Dani
Ser piloto do exército não é fácil, desde que quis provar ao meu pai que para ser militar não precisava carregar nada entre as pernas, me alistei e me tornei uma sargento do exército americano, hoje sou uma piloto renomada e estou em uma missão, mas já contando as horas para em breve poder está em casa e abraçar minha pequena, senti seu cheiro e matar a saudade, eu amo o que faço, mesmo que isso tenha me cobrado muito, principalmente com relação a minha filha, todas as vezes que tenho que sair em missão, vê-la chorando corta meu coracao, mas penso que pars poder lhe dar uma vida confortável tenho que fazer esse sacrifício.
Olho para o relógio vejo que em trinta e cinco minutos pousarei na base norte-americana ao sul de Bagdá onde vou deixar os soldados feridos, para serem transportados pelas ambulâncias para os cuidados médicos.
Passo a mão pelos meus olhos, estou tão cansada, mas a lembrança de minha pequena é o que me mantém acordada. Eu sou a piloto, Jonas o meu co-piloto e Josh o encarregado de cargas.
Saimos com a missao de levar suprimentos para algumas bases operacionais americanas e no retorno trouxemos alguns militares feridos.
__ Sargento a que horas partimos para Seattle?
__ Espero chegar na primeira hora da amanhã Josh, não aguento mais ficar longe de minha pequena, só não vou hoje porque já estamos no final do dia.
__Não decole sem mim, não me aguento de saudade da Raquel.
__Sargento, lembre-se que desta vez vou com vocês para Seattle.
__ Alguém especial te esperando Jonas?
__Uma bela e gostosa garconete que conheci numa boate, mes passado.
__ Sério e nem contou para nós, seu traíra.
__ Ainda estamos nos conhecendo, quando ficar sério eu apresento a vocês.
Olho para ele e rio, já estava vendo a pista então já estendi os freios aéreos ao máximo e ativei os do trem pouso de aterrizagem enquanto a aeronave reduzia gradativamente sua velocidade. Uma vez que baixou até 40 nós, reduzi a potência dos motores e o avião foi parando até que, retomando o controle, guiei-o para o hangar que indicavam meus companheiros de terra.
Motores parados, abri a porta traseira do avião e começo o desembarque. Josh, Jonas e eu ficamos para preencher alguns relatórios. Quando eles terminaram e saíram da cabine, ouvi meu nome:
__ Sargento Smith.
__ Tenente Sullivan.
Após nossos cumprimentos militares abaixamos as mãos e sorrimos um para o outro. Diante de mim estava David Sullivan, um grande amigo e piloto de outro Super Galaxy.
__ Como foi o vôo, Dani?
__ Normal... como sempre.
__ Desta vez não podemos tomar algumas cervejas. Saio para o Líbano quando carregarem meu pássaro.
__ Decola hoje ainda David?
__ Sim. Era para ir amanhã, mas precisam urgentemente do material e adiantaram a viagem em um dia.
__ Como esta Jennifer?
__ Satisfeita com a mudança. Agora está em Portland reformando a nossa nova casa. Espero estar com ela dentro de alguns meses. Certamente tenho que agradecer ao seu pai. Jenny me disse que ele está ajudando com a papelada.
__ Papai lhe conhece, sabe que é meu amigo e sabe que devemos cuidar dos amigos e essa transferência é importante para você, por isso ele fez questão de ajudar.
__ Depois tenho que agradece-lo pessoalmente. Dê um grande beijo na princesa Mel, estou morrendo de saudades dela.
__ Eu darei, mamãe está com ela.
__ Eu queria muito ver a Sonia, mas essa viagem antecipada vai me impedir. Cumprimente-a por mim e especialmente dê muitos beijos na bonequinha Mel, ela é a minha fraqueza, adoro aquela pimentinha.
__ Eu sei, ela também te adora demais.
__ Ficam pendentes essas cervejas para outra ocasião, certo? Marcaremos um almoço.
__Certo meu amigo. Até em breve.
Nos despedimos e eu o vejo se afastar e lembrei dos bons momentos que tínhamos passado juntos. Voltei à realidade, foquei novamente em revisar meu pássaro. Assim que termino tudo, junto aos meus companheiros pego alguns papeis.
__Entregarei ao comandante Parker.
Jonas e Josh confirmaram e me encaminhei em direção ao escritório do hangar 13. Assim que chego diante do escritório do comandante, bato na porta com determinação. Logo ouço a voz profunda dele e sem hesitar entro. Comandante Parker é um militar de uns quarenta anos, rígido, mas um bom amigo.
