinte milhões é muito dinheiro e se ele queria uma p**a, que fosse à uma esquina qualquer... Ele me quer para alguma coisa importante mas talvez nem ele ainda saiba o quê porque ao fim de contas eu o escolhi... Mas, mas... Foi ele que me comprou então ele sabe sim o que ia fazer comigo... Ahg! Cala a boca, Dakota!
Enquanto tomava banho, senti a presença de alguém a entrar e então virei-me de costas.
Mitchell não disse nada e fez o que tinha a fazer, como ele demorava muito tempo, virei-me para ver o que estava a fazer e reparei que enchia a grande banheira cor de pérola. A banheira era muito grande, devia caber cinco pessoas lado a lado.
Acabei o banho e estiquei-me para alcançar a toalha mas ela já não estava no lugar que colocara. Estava junto da mala, o que implicava ter de ir até ela, molhando o chão. Mitchell vendo que eu não saía por causa da toalha, agarrou-a e deu-ma.
Saí do duche e peguei a mala para procurar alguma coisa e encontrei tudo o que o meu necessaire continha e ainda mais coisas. Usei o que precisava e perfumei-me, queria mostrar-lhe que apesar de estar presa, continuava a ser uma mulher que sabia me cuidar, ainda com a toalha a cobrir-me o corpo, penteei o meu longo cabelo ruivo ondulado, deixando-o às ondas até o fim das costas. E como complemento uma flor que encontrei na mala que me dera. Então saí para fora daquela divisão e sentei-me na cama a espera que ele me desse uma muda de roupa mas ele não estava no quarto.
Fiquei a observar a estante com algumas fotografias suas mais novo e a ler alguns diplomas que recebera por ter feito algo que não conseguira compreender. Ele então entrou no quarto com um tabuleiro e sobre este tinha uma jarra de água, uma taça de frutas, duas taças e uma garrafa de champanhe dentro de um balde de gelo. Dirigiu-se para o banheiro e pousou o tabuleiro numa mesinha, depois voltou até mim e observou-me envolta naquela minuscula toalha rosa.
-- Vou ficar vestida nisso o dia todo?
Ele só disse "vem!", num tom de voz baixo e encaminhou-se para onde tinha posto o tabuleiro. Não fui imediatamente, sentei-me na cama a pensar que seria agora, não fora na noite anterior mas estava prestes a acontecer
-- Olha para a almofada que dormiste hoje. -- olhei e vi uma pistola prateada posta sobre a mesma. Estremeci e levantei-me até ele. -- Eu não estou a brincar, só vais perceber isso quando ela te beijar no peito, não é? Olha que está quase!
Voltei a estremecer completamente e ele percebeu o meu estado e sorriu sadicamente, como fizera noite passada.
Mitchell estava dentro da banheira, segurando uma taça de champanhe com uma mão e com a outra segurava um pequeno cacho com cinco uvas que tirava do tabuleiro, em cima de uma mesinha, ao lado outra pistola prateada. Esse homem tem uma tara por coisas prateadas.