capítulo 2

969 Words
-Muito melhor. Apenas uma coisa passageira no estômago, mas minha sogra entrou em pânico. Tasha balança a cabeça, fazendo seus cachos castanhos e macios balançarem contra a suavidade de café e creme de suas bochechas. -Faz muito tempo que Inez não cuida de um bebê de quatro meses e Zoe tende a se preocupar. Mas eu sei que ela está em boas mãos. Além disso, não faz m*al que Inez vá para a creche gratuita agora que está morando conosco. Eu sorrio, ouvindo o alívio em sua voz. -Estou feliz que esteja tudo bem. -Sim eu também. Para sua informação, você tem tinta no queixo. -Eu tenho? Droga. Esfrego meu rosto, depois pesco o espelho compacto na minha bolsa. A mancha de acrílico de ameixa escura mancha meu queixo como uma contusão desaparecendo. -Estou quase terminando uma das minhas peças. Digo a ela enquanto esfrego a mancha de tinta com a ponta do meu polegar. -Ainda não está perfeito, mas estou trabalhando nisso. Quero tê-lo pronto para mostrar a Margo em breve. -Margo da galeria? Eu aceno, incapaz de segurar meu sorriso. -Ela deveria me ligar esta noite com algumas novidades. O correio de voz dela esta manhã disse que ela queria me contar pessoalmente. -P*uta merd*a. Os olhos de Tasha se arregalam. -Ava, isso é incrível. Você deve ter vendido outro quadro. Ela diz isso como se minha arte vendesse com algum tipo de regularidade. Não. Com exceção de uma pintura que foi vendida quase imediatamente depois que Margo me colocou no Dominion há mais de um ano, tem sido um longo e árido período de seca desde então. Talvez aquela primeira venda tenha sido um acaso. Muitas vezes me perguntei. Temia, realmente. As pessoas me disseram que eu tenho talento. Deus sabe, eu amo pintar mais do que tudo. Sempre foi minha saída, meu refúgio. Mas talvez a paixão não seja suficiente. Talvez eu devesse ter ficado na cidade natal e economizado meu dinheiro para terminar a escola de arte em vez de fugir para a maior cidade que eu poderia pensar assim que eu tivesse a chance de me libertar e perseguir meus sonhos. A verdade é que eu queria escapar. Eu queria desaparecer. Eu queria me tornar alguém novo. Alguém diferente de mim. Alguém melhor. Eu queria viver. Para mim, não para minha mãe ou todas as coisas que ela quer para mim. Nem mesmo para minha avó, de quem cuidei em casa até sua morte por enfisema, dois anos atrás. Se eu falhar agora, vou decepcionar todo mundo. Porr*a, quem estou enganando? Já estou falhando e, a menos que Margo me ligue para me dizer que vendeu todo o meu portfólio, as chances são de que eu esteja de volta ao ônibus para Scranton antes do fim do mês. Eu guardo minha bolsa em um armário de funcionários, então começo a juntar meu cabelo loiro em um longo r**o de cavalo na parte de trás do meu pescoço, penteando com os dedos os emaranhados úmidos em alguma aparência de ordem. -É melhor você ir. Digo a Tasha. -Eu tenho que bater o ponto e você precisa ficar atrás do bar antes que Joel venha em cima de nós duas. Ela faz uma careta. -Certo. Encontro você lá fora. Ela começa a sair do vestiário, então se vira para apontar para mim. -No segundo que você ouvir da galeria, eu quero saber. -Sim claro. Eu aceno, e agora meu sorriso parece forçado enquanto a dúvida se aglomera para difundir a esperança que eu estava carregando comigo a maior parte do dia. -Eu estarei bem atrás de você. Ela sai e eu posso ouvi-la cumprimentando um dos clientes no andar de fora com seu calor borbulhante e descontraído. Eu me inclino contra os armários e pego meu telefone para digitar uma mensagem para Margo. Por favor, ligue assim que puder. Estou morrendo aqui. Eu preciso saber o que está acontecendo. Eu clico em ENVIAR antes que eu possa mudar de ideia e apagar a mensagem desesperada. Eu odeio parecer fraca ou fora de controle, e a percepção de que eu sou os dois agora coloca uma sensação de ma*l estar no meu estômago. Eu afasto a sensação e deslizo meu telefone de volta no bolso. Então eu saio para o restaurante movimentado para começar meu turno, minha máscara de confiança mantida rigidamente no lugar. Estamos tão presas no bar que quase uma hora se passa antes que eu possa sequer pensar no fato de que ainda não tive notícias de Margo. Eu sirvo um copo de Pinot noir para uma loira bem vestida na extremidade do bar e caminho até ela. Apesar de ser linda como modelo, ela está sentada sozinha e está preocupada com mensagens de texto e telefonemas desde que chegou há quinze minutos. Eu coloco o vinho tinto na frente dela sem comentários. Ela olha para cima e encontra o meu olhar, suas sobrancelhas elegantes franzidas. -Quer mais alguma coisa agora? Eu ofereço. -Não, obrigado. Com um suspiro frustrado, ela coloca seu celular no bar e balança a cabeça. -Eu deveria encontrar um amigo aqui antes de ter que sair para pegar um voo. Ela verifica o relógio elegante em seu pulso esquerdo e franze a testa. -Evidentemente, ele está atrasado. -Ok. Volto em alguns minutos. Digo a ela, embora duvide que ela esteja ouvindo. Antes que as palavras saiam da minha boca, ela pega o telefone novamente e começa a digitar freneticamente outra mensagem. Eu me afasto para receber pedidos de bebidas de um trio de ternos de trinta e poucos anos que acabaram de entrar para pegar assentos recém-vagos do outro lado do bar. Eles pedem uísque puro malte, então fazem tentativas meio idiot*as de flertar comigo enquanto eu pego a garrafa e monto três puros do Macallan de doze anos.
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