Capítulo 9 - A Escuridão

1207 Words
Diego era um rapaz alto e muito forte. No colégio já chamava a atenção de todos pela quantidade de músculos. Seus cabelos e olhos eram de um preto quase azulado. Tinha o rosto bem largo, o que combinava bem com o seu perfil. Apesar de todo o seu tamanho e beleza, Diego era um rapaz de hábitos muito simples. Ele gostava de comida caseira. Sua mãe o criou sozinha. Ela era muito doente, então Diego aprendeu a se virar muito novo. Pelo seu porte físico, Diego foi chamado a fazer parte do time de futebol americano do colégio. E ele fez sucesso lá. Parecia ter nascido para isso. Seu sucesso foi tamanho que duas universidades lhe deram bolsa para jogar para eles. Nesse dia, Diego foi todo feliz contar para sua mãezinha. Mas infelizmente ela havia falecido. Um vizinho que ouviu ela gritar, correu para socorrer, mas era tarde demais. Ela faleceu a caminho do hospital. A tristeza de Diego foi tamanha que ele largou o colégio e foi para as ruas. Passou a usar drogas e a beber muito. Por sua imensa força, alguns homens que passavam por ele o evitavam por medo. Até que, numa noite, um rapaz estava muito drogado e estava tentando arrumar encrenca com qualquer um. Diego saiu de perto dele. Estava andando pela rua quando o rapaz o alcançou. Começou a xingar Diego. Mas apesar disso, ele não se virou. Continuou andando. Até que o rapaz disse as únicas palavras capazes de tirar qualquer homem do sério. _ Sabia que eu fui até sua casa? É, tua mãezinha até que deu pro gasto! Mas depois ela começou a gritar tanto que os vizinhos apareceram. Tive que correr e me esconder. Mas pensa numa mulher que tava molhadinha... O homem nem teve tempo de terminar a frase. O soco que Diego lhe deu quebrou seu nariz. O rapaz tentou ir pra cima de Diego, mas era inútil. Diego era forte demais. Ele continuou batendo no rapaz. E batendo... Até que Diego percebeu que o cara estava morto. Esse rapaz foi sua primeira vítima. Antony o conheceu alguns dias depois disso. Durante uma de suas caçadas, viu Diego caído nas ruas. Antony se impressionou com o tamanho do cara na rua e com sua força. O resgatou desse mundo. Ajudou Diego a sair das drogas e o ensinou muito sobre diversas lutas e como manejar e a gostar de armas. Com o tempo, Diego ficou muito melhor que Antony. O resgatou e o ajudou em diversas situações. Virou um especialista em bombas e em tortura. Sua facilidade para cometer crimes sem deixar rastros e sem ser visto, lhe garantiu o apelido de Escuridão. Posteriormente, ele colocou o apelido de Pesadelo em Antony. Diego já servia a máfia a muitos anos quando viu passar na rua uma mulher. Isso aconteceu durante uma de suas caçadas a pedido do pai de Antony. Alguns meses depois, ele ainda não havia se esquecido do rosto daquela mulher. Lembrava perfeitamente de cada traço e de cada detalhe do seu rosto. Ele se apaixonou. Então resolveu pedir dispensa de seus serviços para a família Ferraz. A princípio, eles não quiseram deixar que ele saísse. Mas, depois, com a ajuda de Antony, ele cumpriu sua última missão dando um fim nas maldades de Augustus. Assim que saiu da máfia, Diego foi procurar a mulher que ele viu. Passou dias fazendo o mesmo trajeto, no mesmo horário e na mesma rua para tentar ter a sorte de encontrar ela. Até que, numa tarde de primavera, ela veio andando distraída e chorando quando se esbarrou em Diego. Na verdade, ele ficou na frente dela sem desviar de propósito. _ Me perdoe! - Ela disse tentando limpar as lágrimas que insistiam em cair. _ Não foi nada. Venha comigo! _ O que? Tá maluco, eu não conheço você! _ Nada que uma conversa não de jeito! Além disso, eu não vou lhe fazer nada. Apenas te pagar um leite quente. E ouvir o porquê esses olhos lindos estão tão vermelhos. _ Eu não sei... _ Venha! Se não gostar da bebida ou da companhia é só ir embora e não olhar para trás! Em meio às lágrimas teimosas, ela sorriu. Ela pediu um chocolate quente e ele um café forte. Algumas conversas depois, já não haviam mais lágrimas nos olhos daquela bela mulher. Seu nome era Ana. Ela era uma linda brasileira que estava morando há alguns anos em Paris. Chorava pois estava perto de ser extraditada. Quando terminaram, Ana seguiu seu rumo. Mas ela olhou para trás. E deu a Diego seu telefone. Dois meses depois, eles se casaram. Estavam vivendo felizes e com muito amor, até que Ana engravidou. Ela precisou voltar ao Brasil para renovar seu visto e ir para os Estados Unidos, onde Diego morava de fato. Como eram casados, ela teria mais facilidade para conseguir o visto. E realmente foi. Quando lhe deram a permissão para viajar e morar nos Estados Unidos com seu marido, Ana embarcou no primeiro avião. Sua barriguinha de grávida já estava começando a aparecer. Enquanto ela estava fora, os dois se falavam todos os dias por vídeo chamada. Diego já sonhava em ter sua amada esposa e, muito em breve, seu bebê. Ela não sabia, mas ele havia comprado algumas roupinhas de bebê, a cômoda, um guarda roupa e o berço. Estava começando a montar o quarto do seu amado filhinho. Mas seus sonhos de amor foram interrompidos. O avião em que Ana estava desapareceu. As buscas começaram. Mas, infelizmente, somente alguns destroços foram encontrados. A dor que Diego enfrentou foi tamanha que ele se fechou em casa por anos. Não saía para nada. Ele havia perdido sua família por duas vezes. Por duas vezes as mulheres que mais amou na vida lhe foram arrancadas de forma trágica. Diego se sentiu culpado por tudo. Ele deveria ter protegido tanto sua mãe quanto Ana. Se ele tivesse agido diferente, talvez, ambas estivessem vivas. Por anos ele pensou assim. Por anos ele se puniu por não ser diferente, por não ter agido diferente. Por não ter ido buscar Ana ao invés de deixar ela vir sozinha no avião. Já que a tragédia foi inevitável, então que ele morresse junto com ela. Afinal, ele já está morto mesmo com ela. Diego somente saiu de sua casa, pela família de Ana. Eles pediram que ele fosse até Paris pegar o diploma de Ana. Ela saiu de lá tão correndo, para não ser extraditada, que nem deu tempo de pegar o seu diploma do curso que ela estava fazendo. E ela também havia lhe deixado um presente. Uma caixinha que foi entregue pelo reitor da universidade. Dentro havia uma rosa que Ana fez artificialmente, mas que parecia com uma flor verdadeira. O fundo dela era de um vermelho vibrante e as bordas escuras, quase pretas. Junto à flor, um bilhete. "Meu amor, Essa flor foi meu último trabalho aqui. Com ela eu ganhei um prêmio. E só a fiz por sua causa. O dia em que te conheci foi o melhor da minha existência. Tudo que me disse sobre seu passado e sobre seu apelido me mostraram que só existe Escuridão se não houver a luz. Amo você!"
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