1 - Os filhos

1003 Words
Anne Livy estava feliz. Finalmente ela conseguia ser feliz. Todo o horror que viveu nas mãos de Augustus já não a assombrava mais. Mesmo nas vezes em que ela viajava até a França para verificar o andamento da rede de hotéis que ela agora gerenciava e do abrigo que a mansão se transformou, nada disso a afetava mais. Agora tudo não passava de uma memória borrada de um passado de dor e sofrimento. Vivian finalmente estava morta. Ela poderia estar em paz e criar seus gêmeos. Dominic e Bella agora estavam com nove anos. Dominic era exatamente como a mãe. Moreno e de olhos verdes. Já Bella era a cópia perfeita de seu pai. Cabelos negros como a noite e os olhos de um azul profundo e único. As duas crianças chamavam a atenção de todos por onde iam. E cabia a Anne Livy os criar e os educar para esse mundo que seria a herança dos dois. Já que, pelo que parece, seriam os únicos filhos do casal. Não que Anne Livy não quisesse mais ter filhos, pelo contrário, ela queria ter vários. Ela sempre foi muito sozinha por não ter tido irmãos. Então ela sonhava em ter mais que três filhos, justamente para que eles nunca se sintam solitários como ela. Apesar de sua vontade, Anne Livy não conseguiu engravidar novamente. Sua rotina de viagens e festas para a família, além do exaustivo trabalho de Antony, sempre causava imprevistos na vida amorosa dos dois. Isso até surgir um problema em Paris. Anne já estava lá na rede de hotéis. Porém, um dos homens de Antony não havia feito o repasse da parte da família. Isso deixou Antony e o restante do alto conselho bastante irritados. Aquela era uma falta gravíssima. Apesar do enorme problema, Antony ficou feliz por, finalmente, poder passar um tempo maior com sua família. Ao chegar em Paris, ele foi direto para o Gran Hotel. O primeiro da rede de hotéis e que, graças aos cuidados e esforços de Anne Livy, havia se tornado o maior de toda a rede. A recepção do Gran Hotel era fantástica. Um hall com colunas enormes em um teto catedrático, davam um ar de romantismo. Flores enfeitavam o lugar e uma fonte maravilhosa faziam parte da decoração. Em um canto mais afastado, poltronas bem confortáveis de frente a um vitral. Do outro lado, um enorme salão com diversas pinturas de artistas famosos. Na parte de trás da recepção, havia um enorme salão de festas e um restaurante todo iluminado. Tudo ali nesse hotel era meticulosamente voltado ao luxo e ao romantismo. O lugar perfeito para retomar uma vida a dois. Assim que Antony entrou no hotel, a recepcionista ligou para o gerente descer afim de receber seu ilustre hóspede. O homem que chegou na recepção para o receber veio acompanhado de sua esposa e não era o mesmo homem de sempre. O homem que foi o gerente era Lucian. Um senhor de mais ou menos sessenta anos, meio careca e com um sorriso simpático. Ele era baixinho e barrigudo. Mas falava fluentemente pelo menos quatro línguas. Sem contar o fato de que ele tinha total confiança de Antony e de seu pai. Esse outro homem devia ter algo em torno de quarenta anos. Alto e forte, do tipo musculoso. Tinha o rosto fino assim como os lábios. Barba m*l feita e os olhos de um verde esmeralda. Esse novo gerente tinha um ar bem cafajeste o que fez Antony ficar um tanto quanto incomodado com a proximidade entre ele e sua mulher. Quando se aproximaram, o homem educadamente estendeu sua mão para Antony. _ Senhor Ferraz! É uma honra o conhecer pessoalmente! _ E você quem é? - Antony perguntou de maneira seca porém acabou por apertar a mão estendida do homem. _ Meu nome é Hernandes. Alfonso Hernandes. Eu era gerente no Gran Hotel do México. Porém a senhora Ferraz precisou dos meus serviços por aqui. Anne que estava ao lado do homem andou até seu marido. Se posicionou ao seu lado direito e colocou sua mão esquerda no ombro de Antony. _ Alfonso é tão bom gerente quanto Lucian. _ E porque precisou de Alfonso aqui? Onde está Lucian? O olhar de nervoso do seu marido fez Anne Livy recuar. Ela já o tinha visto com raiva antes, mas nunca com ela. Mesmo assim, ela não havia feito nada de errado, então contou tudo ao marido. _ Lucian era um excelente gerente. Porém eu descobri seus negócios com um de seus rivais. O senhor Diego Agripa. _ Agripa? Lucian estava trabalhando com Agripa? _ Sim! _ Onde está esse homem? Dessa vez foi Alfonso quem respondeu. _ Trancado no subsolo do prédio. Quando a senhora me pediu que viesse imediatamente, eu solicitei que ela me deixasse prender Lucian antes que ele cause maiores transtornos a sua família. _ Fez bem Alfonso! - Antony respondeu. - Eu vou cuidar dele pessoalmente. _ Sim senhor! Por aqui! Eu o levo até os novos aposentos do senhor Lucian. Alfonso se virou e seguiu até o elevador de carga. Antony e dois de seus seguranças foram junto. Anne Livy ficou olhando o marido se afastar dela sem ao menos um beijo. Ela ficou pensando no que teria feito de errado para que ele agisse de maneira tão seca e estranha com ela. Ela tem ajudado e cuidado dos negócios para ele a anos. Mesmo que isso lhe custasse tantas coisas, como ficar longe dele e menos tempo com os filhos. É certo que ela os leva sempre que pode. Mas eles não podem perder aula. Então, não é sempre que eles podem viajar com a mãe. Isso acaba por afastar os três. Agora Antony se acha no direito de agir estranho com ela só porque ela demitiu o senhor Lucian que estava lhes passando a perna! Isso era muito injusto! Ela se virou e subiu para o seu quarto. Não queria falar com ele e esperava que ele demorasse um bom tempo por lá.
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