**Capítulo 2**
**Pesadelo narrando**
— Quem são esses? – eu pergunto pra Martin e Jk, já sentindo o clima tenso na boca.
— Esposa do Rodolfo – Martin responde, dando uma olhada na mulher que tava na porta, toda largada.
— A velha drogada? – eu pergunto, com a cara fechada.
— Tá devendo horrores – ele responde, sacudindo a cabeça. – Aluguel, luz, água e, claro, muita droga.
— E a filha também, né? – Jk solta, com aquele jeito despreocupado. – Deve no mercadinho e ainda o Dantas não quis vender leite pra menina mais nova, então fui eu que paguei.
— Você pagou? – Martin pergunta, olhando pro Jk com cara de quem não acredita.
— Claro, ia deixar a criança sem leite, né? Eu não sou desse tipo, não. – Ele acende um baseado, dando aquela tragada.
— Coloca na lista, então. Manda os vapores lá amanhã, acompanha o JK. A gente avisa que a próxima cobrança vai ser diferente, já sabe, né? Se não pagar, a gente mata. – Eu falo com a voz calma, mas cheia de ameaça.
— Pode deixar, chefe. – Jk responde, já sabendo o que fazer.
Rodolfo era um dos nossos, mas já foi. Ele se foi e com ele, levou toda confiança. Se a família dele tava devendo, que pagasse. A velha lá, ganha uma grana boa com a pensão do cara, mas gasta tudo e ainda fica com dívida no morro. Não tem essa de passar pano pra ninguém, não. Se tá devendo, tem que pagar.
— Fiquei sabendo que o Ricardo voltou pro Rio – eu falo, jogando o assunto na roda.
— Esquece o Ricardo, Pesadelo – Martin responde, como quem quer se livrar dessa história.
— Esquecer? – Eu solto uma risada seca. – Ele foi o responsável pelo acidente com a Bianca, e isso eu não vou deixar barato.
— Faz dois anos, cara – Martin fala, meio cansado do papo.
— Pode passar 20, 30, 40 anos, que eu não vou esquecer, não. – Eu digo, com os dentes cerrados. – Eu quero vingança pela morte da minha mulher.
Martin me encara em silêncio. Ele sabe que isso é pessoal. Bianca foi a única mulher que eu realmente respeitei, que fez parte do meu jogo aqui. Aquele filho da p**a matou ela e, por mais tempo que passe, eu não vou deixar isso de lado. Nunca.
A porta se abre e Karina entra, com aquele jeito dela, sempre querendo algo.
— Pesadelo – ela fala, se aproximando devagar.
— Que é isso? Que i********e é essa, Karina? – Eu pergunto, meio irritado.
— Só queria falar com você. – Ela sorri, mas é um sorriso forçado.
— Fala logo, que tô ocupado. – Eu respondo, já querendo dispensar.
— Você não me procura mais. – Ela diz, com um tom meio magoado.
— Tô cheio de problemas aqui. – Eu falo, não disfarçando o desinteresse.
— Passa lá em casa hoje à noite, então. – Ela insiste, com aquela carinha de quem já sabe que não vai ouvir um "não".
— Quer grana? – Eu pergunto, direto.
— Você sabe que lá em casa as coisas estão difíceis... – Ela dá uma respirada, quase como se estivesse esperando que eu oferecesse algo.
— Quem sabe eu passo lá mais tarde, mas agora vaza, tenho umas coisas pra resolver. – Eu falo, mandando ela se mandar. Ela assente com a cabeça, sem dizer mais nada.
Acendo um baseado e fico ali, pensando nas próximas jogadas. Jk volta pra boca depois de um tempo.
— Já organizei tudo, chefe – ele fala, com aquele sorriso de quem fez o serviço direito. – A gente vai cobrar a mulher, mas...
— Mas o quê? – Eu pergunto, já impaciente.
— Ela já foi cobrada antes, várias vezes. A mulher do Rodolfo.
— Já? – Eu falo, surpreso.
— Já. Não foi uma vez, foram várias.
— Então, vai lá e cobra de novo. Se ela se negar a pagar, me chama que eu resolvo isso de uma vez por todas.
— Fechou, chefe. – Jk responde, saindo rápido, já sabendo que a ordem é pra ser cumprida sem erro.
Agora é só esperar, porque o morro não tem lugar pra quem não paga o que deve. A dívida vai ser cobrada, e quem se negar vai ver o que acontece.