Primeiras Impressões

1448 Words
Kate Madson A medida que nos aproximavamos do clube, era possível ouvir a música vibrando pelo ar, uma batida insistente que parecia reverberar em todo o meu corpo. Emma nos guiou diretamente à entrada, onde uma fila curta se formava. À frente, um segurança imponente guardava a porta. Era um homem enorme, careca, com óculos escuros e uma barba escura e espessa que adornava um rosto rígido. Seu pescoço parecia tão grosso quanto um tronco de árvore. Com um sorriso caloroso, Emma cumprimentou-o: - Oi, Marcus. - E aí, Emi? — Marcus respondeu, um leve sorriso quebrando sua expressão severa enquanto ele lhe dava um abraço. - Esta é minha amiga, Kate — disse Emma, me incentivando a avançar com uma mão suave em minhas costas. — Ela veio conhecer o California. Então, você pode liberar a entrada dela para mim? - Ela vai estar dançando aqui? — perguntou Marcus, me avaliando com um olhar rápido. - Talvez — Emma respondeu, mantendo um tom casual. Marcus não riu, o que tomei como um bom sinal. Seu olhar se desviou rapidamente para Emma. - Sawyer vai beijar você por trazê-la. Emma fez uma careta e começou a me puxar em direção à porta. - Eca, eu espero que não — ela murmurou, claramente insatisfeita com a ideia. O clube pulsava com uma energia quase palpável assim que entramos. O ar estava saturado com a música alta e o leve perfume de incenso misturado com o aroma mais forte de bebidas alcoólicas. O bar ficava ao nível da entrada, alinhado com três palcos distribuídos pelo salão. Entre o bar e os palcos, descendo três degraus, estava a plateia. As mesas lá embaixo estavam quase todas ocupadas por uma multidão entusiasmada, as pessoas rindo e conversando em alto volume devido à música. Fiquei surpresa ao ver que havia tantas mulheres quanto homens. Surpreendentemente, o ambiente não parecia nada decadente. Poderia ser qualquer outro clube da Bay Area se você ignorasse a loira que se contorcia sensualmente no palco à frente. As palmas das minhas mãos ficaram úmidas de nervosismo enquanto observava a dançarina no palco principal. Ela se movia sem um padrão definido, seu corpo ondulando de maneira sedutora ao som da música pulsante. Na plateia, um homem começou a agitar algumas notas, chamando sua atenção. Ela desceu graciosamente do palco e dançou ao lado dele até receber a nota, que habilidosamente prendeu em seu decote com um sorriso cativante. Retornando ao palco, notei que havia várias notas espalhadas pelo chão e algumas presas à sua roupa. Ninguém havia tocado nela, o que me trouxe um alívio inesperado. Quando Emma me contou que havia deixado o cinema para dançar em um clube noturno, eu havia imaginado algo semelhante às cenas de Demi Moore em "Striptease". Mas, na realidade, o local era mais comparável a um "show bar". As dançarinas usavam figurinos sexy, mas nenhuma delas mostrava mais do corpo do que o necessário para cumprir a "fantasia" de suas performances. Cada garota recebia um papel e tentava interpretá-lo na dança. Minha amiga Emma, por exemplo, era a aeromoça. A experiência de estar ali, vendo o clube em plena atividade, era simultaneamente tranquilizadora e assustadora. Descobrir que a realidade do clube não era tão sórdida quanto eu temia me trouxe um certo alívio, mas ainda assim, a ideia de me juntar a esse mundo me deixava confusa. Continuamos nosso caminho subindo por uma escada até o mezanino para ir a cabine do DJ. Ao chegarmos, Emma deu um abraço caloroso no homem atrás dos controles. - Emma! — exclamou ele com uma voz que ecoava acima da música. — O que traz você aqui com os reles mortais? - Estou mostrando tudo para minha amiga Kate — Emma respondeu, sorrindo. - Prazer em conhecê-la, Kate — disse ele, estendendo uma mão enorme. - Big Bill. Seu apelido, Big Bill, fazia todo sentido. Ele era uma verdadeira montanha em pessoa, com uma presença quase tão imponente quanto sua música. - Por que os palcos laterais estão escuros? - Emma perguntou, indicando onde a loira dançava solitariamente. - Aparentemente, tivemos um tipo de surto de intoxicação alimentar entre as meninas. Elas não param de ligar dizendo que estão doentes. Diana está tendo um ataque. - explicou ele com uma expressão preocupada. - Melhor eu ir me arrumar agora, ou vai acabar sobrando pra mim. - Emma diz me puxando pela mão. Acenei