─ De novo, por favor ... Sara mas atenção! ─ Ralhou e a menina lhe abriu um sorriso lindo mesmo faltando os dois dentinhos da frente banguela mais linda, seus olhos brilharam.
Quando Liane entrava dentro da fundação era como se fosse outra pessoa, era muito responsável e exigente com seus alunos, apesar de que dar uma de durona com eles não funcionava muito bem e que se derretia fácil apenas com um sorriso daqueles fofinhos, principalmente com Sara, amava todos mas aquela sapeca... Ahh, tinha um carinho especial por ela, talvez por serem parecidas em alguns aspectos ambas eram órfã de pai e mãe.
Sua vida resumia-se em dar aula de canto para as crianças manhã e tarde, a noite ir para faculdade onde cursava o segundo período de pedagogia, e durante os fins de semana ela dava aula de catecismo na Igreja onde morava, Liane amava também falar para seus pequenos sobre Deus e todo amor que ele dar ao mundo, sobre perdoar e ser perdoado, sobre amar os irmãos como a si mesma, algo do tipo que um coração que só tem amor para oferecer era bem mais feliz, ela era assim. Apesar de tantas duvidas em sua vida em seu peito explodia amor, felicidade, era contente com sua vida e com o que tinh, o pouco que tinha não podia reclamar, Dizem por ai que o pouco com DEUS é muito e o muito sem DEUS é nada, sentia-se assim com muito, mas muito amor pra dar...
Sonhava em ser cantora quando criança, mas afastou os pensamentos para não alimentar falsas esperanças, na vida real era tudo bem mais difícil, não que não acreditasse no impossível mas é que não adiantava levar uma vida somente de sonhos.
Quando a aula terminou teve sorte de sair cedo, passou na biblioteca para estudar e aproveitar para pedir alguns livros, teriam uma semana conturbada, ao se dar conta do horário em que ficou estudando e revisando algumas coisas se assustou, pegou os livros apressadamente, com certeza já tinha perdido o ônibus das 22:15h, correu em direção contraria a que sempre ia afim de pegar outro transporte, era mais longe mas tinha certeza que seria mais rápido pra chegar do que esperar o ônibus das 23:00h, quando entrou no beco sentiu que estava sendo seguida, fez uma breve oração e acelerou os passos mesmo assim sentia que a pessoa chegava mais e mais perto, ouviu um riso alto e sombrio quando de repente foi jogada contra parede e gelou quando viu as pontas luminosas de uma faca.
─ Me deixa ir poor favor ... ─ Choramingou desesperada e fechou os olhos com força quando as mãos asquerosas seguraram-lhe o pescoço pressionando-a deixando um pouco sufocada, ela não via seu rosto estava de costas pra ele.
─ Hoje você será minha e ninguém poderá me impedir ─ Colocou a lamina da faca próxima de sua garganta ─ Não grita ta bem? Isso me deixa irritado! ─ Soou a voz dele como de alguém frio e calculista essa conclusão só a fez ficar ainda mais apavorada e chorar baixinho.
─ Pooor faa-vor, você vai se arrepender disso... ─ Ele rasgou parte de sua roupa e Liane tentou manter a calma e quem sabe dialogar com o homem tentar fazê-lo mudar de ideia, iria resistir até o ultimo suspiro ─ Deus... ele...te ama muito, se você fizer isso não vai ferir só a mim, mas também quem me ama, vai decepcionar o criador...
Ele riu e na mesma hora ela recebeu um soco forte no rosto, e foi jogada contra o chão recebendo chutes daquele homem sem coração.
─ DEUS... DEUS... DEUS NÃO EXISTE! ─ e cada palavra proferida ele a agredia a voz dele era de dar pavor ─ Vou te provar isso, te estuprando e te matando nesse beco, você vai sofrer, agonizar e eu vou ser a ultima pessoa eu você vai vê antes de morrer.
Então por fim o desespero tomou-lhe conta e seu corpo inteiro tremeu, não conseguia como pensar agir, Deus, sua garganta secou e não conseguia gritar pois as palavras não se formavam, a sensação era de estar em um daqueles pesadelos onde se fica impotente, não consegue se mexer ou falar, muito menos acordar. Mas aquilo não era um sonho, sabia, era real e se não conseguisse se livrar daquele homem algo horrível iria lhe acontecer. Nã
Livra-me de todo o mau Senhor
Seu ódio exalava de tal maneira, sentia-se suja só de pensar nos atos que ele faria, tentou levantar e correr quando ele se aproximou, chorou e implorou para deixa-la ir.
─ NÃO ─ Gritou encolhida no chão sentindo uma dor enorme do estomago.
Não prestou atenção direito, apenas viu seu agressor correr e perder-se por outro beco escuro, suspirou aliviada ainda soluçando agradeceu ao seu pai que lá de cima mais uma vez tinha lhe livrado de algo pior.