__ Senhor, apresenta-se à você a Sargento Smith.
__ Sargento Smith.
Esboçei um pequeno sorriso. Entreguei os papéis e lhe passei tudo que aconteceu na viagem e após todas as formalidades militares bati a continência e sai.
__ Até breve, Sargento.
__ Adeus, senhor.
Caminho até a porta e saio da sala, volto aos meus companheiros e ao avião. Às seis da tarde, me despeço de todos, pego um táxi e vou direto ao hotel, solicito um quarto pego as chaves subo e assim que chego abro a porta e entro, enfim um momento de descanso, tiro minha roupa e vou ao banheiro tomar uma ducha e meus pensamentos voaram para meu noivo Erick e meus olhos marejam e nesse momento a única coisa que sinto era dor.
Uma dor que eu não queria ver e que não podia dizer adeus. Erick não me deixou. Ou talvez eu não o deixava descansar. Meus olhos velados pelas memórias me lembrava que estava sozinha, ainda não me acostumei com a ideia que ele não está mais presente, durmo pensando em nossos momentos e em tudo que descobri depois da sua morte.
Tive uma noite agitada, pensamentos no Erick, saudades da minha pequena acordei cedo e segui direto ao aeroporto militar. Ao chegar, um homem se aproximou e depois de me cumprimentar com um aceno de mão, disse:
__ Bom dia, Sargento Smith.
__ Bom dia.
__ Sargento, o Major Smith está no telefone e quer falar com você.
Surpresa pela hora, peguei o telefone que o homem me deu e afastei uns metros e atendi.
__ Bom dia, Major.
__ Sargento Smith, como foi o voo de ontem?
Eu sorri. Meu pai. O homem que muitos temiam por seu mau humor, mas comigo era um paizão, tinha um grande cuidado e um enorme carinho.
__ Bem. Tudo foi perfeito, como sempre.
__ Disseram que agora vai para Seattle.
__ Sim.
__ Você já descansou o suficiente?
__ Sim, papai. Eu descansei.
Todos se preocupavam comigo e com minha vida. Algo desnecessário. Eu tinha convencido de que eu podia com tudo o que me propusesse, essa foi toda a minha vida desde que resolvi segui a vida militar.
__ Papai, estive fora de casa doze dias e estou ansiosa para ver a Mel e...
__ Eu entendo... Eu entendo. Mas eu me preocupo com você minha filha, não quero que corra riscos. Você já pensou sobre voltar a Portland?
__ Não, papai...
__ Você deve pensar, Daniela. Quero ter você e minha neta por perto. Sua irmã voltará no próximo ano e...
__ E a mamãe?
__ Sua mãe tem idade suficiente para conseguir se virar sozinha.
__ Papai, deixemos esse assunto da transferência para outro momento, não quero pensar nisso por agora, tudo bem.
__ Tudo bem, filha. Mas lembre-se, sua família está aqui.
Para Robert Smith não era fácil viver tão longe de suas filhas. Especialmente eu, seu orgulho. Depois de vários minutos conversando com meu pai, desligo o telefone e pego um envelope das mãos do mesmo militar que havia me trazido o telefone.
__ Sargento, aqui está o que você solicitou.
Pego o envelope com força. Dentro estavam as chaves do helicóptero que me levaria para perto de minha pequena.
O jovem pegou o telefone e mais uma vez voltou a me saudar com a mão se virou e saiu. Nesse momento chegaram o Jonas e o Josh.
__ Porra... dormiria um mês depois desses dias.
__ Eu também, cara. Estou exausto.
__ Vamos, minhas bonequinhas, entrem no helicóptero, eu quero ver a minha filha e as duas belas adormecidas estão me atrasando.
Depois de uma hora de voo, chegamos ao aeroporto de Seatlle cerca de nove da manhã, pouso a aeronave e depois de deixar o helicóptero em um hangar particular, com nossas mochilas a tiracolo pegamos um táxi, o Josh foi o primeiro a descer e eu e o Jonas continuamos para a minha casa. Nossa viagem não demorou muito e assim que chegamos, subimos o elevador e quando toquei a campainha e a minha mãe nos viu já veio em minha direção e me abraçou.
__ Que alegria ter você aqui de novo, minha filha!
__ Oi, mamãe.
Segundos depois, mamãe cumprimentou o Jonas enquanto eu soltei minha mochila e corri para ver minha pequena.
