Capitulo IV

2335 Words
Uma semana passada rapidamente. Fernando fez um pedido especial a meu chefe, que me liberou sem que eu precisasse cumprir aviso prévio. Fizeram-me até uma festa de despedida, o que fez com que me sentisse querida entre meus colegas de trabalho. Após a festa vou embora para terminar de fazer as malas, já que o restante está encaixotado. E ao chegar em casa fico cansada só de saber que em menos de uma hora estarei arrumando o outro apartamento. Quem diria que eu moraria nos Jardins? Afinal, só quem mora neste bairro são ricos e executivos do alto escalão. E pelo visto me tornei uma entre eles graças ao deus grego do Fernando. Depois de fechar a última mala, chega a transportadora. Vou à frente com algumas malas de roupas, pois quero arrumá-las antes que a mudança chegue. Os móveis vão para um depósito, já que o apartamento é mobiliado. Fico pensando se este apartamento já foi usado por Fernando, pois é muito bem decorado. Quando termino de arrumar tudo já passa das nove da noite, então tomo um bom banho e coloco um roupão preto de seda que comprei para usar quando não estou a fim de me vestir, afinal, fico sempre sozinha em casa. Sirvo-me uma taça de vinho e sento para assistir um filme, o meu predileto: O diário de Bridget Jones. Um protagonista tem tudo a ver comigo: louca, divertida e solteira. Já passam das dez da noite quando minha campainha toca. Mas quem pode ser? Ninguém sabe que estou morando aqui, além disso, a pessoa sequer interfonou para saber se posso ou quero receber alguém. Que estranho ... Abro a porta e me surpreendo. Mas, pensando bem, só podia ser ele mesmo. - Fernando? - indago, confusa ao vê-lo parado em minha porta neste horário. Será que este homem não dorme? - Você aqui essa hora? - Boa noite, Melissa! - Um sorriso sexy preguiçosamente se forma no rosto dele. - Desculpe o horário, mas só consegui sair de uma reunião agora, e não podia deixar de vir como boas vindas. Fiz m*l? - pergunta, com uma garrafa de vinho nas mãos. - Não, imagina. Entre, por favor - digo, abrindo mais a porta. Ele entra e me entrega a garrafa. Meu Deus! Esse homem gostoso, uma garrafa de vinho e eu só de roupão. Minha mente pervertida já está trabalhando. - Me acompanha no vinho? - pergunto, meio sem graça, com a garrafa em uma mão e a taça de vinho que estava bebendo na outra. - Claro, aceito sim - responde, tirando o casaco e se sentando, totalmente à vontade. Vou à cozinha, abro o vinho, pego outra taça para servi-lo e retorno à sala. - Aqui está, timtim - falo ao bater minha taça na dele, tentando parecer normal, mas já sentido o sangue ferver em minhas veias. - É, você deu um toque bem confortável ao apartamento, está aconchegante - diz, sentando-se ao meu lado no sofá após dar uma boa olhada ao redor. - Obrigada Fernando. Não fiz quase nada, o apartamento já estava muito bem decorado. Aliás, muito obrigada, é lindo! - falo, levando a taça à boca e engolindo o vinho de uma vez só. Já estou começando a ficar molhadinha. - Amanhã é sábado, Melissa. O que planejou para o fim de semana? - pergunta, colocando mais vinho em minha taça. Droga, nunca sei o que esperar desse cara! Está sempre me surpreendendo. - Não planejei nada ainda, por quê? - pergunto, pegando a taça que ele me entrega, meio sem sentido o que está acontecendo realmente. - Podíamos ir velejar, tenho um iate, e almoçaríamos em alto mar, o que acha? - diz, já exalando seu charme. - Tudo bem, adoraria, nunca velejei - respondo num impulso, mas, no fundo, querendo ver até onde ele quer chegar. - Está bem, amanhã busco você às nove da manhã - fala, levantando-se, assim, sem mais nem menos. - Obrigada! Estarei pronta te aguardando - respondo meio curiosa, e bastante ressabiada com essa novidade de velejar. O acompanho até a porta, tentando manter as pernas firmes, e depois que Fernando sai, sinto um embrulho no estômago. Esse vinho me deixou bêbada, preciso dormir. d***a! Será que sempre vou ficar bêbada diante desse cara? Tomo outro banho, dessa vez gelado, para tentar apagar o fogo que aquele homem acendeu em mim, e vou dormir. Acordo cedo, faço o café e saio à procura de uma padaria na tentativa de comprar pão de queijo, pois é o que como no café da manhã. O bairro é lindo e bem seguro. Encontro uma padaria muito charmosa no mesmo quarteirão, sem falar que o salão que frequento também é bem próximo ao prédio. Isso, sem dúvida, é algo positivo. Volto ao apartamento