─ Liane? ─ Reconheceu a voz sendo do detetive Fernando Boorman, ele se aproximou e guardou a arma tirando o sobretudo estendendo em sua direção.
Olhou seu próprio corpo e parte de seu vestido estava rasgada, nem deu tempo de sentir vergonha porque seu nervosismo falará mas alto, sentia que tremia tinha a respiração pesada pelo susto, recebeu um abraço forte e sentiu-se reconfortada em seus braços. Ele pedia a ela que ficasse calma, que ela estava salva, que ia ficar bem... nem conseguia responder porque ainda sentia medo, aquela experiência foi horrível, agora Fernando fazia carinho em seus cabelos, ficaram breves momentos assim, até ela se acalmar.
Ele estava sendo um cavalheiro com ela, não sabia se isso também era dever de um policial mas bem que gostou do seu carinho e do seu ombro amigo.
─ Para onde estamos indo?
Não queria ir para a casa agora não queria que a vissem naquele estado e se sentissem culpados, sabia que Pe Gordan se puniria por ter sido sua ideia de fazer faculdade a noite para dar aula em tempo integral para as crianças, apesar de não ser culpa dele sabia que o velho homem lamentaria, mesmo ela o explicando que amava o que fazia, dar aula, ainda sim ele ficaria com a consciência pesado, e não queria isso.
Fernando a prometeu não leva-la para casa e agora já estava se arrependia de ter falado isso.
─ Para minha casa? ─ Ele falou e ela engoliu a seco com sua resposta.
Quando adentraram no apartamento de Fernando ela observou tudo, notou um porta retrato de uma criança e uma mulher.
─ É eu e minha mãe, essa foto foi no meu primeiro dia de aula ─ Ele olhou para o porta retrato e sorriu de modo fraterno, devia ama-la muito, sentiu saudades da sua, achou-se estranha por sentir falta de algo que nunca teve.
─ Ela é linda, se parece com você...
─ Isto é uma cantada? ─ Perguntou franzindo o cenho, a olhando.
─ Não... Não... não foi isso o que quis dizer, é que... ─ Se embaralhou em responder e corou com as insinuações do homem á sua frente.
─ Eu sei, entendi. Só fiz uma brincadeira ─ Voltou a postura seria, e afrouxou a gravata tirando-a, abriu três botões da camisa social e enrolou as mangas em seus braços.
Ele ficava tão lindo assim... balançou a cabeça tentando espantar os pensamentos pecaminosos.
─ Ata ─ Sorriu sem graça e sentou no sofá.
─ Já esta melhor? ─ Perguntou ele se aproximando e sentando ao seu lado.
Olhou seu rosto no espelho, e viu alguns machucados, seus olhos estavam inchados provavelmente do choro de alguns minutos atrás.
─ Sim, muito obrigado. Graças a Deus eu estou bem, tenho certeza que ele quem te colou ali para me salvar. ─ Segurou as mãos dele olhando em seus olho, sorriu.
Mas uma vez era imensamente grata a Deus, ela poderia ter morrido, porém ele o livrou da morte colocando aquele homem em seu caminho para salva-la. Isso fazia sua fé aumentar, sentia-se a mulher mais sortuda do mundo.
─ Isto se chama sorte, eu estava lá porque sabia que ele iria atrás de você e se EU NÃO ESTIVESSE LA VOCÊ IRIA MORRER... ─ Ele foi tão arrogante na reposta que Liane até se assustou, nunca alguém lhe tinha tratado de maneira tão grosseira como o detetive a sua frente.
Tão bipolar, a poucos minutos atrás ele estava sendo tão atencioso com ela.
─ É ateu?
─ Sim! ─ Grosso, lhe deu o silencio então ele a contestou ─ Não vai falar nada? Nem me dar lição de moral por isso?
─ Não, é a sua opinião, sua vida e eu respeito sua decisão.
Sempre ficava pensando o porque as pessoas não acreditavam em Deus, pois ele sempre fora presente na sua vida, até que um dia se deu conta de que não adiantaria insistir em falar de seu Deus para alguém que não quer ouvir, ele deu o direito de escolha e não lhe cabia o direito de julgar alguém por não ter as mesmas opiniões.
─ Humm ─ Murmurou ─ esta com fome?
Ficou grata por ele ter mudado de assunto.
Nem tinha parado pra pensar que todo aquele furdunço tinha lhe deixado com forme, ainda nem tinha jantando no entanto nem tinha se dado conta de que estava com fome até ele lhe perguntar, sua barriga roncou.
─ Estou morrendo de fome, tipo muita fome mesmo...
Ele sorriu balançando a cabeça pros lados e pegou o celular no bolso discando um numero.
─ Vou pedir uma pizza, tem alguma preferencia?
─ A mexicana, por favor ─ Lambeu os lábios sentindo água na boca só de pensar em comer sua comida predileta, viu ele falar algo no celular e se aproximar.
─ Em poucos minutos chega.
─ hum hum.