Com cuidado, abro a porta e entro no quarto, com um sorriso, olho para a minha pequena dormindo em sua cama. Ela é linda. A garotinha mais bonita que eu já tinha visto e sem poder evitar, meus olhos encheram-se de lágrimas, escuto passos e olho vejo a mamãe entrando.
__ Querida! Vamos, eu preparei algo para comer para você e o Jonas, vocês devem estar famintos.
__ Já vou mamãe. Me dê um segundo.
Minha mãe só me olha e sai, quando fiquei sozinha novamente no quarto da minha pequena, aproximei dela, toquei os seus cabelos castanhos e sorri, logo sinto maos em meus ombros.
__ Oi... - Jonas cochichou atrás de mim.
Ele me conhecia. Conhecia muito bem e sabia que atrás daquela aparência dura de sargento do exército dos Estados Unidos, eu sofria. Nunca me esqueci quando soube o que tinha acontecido com Erick. Meu desespero, minhas lágrimas e minha impotência ao tomar conhecimento de sua morte. Grávida de seis meses guardei tudo para mim mesma e não quis falar sobre ele com ninguém.
Sozinha eu era feliz e quando estava com a minha pequena ou pilotando, mas ainda sentia muita falta do Erick, meu coração não havia acostumado ainda a viver sem ele, mesmo ele sendo um grande babaca.
Mas, apesar da felicidade que a minha pequena me proporciona, meus olhos nunca mais voltaram a brilhar como eram anteriormente. Desconfio de todos os homens e isso só devia ao Erick. O homem que quis, que me apaixonei e que me decepcionou profundamente.
__ Como você acha que está a princesa?
__ Linda.
__ Quantos anos ela está?
__ Três.
__ Como o tempo passa, hein?
__ Demais.
__ Falei com minha garçonete. Vamos nos encontrar a noite.
__ Perfeito. Então hoje terá um encontro.
__ Parece né? Estou precisando relaxar.
Com cuidado, saímos do quarto. Entramos na cozinha, onde mamãe tinha preparado uma omelete de batatas e, enquanto comiamos mamãe me disse que retornaria à Vancouver. Minha avó, tinha que ir ao médico e se recusava a ir com Hanna, minha irmã.
__ Vovó e Hanna. Não quero imaginá-las sozinhas.
__ Sua irmã às vezes é pior do que a sua avó. Posso assegurar. Quando se aborrece, ameaça ir para Portland e tenho que convencê-la de que não faça diante das coisas de sua avó.
__ Mamãe, Hanna acabará voltando. Você sabe que se mudou para Vancouver somente por um tempo.
__ Eu sei filha, eu sei.
Jonas ouviu, mas não disse nada. Há alguns anos atrás, Hanna e ele tinham se envolvido e somente eu sabia e, romperam quando Hanna me viu sofrer com a perda de Erick. De um dia para o outro decidiu deixar o Jonas e a ele não restou outro remédio senão aceitar.
Em seu momento ele ficou muito m*l, mas finalmente aceitou a decisão dela. Aquela era sua vida e entendia que ela não queria fazer parte.
Uma hora mais tarde, o cansaço acumulado pela longa viagem se tornou aparente. Mamãe olhou para nós e disse:
__ Jonas e Dani, vão descansar!
__ Mãeee.....
__ Obrigado pela comida, mas eu vou embora tia Sônia. Eu tenho planos com minha garconte.
__ Agora vá descansar Dani, está cansada e precisando de boas horas de sono, eu vou relaxar nos braços de minha garçonete.
Assim que ele saiu fui para o quarto e com cuidado entro e vejo minha pequena sentada na cama e ela abre os bracinhos e desenha um sorriso de orelha a orelha.
__ Mamiiiiiiiii.
Sem demora, eu corro para abraçar minha filha, respiro o cheiro de inocência e sorri com prazer ao ouvi-la, escutar sua conversa, fui para a cama com a minha pequena e começo a brincar. A risada da Mel é a melhor, o sorriso mais bonito que tinha no mundo, e como sempre, cheio de felicidade. Como é maravilhoso estar com minha filha em casa.
Depois de alguns minutos, minha pequena se aconchega contra meu corpo e feliz por estar comigo, relaxa e dorme novamente, observo o rosto tranqüilo de minha filha. Ela é linda, maravilhosa, divina, dou-lhe um beijo carinhoso na testa e deito ao seu lado e adormeço agarrada a minha pequena, meu tesouro.