O comportamento de Estela acende todos os alertas de Ricardo, algo não estava certo. Talvez ele havia se deixado enganar por causa dos momentos de relaxamento que eles tinham aproveitado juntos, mas o comportamento atual dela dizia-lhe que algo não estava certo, os olhos assustados dela já eram prova suficiente para isso.
_ Estela eu só quero cuidar de você, deixe-me fazer isso, ser o apoio que você precisa. - pede ele com olhos suplicantes.
Por algumas horas Estela havia esquecido o que tinha lhe acontecido, Ricardo tinha esse poder sobre ela, de a deixar feliz a ponto de se esquecer as coisas ru*ns. Estela tinha medo. Muito medo. Principalmente que Ricardo se senti-se enojado com as marcas que haviam deixado no seu corpo, e se lembrar disso a fazia pensar, como ele não tinha reparado durante o banho.
_ É r**m. - diz ela sem olhar para ele, ela não conseguia, se vê-se o desprezo que imaginava dominar os seus olhos quando ele vise os seus ferimentos ela não suportaria, não de Ricardo. Não do homem que conquistava o seu coração, centímetro por centímetro, lentamente com o seu cuidado e proteção.
_ Eu não me importo Estela, você não é responsável por tudo o que aconteceu, é apenas uma vítima de pessoas cru*is. - diz ele com o olhar mais tranquilo ele não queria assustá-la.
Estela encara os olhos de Ricardo enxergando apenas preocupação, então um pouco relutante ela assente para ele.
Ela usava uma camisa de botões com mangas cumpridas, Ricardo estende a mão lentamente para a frente da sua camisa e começa a desabotoá-la, a respiração de Estela estava agitada a medida que os dedos ágeis de Ricardo trabalhava na frente da sua camisa. Quando ele termina de abrir e olha para a pele exposta de Estela, ele arfa, os seus olhos arregalando.
Ricardo levanta num salto a ira dominando todo o seu corpo, ele fecha as mãos em punhos desejando ardentemente matar os canalhas que haviam feito aquilo com ela. Sem dizer nada ele sai de perto de Estela indo em direção a cozinha, segundos depois Estela ouve o barulho de coisas se quebrando, assim como o praguejar de Ricardo.
Ela estava em pânico, tinha certeza que Ricardo ficaria furioso com ela, mas não imaginava que seria tanto a ponto de sair quebrando as coisas, o seu corpo treme a medida que ela se encolhe mais no sofá, a suas mãos apertando a camisa aberta sobre o seu peito, as costelas dela protestam com aquele gesto, mas ela só queria se proteger da fúria de Ricardo.
Lágrimas escorrem por seu rosto enquanto ela esperava que ele retornasse, o que para ela vendo o estado em que ele estava, não era uma coisa boa.
Ricardo retorna momentos depois com olhos sombrios, um guardanapo enrolado na mão manchado de sangue, ele havia se ferido no seu pequeno surto na cozinha. Logo que ele se aproxima de Estela ela encolhe-se ainda mais, desejando sumir por entre as fibras do sofá em que estava.
_ Não! - pede com os olhos brilhando com as lágrimas que escorrem, Ricardo estaca no seu lugar observando aquilo. - Por favor!
Ver Estela implorando para não ser agredida foi pior que um soco no estômago para Ricardo, o desespero dela era visível, a forma em que ela se encolhia diante do seu olhar.
Quando Ricardo viu os seus ferimentos ele desejou matar a pessoa que havia feito aquilo com ela, a sua fúria foi tão grande que ele se afastou para que Estela não vê-se esse lado dele, ela não precisava de mais merda na sua vida.
_ Me perdoe querida, - diz ele suspirando relaxando um pouco os ombros. - Não queria te assustar.
Estela não relaxa na sua posição no sofá, o seu corpo continua tenso sobre os olhos atentos de Ricardo, ela podia sentir a raiva emanando dele.
_ Não estou bravo com você Estela, estou chateado comigo mesmo. - diz ele sentando-se com cuidado no sofá mais afastado dela. As mãos de Ricardo passam frustradas por seus cabelos. _ Você não entende querida, é minha obrigação cuidar de você, e ver você machucada desta forma apenas prova que eu falhei com você.
As palavras de Ricardo chamam a atenção de Estela, ela levanta a cabaça e encontra o seu olhar angustiado. Ela estava tão preocupada em não ser agredida que havia se esquecido que Ricardo nunca tinha sido uma ameaça para ela, ele nunca tinha sido agressivo, Ricardo sempre a tratava com carinho, e ouvindo o que ele tinha dito ela podia ver a culpa girando nos seus lindos olhos castanhos. Mas não era apenas culpa, mas vergonha também.
_ Não é culpa sua. - diz Estela saindo do seu estado de torpor, ela aproxima-se mais dele colocando a cabeça no seu ombro.
_ Sim, é querida, eu devia ter te tirado daquele lugar no dia em que vi a forma em que o seu pai lhe tratava. - depois de tudo o que Estela havia passado, Ricardo garantiria uma morte lenta e dolorosa para George, nada lhe daria mais prazer do que fazer o homem sofrer por dias antes de dar fim a sua vida miserável.
_ Não é Ricardo, você é bom para mim sempre foi, mas...
_ Você apenas reagiu como era acostumada a fazer, faz parte do trauma Estela, e sei que não vai desaparecer da noite para o dia, mas se você permitir, posso substituir essas memorias ru*ns por boas. - diz passando com cuidado os braços por seus ombros.
_ Vou tentar não agir mais assim. - diz ela aceitando o seu carinho.
_ Eu entendo, então não se preocupe com isso, quero que você seja feliz ao meu lado, e não que viva presa no que aconteceu. - diz Ricardo.
_ Você me faz feliz, mais do que imagina. - diz ela com um pequeno sorriso no rosto, Ricardo dá um beijo na sua testa antes de se afastar e pegar a caixa de primeiros socorros.
_ Agora me deixe cuidar de você. - diz ele se abaixando a frente dela, e Estela faz justamente isso, deixa que ele cuidasse dela.