Kate Madson
Há muitas lantejoulas, penas e todos os tons de náilon, cetim e microfibra que você possa imaginar. Uma peça mais chamativa que a outra. Procurando entre os muitos cabides, meus olhos captaram algo preto. É um colete preto com três botões de metal na frente e uma gravata borboleta, e uma camisa baby-look de cetim branco com gola de smoking.
- Isso parece legal — comentei, pegando o conjunto.
- Experimente — Diana incentivou com um aceno.
Voltei para o trocador e rapidamente troquei de roupa. Ajustei a gola da camisa no pescoço e vesti o colete e a gravata. A barra da camisa terminava logo acima do meu umbigo, deixando a pele exposta entre o V do colete.
Diana me passou um short de cetim preto.
— Quando você colocar isso, deixe as laterais de sua calcinha para fora. Os caras vão achar isso muito sexy.
O short ajustava-se perigosamente baixo nos meus quadris, fazendo com que minha calcinha de renda aparecesse sem que eu precisasse fazer qualquer ajuste. Agradeci mentalmente por justo hoje não estar uma das minhas calcinhas de algodão com desenhos fofos.
Saí do trocador sentindo uma nova onda de confiança, embora ainda estivesse tremendo por dentro.
- Garota, você ficou quente — Diana cantarolou, claramente satisfeita com o resultado. - Inocentemente sexy. Seu short vai encher de notas no minuto em que você pisar naquele palco.
- Bom — murmurei, minha voz ainda tremendo um pouco de nervosismo.
- Você não sabe responder com outra palavra? — brincou Diana, rindo. Eu apenas sorri, ainda tentando me acostumar com a ideia de me apresentar.
Diana então me levou a um armário cheio de acessórios. Entre as perucas, chapéus e bijuterias, ela escolheu um chapéu-coco preto com uma faixa de cetim vermelha, colocando-o habilmente na minha cabeça.
- Isso é perfeito — disse ela, ajustando o chapéu. - Simples e clássico.
Em seguida, fomos até o armário de sapatos.
- Qual o seu tamanho? — perguntou ela.
- Depende do modelo, 35 ou 36, - respondi, observando a vasta coleção de sapatos de salto alto.
- Hum... - ela murmura, examinando a seleção de sapatos alinhados. Olho para a prateleira e noto que todos têm saltos de, no mínimo, 12 centímetros. Pego um sapato vermelho ao acaso, virando-o na mão, e me pergunto se o clube oferece seguro de saúde às funcionárias. Tenho certeza de que quebraria todos os ossos dos tornozelos se tentasse dançar com esses saltos.
Diana empurra alguns pares de plataformas para o lado e desenterra um par de botas de couro preto, com amarração até a coxa e saltos agulha.
- Estes — disse ela, passando-me as botas. - Eles são um 36, mas ficarão ótimos com essa fantasia. Você pode enfiar um pouco de papel higiênico no dedo do pé, se for preciso.
Ela abre uma gaveta e me entrega uma cinta-liga vermelha e uma meia-calça preta.
- Coloque isso por baixo dos seus shorts, então amarraremos essas botas, - instrui ela.
Volto ao trocador, onde tiro meu short, prendo a cinta-liga ao redor de mim e visto-o novamente. Saindo, sento-me no sofá e coloco as meias prendendo-as nas ligas. Calço as botas, e elas realmente ficam bem, mesmo sem papel higiênico na ponta dos pés.
Demora uma eternidade para amarrá-las completamente, mas quando finalmente me levanto, fico surpreso ao perceber como meus passos são firmes com elas. Talvez eu não quebre nada, afinal.
- Dê uma olhada — incentivou Diana, apontando para o espelho de corpo inteiro.
- Uau... - Ao me ver, quase não me reconheci. A transformação era completa, e eu me sentia a própria Demi Moore.
- Por último, mas não menos importante — disse Diana, me conduzindo até a mesa de maquiagem.
Ela aplicou camadas e mais camadas de base e **, transformando meu rosto para combinar com o papel que eu estava prestes a desempenhar. Dez minutos depois, eu estava pronta.
A adrenalina pulsava através de mim, acelerando meu coração em um ritmo frenético. Honestamente, a adrenalina é principalmente por causa do medo.
Estou realmente fazendo isso, pensei. Estava prestes a subir no palco e dançar com aquela roupa para um bando de desconhecidos.