um tchau enquanto deixamos Big Bill às voltas com sua música. Descemos novamente para o andar de baixo, cruzando o bar movimentado em direção a uma porta marcada apenas como "Funcionários". Seguimos por um corredor estreito até os fundos do clube. Entramos em um grande camarim, um espaço surpreendentemente organizado e silencioso, considerando o barulho a poucos metros de distância. Grandes espelhos emoldurados com lâmpadas brilhantes alinhavam-se contra uma parede, cada estação de maquiagem repleta de uma variedade de produtos cosméticos, sprays de cabelo e outros acessórios meticulosamente alinhados em frente a cada estação de trabalho. O chão estava coberto por um tapete macio e havia várias cadeiras confortáveis espalhadas pelo local, cobertas com tecido de veludo, oferecendo um lugar para as dançarinas descansarem ou se prepararem. Por toda parte, havia vestígios da vida noturna: roupas brilhantes penduradas em cabides, sapatos de salto alto enfileirados em prateleiras e fotos coladas nos espelhos, capturando momentos de festa. - Bem-vinda aos bastidores - Emma disse, observando minha reação. - Não é tão assustador quanto parece, certo? - É mais... profissional do que eu imaginava - admiti, impressionada com o cuidado e a organização do lugar. - O lugar é realmente bom para um clube noturno, você só tem que ter cuidado com as pessoas. - Você acha que eu realmente poderia fazer parte disso? — perguntei, ainda incerta sobre minha própria capacidade de mergulhar nesse mundo. - Kate, fora do palco este mundo é cru demais. Você precisa decidir se isso é algo que você quer, mesmo que seja por um curto período — disse Emma, colocando uma mão reconfortante em meu ombro. Enquanto Emma se afastava para se trocar, eu me acomodei em um dos camarins, perdida em pensamentos. Um grito agudo cortou o ar, assustando-me. - Sai do meu lugar! Virei-me, surpresa, para encontrar a loira que tinha dançado no palco mais cedo. Ela estava em pé, com as mãos nos quadris, olhando para mim irritada. - Eu? — perguntei, confusa. - Você está vendo mais alguém aqui? Saia. - A loira exigiu, sua voz carregada de impaciência. - Desculpe, eu não sabia — respondi rapidamente, me levantando. - Você é nova aqui? — ela perguntou, sua postura seguia agressiva. - Não, estou apenas acompanhando a Emma. - Então saia do camarim agora. Aqui dentro só podem ficar funcionários. Eu estava me levantando para sair, tentando evitar problemas para Emma, quando ela emergiu do trocador, já trocada e furiosa. - Ela está comigo, Amber. Você é s***a ou só idiøta mesmo? — Emma disparou, sua voz carregada de irritação. - Não interessa, se não trabalha no clube, não pode ficar aqui como dona do local — Amber retrucou no mesmo tom. - Ah, não sabia que você também estava com intoxicação alimentar - Emma respondeu sarcástica. - Claro que não, ou eu não estaria aqui. - Engraçado, porque está saindo tanta merdą da sua boca que eu pensei que você também estava doente. - Sua... A discussão foi abruptamente interrompida quando uma mulher baixinha, de uns quarenta anos, entrou batendo palmas, uma expressão de exasperação desenhada no rosto. - Mas que lindo, vamos, continuem, - ela ironizou, cruzando os braços e olhando para as duas. Emma e Amber se calaram instantaneamente. - Eu estou no meio da porrą de uma crise aqui e vocês duas, em vez de estarem mexendo essas bundąs no palco, estão aqui brigando — a mulher repreendeu. - Diana, Emma trouxe uma pessoa de fora para o camarim - Amber acusou rapidamente. - Você conhece as regras, Emma. Ninguém que não trabalhe aqui pode entrar — Diana respondeu, seu tom severo. - Diana, eu sinto muito, só estava mostrando o local para minha amiga Kate. - Emma tentou explicar. - E por acaso você virou guia turístico? - Diana disparou. Foi então que interrompi, sentindo que precisava defender Emma de alguma forma. - Na verdade, senhora — comecei, minha voz firme, embora interiormente eu tremesse, - Emma me trouxe hoje aqui porque ficou sabendo que vocês estão com falta de pessoal e talvez eu possa ajudar. Diana me avaliou com uma sobrancelhalevantada, sua expressão mudando lentamente de irritação para interesse. - Você veio para dançar? — perguntou, um traço de surpresa misturado com um cálculo profissional. - Sim.
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