... Isabella narrando ...
Eu comecei a descer as longas escadas que faziam o centro da minha casa , eu já via movimentos lá embaixo de pessoas muito bem apessoadas , o meu pai sempre foi exagerado com festas , ele sempre tinha que encher a casa , eu odiava isso , eu preferia mil vezes estar dentro do meu quarto lendo , do que socializar com as pessoas ... Quando eu estava no meio da escada , alguns olhares se voltaram para mim , nesse momento eu senti a minha bochecha queimar , eu tinha horror a olhares em cima de mim que eu nem percebi que eu paralisei no meio do degrau . Do nada vi um homem subir na minha direção sorrindo , ele estendeu a mão para mim .
- Posso ajudá - la a descer ? - Ele perguntou me tirando do transe ... eu engoli em seco e segurei a sua mão , descemos devagar um ao lado do outro .
- Eu sei o quanto pode ser difícil ter pessoas olhando demais para nós , parece que esquecemos até como se anda . - Ele disse rindo baixo e eu o olhei , era exatamente isso que eu pensava . Mas eu apenas assenti e terminamos aqueles degraus infinitos e fomos para um canto .
- Obrigada pela gentileza ... - eu disse e ele sorriu .
- Imagina , não precisa me agradecer , eu sei como se sente .
- Deu para perceber de longe a minha timidez ?
- Quem não te conhece , não . - Eu franzi a testa .
- e a gente se conhece por acaso ?
- você não me conhece ainda ... mas eu te conheço .
- poderia ser mais específico por favor ?
- Eu estudei sobre você porque eu me apaixonei a primeira vista . - Ele disse e eu compreendi o que estava acontecendo ali ...
- você é o noivo que o meu pai insistiu em encontrar para mim ? - Ele riu baixo .
- acertou em cheio ... Isabella ... o meu nome é Rafael ...
- Muito prazer Rafael , mas não vai haver casamento . - eu disse e ele franziu a testa .
- não ? como não ?
- eu não quero me casar , o meu pai enlouqueceu , mas logo eu consigo convencer ele ...
- podemos ao menos tentar ? Eu prometo que vou lhe fazer feliz . - ele disse e eu bufei .
- eu não preciso de um homem para ser feliz , eu já sou feliz ...
- e eu te farei mais feliz ainda ... eu quero completar você ... eu lhe trouxe um presente . - ele disse tirando do seu paletó uma caixa aveludada tamanho médio ... eu olhei para as suas mãos abrindo a caixa e se revelou uma gargantilha com o desenho da flor de lis , era o símbolo do curso de Letras , o qual eu tinha me formado e era apaixonada , ele realmente estudou tudo sobre mim ... minha pupila chegou a dilatar um pouquinho com aquele presente .
- a gargantilha é linda ... você estudou direitinho . - ele riu baixo .
- minha mãe era professora , essa gargantilha pertencia a ela e agora eu quero que fique com você . - eu o olhei surpresa .
- nossa , eu não posso aceitar , deve ser algo muito especial .
- e é , por isso mesmo quero que fique com você . - ele disse e eu sorri torto .
- é linda , obrigada . - Eu disse pegando a caixa , ele sorriu .
- podemos ir até o escritório do seu pai ? - eu concordei e fomos ... assim que entramos lá aonde cessava todo o barulho , nós dois sentamos no sofá e ele me entregou uma pasta marrom ...
- eu sei que está sendo forçada a se casar e isso não é legal , por esse motivo eu prometo que eu deixarei tudo mais leve para nós dois ...
- eu não quero me casar , eu nunca quis . - ele suspirou .
- aí dentro tem um contrato , para a minha segurança e a sua .
- contrato ? que tipo de contrato ?
- um contrato de casamento ... será assinado por amabas as partes e reconhecido em cartório .
Eu não estava acreditando naquilo , abri a pasta , peguei as folhas e comecei a ler aquelas cláusulas absurdas , eu arregalei os meus olhos .
- mas isso é um absurdo , que cláusulas loucas são essas ?
- como eu disse , é apenas uma segurança que eu tenho de que se casará comigo e permanecerá casada . - eu ri nervosa .
- isso não pode ser real ... Meu pai ta acabando com a minha vida . - eu disse me levantando do sofá com os olhos lacrimejados ... Rafael se levantou também .
- eu entendo o quanto deve estar sendo h******l para você , mas ... - eu o interrompi .
- não , você não entende porque não é você que está sendo obrigado a casar ... você não entende nada . - Eu disse largando a pasta no chão e saí dali às pressas ... Corri para a cozinha aonde tinha uma saída pelos fundos , eu estava chorando de raiva , muita raiva e despencava uma chuva do lado de fora ... eu não tinha rumo , eu estava indo para onde a vida me levasse , eu sentia os pingos cairem fortes e gelados sobre a minha pele , quando eu vi Rafael vindo atrás de mim , eu apressei mais os meus passos , pensei em ir até a garagem pegar o meu carro , mas era do outro lado do jardim , então eu desisti e saí na rua , corri rapidamente para atravessar a rua e me deparei com um clarão vindo na minha direção .