O medo percorria o corpo de Raíra a deixando paralisada no lugar, e naquele momento ela pensou que talvez tivesse tomado a decisão errada, apenas um olhar para os homens na sala fazia o seu peito disparar, eles exalavam perigo por todos os poros, e vendo o quanto Estela era pequena, mil coisas passavam por sua cabeça, sem perceber ela sente um tremor percorrer o seu corpo.
_ Não é o que está pensando. - diz Estela com a voz baixa vendo o desespero da jovem. Charles se vira e vê o rosto pálido de Raíra.
_ Se acalme querida, Estela passou por uma situação delicada, Ricardo a salvou, mas ela acabou se machucando. - diz ele abraçando-a. Lentamente ela começa a se acalmar.
_ Desculpe. - diz com a cabeça baixa.
_ Não se desculpe, - diz Ricardo olhando para ela. - Jamais tocaria em Estela.
_ Você precisa se controlar melhor. - diz ela de onde estava em meio a almofadas, Ricardo suspira e vai até ela se sentando ao seu lado, ele pega a sua mão e leva aos lábios dando um beijo.
_ Ele mereceu. - diz olhando para ela, Estela faz uma careta.
_ O que ouve? - pergunta Charles, ele sabia que Estela tinha passado por um inferno de coisas, mas aquela conversa era diferente do que ele sabia.
_ Um i****a esbarrou nela na nossa viagem, as costelas que estavam cicatrizando saíram do lugar. - diz ele com o dente serrado, Ricardo se arrependia profundamente de não ter ido atrás do cara depois.
_ Ele só não contou que quase matou o cara. - diz Estela com um sorriso de canto.
_ Devia ter matado, você poderia ter se machucado ainda mais. - diz ele enquanto acariciava os seus cabelos.
Raíra olhava surpresa para Ricardo, ela perguntava-se para onde tinha ido o homem de aparência feroz de segundos atrás, ele olhava para ela com tanto carinho que ela percebia o quanto havia sido precipitada em julgar.
_ Cadê meus sobrinhos? - pergunta Charles mudando de assunto, ele não queria que memorias ru*ns fossem recriadas.
_ Perdeu Charles.- diz Nico sorrindo.
_ Não! - diz ele olhando com olhos arregalados. - Filho da mãe! Quem?
_ Ninguém, ele está zoando com você. - diz Síria, passando por ele e dando um tapinha no seu ombro.
_ Quase me mata do coração. - diz ele com a mão no peito, depois se volta zangado para Nico. - Seu pilantra!
_ Tinha que ver a sua cara. - diz ele rindo.
Charles ignora Nico e vai até o carinho ver os gêmeos dormindo tranquilamente, ele chama Raíra com a mão e ela aproxima-se ficando ao lado dele, então um largo sorriso se abre no seu rosto ao ver as crianças dormindo no carinho.
_ Eles são lindos! - diz ela voltando-se para Síria.
_ São mesmo, a cara do pai. - diz ela olhando para Klaus sorrindo.
_ Como é o nome deles? - pergunta ela.
_ O dá direita é o Soren, e o da esquerda é o Orion. - diz Síria a ela. Os gêmeos eram idênticos, então Síria tinha mandado fazer duas pulseiras para eles, cada uma com o nome gravado dentro, mas ela conseguia diferenciar os seus filhos, Soren era mais agitado enquanto Orion era mais quieto.
_ São bons nomes.
A conversa entre eles seguia-se tranquila, e com o tempo Raíra foi se soltando, ela percebia que eles tinham uma dinâmica muito familiar, um implicando com o outro, as vezes o chefe precisava intervir, era realmente como se fossem uma grande família. Conforme a noite avançava ela conhecia melhor cada pessoa ali, assim como via no rosto daqueles homens assustadores um sentimento que ela não pensava que encontraria. Amor, adoração, devoção, palavras não podiam explicar a forma em que eles se comportavam perto das suas esposas, e aquilo deixou o coração de Raíra mais leve.
Quando o seu tio pediu-lhe que se casasse para selar uma aliança ela hesitou, no mundo em que ela vivia era complicado encontrar um bom parceiro, mas quando os seus olhos encontraram os de Charles ela tinha visto algo que não tinha encontrado em outros homens, e a medida que eles foram se conhecendo ela percebeu que ele poderia ser aquela pessoa que a faria feliz, que a respeitaria e a trataria como merecia, vendo a interação deles Raíra percebia que estava certa.
As vozes altas e o riso trazia-lhe paz e conforto, no meio deles ela se sentia em casa também. Charles vai até ela e passa um braço por sua cintura.
_ Não é o que imaginava, não é mesmo. - diz ele.
_ Não. - diz ela rindo.
_ Eles são minha família baixinha, cada um aqui nessa sala carrega uma história de superação com as suas dores, vê-los felizes me deixa feliz também. - diz ele sorrindo.
_ O Aurelio vai pirar! - grita Nico para Charles.
_ Já posso ver a desgraça acontecer. - diz Max rindo.
_ Quem é Aurélio? - pergunta ela.
_ Aurélio é um amigo, o antigo Don da máfia italiana. - responde ele e vê os olhos dela se arregalarem.
_ E vocês falam desse jeito dele? - pergunta incrédula.
_ Você vai conhecer Aurélio em breve, e tenho certeza que vai entender o que eles estão dizendo. - diz dando de ombros.
A Fênix estava quase completa, faltava apenas Xavier ali, Charles solta um suspiro ao pensar no seu amigo, mas sentindo Raíra nos seus braços ele entendia bem o esforço de Xavier. Raíra tinha chamado a sua atenção desde a primeira vez que ele a tinha visto, mas ele via como ela se encolhia quando ele estava por perto, não podia culpá-la.
Charles era um homem bem desenvolvido e cheio de marcas, mas conforme o tempo foi passando ele percebia o aparente interesse de Raíra nele, então quando pediram uma aliança por casamento Charles concordou desde que Raíra fosse a noiva, e ali estavam eles, casados e prontos para começar uma nova vida.