— Como assim, foram encontrados? — pergunto perplexo.
Já ninguém tinha a mínima esperança que eles fossem encontrados.
— Eles tiveram todos estes anos num mosteiro, Alessandro, — Alonso me informa — os Pellegrini os raptaram de facto e os torturaram para falar, mas eles conseguiram fugir com a ajuda de um segurança e foi aí que se esconderam no tal mosteiro, mas não podiam sair, ninguém podia sequer saber que eles estavam vivos.
— De facto, todos pensámos que eles estavam mortos.
— Sim, foi propositado para os deixarem em paz e principalmente a garota. Aqueles filhos de uma égua maldita vão pagar caro, pelo que fizeram com o meu filho e com a minha nora, Alessandro. — diz Alonso irritado.
— E eu ajudo. — falo sério.
— Eu sei, tu nunca me deixarias m*l, confio em ti de olhos fechados.
— E eles falaram alguma coisa para eles? No tempo que lá estiveram presos?
— Ettore diz que não disse nada, Luísa também fala o mesmo.
— Ainda bem, eles voltaram na hora exata.
— Por isso eles voltaram, agora entramos nós, Alessandro.
— Eles falaram onde ela está?
Alonso sorri vitorioso.
— Sim, finalmente vou conhecer a minha neta, e o contrato agora vai sair. O teu pai vai ter que voltar também.
— O meu pai está doente, Alonso, tu sabes bem isso, achas que é uma boa ideia ele voltar agora com a minha mãe? — pergunto preocupado.
— Não há necessidade de voltar já, mas eles têm que vir depois para o casamento.
— Será que a tua neta vai aceitar a proposta?
— Pelo que o Ettore e a Luísa falaram, acho que ela não tem muita escolha não!
— E se os Pellegrini a encontrarem?
— Por isso, temos que mandar já homens para a começarem a vigiar e, não deixar que nada de m*l lhe aconteça.
— Vamos então tratar já disso, Alonso, eu quero falar com o Ettore e com a Luísa, agora mesmo!
— Claro, vamos lá então, eles também querem te voltar a encontrar, eras pequeno na última vez que eles te viram.
Vamos então falar com eles que me explicaram tudo e me disseram onde ela está, pelo menos onde a deixaram há 10 anos atrás. Ela era uma adolescente, mas agora é uma mulher.
Fico nervoso, porque muitas dúvidas me passam pela cabeça.
Como ela será?
Será bonita? Será leal?
Não sei, mas vou descobrir brevemente.
O Tempo Foi Passando
Narrado por Beatriz
— Deixa de ser doida, Ana, tens cada ideia! — rio com a parvoíce dela.
— Meu Deus, Beatriz, aparece-te o Salvador da pátria, salva-te de quatro delinquentes e ainda te oferece um violoncelo novinho em folha, mais caro que todo o meu guarda roupa! E ainda por cima, como tu dizes é lindo como tudo? Ai amiga, tu acorda para a vida.
— Maluca.
— Só a mim é que não me aparece um jeitoso desses, só me aparecem piolhosos e ramelosos, cruz credo, que triste. — ela faz cara de cachorro abandonado.
Eu dou uma gargalhada.
— Só mesmo tu para me fazeres rir.
Ela olha para mim encurtando o seu olhar.
— O que a tua tia doida fez desta vez? — ela pergunta.
Ana sabe de toda a história.
— Oh, o mesmo de sempre, sabes como ela é. — falo triste.
— Não me digas que ela ameaçou te colocar na rua de novo?
Encolho os ombros.
— Pois, o mesmo de sempre, só diz que eu fico se lhe der todo o meu ordenado.
— Ai, Beatriz, tu tens que te livrar dessa mulher, ela não é tia, ela é uma diaba sem coração.
— E o que queres que eu faça, Ana, que a mate? — falo na brincadeira.
Ela parece pensar.
— Hum, não seria má ideia.
— É sério, Ana? Sinceramente.
Ela gargalha alto.
— Tens que arranjar maneira de saíres daquela casa.
— Como, Ana, é tu caríssimo, com o meu ordenado não consigo nem pagar a renda de uma casa bem pequena. — digo triste.
— Gostava tanto de te conseguir ajudar, mas infelizmente não sei como.
Ana vive com os pais e mais dois irmãos, mas todos se dão bem, são uma família muito bonita, já eu, só tenho a tia Adelina, que sempre foi muito má para mim, nunca demonstrou nenhum tipo de afeto, fala m*l para mim, me humilha, diz que eu não valho nada e que a culpa de tudo isto é da minha mãe, que se meteu com uma merda de um estrangeiro e que eu sou tão mazinha, que nem os meus pais me quiseram.
Penso numa conversa, que eu e a minha mãe tivemos há muitos anos atrás.
— Anda filha rápido, preciso que fiques uns dias na casa da tia Adelina.
— Ai mãe, por favor, porque eu tenho que ficar na casa da tia Adelina, ela não gosta de mim, mãe.
— Como não gosta de ti filha, deixa de falar asneiras, ela é minha irmã, não te fará m*l.
Eu cruzo os braços por baixo do meu peito chateada.
— Tu sabes que não é bem assim, mãe, ela não esconde de ninguém que não gosta de mim.
A minha mãe segura em ambas as minhas mãos e olha nos meus olhos.
— Beatriz, eu preciso que confies em mim, — ela diz séria — eu e o pai precisamos de ir resolver uma coisa importante e não sei quando voltamos, se correr tudo bem, será no máximo uma semana.
— E se correr m*l? — pergunto curiosa.
Ela desvia os seus olhos dos meus.
— Não posso pensar nessa possibilidade, vai correr tudo bem, vais ver.
Ela me abraçou e me deixou na casa da minha tia Adelina, que logo de caras não gostou nada da ideia de ficar comigo alguns dias.
Passava os dias na escola e corria para casa da tia Adelina, com esperança que os meus pais tivessem voltado, mas eles nunca estavam e assim o tempo foi passado "
O certo é que seja o que for que os meus pais foram resolver deve ter corrido m*l, porque eles não voltaram.
Eu tinha 15 anos quando eles me deixaram na casa da tia Adelina, e já se passaram 10 anos depois disso.
Não sei se eles estão mortos ou vivos ou se simplesmente me abandonaram à minha sorte.
A minha tia tem sido o meu calvário, ela fica com quase todo o meu dinheiro e passa todo o tempo a me xingar.
Ela nunca casou, é tão r**m que não houve um homem sequer que a quisesse.
Como eu gostava que acontecesse um milagre, para eu me livrar desta vida de merda que eu tenho.
A única coisa que me alegra é eu conseguir realizar o meu sonho, ser a violonista que tanto anseio ser.