Caminhando pelo beco estava escuro, alguns usuarios ali procurava o que negociar, outros estavam na beira do vicio, querendo um comprador, algumas mulheres que dava seu corpo por dinheiro como mercadoria, eu segui, não importava o que eles faziam, ou fazem tudo que eu quero é ver Robson.
— Robson? Oi boa noite você viu... — Antes de perguntar já tinha a resposta, é a favela ninguém sabe, ninguém viu, e mesmo se soubesse, não saberia. — Robson? Robson? — Continuei chamando em vão, ele não estava por ali, atravessei o beco indo para outro, não importava o beco ou viela, eu o acharia. — Por favor Indio, só uma cara, só um... — Vi quando a Shelly insistente pediu para o n***o cabeludo de brinco nas orelhas, eles reluziam no escuro, mas ele ao invés de aceitar seja o que fosse a empurrou.
— Sai de mim carniça. — Chutou a cara dela no beco, ela tava de joelhos, como se fosse nada, a louca apenas continuou a implorar sem se importar com o machucado. — Eu te chupo cara, eu faço o que tu quiser. — Ela se vendia, se dava, seja lá o que fosse, corri em sua direção, agarrei como pude a garota, que ao me ver, me empurrou. — Sai gorda, não atrapalha meus negoço. — Foi assim mesmo que me despachou. Mas eu precisava de mais, se ela estava agora ali assim? E Robson? — Só me diz onde ele...
— O que você quer gorda? — A voz grossa me surpreendeu, era ele, virei com pressa e ao me deparar com o meu n***o, gordinho, troncudo, mediano, numa bermuda de sarja amarela, e uma blusa vermelha, Robson, meu coração acelerou, ele foi o meu primeiro e único homem, sem ser ele, e meu primo Paulinho, na vida nunca olhei para outro homem com segundas intenções, bem que com Paulinho nunca pensei em ir além do cheiro no cagote, como homem de fatos, com meu primo nunca saiu do cheiro no cagote, do modo que ele tocava meus s***s por cima da blusa num abraço.
Mas com Robson foi diferente, não demorei nos beijos e nos amassos, fui dele por inteira, meu corpo tremia naquele lugar escuro e logo agarrei ele pela blusa. — Robson, Robson volta para casa, os meninos sentem falta, acabaram de levar o botijão da gente. — Pedi, agarrando o meu marido por amor, e uma algazarra se formou pelos compassas deles. — Aí Caçambinha, volta para casa cara,a gorda sente tua falta pô. — Me imitaram com a voz de mulher, implorando eu pedi. — Robson por favor, onde você esta morando? Vamos para casa, isso n...
Sem piedade ou como se não me ouvisse ele tirou a minha mão da sua blusa vermelha que eu que lavei no domingo, ainda cheirava a sabão em pó Ala, de lavanda. — Sai daqui gorda, ah droga para onde tu vai p***a? — Berrou olhando para o canto onde a garota estava antes. — Me solta disgraça. — Rosnou me empurrando e sem controle do meu corpo cambaleei pra trás, seus olhos não me olhavam, nem notaram, era outro, só poderia ser outro, cambaleei pra trás, passo após passos até que pelo peso, não me equilibrei mais e cai. — Robson?
Ele parecia não se importar, meu n***o foi atrás dela na minha frente. Tremir, quando o meu corpo tombou no chão, sentir tudo estremecer, era como um mundo em ruínas a minha vida, e como se fosse um grupo de coral, as risadas e sussurros aumentaram a minha volta, ouvi os seus passos indo. — Robson, Robson não me deixa aqui. — Pedi procurando apoio para me levantar, com as mãos, que não suportavam o meu peso, era estar presa num corpo que não é meu, é meu, mas não é, é como um pesadelo de um dia não ser mais você, os homens do beco ria, e algumas putas vieram. — Quer ajuda aí gorda? Vamo ver o que tu tem aí?
— Por favor me ajuda eu não tenho nada. — Pedi suplicando,a mulher de pé com uma cicatriz na cara me olhando, virou a cabeça de um lado a outro. — Você sabe bem que aqui na quebrada querida todo favor tem seu valor, o que tu tem para mim dá? — Não precisei de muito, me apoiando numa barra de ferro da lixeira comecei a me erguer, mas logo o salto foi pressionado na minha mão.
