Capítulo 8 - Máscaras

941 Words
Depois de passar um bom tempo na casa do amigo de Antony, Anne decidiu que precisava estar com o marido. Se ele iria passar por todo esse pesadelo, era necessário que ela estivesse com ele. O problema seria Diego. Ele jamais a deixaria ir assim. Mas ela não iria ser detida facilmente. Ela poderia até ser a esposa do chefe da máfia, mas ela ainda era uma mulher que já sabe se defender sozinha e muito bem. Anne foi até seus filhos e conversou com eles. Explicou que precisariam ficar sozinhos por um tempo com o Diego para que ela fosse ajudar o pai deles. Bella e Dominic cresceram nesse mundo. Eles sabiam o quão violento tudo isso poderia ser. Além disso, Anne os educou bem. Ela vinha treinando os dois a tempos. Graças a Anne Livy, as esposas e os filhos da máfia deixaram de ser alvos fáceis. Quando Anne se preparava para sair, Diego entrou. Ele havia ido até o supermercado. Numa de suas raras saídas de casa. É que Diego fazia o tipo solitário e fechado. Quase não conversava e era mais raro ainda ele sair de sua casa. _ Vai a algum lugar? - Ele perguntou a Anne. _ Sim! Vou até o meu marido. _ Não vai não. _ Quem o senhor pensa que é para me deter? _ O homem que seu marido pediu para cuidar de vocês! _ E o senhor pode ser se vier comigo! _ Está maluca! Você não faz ideia do que te espera lá fora. Se estiverem atrás de você, assim que pôr os pés pra fora dessa casa, você vira um alvo fácil. E, se pensa que vão te matar, está muito enganada. Não faz ideia do que vão fazer contigo! _ Acha que não sei? Pensa o que? Que eu me casei virgem e toda linda? Meu passado deixaria arrepiado até esse cabelo todo alinhado. Diego sorriu. Um sorriso não de deboche ou de nervoso, como era seu costume. Mas um sorriso de tristeza. Um sorriso amarelo e apagado. _ Acha que o que passou nas mãos do Augustus é sofrimento? _ Você sabe sobre Augustus? _ Eu que fiz a bomba que seu marido colocou no carro dele. Essa é uma das minhas especialidades. Diego se virou enquanto falava e começou a tirar as compras da sacola. Anne ficou calada. Ela observou aquele homem estranho de cabelos um pouco compridos, mas muito bem penteados e alinhados. Negros como a noite e como seus olhos. O que será que esse homem esconde por trás de todos aqueles músculos? Sim, porque Diego era bem forte. Até mais musculoso que Antony. Ele, na verdade, se passava mais por um segurança do que por um agente da máfia. Alto e muito forte, pescoço largo assim como os ombros. Uma mulher como ela parecia uma pequena formiga perto de um gigante, ao lado de Diego. Finalmente, Anne tomou coragem e perguntou. _ Fale mais, por favor! Eu preciso saber o que você sabe? _ Tudo! - Diego disse enquanto picava alguns legumes. _ E como sabe? _ Eu fui um dos melhores homens de Antony, no passado. Formamos uma dupla e tanto. Na verdade, senhora Ferraz, eu e seu marido temos habilidades que a senhora não gostaria de saber. - Ele falou e se virou para Anne. Ela não teve medo de Diego quando ele a ajudou com os homens no avião. Mas agora ela tinha. Aquele homem enorme com uma faca na mão, escondia em seus olhos negros uma escuridão ainda maior. _ Então Diego, está na hora de você voltar a ser o que sempre foi! _ Você acha que coloca essa máscara de durona e me convence, está muito enganada! E não, eu não vou voltar a ativa, a menos que seu marido, o chefe, faça essa solicitação. _ Eu não uso máscara alguma! - Anne se enfureceu. _ Ah não! Está louca pra voltar para seu marido, mas sinto o cheiro do medo que está sentindo daqui! _ Virou um cão agora? - Ela quis zombar. Mas a verdade é que Anne realmente estava com medo. _ Sempre fui. O cão do inferno. O cão de Ades, que a família Ferraz solta quando precisa. Anne pensou no que poderia ter acontecido a Diego para o transformar num homem assim. Ele viu muitos horrores e sabia de muita coisa, mas o que ele viu deveria ser bem pior que tudo o que ela passou. Afinal, ele não demonstrou nem um pingo de surpresa ou sentimento por Anne ter vivido o que viveu. _ Vai dizer o que pensa, ou prefere ficar aí, sentindo pena de mim e de si mesma? - Ele já estava de costas novamente, picando seus legumes. Mas parecia ainda saber tudo o que Anne pensava. _ Volte comigo! Antony precisa de você! Das suas habilidades e de tudo que já foi para ele e para a família! _ Eu tenho suas ordens para ficar aqui e você também! Não posso voltar. _ Você sabe que isso não é desculpa! Se quiser nada e nem ninguém irá deter você! Só não entendo o porquê não quer voltar. Diego então parou de picar os legumes. Se Anne sentiu medo antes, agora ela estava apavorada. Os músculos dos braços de Diego se tornaram duros. As veias saltando pela pele. Enquanto ele apoiava os dois braços na bancada da pia da cozinha. Ainda de cabeça baixa, Diego respondeu. _ Pela única pessoa que foi capaz de me afastar de tudo isso e de toda essa escuridão em que vivi! Ele havia se apaixonado. Mas onde estaria ela na verdade?
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD