Kate Madson
No meio da noite, um pesadelo se desdobrou, tão real e palpável que me fez desejar nunca ter adormecido. A sensação de mãos ásperas deslizando pelas minhas pernas me arrancou do sono, um medo primordial congelando meu sangue antes mesmo de eu abrir os olhos. Quando os abri, a realidade foi mais aterrorizante do que qualquer sonho r**m: Steven estava ali, em pé ao lado da minha cama, um sorriso embebido em álcool em seus lábios.
- O que você está fazendo? Saia daqui! - Gritei, mas minha voz foi rapidamente abafada pela mão dele sobre minha boca, seu hálito pesado de bebida invadindo meus sentidos.
- Shh, Kate, não precisa ter medo. - Sua voz era um sussurro venenoso.
A repulsa tomou conta de mim, um enjoo violento que me fez empurrá-lo com toda a força que pude reunir. Mas Steven, mesmo em sua embriaguez, era um páreo duro para mim, com meus meros 50 quilos. Com seu corpo praticamente imóvel no lugar, ele apenas riu, um som que me fez tremer de raiva e medo.
- Saia do meu quarto! Se você não sair, eu vou chamar a mamãe! - Ameacei, minha voz tremula, mas determinada.
- Por que chamar a mamãe, quando papai está aqui sedento de amor por você. – Ele volta a passar a mão pela minha perna, dessa vez indo ainda mais longe em minhas coxas. Junto minhas pernas, apertadas, impedindo o acesso de sua mão próximo de minha i********e. As intenções de Steven eram claras em seu toque indesejado. Com medo de que algo pior aconteça, eu grito.
- Mãeeeeeeeeeee, Socorro. – Chamei incontáveis vezes. Minha garganta chega a arranhar com a intensidade dos meus gritos. Mas, o que me calou foi a tranquilidade com que Steven me olhava.
- Ah, Kate, você realmente acha que sua mãe vai acordar? Ela já tomou seus comprimidos a essa hora, lembra? Não acordaria nem com um alarme de incêndio, menos ainda com os seus murmúrios. - Sua confiança de que nada nem ninguém poderia me ajudar era nítida.
A realização do que ele disse me atingiu com uma nova onda de desespero. Mamãe, em seu sono induzido por medicamentos, estava inalcançável, e eu estava ali, sozinha, tendo que enfrentar a ameaça que Steven representava.
- Você está bêbado e não sabe o que está fazendo. Saia agora, ou eu juro que vou fazer você se arrepender! - Minha voz subiu, uma tentativa de mascarar o medo com raiva.
- Como você faria isso? – Sua pergunta sai como um desafio torpe à minha coragem e ao meu desespero. – Gritando durante ou depois que eu terminar. -Ele ri – Na verdade, seus gritos me deixaram ainda mais e******o.
- Eu te denuncio para a polícia Steven. Não ouse nada ou você vai para a cadeia, ouviu. – Eu o ameaço.
Steven aumentou seu aperto no meu braço, mas algo em meu olhar deve ter o alertado sobre a seriedade das minhas palavras. Por um momento, pareceu que ele reconsideraria, mas então, em um ato de pura teimosia ou talvez movido pela bebida, ele tentou me tocar novamente.
- Ninguém vai acreditar em você, principalmente quando sua mãe ficar ao meu lado. Você não passa de um fardo para ela.
- Mentira. – Eu grito, afastando uma de suas mãos do meu corpo enquanto tentava me soltar do agarre da outra. Quanto mais eu lutava, mais agressivo ele ficava, até que de repente ele joga todo o peso do seu corpo sobre o meu. Estou imobilizada, sentindo de perto seu fedor, seu suor e, o pior de tudo, sua ereçãø.
- Vamos lá querida, me chame de papai. - Ele afasta uma das mãos que usava para me imobilizar para abrir o zíper da sua calça. O barulho ecoa nos meus ouvidos, como se estivesse rasgando algo dentro de mim.