— Para esta doendo. — Deram risadas, as mulheres aumentaram a gargalhada fazendo chacota de mim, os homens chegaram junto. — O que foi gorda? Eu pensei que gordos não sentisse dor, afinal... — Vi quando a brefa de cigarro caiu no chão, numa poça de água, olhando em volta alguns homens se somavam. — Por favor me ajudem, está doendo, eu não fiz nada para você, eu nunca fui rui... — gemi em dor, desespero e agonia, eu sempre soube que esse povo não era bom, sempre avisei aos meninos pra não vim pra este lado.
— p***a saiam, o que vocês... — Uma voz grossa veio fazendo a maioria correr. — Qual é paçoca tu tá entrando na nossa diversão? — Eu não conhecia quem era o homem que falava, mas ele parecia ser de respeito, até ver um moleque magro, blusa preta, pochete em cima da calça moletom, o boné preto, aparelho nos dentes. — p***a dá para calar a boca Railda, ou tu quer que ... — O homem era um moleque, cabelo loiro pintado com aquelas tintas que eles passam o dia todo nas esquinas passando no cabelo e no bigode. — Qual foi tá protegendo a ex de caçambinha? Esse fila da p**a m*l chegou ja ta me devendo?
— Vai se fuder Larissa! Ajuda ela a se levantar, a gorda é mãe de família, pô, mulher direita, o que tu tá fazendo aqui gorda? — As mãos foram pegando em partes do meu corpo, e logo fui colocada de pé, ao ser puxada pelas mãos, não era um homem de fato, mas um menino, lhe daria dezessete anos, exceto pelos olhos castanhos e brincos nas orelhas, ele não tinha nada diferente dos outros, não sabia se era um daqueles que ficava no beco, porque, não olho para cara deles.
— Eu vim... — O cansaço não me deixava falar, ofegando tentei me explicar, até que para me por de pé, ele veio puxou colocando o fuzil na minha cara de certa forma, sentir o cheiro de seu perfume, nunca havia sentido deste. — Nunca mais tu vem para estas quebradas mulher, tá me ouvindo?
— O que há Paçoca? Porque a gorda não pode vim pro lado de cá? — Perguntou uma loira mascando um chiclete possessa com ele.
—Ah tu sabe que ela não faria nem um real aqui não é Katia, e já chega de concorrência. — Olhei para o menino que me puxando pela mão saiu tomando a frente. — Sai do meio desgraça, meus bugalhos contigo resolvo depois pô, tua sorte gorda que eu tô indo pra a principal, vou te escoltar até a tua rua. — Riu no fim, não disse nada, eu tremia de medo até dele mesmo, mas a minha cabeça só estava nele, em Robson, para onde foi eu não sei, só sabia o motivo, ela, era outra que agora manda nos seus olhos, e coração.
Caminhando, senti o meu corpo todo dolorido, o moleque do meu lado, parecia ser alguém importante, não parava de falar e dá voz de comando. — Nada pra ele pô, se alguém ver o chefe, diz que tenho algo que interessa a ele. —Não disse nada, nem perguntei, não sei que é o chefe, e nem quero saber, odeio essa gente, mas não digo mantenho distância deles.
— Qual foi ai paçoca virou babá? — Alguns zombava dele no caminho, quieta estava continuei a seguir meu percurso, era em vão discutir. Mas esse não parecia deixar barato, em menos de uma frase, era um xingamento daqueles, me defendeu em meia hora mais que Robson em anos juntos. —Obrigado, da...
— Nada, segue teu rumo, eu digo quando tu deve ir sozinha pô. — Me cortou com ignorância, a mim só cabia abaixar a cabeça e seguir sua ordens, eu Zaya com vinte e seis anos, tinha que seguir ordens de um menor. — Não liga para elas não gorda, essas mulheres só quer saber de duas coisas...
— Tudo bem, não me importo com que elas... — Na terceira rua, eu os vi, e sem evitar andei indo em direção ao casal, Robson estava com uma lata de alumínio de cerveja na mão agachado atrás de uma escada. — p***a Gord... — Não adiantava, fui para os dois, o que eles faziam não sei, mas Shelly bateu nele no ombro dele rindo, quando me viu. — Caçambinha, Caçambinha teu b.o tá vindo aí, me dá pô, me d´...
Ele deu a ela, os olhos estavam vermelhos como de um dragão em chamas, não conhecia aquele homem, mas eu o amo, engoli em seco. — Robson vamos... — O Garoto agarrou o meu braço querendo me puxar, e logo Robson veio. — O que foi gorda virou o que agora? Tá andando com proteção do chefe? — Olhei para o menino que tentava falar no celular e me levar com ele. — p***a nenhuma Caçambinha, cala a misera da boca antes que eu te estouro todo aqui seu p*u no c*. — Ele disse sério, me dando mais medo ainda.
O fuzil foi apontado para ele, para meu marido, pelo menos na minha cabeça ainda era isso, não para ele, mas para mim, sim. — Moço por favor não. — Pedi. — O que é Paçoca só porque tu é o garoto de comando do chefe tu acha que manda e desmanda aqui agora? Cabeça vai voltar fila da p**a.
Quando Paçoca destravou o negócio, os dois recuou, eu não podia, meu braço tava preso na mão do moleque que de olhos esticado parecia endemoniado, não ter medo de nada. — O que que tu disse aí? Repete p***a para tu ver se eu não te meto bala. — Engoli em seco, estava no meio do que não entendia, e não sabia. — Robson, Robson olha onde tu se meteu, onde você tá agora? Não te conheço mais, desde quando esta envolvido nestas coisas, vamos para casa.
A rua enchia de gente, parecia acabar o torneio das meninas, porque a movimentação na rua era intensa, e como eles também vieram, os vendedores, com seus cintos e os produtos amostra, na cintura, o trafico é um comércio aberto por aqui. — Cala a boca Gorda, acha mesmo que eu quero voltar para casa, mulher feia, fedorenta, cala a boca p***a, meu nome é Caçambinha p***a, não sei quem é Robson não, c*****o. — Engoli em seco, o dedo estava apontado para mim, a mulher rindo igual uma louca com a lata de cerveja na mão.
A rua enchia, e como uma bolsa fui arrastada pela rua, vendo aquele que prometeu cuidar de mim até a morte ficar distante, eu não sabia o que aquele moleque ia fazer comigo, as lágrimas desceram, pelo abandono e também pelo medo. — Moço por favor não me mata eu tenho dois filhos para criar.
— Tu deveria calar a boca pô, tua sorte é... — Ficou calado, eu ainda chorando a implorar até que chegamos a rua principal, ele soltou o meu braço. — Anda, segue teu rumo, a parada é o seguinte nunca mais quero te ver para as bandas de lá,tá me ouvindo? — Assenti, afirmei com medo e receio, enquanto caminhei dois passos, ouvi dois disparos vindo de algum lugar.
Era a morte que vinha me pegar? Não tive tempo de saber, o povo saiu correndo das casas com pressa, esperei que a dor visse como foi para ter os meninos, mas não veio, não respirava, nem o coração batia, quando vi já estava perto de casa. — Que p***a foi isso aí? — Alguém gritou e logo virei para olhar, o garoto nem lá estava mais, liberei toda prisão do meu corpo, até que a urina desceu, me urinei na calcinha na porta de casa, foi a noite mais terível da minha vida.
— Foi Tyfanni, foi Tyfani que matou Bugado. — Entrei em casa trancando a porta em seguida, medo, traumas e pavor me tomou, Adailton ainda sentado no sofá, levantou quando eu entrei em casa. — MÃE TÁ TUDO BEM? — Os dois olhos estavam branco com as bolas pretas arregalados. Tão pequeno e era aquilo que eu tinha para dá, toquei no seu ombro. Vendo o mais novo dormindo do lado onde ele levantou. —Tá sim filho.
Não, nada estava bem, hoje me levaram o botijão, amanhã não sei como meus filhos vão comer. Coloquei os meus dois filhos na minha cama, após o banho, deitei na cama, olhei os dois dormindo tranquilos, enquanto a policia estava na rua, as luzes do giroflex entrava pelas janelas de casa junto ao barulho alto, o povo falando como se soubesse ou visse.