e tomo meu café da manhã na maior tranquilidade, tanto que quando olho o relógio, levo o maior susto. Oito horas e nem me arrumei ainda! Corro para o quarto e, abrindo o closet, nada do que olho, acho propício para usar em alto mar. Fico louca! Não sei se levo biquíni ou não, que dúvida! Não quero passar vergonha! Chega de pagar mico pra esse cara! Ligo para uma amiga que sempre faz este tipo de passeio. - Eduarda, é a Melissa, tudo bem? - falo rápido, meio desesperada. - Mel, quanto tempo! Você me abandonou depois que casei. - Ela quer bater papo e não tenho tempo para isso agora. - Não é isso, amiga, eu só queria te dar mais espaço pra curtir seu amor - digo, sorrindo, mas na verdade não querendo magoar minha amiga. - Entendi, mas e você, como está? Namorando? - Não vou conseguir fugir muito rápido. - Que nada amiga, encalhada ainda! - respondo objetiva, para encerrar logo o papo furado e entrar no assunto que me interessa. - Mas não foi pra chorar minhas mágoas que te liguei. - Outro dia telefono para ela com mais tempo. É minha amiga e entende meus rompantes. - Você sempre saía pra velejar com o Oscar. Sabe como devo me vestir pra essa ocasião? Estou perdida, me ajude! - digo, andando de um lado para o outro, tentando ver algo diferente no guarda roupas, mas, no fundo, desesperada! - Mel, pra velejar você coloca um biquíni e um short curto, uma rasteirinha e um chapéu. Você tem chapéu, não é? - Tenho sim, comprei quando fui aquele cruzeiro que separa, lembra? - falo, pegando o chapéu. - Ah, lembro sim, perfeito! Vai velejar com quem? Este tipo de programa normalmente quando é feito a dois, sempre tem uma segunda intenção no ar - diz, rindo. - Meu Deus, Duda, não tem nada disso. Meu novo chefe me convidou, acho que quer me conhecer melhor - respondo, tentando desconversar. - Novo chefe? Como assim, você saiu do Forks? Quando? - Desculpe amiga! Mas, infelizmente, agora não tenho tempo pra te contar os detalhes, estou em cima da hora. Precisamos almoçar e colocar o papo em dia. Tenho algumas coisas pra te contar, lógico, novidades suas pra saber. - Tudo bem. Podemos almoçar amanhã, vou mandar meu novo endereço por mensagem. Te espero, hein! Beijos e boa sorte. - Obrigada, Duda, você me salvou hoje. Até amanhã. - Agradeço, desligando em seguida. Eduarda é ótima. Não se melindra à toa e entende tudo o que se passa nas entrelinhas. Por isso que a amo! Coloco o biquíni amarelo, o short branco e o chapéu de aba larga e bem chique, também branco. Faço uma maquiagem bem leve, me olho no espelho e gosto do que vejo refletido. De repente levo um susto com o interfone. - Oi - responde quase sem fôlego, por ter corrido para atender. - Senhorita Navarro, o senhor Levinsk já está aguardando aqui embaixo - diz o porteiro. - Estou descendo, obrigada. Entro no elevador tentando aparentar tranquilidade, mas está difícil. Moro no vigésimo terceiro andar e nunca demorou tanto para chegar ao térreo. Saindo do prédio, vejo que Fernando me aguarda dentro do carro. Ele sai, olha de cima a baixo e abre uma porta para eu entrar. Agradeço sorrindo e seguimos para o litoral. - Melissa, você está linda, e pelo jeito sabe bem como se vestir para todos os tipos de ocasiões - diz, me olhando. - Cada vez mais me confirma uma excelente escolha que fiz. - Obrigada Fernando. - Agradeço, sentindo meu ego inflar. - Mulher tem que saber como se vestir em qualquer ocasião. - E tentando manter meu ego num nível normal, continuo ponderada. - Espero que esteja do seu gosto, afinal, estou acompanhando você, e não quero te envergonhar. - Me envergonhar? Nunca! Você é bonita demais para envergonhar alguém! Mesmo que estivesse nua, estaria bem vestida - diz, sorrindo e malicioso e fulminando com seu olhar super sexy. Chegamos à empresa dele e o olho surpresa. - O que estamos fazendo aqui? - pergunto sorrindo e curiosa. - Você e eu vamos velejar, lembra? - debocha, ironizando. - Eu sei que vamos velejar. Mas, que eu me lembre, velejar é no mar. Ou estou errada? - retruco, entrando na brincadeira irônica dele. - Vamos de helicóptero. Velejaremos em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. - Entro no helicóptero e ele se senta a meu lado. Vamos conversando normalmente, nada pessoal, nenhuma pitada de sensualidade da parte dele. Mantenho a conversa no mesmo nível, tentando ao máximo não ficar eufórica. Nunca voei de helicóptero e estou me sentindo a última bolacha do pacote. E a conversa