Limpo as palmas das mãos suadas no short e solto um suspiro.
- Não desista agora, garota — disse Diana, me empurrando em direção a uma porta nos fundos do camarim que eu nem tinha notado antes. Ela leva a um corredor longo e estreito cuja iluminação fluorescente piscava irregularmente. Paramos diante de uma porta.
- Amber está no centro do palco, e Emma à direita, o que deixa a esquerda para você, - disse Diana, sua mão pausando na maçaneta. - Lembre-se, para ganhar grandes gorjetas, mova-se pelo palco e mostre a eles o que estão comprando. Pense nisso é como apresentação de balé, com um papel um papel diferente.
Meu coração batia na minha garganta, cada batida um eco do meu medo.
- Mova-se em direção à borda do palco para parecer mais acessível e você vai obter gorjetas com frequência.
Minha mente girava. Cada sugestão dela, cada dica, parecia uma montanha a escalar.
- Alguns caras ficarão um pouco intimidados por você, então sorria e faça bastante contato visual. Alguns vão querer colocar o dinheiro em você, o que é bom, mas afaste-se assim que a gorjeta tocar sua roupa.
Oh, meu Deus! O que eu estava pensando? Todo a adrenalina sai da minha cabeça e eu me
sinto tonta por um momento.
- Não tenho certeza se posso fazer isso, - confessei, minha voz tremendo tanto quanto meu corpo.
Diana me empurrou para a frente, abrindo a porta para o palco.
- Se você sabe dançar, você consegue fazer isso.
O ar quente e úmido do clube me golpeou como uma onda, o cheiro de perfume e suor se misturando à batida intensa da música que fazia a fina cortina branca na minha frente vibrar.
Eu tentava me convencer de que poderia fazer aquilo.
Emma e Amber são muito melhores nisso do que eu. Todos estarão observando-as e nem vão me notar.
Repeti para mim mesma:
Vai tudo ficar bem. Vai tudo ficar bem. Vai tudo ficar bem.
Diana acenou para mim antes de fechar a porta, deixando-me sozinha com meu destino. Levantei a mão tremulamente e afastei a cortina. O salão estava abarrotado – muito mais do que quando Emma e eu chegamos. O barulho das conversas e risadas se misturava à música, formando um verdadeiro caos sonoro.
Respirei fundo, forçando meus dedos a relaxarem enquanto atravessava a cortina para o palco que ainda estava escuro. Até agora tudo bem.
Coloquei meu chapéu sobre os olhos e me deixei mergulhar na música, movendo meus quadris no ritmo enquanto tentando me perder na batida.
Eu posso fazer isso. Eu tenho apenas que me concentrar na música. Esse é o segredo. Estou apenas dançando como em uma apresentação qualquer.
"Temos um presente especial para vocês esta noite," a voz de Big Bill soou sobre a música, e de repente, o volume baixou. "Em sua primeira aparição nos palcos, por favor, dê as boas-vindas ao seu novo sonho de consumo, Kate!"
No instante em que meu nome foi mencionado, um holofote azul acendeu sobre mim, me cegando. Recuei, levantando o braço para proteger os olhos, incapaz de ver qualquer coisa.
Big Bill aumentou a música novamente e conforme meus olhos se ajustavam a claridade, notei as pessoas começando a se aglomerar na beira do meu palco.
Drøga! Eu não posso fazer isso, pensei, congelada pelo medo.
Respiro.
Sim, eu posso sim. O que é dançar para quem já lutou pela vida.
Está é só mais uma apresentação, digo a mim mesma. Só preciso deixar a música ditar os passos.
Fecho os olhos e deixo meu corpo acelerar. Justo quando comecei a ganhar coragem para dançar novamente, meus olhos encontraram os de um homem sentado sozinho em uma mesa, duas fileiras atrás do centro do meu palco.
Steven.
Ele me encarava, e meu coração parou.
O choque foi tanto que perdi o equilíbrio e tropecei, caindo do palco. Fechei os olhos, esperando pela dor do impacto, mas em vez disso, senti algo quente e sólido amortecer minha queda.
Abrindo os olhos lentamente, tudo que pude ver foi um par de olhos azuis intensos olhando diretamente para mim, absorvendo cada fragmento do meu ser. Era como se o mundo ao redor desaparecesse, e só restasse aquele olhar que prometia segurança.
Não sei por que eu me senti... em casa.