Me leva com você

1245 Words
Kate Madson Não é nem sete horas da manhã quando acordo. Com os olhos ainda pesados de sono, estendo a mão para pegar meu celular na mesinha de centro e leio minhas mensagens, um costume que já se tornou automático. Já faz quase dois meses que estou morando com Emma, e até agora, nenhum sinal da minha mãe. Ela nunca respondeu minha mensagem e, enquanto isso, eu não cheguei nem na metade do dinheiro que preciso. Cada dia de trabalho no cinema e cada aula de balé que dou parecem acrescentar tão pouco ao meu fundo de emergência que às vezes me sinto correndo em uma esteira - muito esforço, mas sem sair do lugar. Meu estômago se aperta com aquela familiar ansiedade quando penso em como minha mãe não se preocupou nenhuma vez em saber se eu estava bem, segura ou mesmo viva, especialmente considerando que saí de casa sem nada além de algumas peças de roupa e um punhado de dólares. Começo a dobrar o cobertor e o lençol, transformando minha "cama" de volta em sofá afinal, hoje Emma não está sozinha. Ontem à noite, Zack, o barman do clube que Emma trabalha, estava esperando por ela na porta. Ela veio de carona com um cliente o que claramente não o deixou nada feliz. Não posso dizer que o culpo já que, aparentemente, ele não está ciente que a relação deles se limita a sexø. Eles se trancaram no quarto logo depois e a discussão foi acalorada. Os gritos eram tão altos que estou surpresa por ter conseguido dormir. Mas, de alguma forma, o cansaço do meu longo dia de trabalho foi maior que o barulho, e eu desabei em um sono exausto. Ficou evidente que Emma não cumpriu sua ameaça de terminar tudo naquele instante porque, a julgar pelo ritmo das batidas da cabeceira contra a parede, em algum momento da noite eles encontraram uma maneira de se entender. Arrasto-me até a cozinha para preparar um café, permanecendo ali, parada, enquanto observo a cafeteira encher a jarra. A placa de aquecimento chiou quando retirei a jarra do suporte, despejando o conteúdo quente em minha xicara. Seguro-a junto ao rosto, sentindo o calor que emana do líquido, queimando minha boca no doce néctar. Foi nesse momento que Zack abriu a porta. Eu olho para cima e imediatamente desejo não ter feito isso. Zack está ali, vestindo apenas sua extensa tatuagem e a c*******a que começa a retirar enquanto caminha em direção ao banheiro. De repente, sinto-me uma intrusa, uma espectadora desconfortável dos momentos íntimos de outra pessoa. Emma sai cambaleando do quarto logo atrás, envolta em um robe de seda que m*l consegue ocultar seu corpo. Seus cabelos loiro claro bagunçados e o delineador preto borrado ao redor de seus olhos confere-lhe uma aparência distinta de quem acabou de ser “fødida”. - Oi, Kate - Emma murmura, um tanto constrangida enquanto caminha até a cozinha. Ela vai direto para a cafeteira e serve uma xícara. — Você acordou faz tempo? - Não tem nem quinze minutos — respondo, esforçando-me para manter uma expressão neutra. - Me desculpe pela confusão... você sabe, com Zack. - Emma, esta é sua casa, e se alguém aqui deveria se desculpar, sou eu. Além disso, estava tão cansada que não ouvi nada do que aconteceu. Enquanto falávamos, Zack sai do banheiro já vestindo uma calça jeans que, provavelmente, deixou lá na noite anterior. - Bom dia, meninas — ele diz, lançando-me um sorriso enquanto dá um t**a estralado na bundą de Emma. - Seu filho de uma... — Emma retruca, sua voz cortante. — Se você fizer isso de novo, eu corto seu päu fora. - Que graça teria estragar o próprio brinquedo? — Zack responde, com um sorriso debochado que sugere que as coisas entre eles não estão tão bem assim. Emma virou-se para mim, ignorando completamente a presença de Zack, que se movimenta pela cozinha como alguém que já esteve aqui muitas vezes. - Por que você acordou tão cedo hoje? - Ela me pergunta como se estivéssemos apenas nós duas. - Me chamaram para uma aula agora às 8:30. Aparentemente, é uma pequena miss América que precisa de treino para o concurso. - Igual àquelas do programa da televisão? — Zack pergunta, curioso. - Isso mesmo, - confirmei, desejando manter a conversa sem conflitos. - Você deve ganhar super bem dessas mães loucas. - Zack conclui erroneamente e eu ri. - Não sei se posso chamar vinte e cinco dólares a hora de bem, mas momentos de desespero pedem medidas extremas — digo de brincadeira. - Se você precisa tanto assim de dinheiro, por que não tenta uma vaga no California Dream? — Zack sugere, com uma casualidade que parece fora de lugar. Emma lança a Zack um olhar que dizia "que diabos você está falando?". Ele apenas dá de ombros, indiferente a qual seria problema com o seu comentário. - Uma das garotas saiu de repente e Sawyer está procurando alguém novo. - Aquele lugar não é para Kate. Ele corre seu olhar pelo meu corpo de cima a baixo. - Para mim, ela tem que o que é preciso para trabalhar lá, e você melhor do que ninguém sabe que dá um bom dinheiro. - Eu nunca dancei dessa maneira antes. Acho que nem saberia o que fazer. – Explico, sem jeito, escolhendo as palavras para não ofender a minha melhor amiga. - Você não era dançarina? - Kate era bailarina clássica. - Emma responde por mim. - Você sabe mover o corpo, o que mais você precisa fazer. Além disso, os caras não vão tirar os olhos da sua bund.a. Meu estômago se aperta com a ideia de dançar na frente de um bando de homens excitadøs. - Eu não acho que conseguiria fazer isso. - E você não precisa. Já disse que pode ficar aqui o tempo que precisar. - Ela olha furiosa novamente para Zack por ter dado tal sugestão. Ele ergue as mãos no ar em sinal de rendição. - Ela falou que precisava de dinheiro e eu dei a dica. - Kate precisa de um emprego melhor. - Então, - Zack insistiu. - Não é todo lugar que se consegue mil por semana sem fazer quase nada. - Você acha que o que eu faço não é nada? - Emma questionou, revoltada. - Você faz até mais do que deveria. Quanto aquele cara te deu pelo particular? - Não é da sua conta. Emma e Zack voltam a discutir, mas meus pensamentos já estavam longe dali. Com a minha formação é quase impossível achar um trabalho de meio período que pague tão bem. Quatro mil por mês resolveria meus problemas. E eu nem preciso trabalhar lá por muito tempo, em um mês eu garanto o dinheiro da garantia do aluguel. Sim, eu posso ficar lá um mês. Uma voz no fundo da minha cabeça começa a sussurrar além. Três meses naquele lugar poderiam me garantir o suficiente para começar de novo, talvez até me permitir seguir meu sonho de fazer uma faculdade de dança. Três meses. Será que eu consigo ficar lá por três meses? Quão ruįm pode ser? Emma trabalha na California à um bom tempo. Talvez, não seja mesmo tão rųim, mas a única maneira de ter certeza é indo lá pessoalmente. Expresso a minha ideia em voz alta, antes de perder a coragem. - Você me leva no clube hoje a noite?
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