flui, com texto e indagações sobre o tempo. Algum tempo depois chegamos a Angra e o helicóptero pousa. Olho ao redor e vejo que estamos no imenso quintal de uma mansão. - Fernando, essa casa também é sua? - pergunto, deslumbrada com tudo que vejo. O gramado do quintal é lindo, de um verde surpreendente que brilha sob os raios do sol. O jardim, também surpreendente, com flores diversificadas e árvores bem podadas. Ele pega em minha mão e sorri. - Essa casa é da minha mãe, mas não vem aqui desde que meu pai morreu. Ela prefere ficar confinada em sua mansão em São Paulo ou em chás beneficentes de suas amigas da alta sociedade - explica, dando um sentido que sua mãe pode estar de luto ainda. - Entendi. Espero que você entenda que ela está de luto. Precisa do filho perto dela - intervho, sendo intrometida. Ele me olha franzindo a testa, como se dissesse: “Pare de se intrometer”. - Desculpe Fernando, quem sou eu para dizer algo sobre seu relacionamento com sua mãe? Nem o conheço direito. Falamos enquanto vamos caminhando até onde o iate está ancorado. Ele me ajuda a embarcar e saímos. Sento-me num sofá branco estrategicamente posicionado na poupa do iate. Sinto-me como uma atriz de Hollywood. Fernando vem e senta a meu lado, em seguida vem uma moça magrinha e baixinha vestida com uniforme branco trazendo um balde com champanhe e taças. - Obrigado Margô - agradece à moça que servem nossas taças. - Nossa! Tratamento vip! - exclamo, tentando disfarçar meu nervosismo que começa a aumentar. - O senhor é sempre assim, rodeado de gente te servindo? - questiono, enquanto tomo o primeiro gole do champanhe. - O dinheiro compra conforto, Melissa. Vai me dizer que não prefere que as pessoas te sirvam? - pergunta, já destilando sua prepotência. - Minha mãe sempre me diz que nasci pra ser rica. Sempre gostei de tudo na mão, mas nem sempre podemos ter isso - respondo, cruzando as pernas e entrando no clima dele. - Mãe nunca se engana! Pense nisso. Enquanto observamos o mar e conversamos, vem uma onda um pouco maior, fazendo com que o iate balance. Acabo desequilibrando e quase caio em cima dele, que me segura firme. Olho-o nos olhos e ele me encara. Chego a sentir seu hálito próximo a mim. Fernando se aproxima e encosta seus lábios nos meus, mas me lembro do dia que fiquei como i****a fazendo bico e me afasto. - Fernando, acho melhor mantermos distância. Você é sensual demais para parar depois. Ambos sabemos que agora sou sua funcionária e, no máximo, é o que continuarei sendo. - Desculpe. Às vezes acabo sendo o Fernando de sempre - desculpa-se, olhando e sorrindo desconcertado. - Sem problemas. - Sorrio sincera para ele. - O que acha de um mergulho nessa água maravilhosa? - pergunto, desvencilhando-me da conversa. - Acho que terei de entrar sim, já que precisarei tomar conta de você dentro d'água. - Sorri debochadamente, sendo o irônico delicioso de sempre. Tiro a roupa, ficando só de biquíni, e noto que ele está vidrado, reparando em meu corpo, e sorrindo, mergulho. Sinto-me uma diva! Sei que tenho um corpo bonito e com tudo no lugar, afinal, malho bastante para isso. Ele tira a camiseta e pula atrás de mim. Fico babando aquele corpo perfeito. Lógico que disfarço muito bem, já que ele não faz nenhum comentário irônico. Ficamos brincando dentro d'água como adolescentes, mas confesso que amei. Pelo menos assim consegui manter a temperatura do meu corpo em níveis normais. E quase uma hora depois, já estamos sentados e almoçando um delicioso salmão ao molho de alcaparras e mostarda. Ele com certeza está se exibindo um anfitrião perfeito, todo galante, fazendo de tudo para que me sinta a vontade, esse é o perigo. Ele está conseguindo tirar meus juízes, quase me enlouquecendo. Depois do almoço delicioso, ficamos muito tempo conversando sobre família e sonhos da época de criança. E no final da tarde voltamos para terra firme. - Melissa, você é uma ótima companhia! Obrigado por esta tarde - ele agradece, parando em frente ao prédio em que moro. - Imagina Fernando, foi um prazer! Sou eu quem agradece, minha tarde foi maravilhosa - digo, sorrindo e abrindo a porta. Estou muito cansada, então saio do carro e nos despedimos ali mesmo. O mar é lindo, mas, com tantas brincadeiras, me tirou a energia. Fico pensando em tudo que conversamos. Fernando é muito mais interessante do que imagina, só espero não me apaixonar por ele.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD