Yala Smith
Após algumas horas de viagem, chego aos Estados Unidos da América, foi uma viagem longa, estou exausta, mas não irei direto para mansão do meu pai, e sim para o hospital que ele se encontra, não consegui piscar os olhos no avião, pois a aflição bateu com força dentro do meu peito, mesmo eu tentando controlar a respiração para manter a calma de nada resolveu.
Acredito que só vou conseguir descansar quando eu mesma me certificar que ele esta bem.
Assim que chego em frente ao aeroporto o motorista do meu pai, Alexander já esta me esperando.
— Que bom vê-la senhora. — fala assim que eu paro em sua frente.
— Ia ficar mais feliz se fossem em outras condições. — digo tristemente.
Ele suspira.
— Se serve de consolo o seu pai está bem, o médico somente o deixou em observação.
Aceno em negativo.
— Acredito que nada vai me deixar mais tranquila, mas agradeço. — ele sorri de lado, pegando as minhas malas.
— Eu vou levar a senhora para a mansão e depois... — o interrompo.
— Não Alexander, pode me levar direto para ver o meu pai, por favor.
Ele me olha surpreso.
— Senhora a viagem foi longa e cansativa, após a senhora tomar um banho e descansar ficará mais tranqui...
Aceno com a cabeça em negativo e o interrompo.
— Desculpe Alexander, mas eu só vou conseguir ficar tranquila quando eu ver o meu pai pessoalmente, antes disso não. — declaro decidida.
Ele inspira profundamente, sabendo que não vai conseguir me fazer mudar de ideia.
— Tudo bem, vou fazer como está pedindo. — ele olha em minha mão. — Então essa é a panny. — fala se referindo a caixa de transporte que continuo segurando, e panny esta tentando colocar a sua patinha para fora.
Sorrio
— Sim.
Ele abre um sorrio enorme, e curva o seu corpo para conseguir ver Panny dentro do transporte.
— Então você é a menina do seu avô? — pergunta.
Não resisto e acabo rindo.
— Meu pai realmente a considera como neta.
— Ele fala que acredita que você não dará netas a ele, então a Panny vai servir de consolo. — acabo gargalhando. — Ela é realmente linda, sabia que somente vinte por cento dos gatos laranja são fêmeas? — pergunta.
Arqueio a minha sobrancelha surpresa.
— Não.
— Sim, são somente vinte por cento, se sinta privilegiada, pois não são todos que tem.
— Miau. — panny mia agonia por ainda está dentro do transporte.
— Ela está agoniada, pode levar ela direto para mansão, eu vou chamar um táxi até o hospital.
Ele acena em negativo.
— Não posso deixar à senhora... — o interrompo.
— Não se preocupe, Panny precisa descansar, e até você me levar ao hospital e depois a mansão, isso só vai deixá-la mais estressada, então não se preocupe comigo, nesse momento ela é a sua prioridade. — entrego a ele o transporte da minha menina.
Ele suspira.
— Não vou conseguir te fazer mudar de ideia? — pergunta contorcendo os lábios para o lado.
Abro um sorriso enorme lhe dando a resposta sem precisar falar nenhuma palavra.
Ele acena em negativo.
— Yala, sendo Yala.
Chamo o taxi e quando chego em frente ao hospital, vou até a recepção, logo sou encaminhada ao quarto do meu pai, quando ele me ver os seus olhos demonstram a surpresa de me ver aqui.
— Filha, como você chegou até aqui? — pergunta.
Vou até ele e antes de falar qualquer coisa dou um abraço apertado.
— O senhor me deu um susto.
Digo com a voz já embargada.
Ele passa a mão no meu cabelo, igual fazia quando eu era uma criança.
— Não se preocupe Yala, eu estou bem.
Olho para ele e aceno com a cabeça em negativo.
— Como pai? Em um hospital? Pensou alguma vez em me contar que estava aqui? — pergunto tudo de uma vez, sabendo que sua resposta seria não.
Ele contorce os lábios e responde,
— Não filha, eu não ia fazer você parar a sua vida por uma bobagem.
Arregalo os meus olhos.
— Bobagem pai! Você teve um princípio de enfarto como isso pode ser uma bobagem. — falo indignada.
Ele respira fundo.
— Eu estou bem.
Aceno em negativo.
— Não, o senhor não está e sabe bem disso, agora me diga tudo que está acontecendo, o que tem escondido de mim? — pergunto com o meu cenho franzido.
— Filha não é na... — levanto a mão para que ele pare de falar, se tem uma coisa que meu pai é especialista é dizer que não é nada de mais, enquanto o mundo está pegando fogo.
— Pai, eu não posso ajudar se o senhor não me falar.
Ele respira fundo., sabendo que não vou desistir de saber o que esta acontecendo.
— Tudo bem Yala, estamos falidos. — fala de uma vez.
Arregalo os meus olhos surpresa pela informação.
‘’como assim falidos’’? — penso em estado de choque.
— Pai, isso é praticamente impossível!
Ele acena com a cabeça em negativo.
— O Duncan levou mais de setecentos milhões de dólares do cofre da empresa, ele estava roubando há algum tempo e deixando de pagar algumas dívidas.
Coloco a mão no peito sem acreditar nisso.
— Como pai? — pergunto com a minha boca entre aberta.
— Eu confiei nele, por todos os anos de amizade e ele se aproveitou disso. — ele diz tristemente.
— Canalha! — digo revoltada — Nós vamos sair dessa papai, não se preocupe porque juntos conseguiremos dar um jeito.
Ele respira fundo.
— Filha, eu precisei fechar quase todos os hotéis da rede que tínhamos, estou somente com uma porta aberta.
Volto a arregalar os meus olhos.
— Quando isso aconteceu pai?— pergunto, ainda sem acreditar.
— Tem alguns meses, e...
— Porque não me falou logo no início pai? — falo o interrompendo bruscamente.
— Você tem a sua vida Yala, esta feliz dando aulas para os seus alunos, jamais ia tirar isso de você por um erro que eu cometi confiando de que ele era meu amigo e nunca me trairia. — sinto a suas palavras carregadas de culpa, e isso me destrói.
Aceno em negativo.
— Não pai! O senhor não errou, quem fez isso foi o Duncan, e eu teria vindo na hora ajudar, jamais ia deixa-lo sozinho.
Ele sorri de lado.
— Eu sei por causa disso que não falei, mas agora de nada resolve Yala, tudo está perdido. — a tristeza no seu olhar acaba com a minha alma.
— O senhor tem que dar queixa dele nas autoridades, tenho certeza que vão... — ele me interrompe.
— Não filha, eu assinava documentos que nem lia, de acordo a lei é como se tudo estivesse autorizado, Duncan fez tudo de caso pensado e eu com a minha falta de inteligência confiei demais. — ele nem me olha nos olhos.
Sento ao lado do meu pai e seguro a sua mão para lhe dar apoio.
— Não se culpe pai, confiar demais não é um erro.
Ele sorri sem humor.
— É quando saio perdendo um império que eu amava, o pior filha é que nem o nome dele eu consegui ainda tirar da porta, pois ainda sou preso a amizade que havíamos construído! — ele diz indignado.
Olho surpresa.
— Pai eu entendo que o senhor tenha um carinho muito grande por Duncan, mas a vínculos que precisam ser fechados para seguirmos em frente, ele fez uma escolha quando te roubou, ele não preservou uma amizade de anos, não pode ficar preso na mágoa ou culpa, vai precisar ser forte para se recuperar, e referente aos documentos assinados vai verificar com algum advogado se tem como recorrer referente a isso.
Ele suspira.
— Eu consultei, todos os documentos são validos, só consigo recorrer se tiver alguém que testemunhe ou eu consiga provar que ele agiu de má fé, infelizmente não tem ninguém que possa fazer isso.
Fecho os meus olhos tentando manter a calma, a minha vontade é de matar Duncan nesse momento.
— Não se preocupe pai, nós vamos recuperar o seu império, e a primeira coisa que vamos fazer é tirar o nome do Duncan da porta.
— Filha... — nem o deixo continuar falando.
— Pai, o senhor foi fiel enquanto esteve ao lado dele, agora acabou! Não adianta ficar com o nome dele lá, sendo que ele não respeitou sua amizade e nem o profissional, então chega se o senhor não tem coragem de tirar o nome dele da fachada do hotel, eu tenho. — digo decidida.
Ele suspira.
— Filha o hotel não tem jeito e...
— Tudo tem um jeito pai. — o interrompo mais uma vez.
— Iniciar uma empresa do zero não é fácil Yala, ainda mais se tiver com o nome manchado, pois todos pensam que inventei a história e só queria prejudicar o meu sócio.
‘’sociedade hipócrita’’ — penso, mas prefiro não tocar nesse assunto no momento.
— Pai, não precisamos deles, e não vamos iniciar do zero, e sim da experiência.
— Você não tem experiência nos negócios Yala. — me olha com cenho franzido.
Abro um sorriso amarelo.
— Pai, eu me formei em administração, então deve servir de alguma coisa.
Ele arqueia a sobrancelha.
— Comandar uma empresa não é fácil Yala.
— Nunca gostei de coisas fáceis mesmo. — falo dando de ombros.
Ele respira fundo.
— Eu já informei a empresa Ricci que vou vender o hotel. — fala me pegando de surpresa.
— O que?! — levanto da cama.
— Filha, o valor que eles vão pagar é ótimo, e vou poder viver até...
— Não me venha com essa de que o valor que eles vão pagar é bom pai, sabe muito bem que aquele hotel tem um valor sentimental para o senhor, jamais alguns milhões vão mudar isso.
— Yala, isso vai garantir a minha estabilidade e a sua.
— Não pai, isso matará o senhor. — falo séria e ele me olha surpreso. — O senhor sempre amou aquele hotel, eu sei que pode assinar os documentos da venda, mas isso vai te dilacerar por dentro, então não vou permitir que isso aconteça senhor Smith, nesse momento a sua filha está assumindo o império do senhor, e ele vai se reerguer. — digo decidida, pois não estive aqui para ajudá-lo quando tudo aconteceu, mas ainda assim sei o amor que o meu pai tem por aquele hotel, e jamais deixaria vender.
Ele respira pesadamente.
— Vou falar com os Charles Ricci.
O meu coração acelera ao escutar esse nome. Desde que eu era uma criança eu sempre conheci a família Ricci, e Charles é o filho mais novo deles. Ele sempre foi um homem afastado de todos, eu mesma quando tinha algum jantar sempre tentava falar com ele, no intuito de fazer amizade, mas ele sempre me deixava falando sozinha, nunca gostou muito de conversar.
Lembro-me de alguns momentos que eu inclusive bati boca com ele, mas Charles sempre se sobressaia, dizendo que eu precisava crescer e ser uma menina normal, já que eu era diferente de todas do nosso meio social, isso quando não me chamava de boneca de porcelana rebelde, um tremendo i****a.
Nunca era de falar, mas quando abria a boca era pra me chamar de boneca de porcelana rebelde.
Eu odiava!
O meu pai sempre falava que Charles seria um homem implacável, ele estava sendo criado para comandar um império que com certeza ia fazer isso com muita garra, e realmente, as empresas Ricci são comandadas pelos irmãos Ricci, Liam, Thomas e Charles. E Continuam a ser uma grande potência mundial.
Não acredito que Charles tendo uma empresa tão fácil nas suas mãos, abrirá mão tão facilmente, pois nem quando éramos crianças ele abria mão de algo.
Sempre foi decidido, implacável, e lindamente arrogante.
— Não se preocupe papai, eu mesma falo com Charles.
Meu pai arqueia a sobrancelha.
— Yala, vocês nunca se deram bem. — fala desconfiado.
Abro um sorriso amarelo.
— Não se preocupe pai, tenho certeza que a minha pendência com o senhor arrogante, não vai interferir no processo.
— Meu Deus! — meu pai fala após suspirar, mas eu mantenho o meu sorriso.
Continuo conversando com o meu pai, pensando em como vou tirar Charles Ricci do meu caminho, e também preciso procurar meios de resolver esse desfalque milionário que ele sofreu, não tem como Duncan sair livre dessa, não mesmo.
continua...