Foi o suficiente para desencadear uma reação feroz em mim. Com uma força que eu não sabia possuir, soltei meu braço esquerdo de debaixo do seu grande corpo e tateei, às cegas, em busca de algo para me defender. Em um movimento rápido, quebrei meu abajur em sua cabeça com tanta violência que senti seu sangue pingar no meu rosto. Com o golpe, ele cambaleou para trás, liberando meu corpo. Aproveitando o momento de surpresa dele, corri para a porta, abri-a e saí correndo para fora do quarto, trancando-me no banheiro.
Apoiada contra a pia, encarei o reflexo pálido e assustado que o espelho me devolvia. A noite havia se transformado em um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.
Meu coração batia descontroladamente, a adrenalina correndo pelas minhas veias enquanto eu tentava recuperar o fôlego.
Não demorou muito para que os golpes começassem. Primeiro, suaves, quase como se ele estivesse testando a resistência da porta, e depois, com uma força que fazia o chão de azulejos vibrar sob meus pés. Cada batida era um lembrete brutal de quão vulnerável eu estava, de quão tênue era a linha que me separava de um destino que eu me recusava a aceitar.
Com as mãos trêmulas e a respiração ofegante, arrastei um pequeno móvel contra a porta, empilhando cada centímetro de p******o possível entre mim e meu agressor. A madeira rangia sob o meu toque apressado, cada movimento meu impulsionado pelo puro instinto de preservação.
Do lado de fora, a fúria de Steven estava crescendo. Seus gritos penetravam as finas paredes do meu refúgio, enchendo o ar com ameaças que gelavam meu sangue.
- Kate, você vai se arrepender disso! Abra essa maldita porta agora! - Sua voz, distorcida pela raiva e pelo álcool, era quase irreconhecível.
Eu recuava a cada investida contra a porta, cada golpe uma promessa de violência que me fazia encolher ainda mais no canto do banheiro segurando um odorizador de ambientes como se fosse a mais letal das armąs. Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, cada soluço um grito mudo por socorro que eu sabia que não viria.
- Eu estou avisando, Kate! Você não pode se esconder aí para sempre! - A ferocidade em sua voz era palpável, cada palavra aumentando o cerco de terror que me envolvia.
Mas, por mais assustador que fosse, por mais que cada fibra do meu ser quisesse ceder ao desespero, uma centelha de resistência ardia dentro de mim. Eu não abriria aquela porta. Eu não me renderia à ameaça que Steven representava. Com o coração batendo uma marcha de guerra em meu peito, eu me mantinha firme, mesmo quando tudo dentro de mim queria desmoronar.
Escuto o som do interfone sob seus gritos e, então, tão abruptamente quanto começou, o ataque cessou. O silêncio que se seguiu foi quase tão aterrorizante quanto os gritos e golpes, ele era uma testemunha muda da v******o que quase ocorreu. Segui encolhida contra a parede fria, ouvindo, esperando, até que o som da porta da frente batendo ecoou pela casa, um sinal de que Steven havia desistido... por ora.
Permiti a mim mesma respirar, permiti-me sentir o peso do que havia acontecido. E enquanto as lágrimas continuavam a cair, uma promessa silenciosa se formava dentro de mim — a promessa de que eu encontraria uma saída, de que eu sobreviveria a tudo isso, não importa o quão desesperadora parecesse a situação. Porque, no fim, eu não recebi uma nova vida para ser reduzida a uma vítima por um lixo de ser humano como Steven.
Eu sabia que aquela noite mudaria tudo. Não havia mais como fingir que Steven era apenas uma presença incômoda em nossas vidas. Ele era uma ameaça, e eu teria que fazer algo a respeito, não apenas por mim, mas pela segurança de minha mãe também.
Naquela noite, envolvida da minha revolta e no meu medo, tomei uma decisão. Só havia espaço para um nesta casa, e minha mãe teria que escolher.
Seria Steven ou eu.